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História Love Inside Out - Pediatra


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 4 - Pediatra


               Letícia chegou ao hospital eufórica e nervosa. Ela parou ao balcão já sem fôlego por ter corrido do táxi até ali, e a recepcionista a olhou.

- Posso ajudá-la?

- Eu preciso... Saber notícias de uma paciente.

- Qual o nome dele?

- Fernando Mendiola.

- Qual o seu grau de parentesco com ele, por favor?

- Sou... Esposa dele.

               A recepcionista olhou em seu computador.

- Ele está no quarto 275, no segundo andar.

- Obrigada!

               Imediatamente Letícia corre para as escadas e chega ao segundo andar, procurando alguém que pudesse dar notícias de Fernando. Mas, sem encontrar nenhum médico no caminho, ela procura pelo quarto indicado pela recepcionista, e quando encontra, vê através da do vidro da porta Fernando deitado em uma cama, desacordado.

- A Senhora é a esposa dele? – Um médico perguntou se aproximando dela.

- Sim! – Respondeu apreensiva. – Como... Como ele está?

- Ele sofreu um acidente de moto, por pouco não foi nada mais grave. Apenas ralou um pouco o braço e teve um ferimento na perna direita. Mas poderia ter sido muito pior.

               Letícia suspirou de certa forma aliviada.

- Nós o medicamos depois dele se queixar de dor, e agora ele está dormindo. Mas se quiser, pode entrar.

               Letícia balançou a cabeça concordando e o médico abriu a porta para ela. Assim que entrou, ela o olhou com pesar e caminhou até a cama. Sentindo-se péssima por vê-lo daquela maneira, ela não sabia o que poderia fazer para ajudá-lo. De certa forma sentia-se culpada por isso, já que ele saiu completamente nervoso de casa depois que Lety conversou com sua advogada.

- Ele... Bebeu? – Ela perguntou ao médico.

- Por incrível que pareça, não. Estava completamente sóbrio. O acidente foi por culpa de uma infração de outro motorista. Ele inclusive ficou para prestar socorro, mas Fernando ainda estava consciente e se negou a aceitar. A única coisa que ele pediu... Não. Ele suplicou, foi para que ligássemos para sua esposa.

               Saber disso fez com que ela se sentisse ainda pior.

- Eu vou deixá-la a sós com ele. Qualquer coisa que precisar, me procure.

- Obrigada.

               O médico saiu do quarto, deixando os dois a sós. Letícia sentou-se em uma cadeira próxima à cama e segurou a mão de Fernando, olhando-o com os olhos marejados. Depois que descobriu que Fernando Mendiola não era um completo idiota como ela pensava, seus sentimentos por ele de certa forma também mudaram. Ainda eram incertos e confusos, mas naquele momento em que ela segurava sua mão e estremecia ao pensar que o acidente pudesse ter sido pior, ela sentiu a necessidade de não se afastar.  Seu coração estava apertado por ter pensado tão mal de Fernando em apenas um dia. Primeiro, pensou que ele seria capaz de traí-la sem nenhuma culpa. Segundo, pensou que ele era irresponsável o suficiente para pilotar sua moto em alta velocidade e bêbado, quando na verdade, a culpa do acidente era de outra pessoa. E principalmente, por pensar que ele não a considerava sua “esposa”, quando em sua cabeça, a frase que o médico lhe disse continuava a se repetir: “Ele suplicou para que ligássemos para sua esposa.”

 

 

•••

 

 

               Letícia já estava ali há alguns minutos, mas não soltou a mão de Fernando em nenhum minuto. De repente ele se mexeu à cama e ela o olhou empolgada. Aos poucos ele abriu os olhos e logo notou que ela estava ali, abrindo um sorriso no canto dos lábios.

- Oi. – Ela sorriu.

- Oi.

- Como está se sentindo?

               Ele olhou para suas próprias pernas, onde uma delas estava enfaixada.

- Como o saci. – Brincou.

- Isso não tem graça. – Letícia disse, mas não resistiu em rir.

- Eu vou ficar bem. Apenas essa perna enfaixada está me atrapalhando, mas... Pelo menos ainda estou vivo.

- Pelo menos assim você sossega em casa, não é?

               Fernando olhou para sua mão e percebeu que Letícia a segurava. Imediatamente ela tirou sua mão, mas novamente ele a segurou, sorrindo maroto.

- Você sabe como ficou a minha moto?

- Não... Eu não perguntei ainda sobre isso.

- Espero que não tenha sido um estrago muito feio. Agora sou um homem falido.

               Letícia riu.

- Só você mesmo para estar em um hospital após sofrer um acidente, torcendo para que sua moto esteja inteira.

- É claro. Eu sei que eu estou, então agora posso me preocupar com ela.

- Eu prometo que vou procurar saber sobre ela para você.

               Os dois ficaram um tempo em silencio, ainda de mãos dadas.

- O seu médico disse que você pediu para que ligassem para mim. – Letícia se aproximou da cama.

- Eu não tive outra opção... Você sabe. Maria teria enlouquecido e desmaiado antes mesmo de chegar aqui.

- Poderia ter pedido para ligarem para sua irmã.

- Eu tinha acabado de sofrer um acidente e minha moto estava em cima da minha perna prestes a esmagá-la. Acho que não tive muito tempo para pensar nisso.

- Eu fiquei com muito medo. – Letícia ignorou sua piada de mau gosto. – Quando me ligaram. Eu... Não sabia o que fazer. Só torcia para que você estivesse bem.

               Ele não respondeu.

- Você estava errado quando disse que eu não me preocupo com você. Quero dizer... Eu achava que não me preocupava, mas... Acho que já tive prova suficiente que isso não é verdade.

               Fernando sorriu satisfeito e o médico abriu a porta, interrompendo-os.

- Ah, que bom que está acordado! – Ele sorriu. – Como se sente?

               Fernando olhou para Lety.

- Muito bem.

- Ótimo! Acho que não vai ser preciso aumentar os medicamentos. Ainda está com dores?

- Não muito.

- Bom... Sua família está aí fora. Eles querem entrar. Posso permitir que entrem?

- Não. – Respondeu imediatamente, e logo depois olhou para Letícia. – Por favor, não deixe que eles entrem.

               O médico o olhou confuso e Letícia assentiu.

- Eu vou pelo menos falar para eles que você está bem. Vou tranqüilizá-los. – Letícia disse se levantando e Fernando apertou sua mão.

- Você volta?

- Claro que sim.

               Convencido, ele deixou que ela soltasse sua mão e saísse do quarto. Aliviada por ele estar bem, Letícia seguiu animada até a sala de espera, e logo viu Humberto andando de um lado para o outro parecendo tenso.

- Você quer se acalmar, Humberto? – Terezinha disse. – Está nos deixando nervosas.

- Lety! – Stella exclamou quando a viu, e seus pais a olharam. – Como o meu irmão está?

- Está bem. Ele acabou de acordar, mas está bem. Apenas teve um ferimento na perna, mas o médico disse que poderia ter sido mais grave. Mas, graças à Deus não foi.

- Ah, graças à Deus! – Stella exclamou aliviada e Terezinha suspirou aliviada.

- Mas o que é que deu nesse garoto? – Humberto perguntou. – Ele queria se matar? Aposto que estava dirigindo bêbado. Ele tem o costume de ser irresponsável dessa maneira.

- Papai... – Stella o repreendeu.

- O Senhor não sabe do que está falando, Seu Humberto. – Letícia disparou, irritada. – Fernando não estava bêbado, e antes que diga, também não estava em alta velocidade. O acidente aconteceu por culpa de outro motorista. O Senhor deveria mostrar um pouco mais de compaixão pelo seu filho ao menos nesse momento.

               Humberto não se atreveu a dizer mais nada. Stella sorriu para Letícia e sussurrou um “muito bem”, aprovando sua atitude.

- Eu posso ir vê-lo? – Stella perguntou.

- Acho que você sim. – Letícia sorriu.

- Obrigada! – Stella saiu da sala, deixando um clima pesado no ar.

- Olha... Vocês dois deveriam ser gratos por ainda querermos manter contato. Tanto o Fernando com vocês quanto eu com meus pais. – Letícia disse aos dois. – Nossa vontade nesses últimos dias era morar bem longe de vocês. Mas, não fizemos isso. Pelo contrário. Nós ainda concordamos em ajudar com esse problema com as dívidas. Foi um absurdo o que fizeram conosco, mas... Por sorte tudo será resolvido. – Ela suspirou. – Agora, com licença. Vou voltar para o quarto.

               Sem esperar uma resposta, Letícia se retirou.

 

 

•••

 

 

               Stella e Fernando davam gargalhadas quando Lety voltou ao quarto. Os dois a olharam e ela sorriu.

- Estou interrompendo? – Perguntou.

- É claro que não. – Stella respondeu e Letícia se aproximou da cama.

- Está tudo bem? – Fernando perguntou. – Está parecendo tensa.

- É... – Letícia suspirou, sentando-se ao lado dele na cama. – Eu praticamente briguei com seus pais agora.

               Fernando ergueu as sobrancelhas.

- Falei algumas coisas que estavam agarradas, mas acho que eu não deveria.

- O que você disse? – Ele perguntou.

- Apenas falei que eles deveriam ser gratos por ainda querermos manter contato. Que depois do que fizeram conosco, nossa vontade era de nem morarmos tão perto deles.

               Fernando e Stella riram.

- Isso foi fantástico! – Fernando exclamou.

- É, mas não foi só isso. – Stella disse. – Lety também o defendeu. Papai como sempre estava colocando a culpa em você, e ela o colocou no lugar.

               Fernando a olhou.

- Isso é verdade?

- Bom... Sim.

- Então... Obrigado por me defender.

               Os dois se olharam e Stella se levantou.

- Eu vou dizer para eles voltarem amanhã. Vou... Deixar vocês dois a sós. – Ela sorriu divertida. – E você, se comporte. Não coloque fogo no hospital. – Ela disse despedindo-se de Fernando.

- Vou tentar. – Ele sorriu.

- Até amanhã. Tchau, Lety.

- Tchau!

               Assim que Stella saiu do quarto, Fernando cruzou os braços e olhou divertido para Lety.

- O que foi? – Ela perguntou ajeitando o lençol.

- Nada. Só estou surpreso por você ser mais louca do que eu pensava.

- Tem muita coisa sobre mim que você não sabe, Fernando Mendiola.

- Mas eu gostaria muito de saber.

               Ela parou de fazer o que estava fazendo e o olhou envergonhada.

- O médico disse que terei alta amanhã. – Ele falou animado. – Mas ainda vou ter que ficar com essa perna enfaixada, ao menos até melhorar o ferimento.

- Desse jeito você sossega um pouco. – Ela sorriu e continuou ajeitando os lençóis da cama.

               Fernando a observava em silencio, mas o sorriso não saía de seu rosto.

- Pediatra.

               Letícia o olhou confusa.

- O que? – Perguntou.

- Pediatra. – Ele repetiu. – O meu sonho é ser pediatra.

               Letícia abriu a boca abismada, sem saber o que dizer.

- É exatamente essa a reação que todos têm quando eu digo isso. – Ele riu. – Ao menos Stella e Omar, que foram os únicos para quem contei.

- Você tem o sonho de ser pediatra? – Letícia perguntou parecendo não acreditar.

- É tão estranho assim? – Perguntou divertido.

- Não... É que...

- Eu sei. Não parece combinar comigo. Mas, tem uma história sentimental por trás desse sonho.

               Letícia apressou-se em sentar à cadeira ao lado da cama, curiosa para saber sobre o sonho de Fernando.

- Quando eu era criança, uns oito anos, tive um melhor amigo. Nós éramos inseparáveis, estávamos sempre brincando juntos, fazendo tudo juntos. Chegamos a dizer várias vezes que éramos irmãos. – Ele sorriu triste. – Mas ele tinha leucemia. – Seus olhos encheram-se de lágrimas. – Foi... A época mais difícil que já tive. Eu era só uma criança, mas eu fazia questão de estar ao lado dele todo o tempo. Eu ia ao hospital visitá-lo, brincava com ele enquanto ele estava internado. Eu não me importava se a aparência dele tivesse mudado. Ele continuava sendo o meu melhor amigo.

               Letícia sorriu emocionada.

- E então... Um dia minha mãe recebeu uma ligação e eu estava perto. Ela não soube disfarçar e começou a chorar. Eu logo imaginei que alguma coisa tivesse acontecido com ele. E então ela me deu a notícia de que ele não tinha resistido aos tratamentos.

               O sorriso de Lety diminuiu, e lágrimas se formaram em seus olhos.

- Foi então que nesse dia eu pensei que queria ajudar essas pessoas, sabe? Eu queria muito dar tudo de mim para poder ajudar a curar todas as crianças do mundo! É claro que ninguém levava fé, por ser um sonho de criança e por eu estar abalado com o que aconteceu. Mas esse sonho nunca me abandonou. E até hoje quando lembro do meu melhor amigo, eu sinto uma necessidade enorme de ajudar as crianças que sofrem com essa doença. E é isso... – Ele suspirou sorrindo. – Tenho o sonho de me especializar e ser oncologista pediátrico.

               Letícia o olhou comovida, e não soube o que dizer. Mais uma vez Fernando a surpreendeu.

- É um sonho... Lindo, Fernando. – Disse sincera. – E eu acho que você deveria ir atrás dele.

- Um dia eu crio coragem. – Ele riu. – E você também deveria.

- Um dia, quem sabe.

               Os dois se olharam e riram juntos, pela primeira vez.

 

 

•••

 

 

 

               No dia seguinte, logo cedo, Letícia e Stella foram juntas buscar Fernando no hospital. Tudo o que ele queria naquele dia era deitar em sua cama e descansar. Embora tivesse passado o tempo inteiro deitado, uma cama de hospital era totalmente diferente da sua própria cama. Mas, assim que chegam em casa, os três são surpreendidos com a casa cheia com a presença inesperada de Terezinha e Humberto, Erasmo e Julieta e Omar e Carolina.

- Seja bem vindo, filho! – Terezinha disse recebendo Fernando com um abraço.

- O que estão fazendo aqui? – Letícia não resistiu em perguntar enquanto sua mãe a abraçava.

- Achamos que ele merecia uma boa recepção. – Humberto disse sorrindo para ela. – Pedimos à Maria para preparar um almoço especial.

- Não é fantástico? – Terezinha exclamou animada.

               Fernando, Letícia e Stella apenas se entreolharam, sabendo que o dia seria cheio.

- Por que não me disse antes? – Lety sussurrou para Carolina quando os outros adentraram à casa animados.

- E eu diria o que? Foram eles que planejaram tudo. Eu achei melhor vir para te dar apoio.

- Obrigada, mas eu preferia que tivesse impedido isso.

- Não é tão ruim, Lety. Eles estão animados.

- E precisou do Fernando sofrer um acidente para isso.

               Carolina balançou a cabeça e achou melhor não dizer mais nada. Por incrível que pareça, todos estavam em harmonia. Erasmo e Humberto não estavam discutindo, os dois não falavam à todo o instante sobre empresa, e Fernando e Letícia estavam aliviados por isso. Enquanto o almoço não ficava pronto, todos se reuniram no jardim por ser um dia quente. Fernando não estava acostumado com sua casa cheia, mas de certa forma sentiu-se bem por isso. Há tempos não via sua família reunida assim.

- Eu tenho uma surpresa para você. – Letícia sussurrou para Fernando quando todos estavam conversando.

- Que surpresa? – Ele perguntou curioso.

               Letícia apontou para os fundos do jardim, onde a moto de Fernando estava parada, apenas com alguns arranhões.

- Não brinca! – Ele exclamou animado. – Então ela está inteira?

- Sim! Recebi ela ontem depois que voltei do hospital. – Letícia disse animada. – Só está com alguns arranhões, mas acho que isso você mesmo pode resolver.

               Fernando sorriu como uma criança que acabara de ganhar o presente preferido. Letícia sentiu-se satisfeita por isso, e esse clima animado acabou contribuindo para um ótimo almoço. Todos se reuniram à mesa da sala de jantar, que há muito tempo não era usada. As conversas paralelas formavam um grande barulho que ecoava por toda a casa, mas ninguém se preocupava com isso. Parecia que enfim as coisas estavam tomando um rumo correto, até Erasmo e Humberto acabarem totalmente com a harmonia falando sobre as empresas.

- Agora que metade das dívidas foram pagas, podemos pensar nos próximos lucros. – Erasmo disse.

- É claro! Podemos fazer o seguinte...

               Letícia largou o garfo no prato com raiva e Fernando revirou os olhos. O almoço estava indo muito bem até os dois tocarem no assunto de empresas.

- Eu acho que se vendêssemos mais algumas coisas, acabaríamos com todas as dividas. – Erasmo sugeriu.

- É, mas para isso precisamos do apoio de toda a família.

               Os dois olharam diretamente para Fernando e Letícia.

- O que querem dizer com isso? – Fernando perguntou.

- Poderiam se esforçar um pouco mais para ajudar as empresas. – Disse Humberto.

- Esforçar? Mais? – Letícia perguntou indignada. – Fernando vendeu quase sua casa inteira!

               Os dois começaram a falar ao mesmo tempo e logo as esposas se intrometeram. Carolina e Omar continuaram em silencio e Stella suspirou impaciente, assim como Fernando e Letícia.

- Por que vocês não vendem as empresas? – Fernando sugeriu e todos se calaram, olhando-o como se ele fosse louco. – Isso pagaria todas as dívidas e acabaria com essa palhaçada.

- Você enlouqueceu? – Humberto perguntou.

- Não podemos vender as empresas! – Disse Erasmo.

- E por que não? Com o dinheiro conseguiriam pagar todas as dividas e ainda sobraria um bom dinheiro para cada um. Sem contar que os dois já se aposentaram, então dinheiro não seria o problema.

- Você está brincando, não é? – Humberto perguntou.

- Não. Estou falando muito sério. Já estão cuidando dessas empresas há anos, e sinceramente, já deu o que tinha que dar. Continuarão com suas vidas luxuosas, mas a diferença é que terão um problema a menos para se preocuparem. Ou dois.

               Ninguém se atreveu a responder por alguns minutos.

- Não podemos vender a empresa. – Erasmo insistiu.

- Não mesmo. – Disse Humberto.

- E por que não? Olha, nem eu e nem Letícia queremos cuidar delas. Então, a decisão é de vocês.

- Como assim não querem cuidar das empresas? – Humberto perguntou incrédulo.

- Nós temos sonhos, papai. Sonhos que não envolvem a empresa. Letícia quer montar uma livraria, e querem saber? Isso é ótimo!

- E o seu qual é, filho? – Terezinha perguntou.

- Eu quero... – Ele parou sua frase. – Não... Eu vou ser oncologista pediátrico.

- Como é que é? – Humberto perguntou e todos pareceram chocados.

- É exatamente isso. Nós temos sonhos diferentes, e não queremos ficar trancados em uma empresa cheia de dívidas. Nós iremos correr atrás dos nossos sonhos, quer vocês queiram ou não. E hoje pela manhã tomei uma decisão. Farei o vestibular e no próximo semestre vou começar a faculdade de medicina.

- E quanto à Stella? – Humberto disse e todos a olharam.

- O que? Não mesmo! – Respondeu rapidamente. – Não quero ficar trancada em uma empresa pelo resto da minha vida. Eu também tenho os meus próprios sonhos!

- Então... É isso. Vocês escolhem. Ou deixam as duas empresas endividadas e sem ninguém para cuidar delas, ou as colocam à venda e retomam a paz nessa família, que há muito tempo não temos.

               Todos ficaram pensativos.

- Bom... Preciso concordar que isso de certa forma nos livraria de todas as dívidas. – Erasmo disse. - E ainda teríamos muito dinheiro para ser dividido.

               Humberto fica em silencio, parecendo pensar na proposta.

- Bom, mas de qualquer maneira não precisamos decidir hoje. – Julieta disse. – Vamos continuar o almoço, por favor. Sem assuntos de empresa.

- Obrigada, mamãe. – Letícia agradeceu e Julieta sorriu.

 

 

•••

 

 

 

               Depois que todos foram embora, Fernando pôde simplesmente deitar-se ao sofá e descansar. Normalmente ele fazia isso sozinho, mas naquele dia, Letícia lhe fez companhia. Não brigaram, não se provocaram, apenas fizeram companhia um para o outro. O fato de morarem na mesma casa não parecia mais incomodá-los, e finalmente os dois pareciam se dar bem.

- Foi muito corajoso o que disse durante o almoço. – Letícia comentou enquanto folheava uma revista no outro sofá.

- Alguém precisava ser. – Fernando respondeu deitado. – Eu quero seguir o meu sonho, e quero que você faça o mesmo. Ninguém merece ficar preso àquela empresa cheia de problemas e estresses.

- É, você tem razão.

               Os dois passaram o restante da tarde juntos, em um clima bastante agradável. Maria por várias vezes os observou escondida, e não pôde deixar de sorrir ao vê-los conversando e rindo juntos.

- Do que você tem medo? – Lety perguntou à Fernando.

- De contas para pagar.

- Não seja bobo!

- Está bem... Acho que... Não tenho medo de muita coisa. Mas, definitivamente baratas me deixam apavorado.

- Acho que todo mundo é assim. – Letícia riu.

- E você? Do que tem medo?

- Trovões. – Respondeu de imediato e Fernando caiu na gargalhada. – Pode rir à vontade, mas é um trauma que tenho desde criança. Nunca consigo dormir sozinha com barulho de trovões.

- Vou usar isso contra você algum dia.

A conversa animada dos dois foi interrompida quando Lety recebeu um telefonema. Imediatamente ela se levantou do sofá, e sem dizer nada, saiu da sala, deixando Fernando curioso.

- Alô?

- Oi! Sou eu, Beth!

- Olá! – Ela falou um pouco mais baixo do que o normal.

- Tenho uma ótima notícia! O processo já está em andamento, e não deve demorar muito para você receber os papéis. Você conseguiu o que foi buscar?

- N... Não. – Respondeu sem muito animo. – Não consegui nada.

- Bom, de qualquer maneira, apenas de explicar sua situação eu consegui o andamento do processo. Apenas mais algumas insistências e eu consigo os papéis.

               Letícia suspirou desanimada e quis muito dizer à Elizabeth que ela não queria mais continuar com aquela história, e que foi justamente isso que deixou Fernando nervoso, tendo como conseqüência o seu acidente.

- Obrigada, Beth. – Respondeu apenas. – Eu... Aguardarei o seu retorno.

- Ótimo! Até mais, Lety.

- Até.

               Letícia desligou o celular, e quando virou-se, deu de cara com Fernando parado, de braços cruzados olhando-a.

- Você está tão insatisfeita assim? – Perguntou sério.

- Do que está falando?

- Você sabe do que eu estou falando.

- Não é essa a questão, Fernando. Não podemos continuar com isso. Nenhum de nós queria isso.

- Quer saber? Você é mais egoísta do que eu pensei! – Respondeu irritado.

- Eu? Egoísta? Até esses dias você não estava se importando comigo e continuou indo normalmente às suas festas!

- É, mas eu não faço mais isso caso não tenha percebido!

- É claro que não! Você está com a perna enfaixada!

- Independente disso!

- Eu não consigo te entender, Fernando! Você tanto quanto eu não estava satisfeito com essa besteira que fizemos!

- Quer saber, Letícia? Se você está tão insatisfeita, vá embora! Eu não te prendo aqui! Você sabe onde ficam as chaves, sabe onde é a saída. Pode muito bem ir embora quando quiser!

- Talvez eu vá mesmo! – Disse aumentando a voz.

- ÓTIMO!

- ÓTIMO!

               Mesmo com um pouco de dificuldade para andar, Fernando subiu as escadas o mais rápido que pôde. Letícia suspirou irritada e fez o mesmo logo depois, indo diretamente para o seu quarto. Logo o barulho de chuva chamou sua atenção, e quando se deu conta, uma tempestade caía lá fora.

 

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“O que ele pensa que está fazendo? Ele acha que podemos continuar nessa situação, como se nada tivesse acontecido? Eu estou pensando no melhor para nós dois, e tanto ele quanto eu merecemos essa liberdade. Ele pode continuar freqüentando suas festas e pegando quantas mulheres quiser, e eu... Eu posso continuar com minha vida sem graça. Mesmo que aqueles dias tenham sido uma experiência para mim, e mesmo que há muito tempo eu não me divertisse tanto com uma pessoa como me diverti com Fernando hoje, ele deve reconhecer que estou fazendo isso para o nosso bem. Talvez, mais para o bem dele do que para o meu.”

 

 

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- Eu achei muito fofo da parte dele falar aquilo durante o almoço. – Carolina comentou enquanto conversava com Lety por skype. – Vocês dois pareciam diferentes.

- Você ficou louca. Ele continua sendo o mesmo irritante.

               Carolina se aproximou da tela.

- Não pareceu que pensava assim hoje no almoço quando sorria para ele.

- Até que as coisas poderiam estar indo bem, mas ele acabou de arruinar. Nós discutimos porque ele ouviu uma ligação minha com a advogada. Eu juro que não consigo entendê-lo. Uma hora ele reclama de estar “casado”, outra hora se irrita porque eu quero acabar logo com isso.

               Carolina riu.

- Lety, acho que você precisa ver isso.

- Você está prestando atenção no que estou dizendo?

- Claro que sim, é por isso que precisa ver isso. Vá no facebook dele.

- Desde quando você tem ele no facebook?

- Ele me adicionou quando fui aí. Mas isso não importa, vai logo!

               Letícia revirou os olhos e mudou a página para o facebook de Fernando.

- E daí?

- Não notou nada de diferente?

               Ela se esforçou mais, procurando o que poderia haver de diferente, até notar que as fotos em festas e com mulheres haviam sido excluídas. Letícia sentou-se à cama e colocou o notebook sobre o colo, certificando-se de que não era um erro do próprio computador.

- Ele excluiu as fotos? – Perguntou já sabendo a resposta.

- Sim, mas não é só isso. Viu o status do relacionamento dele?

               Letícia procurou por esse detalhe, mas não encontrou.

- Não vi nada.

- Exatamente. Ele tirou o “solteiro”. Estava aí quando eu o adicionei, eu verifiquei.

- Você é pior do que eu, Carol.

- O fato é que... Sendo irritante ou não, alguma coisa aconteceu para ele tomar tal atitude, não acha?

               Letícia não respondeu.

- E você reclamando que ele era sagitariano e não levava nada a sério...

- Você precisa dormir um pouco, já está dizendo loucuras.

- Ou você quer pensar que seja uma loucura.

- Tudo bem, Carol! Agora eu vou desligar porque está uma tempestade aqui. Vou aproveitar para dormir.

- Boa sorte. – Carolina riu, sabendo do medo de Lety por trovões.

               Letícia desligou o notebook e o colocou sobre a cômoda, ajeitando-se à cama logo depois. Ela tentou se distrair com o barulho da chuva, mas era difícil quando junto dela vinha o forte som do trovão. Ela virou-se à cama várias vezes, mas de maneira alguma conseguia dormir. Irritada com o seu medo infantil, ela sentou-se à cama, pensando no que poderia fazer para que os barulhos do trovão não a incomodassem tanto. Mas, ela estava extremamente cansada para pensar em alguma coisa, e tudo o que queria era dormir. Saindo totalmente do seu bom senso, ela se levantou e saiu do quarto, seguindo pelo corredor. Parou diante à ultima porta aos fundos e suspirou antes de abri-la.

               O quarto não estava tão escuro quanto ela imaginava, e ao fundo, ela pôde ver Fernando deitado em sua cama, de costas para a porta. Apenas com a cabeça para dentro do quarto, ela pensou se deveria acordá-lo ou se deveria desistir daquela besteira e voltar para o seu quarto, obrigando-se à parar com aquele medo bobo. Mas, Fernando ergueu sua cabeça e olhou em direção à porta. Sem saber o que dizer ou fazer, ela continuou parada. O barulho de um trovão a fez contrair os ombros de susto, e então Fernando sinalizou com a cabeça para que ela entrasse.

               Imediatamente ela adentrou o quarto, fechando a porta e seguindo em direção a cama dele. Sem saber o que ele queria que ela fizesse, ela permaneceu parada ao lado da cama, e então Fernando sorriu divertido batendo a mão no lado oposto da cama, indicando para ela se deitar ali. Letícia sorriu e se deitou ao lado dele, mantendo a distancia necessária.

- Espero que não tente fazer nada comigo durante a noite. – Ela comentou ajeitando-se ao travesseiro. – Mesmo casados, isso é antiético.

               Fernando riu.

- Prometo não fazer nada. A não ser que você queira.

               Letícia bufou e lhe deu as costas, sorrindo logo depois. Fernando não estava diferente. Manteve a distancia entre eles, mas adormeceu com um sorriso no rosto.

 

 

•••

 

 

“E essa boca aí? Ela só fala ou também beija, beija. Eu sei que beija ♫”

               Letícia se mexeu inquieta na cama tentando ignorar aquela música, mas o toque do celular de Fernando sobre a cômoda estava mais alto do que deveria.

- Fernando, desliga essa merda de música! – Reclamou colocando o travesseiro sobre o rosto.

               Fernando abriu os olhos sonolento e apalpou a cômoda até encontrar o celular. Com dificuldade ele reconheceu o numero na tela e sentou-se à cama.

- Alô?

- Fernando! Estava dormindo até agora? – Humberto questionou.

               Ele virou-se para Letícia, que ainda estava de costas para ele, mas o lençol que lhe cobria durante a noite já estava amarrotado em seus pés, o que revelou o seu pijama um pouco mais curto do que Fernando imaginava que era.

- Infelizmente...

- Como?

- Nada.

- Bom... Estou ligando porque Erasmo e eu temos algo para dizer hoje. Gostaríamos que você e Letícia fossem à nossa empresa.

- Certo. Eu vou falar com ela.

               Nesse momento Letícia virou-se para ele, e Fernando desviou o olhar.

- Mas preciso que seja agora! Não demorem.

- Tudo bem!

- Até logo.

- Tchau.

               Fernando desligou o celular e passou a mão no rosto, na tentativa de despertar.

- O que foi? – Letícia perguntou.

- Meu pai. Ele disse que os dois têm algo para dizer, e querem que a gente vá à empresa hoje.

- Agora?

- Sim!

               Letícia revirou os olhos e sentou-se.

- Então... O seu medo de trovões é mesmo verdade, han? – Fernando disse divertido.

               Ela apenas bufou e se levantou, saindo do quarto de Fernando.

 

 

•••

 

 

- Eu poderia ter vindo de moto! – Fernando exclamou assim que desembarcaram do ônibus. – Como permitem que uma pessoa entre com galinhas dentro do ônibus?

- Para de reclamar, não foi tão ruim assim. – Letícia disse. – E você ficou louco que vou permitir que você ande de moto com essa perna enfaixada, dois dias depois de ter sofrido um acidente.

- Isso é porque você não está cheirando à frango! – Reclamou. – E você não tem que me dar permissão para andar de moto.

               Letícia revirou os olhos e juntos caminharam até a empresa de Humberto. Ao chegarem, notaram que assim como a de Erasmo, a empresa estava vazia e sem funcionários. Mas, aquilo não os preocupava. Pelo contrário. Assim que chegaram à sala de reuniões, Fernando abriu a porta e apenas Humberto e Erasmo estavam à mesa.

- Bom dia. Nós... Chegamos tarde? – Fernando perguntou confuso.

- Não. Por incrível que pareça chegaram na hora. – Humberto respondeu. – Sentem-se.

               Os dois se olharam e se juntaram à mesa com seus pais.

- O que temos para dizer é algo muito importante. – Erasmo disse.

- Nós pensamos sobre o que você disse ontem durante o almoço, Fernando.

               Ele ergueu as sobrancelhas.

- E nós achamos que realmente o melhor a se fazer é vendermos as empresas.

- Isso é sério? – Fernando perguntou perplexo, assim como Lety.

- Sim! Realmente, isso irá pagar todas as dívidas e... Bom... Já que vocês dois já deixaram claro que não querem assumir as empresas, não nos deram outra alternativa.

               Letícia sorriu animada.

- Vamos colocá-las a venda e dividiremos o dinheiro, inclusive o dinheiro que é de direito de vocês dois. E então podem... Seguir o sonho de vocês. – Erasmo sorriu para a filha.

- Mas isso é fantástico! – Fernando exclamou animado.

- E tem mais uma coisa... – Humberto disse e Erasmo o olhou. – Nós também gostaríamos de nos desculpar pelo... Que aconteceu.

- É. Nós... Percebemos que realmente foi uma idiotice.

- Que bom que notaram isso. – Letícia disse. – Mas... Desculpas aceitas.

- É. – Fernando concordou. – Não é tão ruim quanto imaginamos. – Ele sorriu para Letícia, e ela retribuiu o sorriso.

- Bom... Então, acho que estamos entendidos. – Humberto disse. – Podemos falar sobre a venda?

- É claro que sim! – Fernando sorriu e olhou animado para Letícia.

               Passaram o dia todo falando sobre a futura venda das empresas, e como o dinheiro seria dividido. Por fim, pelas contas de Letícia, se as empresas fossem vendidas pelo preço que valiam, pagariam todas as dívidas e ainda sobraria dinheiro para dividirem entre todos da família. Fernando e Letícia saíram da empresa com os olhos brilhando por finalmente terem se livrado da “herança de família”, e por estarem livres para seguirem os seus sonhos. Fernando sugeriu que comemorassem com um almoço, e depois de um pouco de insistência, Letícia aceitou.

- Não acredito que depois dessa reunião você ainda está controlando o dinheiro. – Fernando disse quando entraram em um restaurante escolhido por Lety, que era um pouco diferente dos que ele costumava freqüentar.

- Não podemos arriscar. Além do mais, ainda não estamos com o dinheiro. E não tem nada de mais em comer em um restaurante selfie service sem balança. Melhor para você que come tanto.

- Eu não como tanto assim! – Ralhou Fernando.

               Depois de se servirem e irem até a mesa, Letícia encarou o prato de Fernando e não resistiu prender o riso.

- O que foi? – Ele perguntou enquanto ela gargalhava.

- Você ainda teve a cara de pau de dizer que não come muito.

- Eu estou aproveitando o dinheiro que estou pagando. Quero comer de tudo.

- Percebi.

               Ela esperou que Fernando começasse a comer, e então bateu à mesa, fazendo todos olharem para ela assustados, assim como Fernando.

- Meu Deus! Ele comeu sua primeira comida de restaurante sem balança! E ele está vivo! – Ela dramatizou, fingindo estar emocionada. – Uma salva de palmas para ele! Você é meu orgulho, Fernando!

               Ela começou a aplaudir, e logo depois as pessoas do restaurante a acompanharam. Fernando sentiu seu rosto corar, e Letícia riu divertida quando as palmas cessaram.

- Eu te odeio. – Ele disse de boca cheia.

- Mereceu uma comemoração especial para isso. Inclusive... Acho que vou tirar uma foto.

               Ela estava prestes a pegar o celular, mas Fernando a impediu. Ela sorriu e voltou sua atenção para o seu prato, voltando a comer. Os dois comeram em silencio, e quando por fim Fernando terminou com toda a comida que colocou no prato, suspirou escorando-se à cadeira.

- Acho que estou passando mal. – Ele disse.

- Você comeu demais, isso sim. – Letícia riu. – Está satisfeito.

- Mais do que isso.

- Acho que mereço um agradecimento por isso, não é?

- Eu não disse que é melhor do que um restaurante Frances. Não exagere.

               Ela revirou os olhos e escorou-se à mesa.

- Eu vou fazer a minha inscrição para a faculdade. – Fernando disse. – Com esse dinheiro que vamos receber, vou conseguir pagar as primeiras mensalidades até conseguir um emprego.

- Isso é ótimo! – Ela disse sincera.

- Eu acho que você deveria fazer o mesmo. Usar o dinheiro para montar a sua livraria.

- Eu pensei nisso. Quero que Carolina seja minha sócia. Vou falar com ela hoje mesmo sobre isso, e podemos começar a procurar um lugar.

               Fernando sorriu.

- Também pensei em outra coisa que podemos fazer com uma parte do dinheiro.

- O que?

               Ele também escorou-se à mesa, ficando próximo dela.

- Vamos viajar.

- O que? – Letícia riu. – Ficou louco?

- E por que não? Estamos... Digamos... De férias. Podemos aproveitar! Nós não tivemos uma lua de mel.

- É claro que não! Não queríamos nem o casamento!

- Nós vamos apenas como amigos. Apenas para... Conhecermos um lugar novo. Você não tem vontade de conhecer nenhum lugar diferente?

- Bom... – Ela sorriu. – Eu nunca conheci as praias do Nordeste.

- Então vamos para o Nordeste!

- Eu não sei, Fernando...

- Não precisa responder agora, ainda vai demorar um tempo ate termos o dinheiro da venda das empresas. Mas, pense nisso. Eu acho que devo isso à você.

- Me deve por quê?

- Não sei...  

               Ela riu.

- Está bem. Não estou dando uma resposta definitiva, mas... Acho que é uma boa idéia.

- Então o que estamos esperando? Vamos logo pra casa procurar hotéis!

               Letícia gargalhou e Fernando se levantou, esticando a mão para ela. Ela segurou em sua mão e se levantou, animada. Antes de saírem, Fernando passou pela mesa de sobremesas e olhou curioso.

- Isso aqui é de graça?

                

              

 



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