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História Love Inside Out - Ansiedade


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 17 - Ansiedade


8 MESES DEPOIS

 

 

               A casa estava lotada de convidados. No jardim, o som das crianças gargalhando e gritando enquanto brincavam era freqüente. A festa de aniversário de Sofia estava do jeito que ela desejou, e ela claramente era a criança mais feliz dali. Mesmo com a barriga enorme e com os pés inchados, Letícia não atendia às suplicas de Fernando e sua mãe. Ela não conseguia parar um minuto sequer, principalmente porque queria que o primeiro aniversário de Sofia na casa fosse especial para ela.

- Uma das crianças vomitou na cama elástica. – Stella comentou entrando na cozinha.

- Ai não! – Letícia exclamou colocando a mão na testa.

- Mas tudo bem. A mãe dela se disponibilizou a limpar.

- Ao menos isso, né? – Carolina comentou. – Era só o que faltava ficar limpando vomito do filho dos outros.

               Todas riram.

- Não era você que queria ter filhos? – Julieta perguntou divertida.

- Queria. Estou começando a repensar seriamente nisso.

- Sinceramente, eu também. – Stella escorou-se ao balcão. – Fiquei três minutos com a Sofia porque ela pediu e eu estou mais cansada do que ela.

               Letícia riu.

- E você, está fazendo o que em pé? – Ela olhou para Lety.

- Estou colocando os salgadinhos na bandeja. – Respondeu como se aquilo fosse obvio.

- Eu não quero nem ser você se Fernando ver que você está de pé esse tempo todo.

- Pelo amor de Deus! Fernando tem que parar de ser chato e achar que eu não posso mais andar. Ele quer que eu vire o professor Xavier?

               Stella e Carolina gargalharam.

- Eu disse que ela poderia descansar. – Maria disse. – Isso porque ele não sabe que ela ficou a noite passada inteira me ajudando a enrolar os docinhos.

- Gente, eu estou ótima e estou me sentindo ótima!

               Aquela afirmação servia para tudo. Letícia estava realmente ótima e contente pela gravidez ter chegado no estágio final. O bebê estava saudável, e tudo indicava que seria um parto tranqüilo. Fernando e ela não poderiam estar mais felizes, assim como o restante da família e amigos.

- E por falar no Fernando, onde ele está? – Julieta perguntou.

- Foi buscar um amigo que se disponibilizou a ser o palhaço. – Letícia respondeu. – Já deve estar chegando.

               No mesmo instante Fernando apareceu na cozinha, parecendo desanimado. Letícia logo percebeu sua mudança de humor e o olhou preocupada.

- O que aconteceu?

- Ele não vem. – Fernando se referiu à Eduardo. – Está com resfriado.

- Ah não! – Letícia choramingou. – Eu prometi à ela que teria um palhaço. Ela estava tão animada com isso.

- Podemos entretê-la com alguma brincadeira. – Carolina sugeriu.

- Mas ela estava esperando por um palhaço. – Letícia suspirou triste, mas depois olhou para Fernando, sorrindo logo depois.

- O que foi? – Ele perguntou à ela.

- Você ainda tem aquele seu nariz de palhaço que usa no hospital, não é?

- Ah não! Não! Não! Não! Definitivamente não!

- Fernando! É pela sua filha!

- Eu sinto muito, Lety! Eu faço tudo por ela, mas isso não.

- E desde quando você tem problema em se vestir de palhaço para as crianças? – Stella perguntou. – Você faz isso sempre no hospital.

- Porque as crianças precisam se animar. Aqui as crianças já estão animadas. E está cheio de conhecidos aqui, eu não teria coragem.

- Até parece que você tem vergonha de alguma coisa. – Letícia se aproximou. – Amor, por favor... Pela Sofia.

- Lety, eu sinto muito, mas não vou me vestir de palhaço aqui.

- Fernando Mendiola! – Ela aumentou a voz e todos a olharam. – Eu fiquei três meses inteiros planejando essa festa para Sofia! Tem três semanas que não durmo direito preocupada com os preparativos. Meus pés estão doendo, eu não estou suportando sentir o cheiro do seu perfume direito e não consigo fazer minhas unhas dos pés! Eu estou pedindo um favor para você, apenas um favor! E você está me negando isso!

               Fernando a olhou sem reação alguma. Letícia estava realmente revoltada apenas por ele não aceitar se vestir de palhaço, e ele não queria ver o que aconteceria se negasse mais uma vez.

- Tudo bem... – Suspirou impaciente. – Eu vou pegar o nariz.

- Ah, e tem que vestir uma roupa engraçada também. – Ela sorriu.

 

 

•••

 

 

               As crianças estavam reunidas em uma roda no centro do jardim. Stella os entretia enquanto Fernando não aparecia, mas as crianças pareciam empolgadas para a surpresa, principalmente Sofia.

- E quem é que é o mais inteligente aqui? – Stella perguntou e todos levantaram as mãos. – Então eu quero que me respondam, o que vocês acham que é a surpresa?

- Eu acho que é o super homem! – Um menino exclamou.

- Eu acho que é uma princesa! – Disse uma garotinha.

- É um dinossauro!

- Dinossauros não existem! – Uma garota ralhou.

- Nenhum de vocês acertou. – Stella interrompeu a discussão. – Sofia, você sabe qual é a surpresa?

               Ela sorriu empolgada afirmando com a cabeça.

- E o que é?

- É um palhaço! – Ela disse animada.

- Você acha que é um palhaço?

- Sim!

- E vocês, acham que é um palhaço?

               Letícia observava a interação das crianças e sorriu ao ver Sofia tão empolgada.

- Acha que ele desistiu? – Carolina perguntou.

- Para o bem dele é melhor que não. – Letícia respondeu.

- Eu já preparei a câmera. – Omar comentou com o celular em mãos.

               Stella pediu para as crianças chamarem pelo palhaço, na tentativa de apressar Fernando. Ela estava pensando exatamente como Carolina, e tinha medo de Fernando ter desistido em cima da hora. Mas, depois das crianças gritarem chamando pelo palhaço, Fernando saiu de casa com uma gravata amarrada na cabeça, um sapato de pares diferentes e uma camisa roxa. Todas comemoraram quando o viram e Omar quase rolou no chão de tanto rir. Letícia o repreendeu mas também não conseguiu prender o riso.

               Fernando estava totalmente envergonhado de ficar daquela maneira na frente dos amigos e de toda a família, mas ao ver o sorriso de Sofia, a vergonha desapareceu.

- Bom dia crianças! – Ele exclamou quando se aproximou delas.

- É boa tarde, palhaço! – Um garotinho exclamou e todos riram.

- Ai meu Deus! Que cabeça a minha! – Ele bateu na própria testa. – Boa tarde! Eu quero saber onde está a aniversariante.

               As crianças apontaram para Sofia e ela ergueu as mãos animada.

- Ah! Então você está aí. Vem aqui, fique aqui do meu lado.

               Ela se levantou e se aproximou, parando ao lado dele.

- Qual é seu nome? – Ele usou a mão de microfone como se a entrevistasse.

- Sofia! – Ela respondeu rindo.

- Sofia! E quantos anos está fazendo? Cinco?

- Nove! – Ela riu ainda mais.

- Nove anos? Não, não. Eu tenho certeza que é cinco.

- Não, é nove!

- Nove anos! Meu Deus! Então você já é uma mocinha! Isso quer dizer que você pode escolher uma brincadeira para fazermos. Qual você prefere?

- Eu gosto de pique cola.

- Pique cola! Então veremos quem é o mais rápido aqui, não é? Quem é o mais rápido daqui? – Ele perguntou e todas as crianças levantaram as mãos. – Eu quero só ver! Agora, todos de pé! Vamos começar a brincadeira.

               As crianças se levantaram e seguiram Fernando pelo jardim. Os adultos aproveitaram o tempo de “folga” dos filhos e continuaram a aproveitar a festa. Letícia sentou-se pela primeira vez desde o inicio da festa e não quis admitir que estava realmente cansada. Mas, se ela admitisse, teria que agüentar todos em sua volta falando “eu avisei”.

- Eu não sei por que ele estava com vergonha de fazer isso. – Stella comentou sentando-se à mesa com os outros. – Ele se dá bem com as crianças. Ele nasceu para isso.

- Acho que se ele não conseguir um emprego quando terminar a faculdade, ele pode trabalhar de animador de festas. – Carolina riu.

- Eu quero só ver como vai ser essa casa com três crianças. – Letícia comentou tocando em sua barriga.

- Três? Por quê? Está grávida de gêmeos e não sabemos? – Stella perguntou e todos a olharam.

- Não, é claro que não. – Ela riu. – Porque Fernando conta como uma criança.

- Ah, isso é verdade!

               Eles riram, prestando atenção em Fernando brincando com as crianças. Ele corria com elas, e quando caía no chão, todas pulavam em cima dele. Mas, além de reparar em como Fernando se dava bem com as crianças, Letícia não conseguia parar de admirar Sofia e o quanto ela estava animada. Nos últimos oito meses ela se mostrava cada dia mais feliz, e depois de um tempo, as lembranças ruins da morte de seus pais não a perturbava mais. Apenas as lembranças boas permaneceram. Era como se Fernando e Letícia sempre tivessem feito parte da vida dela.

- Ela está tão feliz. – Comentou Patrícia aproximando-se da mesa em que Lety estava.

- Ah! Oi Patrícia. – Lety sorriu. – Não vi você aí.

- Estava conversando com Terezinha e Humberto. Falávamos sobre como Sofia está mudada. – Ela sorriu, sentando-se ao lado de Lety. – Não tem um dia sequer que ela me visite e não fale o quanto gosta de vocês dois.

- Que bom. – Letícia sorriu. – Nós a amamos como uma filha.

- Eu sei. Por isso eu digo que meu filho fez a escolha certa quando escolheu Fernando para ficar com a guarda dela. E você foi o complemento ideal.

               Letícia sentiu-se satisfeita.

- Eu tive tanto medo de que a perda dos seus pais a deixassem traumatizada ou algo parecido. Mas graças à vocês dois, ela está melhor do que eu esperava.

               As duas olharam para ela, que dava gargalhadas enquanto corria no jardim.

- Fernando deve estar muito feliz. Ele já dizia para Guilherme o quanto gostava de crianças e o quanto tinha o desejo de ser pai. E agora além da Sofia, tem outro a caminho. – Ela olhou para Lety.

- Ele está realmente muito feliz. – Ela tocou em sua barriga. – Nós dois estamos.

- Vocês merecem isso.

- Obrigada! – Ela sorriu.

               Enquanto olhavam para as crianças brincando, Sofia tropeçou e caiu de joelhos. Letícia se levantou preocupada assim como todos à mesa. As crianças pararam de correr e olharam para ela, que não demorou muito tempo para começar a chorar. Fernando correu até ela e a ajudou a se levantar, percebendo que um dos joelhos estava machucado. Letícia se aproximou imediatamente e seu coração se partiu ao ver Sofia chorando.

- Calma, meu amor. Vai sarar logo, logo. – Fernando dizia consolando-a.

- doendo, papai! – Ela choramingou.

- Machucou muito? – Letícia perguntou preocupada quando se aproximou.

- Meu joelho. – Ela apontou para o joelho que estava sangrando.

- Ah não, meu bem. Vamos lá pra dentro que eu vou fazer um curativo. Vai parar de doer rapidinho, eu prometo.

               Sofia aceitou e segurou a mão de Lety, ainda chorando. Ela sinalizou para todos que estava tudo bem e eles suspiraram aliviados. As duas caminharam até dentro de casa e Letícia buscou o quite de primeiros socorros dentro do armário enquanto Sofia sentava-se ao sofá. Ela já não chorava mais como antes, mas todas as vezes que olhava para seu joelho e o via sangrando, soluçava meio à um gemido de dor.

- Aqui... – Letícia pegou a caixa de primeiros socorros e abaixou-se na frente de Sofia. – Eu vou passar esse remédio e vai doer só um pouquinho, tudo bem?

- Não, mamãe! Não quero que doa mais! Não passa remédio, por favor! – Choramingou.

- Mas precisa passar, meu amor. Para sarar logo.

- Não, mamãe! Por favor!

               Fernando chegou no mesmo instante e se aproximou das duas.

- O que foi?

- Ela não quer me deixar passar o remédio.

- Mas é preciso, Sofi. Vai parar de doer. – Ele sentou-se ao lado dela, aninhando-a em um abraço.

- Não, papai. Vai doer se passar o remédio.

- Mas vai ajudar a curar. – Lety explicou. – Vai ser rapidinho, eu prometo.

- Pode segurar minha mão enquanto isso. – Fernando esticou sua mão para ela, e imediatamente Sofia a segurou, apertando-a. – Ei! Vai com calma, vai arrancar minha mão. – Ele brincou, e Sofia riu meio ao choro.

               Letícia aproveitou o momento de descontração e passou o remédio sobre o machucado. Sofia chorou ainda mais, mas Lety tentou amenizar soprando o ferimento. Aos poucos a dor pareceu passar e Sofia soluçou algumas vezes, antes de diminuir o choro.

- Viu só? Foi rapidinho. – Letícia sorriu. – Olha só, vai poder inclusive escolher um curativo. Qual você quer? – Ela apontou para os curativos dentro da caixa.

- Eu quero... O rosa. – Ela disse limpando o rosto.

- Eu sabia que escolheria esse. – Lety pegou o curativo e o colocou sobre o machucado. – Ficou lindo! Quer um beijinho para sarar mais rápido?

               Sofia riu e balançou a cabeça afirmando. Letícia deu um beijo sobre o curativo e Fernando sorriu, virando-se para Sofia.

- Viu só? Nem foi tão ruim assim. Vai querer voltar para a brincadeira? Ainda tem mais um joelho para machucar.

               Sofia gargalhou.

- E então... Vamos voltar? Seus amigos estão te esperando.

- Vamos!

               Fernando se levantou e Sofia pulou do sofá, olhando para o seu curativo.

- Ficou bonito, mamãe.

- Ficou sim. – Lety sorriu e foi surpreendida com um abraço.

- Obrigada pelo beijo. Vai sarar rapidinho.

               Letícia sorriu emocionada retribuindo o abraço, e logo depois Sofia correu para fora de casa, como se não estivesse acabado de se machucar. Fernando ajudou Letícia a se levantar e antes de saírem, ela segurou a mão de Fernando, fazendo-o olhar para ela.

- O que foi? – Perguntou curioso.

- Nada... Só queria dizer que você é um ótimo pai.

               Ele sorriu.

- Está querendo alguma coisa, Senhora Mendiola?

- Não. Só precisava dizer isso à você.

- Bom... Então já que recebi um elogio desses, também vou dizer que você é uma ótima mãe. E a mais linda também. Principalmente assim. – Ele tocou em sua barriga.

- Enorme? – Ela riu. – Me sinto uma hipopótama.

- Mas uma hipopótama muito linda, que fique claro.

               Ela riu batendo em seu ombro.

- É melhor voltarmos lá pra fora. Já está na hora dos parabéns.

- Eu preciso continuar vestido de palhaço?

- Não. Não vou querer que você saia assim nas fotos do parabéns. – Ela sorriu. – Embora tenha ficado muito atraente.

- Você achou? – Ele olhou para o próprio corpo. – Vou aderir esse traje nos nossos momentos íntimos então.

- Não. Pelo amor de Deus! – Ela gargalhou.

- Aposto que você ficaria louca se eu colocasse um nariz de palhaço e fizesse algumas coisas. Já imaginou como seria sexy?

- Não. Nem quero imaginar!

               Ele riu, puxando-a para um beijo.

- Isso me fez pensar que você está me devendo um momento desses... – Ele sussurrou apertando sua cintura.

- Não se preocupe. Hoje você vai ter sua recompensa.

- É mesmo? Mal posso esperar.

- Tudo bem, danadinho. Agora é melhor voltarmos lá para fora antes que você tenha que sentar e se acalmar um pouco.

- Acho que já vou precisar fazer isso. – Ele olhou para sua calça e Letícia riu.

 

 

 

•••

 

 

               Após os parabéns a festa continuou animada até à noite chegar. Assim que começou a escurecer, os convidados começaram a ir embora, e por fim apenas Carolina, Stella e Omar ficaram para ajudar Letícia e Fernando com a arrumação. Como diziam, era a hora da festa dos adultos, e Fernando e Omar se prontificaram a comprar algumas bebidas  para que a arrumação ficasse ainda mais animada. Lety ligou o som no jardim e sentou-se com Sofia para ajudá-la a abrir os presentes.

- Olha, mamãe! Outra boneca! – Sofia exclamou animada.

- Que linda! Viu só? Agora você tem mais três para colocar junto com as outras. Podemos aumentar sua prateleira de bonecas, não é?

- Sim!

- Quem te deu essa?

- Foi a Isabela, da minha sala.

- Lembre-se de agradecê-la na segunda feira.

- Tudo bem.

               Sofia escolheu outro presente para abrir e Letícia observou Fernando e Omar dançando juntos enquanto juntavam o lixo. Carolina e Stella filmavam sem que eles notassem, e Letícia riu. Enquanto se divertia com os dois, Sofia soltou um grito que fez todos olharem para ela assustados. Por um segundo Letícia pensou que algo tinha acontecido, mas então Sofia apontou para o presente em suas mãos.

- Eu ganhei o kit de cozinha que eu queria, mamãe! Eu ganhei! – Ela exclamou animada.

- O que aconteceu? – Fernando se aproximou preocupado.

- Olha papai! É o kit que eu pedi! O kit que passa no comercial!

- Ah... – Ele riu aliviado. – Que maravilha! Viu só? Eu disse que você poderia ganhar um de aniversário. E quem te deu?

               Ela olhou o nome no embrulho, demorando um tempo para entender o que estava escrito.

- A tia Stella! – Ela exclamou animada.

- Então vai lá dar um abraço apertado nela para agradecer. – Lety sorriu e foi o que Sofia fez.

               Correu na direção de Stella e a abraçou, agradecendo pelo presente. Stella retribuiu o abraço animada, satisfeita por Sofia ter gostado do presente.

- Não acredito que Stella deu um kit de cozinha para a minha filha. – Fernando comentou próximo à Lety. – Está induzindo ela a ser uma dona de casa.

               Letícia riu.

- Não seja bobo.

- Espero que Carolina tenha dado um kit de medicina... Ou veterinária... Ou alguma outra profissão.

- Carolina deu um kit de limpeza. – Letícia gargalhou com a careta que Fernando fez.

- No próximo ano vamos repensar os convidados para a festa.

               Letícia empurrou Fernando enquanto ria e ele voltou aos seus afazeres. Com animação e ajuda dos amigos, não demorou muito para que arrumassem todas as mesas e limpassem todo o jardim. No fim da noite, Stella, Omar e Carolina se despediram, e enfim os três puderam descansar. Sofia estava exausta e depois de levar todos os presentes para o quarto, ela se preparou para dormir, deitando-se em sua cama.

- A festa foi ótima, não foi? – Lety perguntou enquanto a cobria.

- Sim, mamãe! Foi muito legal.

- Você gostou? Se divertiu?

- Muito!

- Que bom! – Lety sorriu.

- Foi o melhor aniversário que tive.

               Letícia a olhou orgulhosa.

- Que bom, meu amor.

- Ganhei muitos presentes.

- É verdade! Ah... E por falar em presentes... Ainda tem mais um.

- Qual?

- O meu.

- Eu não sabia que você me daria um presente. – Ela riu.

- É claro que sim! Acha que eu não daria um presente?

- Eu pensei que o presente fosse a festa.

- Foi parte dele. – Lety sentou-se ao lado dela na cama, e abriu a primeira gaveta da cômoda, tirando um envelope de dentro.

- O que é isso?

- É o meu presente. – Respondeu tirando um papel de dentro do envelope. Fernando chegou no mesmo momento e parou à porta, olhando para elas. – É o seu novo registro. – Ela entregou o papel para Sofia. – Fernando e eu tínhamos que colocar nossos nomes como seus responsáveis nesse novo registro, para ser uma adoção legal. Só que além disso eu fiz mais uma coisa.

               Sofia olhou para o papel sem entender.

- Lê o seu nome aqui. – Ela apontou para o papel.

- Sofia... Mendiola... Ribeiro... – Antes de terminar a leitura, ela olhou para Letícia com os olhos brilhando.

- E o que mais? – Lety sorriu.

- Padilha.

               Fernando sorriu emocionado, assim como Sofia.

- Sofia Mendiola Ribeiro Padilha. Você me deu o seu sobrenome? – Perguntou encantada.

- Sim. Lembro que um tempo atrás você disse que gostaria de ter o meu sobrenome também, já que você já tem o do Fernando. Demora um tempinho para essas coisas ficarem prontas, mas pelo menos consegui isso à tempo do seu aniversário, e achei que seria um bom presente. O que achou?

               Sofia não precisou responder. Imediatamente ela abraçou Letícia, resumindo tudo o que estava sentindo naquele momento. Letícia retribuiu o abraço emocionada, e assim ficaram por longos segundos.

- Obrigada, mamãe. Eu adorei. – Respondeu enquanto a abraçava.

- Que bom, meu amor.

- Então agora posso escrever o meu nome assim em todas as minhas provas? – Sofia perguntou separando-se do abraço.

- Claro que sim. – Lety riu. – Se quiser, na semana que vem fazemos uma nova identidade para você.

- Eu quero. – Ela sorriu.

- Agora você é oficialmente nossa filha, e nós somos oficialmente seus pais.

               Sofia sorriu e olhou para Fernando que estava à porta. Ele se aproximou das duas e sentou-se ao lado de Lety, também emocionado com o momento.

- Foi o melhor aniversário, sem duvidas. – Ela disse animada, ajeitando-se à cama.

- Então... Feliz aniversário! – Fernando sorriu.

- Obrigada!

- Agora descanse. O dia foi de muita diversão.

               Letícia e Fernando se levantaram, e cada um se despediu de Sofia com um beijo na testa.

- O machucado não está doendo mais? – Fernando perguntou antes de sair.

- Não. – Sofia sorriu. – O beijo da mamãe curou ele.

               Fernando riu e apagou a luz.

- Boa noite, gatinha.

- Boa noite!

               Os dois seguiram para o quarto e Letícia apressou-se para se deitar. Estava exausta e não via a hora de poder descansar. Fernando fechou a porta e logo tirou a camisa, sentindo-se exatamente como Letícia.

- Foi uma ótima festa, não foi? – Letícia perguntou acariciando sua barriga.

- Foi sim. Sofia ficou muito feliz.

- É verdade!

- E o presente que você deu... Me surpreendeu. – Ele a olhou. – Eu não sabia que você tinha feito isso durante o registro.

- Queria que fosse uma surpresa para você também.

- Eu adorei. – Ele se aproximou. – É melhor eu nem dar o nosso presente amanhã. Vai perder para o seu.

- Claro que não. – Lety riu. – Ela sempre quis uma bicicleta.

- Mas não chega nem perto de receber o seu sobrenome.

               Letícia sorriu.

- Apesar da festa ter sido ótima, eu estou exausta. Não sabia que festa infantil era tão trabalhosa.

- Nem me diga. Sabe o que podemos fazer a partir do ano que vem? Fazer todos os aniversários em um dia só. Não vamos ter pique para fazer duas festas de criança em um ano.

- Você não sabe quando o bebe vai nascer. – Ela riu. – Não podemos juntar os aniversários. E se for longe um do outro?

- Então vou precisar de mais energia.

- Você terá muita energia. – Letícia tocou em seu rosto carinhosamente. – E já estou imaginando essa casa de cabeça para baixo. Duas crianças e um adulto que volta a ser criança quando está com elas...

- Você vai se divertir também. – Fernando sorriu, beijando-a.

               Letícia retribuiu o beijo, e em alguns segundos os beijos começaram a se aprofundar. Embora estivessem cansados, nada os desanimaria naquele momento.

- Eu já volto. – Fernando sussurrou pausando o beijo.

- Tudo bem.

               Fernando levantou-se e seguiu para o banheiro. Letícia se deitou à cama esperando por ele, mas por mais que estivesse empolgada e ansiosa para ter um momento de intimidade com Fernando depois de semanas, ela não conseguiu resistir ao cansaço. Quando Fernando saiu do banheiro, percebeu que Letícia já tinha adormecido. Ele não teria coragem de acordá-la, principalmente porque ele também estava cansado o suficiente para insistir. Ele sorriu enquanto a olhava e apagou as luzes, deitando-se ao lado dela logo depois. Letícia se mexeu para aninhar-se nos braços de Fernando como fazia todas as noites, e ele depositou um beijo carinhoso em sua testa. Quando se ajeitaram à cama, Fernando passou seu braço sobre a cintura ela, repousando sua mão sobre a barriga dela. Era como ele costumava dormir desde quando Letícia lhe deu a notícia de que estava grávida, e todas as vezes que ele sentia o bebê se mexendo em sua barriga, sua ansiedade em conhecê-lo aumentava cada vez mais. Daquela maneira, não demorou muito para Fernando também sentir o cansaço e se entregar ao sono.

 

 

 

 

•••

 

 

               A noite estava tranqüila e silenciosa. Todos na casa dormiam tranquilamente, até Letícia acordar sentindo algo diferente. Ao abrir os olhos assustada, ela sentiu algumas pontadas em sua barriga. Mas, não eram pontadas como contrações, e sim algo mais forte. Imediatamente ela se levantou e cutucou Fernando para que ele acordasse, mas foi em vão. Ela tentou de todas as maneiras acordá-lo, mas ele parecia em um sono profundo. Letícia resolveu se levantar para ir até o banheiro, mas assim que se descobriu, notou que a cama estava ensangüentada. Desesperada ela tentou gritar por ajuda, mas sua voz não saía. Ela parecia ter ficado muda de repente, e por mais que tentasse, nenhum som saía de sua boca. O sangue sobre a cama começou a se espalhar ainda mais, deixando-a exageradamente vermelha. Quando Letícia se levantou e colocou a mão sobre a barriga, notou que não havia nada ali. Sua barriga inexplicavelmente havia diminuído. Desesperada ela olhou para Fernando, mas não havia mais ninguém sobre a cama. Apenas o sangue esparramado pelos lençóis. Letícia começou a chorar e tentou de todas as maneiras pedir por ajuda, mas de nada adiantava.

 

 

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- Lety! Lety! LETY!

               Letícia abriu os olhos assustada, e notou que Fernando estava ao seu lado, parecendo preocupado.

- Você está bem?

               Antes de respondê-lo, imediatamente ela colocou a mão sobre seu ventre, e suspirou aliviada ao sentir sua barriga, sem nenhuma pontada ou algo diferente.

- Você estava se debatendo na cama. – Fernando disse. – Fiquei preocupado.

- Eu... Tive um pesadelo. – Respondeu dando um longo suspiro. – Foi horrível.

- Ah... Não fique assim. – Fernando a puxou para um abraço. – É o mesmo pesadelo das ultimas noites?

- Sim. – Ela apertou o abraço, com as mãos tremulas. – É horrível, Fernando. E é sempre o mesmo sonho.

- Você só está preocupada. Isso é normal. Mas, não precisa ficar assim. Vai dar tudo certo, você sabe não é?

- Sim. – Ela tomou fôlego. – Vai dar tudo certo.

               Fernando a acariciou enquanto ela se acalmava, até que em pouco tempo ele adormeceu novamente. Letícia não conseguia dormir tranqüila depois daquele pesadelo, e com cuidado levantou-se para não acordar Fernando. Ela caminhou em silencio pelo quarto e saiu, seguindo para o quarto ao lado. Ao abrir a porta, uma sensação de paz a dominou, como sempre acontecia quando ela entrava no quarto do bebê. Mesmo sem saber o sexo, Fernando e ela decidiram já deixar grande parte das coisas preparadas para a chegada do bebê, já que Letícia estava propícia a entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Ao adentrar o quarto do bebê, Letícia logo se acalmou, admirando tudo em sua volta. Já estava tudo pronta para a chegada dele ou dela, e ansiedade aumentava mais a cada dia. Os pesadelos se tornaram freqüentes, mas Lety sabia que era conseqüências do nervosismo para a hora do parto, mesmo que ela já estivesse preparada.

               Ao sentar-se na poltrona que havia no quarto, ela sorriu satisfeita imaginando o dia em que estaria naquele quarto com seu bebê no colo. Sua felicidade estaria completa, assim como sua família. Ao pensar naquilo, Lety encostou a cabeça na poltrona e adormeceu, dessa vez, sem pesadelo algum para incomodá-la.  



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