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História Love Inside Out - Louco Por Você


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 6 - Louco Por Você


               Os dois voltaram exaustos para o quarto. Depois de passarem o dia passeando pela cidade (contra a vontade de Fernando) e aproveitando o fim da tarde na praia, a única coisa que Letícia queria fazer era deitar e descansar. Assim que entraram no quarto, ela se jogou na cama e fechou os olhos, feliz por finalmente poder relaxar.

- Pode levantar! – Fernando disse. – Vamos sair.

- Você ta louco! Eu não levanto daqui por nada.

- Você precisa se arrumar porque vamos à uma festa.

- Mas nem morta! – Exclamou olhando-o. – Eu estou exausta!

- Exausta de que?

- De ficar fora do quarto, oras. Só quero dormir.

- Você não pode deixar um homem casado sair sozinho! Isso vai contra as regras. – Ele disse divertido.

               Letícia o fuzilou com os olhos.

- Pagamos caro por essa viagem, Letícia, não vou permitir que você fique no quarto “descansando”.

               Ela suspirou e sentou-se à cama.

- Está bem, eu vou.

               Ele sorriu animado.

- Mas que fique claro que não vou ficar por muito tempo! – Ela se levantou. – Vou tomar um banho.

               Ele sorriu e a observou seguir para o banheiro.

- Veremos... – Fernando sorriu vitorioso.

               Enquanto Letícia tomava o seu banho, Fernando aproveitou para programar a noite. Queria que fosse uma noite especial, já que a viagem estava chegando ao fim. Queria mostrar à ela o quanto aquela viagem a sós foi importante para que ele descobrisse que se importa com ela, e que finalmente aprendeu a conviver com ela. Ou algo mais do que isso. Fernando não conseguia tirá-la da cabeça, em nenhum momento.

               Assim que ela saiu do banheiro enrolada em sua toalha, Fernando a olhou admirado. Os cabelos molhados caíam pelos seus ombros, fazendo as gotas que pingavam dele rolassem pelo seu corpo para dentro de sua toalha. Fernando já a tinha visto assim antes, durante a viagem. Afinal, eles dividiam o mesmo quarto. Mas, pela primeira vez ele a admirou, e sentiu algo diferente ao olhá-la.

- Você não vai se arrumar? – Ela perguntou olhando-o.

- Sim! – Pigarreando, ele se levantou.

               Quando seguiu para o banheiro, Letícia sorriu divertida. Ela aproveitou que ele estava no banho e procurou por uma roupa especial. Não sabia exatamente porque queria usar uma roupa especial em uma ocasião como aquela, mas depois de ver a maneira que Fernando a olhou apenas de toalha, ela quis surpreendê-lo ainda mais.

 

 

 

               Não sei o que me deu. Eu não costumo ter esse tipo de pensamento, principalmente se for relacionado à Fernando. Não sei quando foi que nossa relação mudou radicalmente à ponto de me fazer pensar que queria provocá-lo. Mas, escolhi o melhor dos vestidos que levei para a viagem, que inclusive combinava com o único par de sapatos de salto que levei. Enquanto ele estava no banho, aproveitei para colocar o vestido e me olhar no espelho, aprovando totalmente o meu visual. Optei por usar uma maquiagem leve, que tivesse apenas um realce no batom escuro. Fernando demorou tanto no banho que deu tempo para que eu secasse o meu cabelo e terminasse de me arrumar, pronta para surpreendê-lo. Surpreendê-lo? Foi isso mesmo que eu disse? Mas, por qual motivo eu quero surpreendê-lo?

 

 

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- É impossível não demorar no banho com essa água tão... – Fernando abriu a porta do banheiro, mas parou de falar quando viu Letícia de pé em sua frente, olhando-se no espelho.

- Tão o que? – Ela perguntou sem notar que ele a olhava.

- Tão o que? – Ele disse confuso.

               Ela o olhou e percebeu que ele estava com a boca aberta, encarando-a.

- Você ia dizer alguma coisa, e parou.

- Eu? – Fernando continuava olhando-a.

- Fernando, você queimou o cérebro com a água quente?

               Só então ele percebeu que estava fazendo papel de idiota, e balançou a cabeça voltando à realidade.

- Não. – Respondeu limpando a garganta, envergonhado. – Eu não me lembro o que estava falando.

               Letícia riu.

- Bom... Eu vou sair para você se arrumar...

- Não precisa. – Ele disse rapidamente.

- Eu não quero te ver pelado, Fernando.

- Eu não estou pelado. Sou precavido. Já vesti minha cueca.

               Ele tirou a toalha e Letícia abriu a boca abismada, fechando os olhos logo depois.

- Eu também não quero te ver de cueca! – Ela disse ainda com os olhos fechados.

- Deixa de ser boba! O que tem de mais em um homem de cueca?

               Mas Letícia sabia exatamente o que tinha de mais. Ela já estava confusa o bastante pelo fato de querer provocá-lo. Embora ela quisesse abrir os olhos e continuar admirando Fernando Mendiola apenas de cueca em sua frente, ela preferiu não o fazer.

- Não vai abrir os olhos? – Ele perguntou.

- Não. – Respondeu ela. – Estou bem assim.

- Eu já vesti a calça.

               Letícia abriu os olhos, mas percebeu que ele mentiu. Ainda estava vestindo a calça. Divertido ele sorriu e terminou de abotoá-la, fechando o zíper logo depois.

- Você é um idiota. – Ela reclamou.

- Você poderia ter fechado os olhos de novo.

               Impaciente, ela não o respondeu. Terminou de dar os últimos retoques em sua maquiagem enquanto ele arrumava o cabelo e vestia a camisa. Por fim, quando os dois já estavam prontos, olharam um para o outro e sorriram.

- Você está muito bonita. – Fernando comentou. – Está como dizem... De matar o velho.

- Quem diz isso? – Ela perguntou rindo. – Mas, obrigada pelo elogio. Você também está um... Pitel.

- Tudo bem. Nada de usarmos gírias antigas.

- Combinado.

               Ele riu.

- Podemos ir?

- Claro!

- Você está pronta para perder o controle?

               Letícia o olhou curiosa, mas ele não lhe deu atenção. Virou-se e caminhou até a porta do quarto, deixando-a confusa do que seria exatamente “perder o controle”.

 

 

 

•••

 

 

- Não. Eu não vou entrar aí. – Ela disse tentando soltar o seu braço das mãos de Fernando.

- Vai entrar sim! – Ele disse segurando-a delicadamente.

- Fernando, não é o meu tipo de lugar.

- O seu tipo de lugar é ficar em casa lendo um livro.

- Exatamente! E é o que eu quero fazer agora.

- Letícia. – Ele a olhou sério. – Você me disse hoje que tinha vontade de tocar o foda-se. Se você não entrar nesse bar comigo, vai se arrepender pelo resto da sua vida. Você prefere isso?

               Ela suspirou e relaxou o braço.

- Está bem. Mas... Não garanto que ficarei por muito tempo.

               Ele sorriu animado e entrelaçou o braço dela no seu, caminhando em direção ao bar. Assim que entraram, Letícia torceu a boca com a música alta que tocava no recinto. Músicas de um estilo totalmente diferente do seu, e totalmente a cara de Fernando.

- E não faça careta. – Ele disse caminhando em direção ao bar. – Precisa se esforçar.

               Ela forçou um sorriso, sem muito sucesso. Ele balançou a cabeça e escorou-se ao balcão, chamando o barman.

- Duas caipirinhas, por favor!

               O barman afirmou com a cabeça e virou-se de costas.

- Vamos começar com algo mais leve. – Ele sorriu.

- Leve? Você vai me deixar em coma alcoólico?

               Fernando riu.

- Relaxa. Confie em mim.

               O barman colocou as duas caipirinhas em cima do balcão e Fernando o agradeceu. Ele entregou um copo para Lety e ergueu o seu, propondo um brinde.

- À noite do foda-se! – Ele riu e Lety o repreendeu com o olhar. – Ou como preferir... Sem palavrões.

- Ótimo! – Ela sorriu e brindou seu copo ao dele, bebendo um longo gole de sua caipirinha. – Para falar a verdade, consigo manter o meu controle bebendo apenas caipirinha.

- Ah é? – Fernando sorriu. – Bom saber. Da próxima peço algo mais forte.

- Não se esqueça que você quem vai tomar conta de mim.

- Com muito prazer.

               Os dois sorriram um para o outro, e um clima cresceu entre eles. Mas, Letícia o quebrou totalmente suspirando impaciente quando uma nova música começou a tocar.

- Que porcaria é essa? – Ela perguntou bebendo mais um gole de caipirinha.

- Não seja rabugenta! Qual o problema de tocar sertanejo no bar?

- Você tem muito mau gosto para musica.

- É impossível conseguir beber e se divertir ouvindo MPB no bar.

- Só para você saber, é muito mais prazeroso.

- Ótimo! Então, um dia eu aceito que você me leve para um bar que toque MPB. Mas, hoje, você está me acompanhando. Pelo menos finja que gosta das musicas.

               Ela revirou os olhos.

- Além do mais, não da pra perder o controle ouvindo “Sozinho” do Caetano Veloso.

               Letícia riu.

- Quer saber? Nós vamos dançar. – Ele segurou sua mão.

- O que? Não!

- Sim!

- Não!

- Primeiro passo para perder o controle, beber. Segundo passo, dançar. Como você provavelmente não sabe dançar esse tipo de musica, precisa aprender antes de engatar na bebida.

- Fernando...

- Sem reclamações.

               Ele a puxou para um local onde as pessoas estavam reunidas para dançar, e parou ficando na frente dela.

- Eu não faço idéia de como dança isso. – Ela reclamou ainda segurando seu copo.

- Vira esse copo na boca.

- Não!

- Vira!

               Impaciente, ela sugou toda a caipirinha pelo canudinho em poucos segundos. Fernando sorriu satisfeito e tirou o copo de suas mãos, colocando-o em uma mesa ao lado.

- Certo, agora... Preste atenção na musica.

 

“Peguei no seu cabelo você diz que ficou louca. Falei no ouvidinho: vou beijar na sua boca. Você piscou pra mim dizendo estou acompanhada, e o cara do seu lado olhando sem entender nada.”

 

 

               Fernando segurou na cintura de Letícia e a guiou para mexer de um lado para o outro. Ela ria envergonhada e então ele começou a dançar no mesmo ritmo que ela, sorrindo divertido. Ao invés de prestar atenção no que ele ensinava, ela só conseguia notar como ele se movia de frente para ela.

- Agora você já sabe o ritmo.

- E o que eu faço agora?

- Você não faz nada. Quem faz sou eu.

               Letícia não entendeu até ele puxá-la pela cintura, grudando o seu corpo no dele. Ela não sabia qual reação ter quando ele começou a dançar agarrado à ela, no mesmo ritmo que havia ensinado.

 

 

“Era ele virar e você me olhava pra gente combinar. Um sinal disfarçado com o jeito safado gostoso de me olhar. Vai no banheiro pra gente se beijar, bem lá no escurinho pra ninguém desconfiar.”

 

 

               Fernando parecia querer provocá-la, e enquanto se movimentava, seus olhos estavam fixados no dela. Letícia percebeu que ele estava aproveitando aquilo, mas ela não poderia negar que também estava.

 

“Cara de santa, mas não engana não,

é hoje que eu te pego e você não escapa não.”

 

 

               Fernando movimentava os lábios repetindo a letra da musica, fazendo Letícia rir e balançar a cabeça. Ela já não tinha mais vergonha, e para sua surpresa, estava conseguindo fazer exatamente como ele havia dito. Ela não conseguia parar de olhá-lo se movimentando tão bem, e não pôde evitar ter pensamentos pervertidos sobre aquilo. As pernas de Fernando estavam enganchadas com as dela, para que o contato fosse ainda mais próximo e ele conseguisse conduzi-la. Mas aquilo estava passando dos limites, e Letícia já não sabia quanto tempo conseguiria se manter firme. Seu olhar desceu para os lábios dele, e pela primeira vez, fugindo totalmente do bom senso. Quando percebeu que já não estava mais conseguindo resistir, ela travou seu corpo e Fernando a olhou curioso.

 - É melhor... Voltarmos a beber agora. – Ela disse envergonhada.

- Tudo bem. – Ele sorriu, sem parecer nem um pouco envergonhado com aquilo.

               Os dois voltaram para o balcão do bar, e Fernando pede dois chopps. Embora não demonstrasse, ele precisava de algo gelado para controlar o calor que ele estava sentindo depois daquela dança.

 

 

•••

 

 

               Como Fernando imaginou, não demorou muito tempo para Lety ficar alterada com as bebidas. Ele se divertia com as coisas sem sentido que ela falava, e principalmente, com sua sinceridade. Queria que aquele momento nunca mais fosse esquecido, assim como queria que aquela noite jamais terminasse. Há um mês atrás, ele jamais imaginava que estaria em uma viagem, curtindo a noite com Letícia como acompanhante.

- Eu vivi para ver Letícia Padilha bêbada. – Ele comentou quando ela bateu a mão no copo, derramando sua bebida.

               Letícia gargalhou sem ao menos saber exatamente porque estava rindo, e virou-se para uma mulher que estava ao seu lado.

- Amiga, eu adorei o seu batom! – Disse ela. – Que cor é essa?

- Eu acho que se chama Smoke. – A mulher respondeu educada.

- É maravilhoso! Combinou com o seu tom de pele. E eu adorei a cor do seu cabelo. Eu acho que vou ficar loira também.

- É mesmo? – A mulher sorriu. – Combinaria com você.

- Viu só, Fernando? Ela disse que combinaria comigo! – Ela virou-se para Fernando e ele riu, abraçando-a pela cintura.

- Desculpe por isso. – Ele disse para a mulher desconhecida.

- Tudo bem. Não tem problema. – Ela riu.

               Fernando se colocou entre a Lety e a mulher para que ela não a perturbasse mais, e ela virou o resto de caipirinha que havia em seu copo. A música mudou, e Letícia olhou para Fernando animada.

- Eu quero dançar mais! – Ela disse empolgada.

- Tem certeza? – Ele riu.

- Sim! Agora que eu aprendi, eu quero dançar sempre!

               Fernando gargalhou.

- Vamos?

- Não... Eu vou ficar por aqui. – Ele disse divertido. – Mas, me surpreenda.

               Fernando sabia que se aceitasse dançar com Letícia como dançou quando chegaram, ele não resistiria, e ele não queria fazer aquilo com ela completamente bêbada. Escorado ao balcão, ele a observou se afastar e parar em um lugar não muito distante, começando a dançar. Fernando riu enquanto a observava, e percebeu que ou Letícia mentiu sobre não saber dançar, ou ela realmente aprendeu rápido. Ela se movia com o ritmo da música, e enquanto dançava, olhava para Fernando. Ele se sentiu completamente atraído com aquilo, e queria uma maneira de eternizar aquele momento. Letícia Padilha estava causando sensações nele, que ele jamais imaginou que teria. E isso com apenas uma dança.

               A cada movimento de Letícia, vinha em seu pensamento imagens que ele mesmo se envergonhava. Mas, quanto mais ele tentava não pensar nisso, mais ele pensava. O que lhe restou foi observá-la ao longe, tentando controlar os seus desejos. Mas, seus desejos foram interrompidos quando ele viu um homem se aproximar dela. Ela se afastou, tentando ignorá-lo, mas ele insistiu, voltando a se aproximar dela. Imediatamente Fernando descorou-se do balcão e seguiu na direção em que Letícia estava.

- Da licença! – Letícia tentava tirar as mãos do homem de sua cintura.

- Só quero saber seu nome, linda. – Ele dizia, provavelmente alterado.

- Algum problema? – Fernando perguntou parando ao lado dos dois.

- O que é, cara? – O homem perguntou tirando as mãos de Letícia.

               Fernando tinha o dobro da sua altura, mas o homem era exageradamente forte.

- Fique fora disso, ok? – O homem disse enfrentando-o.

- Não vou ficar fora disso, porque ela está comigo. – Fernando disse.

- Ah é? Você quer dizer que chegou primeiro?

- Não. Quero dizer que ela é minha mulher.

- Ah... – O homem riu debochado. – Não se deixa uma mulher tão gostosa assim dançando sozinha.

               Fernando sentiu o seu sangue ferver e fechou suas mãos. Letícia segurou seu braço, mas isso não o impediu de dar um passo à frente.

- Tenha mais respeito com ela!

- Se não o que?

               Os dois se enfrentaram, mas Fernando não conseguiu controlar sua raiva, e foi logo acertando um soco na cara do homem. Letícia deu um passo atrás pedindo para Fernando parar, mas os dois começaram uma briga, fazendo todos em volta olharem para os dois. Duas pessoas desconhecidas tentaram afastá-los, mas Fernando continuava acertando o rosto do homem. Em pouco tempo dois seguranças do local separam os dois, e começam a levá-los para fora. Letícia os acompanha e cada segurança vai para um lugar. O que segurava Fernando seguiu para o canto do bar, onde estava mais vazio.

- Qual é, cara? Não precisa procurar confusão aqui! – O segurança disse autoritário.

- Foi ele quem começou! – Fernando disse soltando seu braço das mãos dele. – Ele deu em cima da minha mulher! – Ele apontou para Letícia.

- É verdade! – Letícia disse. – Ele só estava me defendendo. O cara que foi um babaca.

- Tudo bem. Você parece ser um cara bacana, mas não posso deixar você ficar aqui desse jeito, porque eu tenho certeza que vai procurar mais confusão se for preciso. Eu aconselho você a fechar sua conta e ir embora dar uma esfriada na sua cabeça. Sua mulher vai concordar comigo.

- Sim! – Letícia respondeu imediatamente. – Nós vamos embora.

               Fernando pareceu mais calmo e respirou fundo, passando a mão no ferimento em sua boca.

- Foi mal, cara. Mas, é o meu trabalho. Você entende... – O segurança esticou sua mão para ele.

- Entendo. – Fernando apertou sua mão. – Tudo bem. Desculpe qualquer coisa.

- Relaxa!

               Fernando passou seu braço pelo ombro de Letícia e os dois seguiram para o caixa, que não estava muito distante. Enquanto Fernando fechava a conta, Letícia viu o outro segurança conversar com o homem que brigou com Fernando. Ele estava com o rosto machucado, e o segurança parecia chamar sua atenção, dizendo que não era a primeira vez que ele fazia isso ali, e que da próxima vez seria proibido de entrar.

- Podemos ir? – Fernando perguntou, se aproximando dela.

- Sim. – Ela respondeu olhando-o desanimada, triste pela noite ter acabado daquela maneira.

               Os dois saíram do bar e Fernando se despediu do segurança que o ajudou. Quando pararam no passeio à espera de um táxi, Letícia olhou para o ferimento na boca de Fernando e suspirou.

- Você é louco. – Ela comentou.

- Valeu a pena quebrar o nariz daquele idiota.

- Você não devia ter feito isso.

- Ah, não? – Ele perguntou irritado. – Preferia que eu tivesse deixado ele te agarrar?

- É claro que não! Mas você não precisava sair nos socos com ele.

- Você está assim por eu ter agredido ele, ou por eu ter dito que você era minha mulher? – Ele perguntou impaciente.

- Não é nada disso, seu idiota! – Ela exclamou irritada. – Não dá para conversar com você agora.

- Digo o mesmo!

               Em silencio, os dois aguardaram até que um táxi apareceu. Fernando abriu a porta para Letícia, mas não foi atrás para acompanhá-la. Os dois ficaram em silencio durante todo o percurso, e Fernando apenas explicou ao taxista o que tinha acontecido quando ele perguntou sobre o seu ferimento. Quando chagaram ao hotel, ainda sem se falar, os dois seguiram para o quarto em silencio. Mas, Letícia ainda estava sentindo os sintomas por ter bebido tanto, e não conseguia caminhar em linha reta. Fernando ao notar aquilo, segurou em sua cintura e a ajudou a chegar até o quarto. Quando ele abriu a porta, ela entrou escorando-se à parede, tirando o seu sapato e jogando-o do outro lado do quarto.

- Eu definitivamente perdi o controle hoje. – Ela disse colocando a mão à testa.

- Essa era a intenção. – Fernando respondeu, fechando a porta.

- Mas, eu gostei. – Ela sorriu. – Mas confesso que me espantei quando você disse que eu era sua mulher.

- Mas você é, não é? – Ele perguntou olhando-a. – Ou você prefere que eu não diga essa palavra também?

- Não me importo. Quem não gosta de me tratar como sua mulher é você. Ou se esqueceu do dia que fomos ao bar?

- Quem não gosta é você. – Ele disse ofendido. – Inclusive a decisão de anular o casamento partiu de você.

- E o que você queria que eu fizesse? – Ela aumentou a voz. – Nós dois estávamos insatisfeitos com o casamento!

- Eu posso não estar mais insatisfeito! – Ele também aumentou a voz.

- Quer saber? Você é muito difícil de desvendar! – Ela disse irritada. – Eu não sei ler pensamentos!

- E você não é tão diferente! Também não consigo te entender, sinceramente! Você é a pessoa mais difícil que eu já conheci!

- Você é um insensível!

- E você é chata! – Ele deu um passo em sua direção.

- Você é insuportável!

               Os dois continuaram gritando um com o outro, sem saber exatamente porque estavam discutindo. A cada palavra que Fernando gritava para ela, ele dava um passo à frente, se aproximando dela. Quando percebeu, estavam próximos um do outro, com a respiração ofegante de tanto gritar.

- Eu te odeio... – Letícia sussurrou olhando para os lábios de Fernando, e aquilo foi como um convite para ele fazer o que fez a seguir.

               Sem saber quem tomou a iniciativa, ambos deram um impulso e se beijaram. Letícia entrelaçou rapidamente seus braços em volta do pescoço dele, enquanto ele apertava sua cintura. Ao contrário do que deveria ser um primeiro beijo romântico de um casal, aquele beijo estava repleto de desejos e pressa de suprir o tempo perdido. O beijo era intenso, e se intensificou ainda mais quando Fernando escorou Letícia à parede, colocando-se entre as pernas dela. Ele inclinou os joelhos para que pudessem ficar quase da mesma altura, e assim poder sentir melhor o seu corpo.

- Você é completamente louco. – Letícia sussurrou enquanto ele passava os beijos para o seu pescoço.

- Louco por você!

               Quando percebeu o que disse, ele parou de beijá-la e ela abriu os olhos, sem saber o que responder. Mas, ambos preferiram não dizer nada sobre aquilo, e Fernando continuou beijando-a. Dessa vez, descendo suas mãos até as coxas dela e subindo o seu vestido. Letícia não o interrompeu, e ele considerou um sinal de que estava permitido fazer aquilo. Quando o vestido subiu o suficiente para que ele sentisse uma parte do seu quadril, ele a pegou no colo e a carregou em direção à cama, enquanto ainda se beijavam. Fernando a deitou na cama e voltou a depositar beijos em seu pescoço, posicionando entre as pernas dela. Letícia entrelaçou suas pernas na cintura dele, e respirou ofegante enquanto sentia o toque dos seus lábios em sua pele. De repente, Fernando parou os beijos e olhou para ela, já sem fôlego.

- Estou sendo indelicado?

               Letícia abriu os olhos e o olhou divertida.

- Não. Continue. – Ela segurou em sua nuca e ele voltou a beijá-la. Mas, novamente ele interrompeu e a olhou.

- Tem certeza? Não vai se arrepender amanhã?

- Fernando, cala a boca e continua!

               Divertido ele sorriu, voltando a beijá-la e acariciar todo o seu corpo. Ela fechou os olhos permitindo ser provocada por cada toque dele em seu corpo. Os dois estavam indo rápido demais, mas não se importavam com isso. Só queriam suprir o desejo que tentaram esconder durante toda a noite. Principalmente Letícia, que não sabia se era pelo fato de estar mais alterada que Fernando, ou por desejar aquilo tanto quanto ele. Depois de alguns minutos de provocação, ela se apressou em desabotoar a camisa dele. Enquanto ele terminava de tirá-la jogando-a para o outro lado do quarto, ela já estava com as mãos no zíper de sua calça, olhando-o marota. Ele se ajoelhou à cama, esperando que ela terminasse de abrir o zíper e quando revelou sua cueca por baixo da calça, ela ergueu os olhos para ele morendo os lábios.

- Agora eu não preciso fechar os olhos. – Ela disse divertida e ele gargalhou, voltando a se inclinar sobre ela.

               Aproveitando o momento, ele terminou de subir o vestido de Letícia, passando a mão por todo o seu quadril, apertando-o com desejo. Letícia já conseguia sentir o membro enrijecido dele por dentro da cueca, e desejou que ele avançasse ainda mais, para que ela pudesse matar aquela vontade de tê-lo dentro dela. Como se lesse os seus pensamentos, Fernando voltou a se ajoelhar na cama, tocando nas laterais da parte debaixo da lingerie de Lety, descendo-a lentamente. Enquanto o fazia, ela mordeu os lábios e Fernando sentiu seu membro latejar por dentro da cueca. Sem agüentar esperar mais, ele se inclinou sobre ela, deixando seus corpos ainda mais colados um no outro. Letícia deixou escapar um gemido quando ele segurou uma de suas pernas, deixando suas intimidades próximas uma da outra. Fernando aproveitou o momento de excitação e tocou nos seios dela, que mesmo por baixo do vestido o deixaram extremamente excitado.

               Afagando uma das mãos no cabelo dele, ela fechou os olhos esperando pelo momento que o sentisse dentro dela. Não demorou para que isso acontecesse, e imediatamente ela gemeu ainda mais alto, apertando sua mão entre os cabelos dele. Fernando esperou que ela se sentisse à vontade, e quando sentiu o corpo dela relaxar, ele começou a se movimentar. À medida que se movimentava, um misto de sensações percorria pelo corpo de ambos. Fernando colocou uma das mãos sobre a mão de Lety que estava sobre a cama, e as entrelaçou. Os movimentos se aceleraram e apenas a respiração ofegante de Fernando e os gemidos de Lety ecoavam pelo quarto. Ele tomou um tempo para olhá-la à medida que a excitação aumentava, e sentiu seu corpo inteiro se arrepiar quando ela mordeu os lábios e cruzou o seu olhar com o dele. Aquele pareceu ser o ponto auge para que ele acelerasse ainda mais os movimentos sobre ela, e com isso, um calor fora do normal tomou conta dele. Quando Fernando sentiu o calor percorrer pelo seu corpo como uma carga elétrica, apertou seus olhos e sua mão na de Letícia, fazendo-a gemer ainda mais alto.

               Quando sentiu que já estava chegando ao auge, ele inclinou-se colocando as duas mãos à cintura dela, apertando-a. Letícia o induziu colocando as mãos sobre o peitoral dele arranhando-o. Fernando gemeu apertando seu corpo contra o dela, e assim que sentiu o calor deixar seu corpo, Letícia aumentou os gemidos, demonstrando que também estava chegando ao auge. Ele continuou a se movimentar, até notar que ela apertava os lençóis em sua volta, gemendo pela ultima vez. Fernando a olhou, e assim que sentiu que o corpo dela relaxava, sorriu satisfeito. Ela abriu os olhos e o olhou, respirando ofegante. Fernando caiu cansado ao seu lado, e os dois fitaram o teto por um tempo, recuperando o fôlego.

- Isso... Foi definitivamente uma boa maneira de perder o controle. – Letícia disse.

- Uhum. – Fernando concordou, sem fôlego suficiente para respondê-la.

               Virando-se para ela, ele escorou em seu braço e sorriu quando ela puxou o lençol para se cobrir.

- Tem certeza que não vai se arrepender, não é? – Ele disse divertido.

- Por que não vai logo tomar o seu banho e cala a boca? – Ela riu.

               Fernando lhe deu um beijo demorado e rapidamente se levantou.

- Vem comigo.

               Letícia não pensou duas vezes antes de aceitar. Ela o acompanhou até o banheiro e terminou de se despir, enquanto Fernando entrava debaixo do chuveiro. Assim que ela o acompanhou, ele a admirou de cima à baixo, e dessa vez não precisava disfarçar.

- O que foi? – Ela perguntou divertida abraçando ao próprio corpo.

- Que arrependimento de não ter tirado todo o seu vestido. – Ele sorriu e ela bateu em seu ombro. – Espero que eu tenha mais oportunidades para fazer isso.

- Quem sabe? – Ela o esnobou. – Precisa me conquistar mais vezes.

               Ele mordeu os lábios divertido e a segurou pela cintura, puxando-a para mais perto dele, fazendo-a se molhar também. Embora estivessem totalmente à vontade um com o outro, naquela noite não teve um segundo round. Estavam cansados demais para isso. Mas, assim que saíram do banho e se vestiram, voltando para a cama, ambos sabiam que queriam repetir a dose, e que não foi algo tão louco e impensável como pensavam. Tiveram plena consciência de que queriam isso, e de que já estava mais do que claro que sentiam algo um pelo outro, mesmo que ainda estivessem se acostumando com isso.

               Quando se deitaram, Fernando permaneceu longe de Letícia, e ela o olhou curiosa.

- O que foi? – Ele perguntou ajeitando o travesseiro.

- Vai dormir aí?

- Como assim aqui? É para eu dormir aonde?

- Estou dizendo nessa distancia.

- Pensei que você não quisesse que eu te agarrasse durante a noite.

- Acho que depois do que fizemos já ficou mais do que claro que me agarrar durante a noite seria apenas um bônus.

               Fernando riu divertido e aproximou-se dela, passando o braço por sua cintura deixando seus rostos próximos um do outro.

- Hoje você me fez ter certeza de que você é louca. – Ele comentou divertido.

- Bom... Então acho que combinamos em uma coisa, não é? – Ela sorriu.

- Ainda vamos descobrir que combinamos em mais coisas.

- Assim espero.

               Letícia virou-se de costas e Fernando a aninhou, deitando-se de “conchinha” com ela.

- Agora sim podemos dizer que estamos em lua de mel. – Fernando comentou e Letícia riu, virando seu rosto para ele.

               Ele a beijou com ternura e os dois sorriram um para o outro.

- Boa noite. – Ela sussurrou, deitando-se no travesseiro.

- Ótima noite. – Ele suspirou sorrindo, fechando os olhos.

 

 

•••

 

 

               Depois de quatro dias, a viagem chegou ao fim. Mas, depois de passarem um dos melhores dias de suas vidas e encerrar a diversão da melhor maneira possível, os dois não estavam tão chateados por chegar ao fim. Na verdade, era um ótimo começo.

- Eu vou buscar nossas malas. – Fernando disse e Lety concordou.

               Quando Fernando se aproximou da esteira onde passava as malas, ele recebeu uma ligação de Omar. Ainda não tinham conversado sobre o ocorrido, e ele estava ansioso para dizer à Omar que Letícia e ele estavam definitivamente tendo alguma coisa.

- Fala, cara! – Fernando atendeu o celular animado.

- Até que enfim atendeu!

- Estava no avião. Acabamos de chegar no aeroporto.

- E então? Como foi?

- Tenho muita coisa para contar, Omar. – Ele avistou a mala dele e a pegou, colocando-a no chão.

- Eu sabia que essa lua de mel acabaria em lua de mel. – Omar riu.

- Não seja bobo, Omar. – Fernando também riu e logo depois pegou a mala de Lety.

- E então, vamos sair para comemorar?

               Fernando virou-se para Letícia, que estava um pouco mais distante falando ao telefone e sorriu.

- Não. Hoje não.

- É, irmãozinho. Você já está falando como um homem casado.

               Fernando riu.

- Eu sou um homem casado, Omar.

               Um pouco mais distante, Letícia falava ao celular com Carolina, e as duas conversavam sobre o mesmo assunto.

- Então a viagem foi boa? – Carolina perguntou.

- Foi... Maravilhosa. – Letícia sorriu lembrando-se da noite passada.

- Tanto assim? – Carol riu divertida.

- Não foi nada sério. Eu... Estava um pouco fora de mim porque bebi demais. – Mentiu.

 - Isso não tem nada a ver com a bebida, Lety. Meu Deus... Vocês...?

               Letícia não respondeu.

- Quer saber? Você está gostando dele!

               Letícia olhou para Fernando que caminhava em sua direção e suspirou sorrindo.

- Preciso desligar. Te ligo depois.

               Sem esperar uma resposta de Carolina, ela desligou o celular no momento que Fernando se aproximou. Ele sorriu para ela e colocou as malas no chão, puxando-a para um beijo logo depois.

- Vamos buscar um táxi. – Disse ele.

               Letícia balançou a cabeça concordando, e os dois pegaram as malas, saindo do aeroporto.  Ela percebeu que quando conheceu um pouco mais de Fernando Mendiola, e se surpreendeu com coisas que jamais imaginaria sobre ele, os seus sentimentos por ele também mudaram. Fernando não estava tão diferente, e percebeu que estava totalmente errado sobre Letícia. Ela era uma das mulheres mais incríveis que ele já conheceu, e já não era mais possível que ele escondesse isso.

               Fernando chamou o táxi e assim que ele parou em sua frente, abriu a porta para que Letícia entrasse. Dessa vez, assim que ajudou o motorista a guardar as malas no porta-malas, ele fez companhia para Lety no banco detrás, entrelaçando sua mão na dela e beijando-a logo depois.

Só quando chegaram em casa que perceberam o quanto estavam exaustos da viagem. Maria os recebeu animada, fazendo perguntas sobre a viagem. Os dois responderam às perguntas empolgados, e contaram resumidamente como foi a experiência de fazerem uma viagem juntos. Maria logo nota que há algo diferente neles, e sente-se curiosa para saber o que aconteceu.

- Vocês se resolveram? – Ela perguntou sem rodeios.

               Os dois se olharam divertidos e Fernando suspirou fingindo impaciência.

- Deus me livre, Maria! Ela é a pessoa mais insuportável que já conheci na vida! – Exclamou.

- É, vira essa boca pra lá! Eu nunca vou me acostumar com esse insensível!

               Maria olhou confusa para os dois e não soube o que responder.

- Vocês dois são loucos! – Ela disse saindo de perto, murmurando coisas indecifráveis.

               Os dois caíram na gargalhada e Fernando puxou Lety para um abraço.

- Eu vou tomar um banho... – Letícia disse abraçada à ele.

- Eu também.

               Ela o olhou divertida e ele sorriu maroto.

- Não com você. No meu quarto.

- Ah bom... – Ela riu.

- Mas, se quiser me convidar para me juntar à você...

               Letícia riu e lhe deu um rápido beijo, separando do abraço logo depois e subindo com sua mala para o segundo andar.

 

 

•••

 

 

               Enquanto tomava seu banho, Letícia se lembrava da noite anterior, e como foi incrível se aproximar de Fernando em tão pouco tempo. Ela sorria enquanto se lembrava da noite de amor que tiveram, e do quanto Fernando pareceu se importar com ela, desde a briga que teve dizendo “ela é minha mulher”, até dormir abraçado à ela. Ela não conseguia parar de sorrir, e achava difícil que isso pudesse acontecer depois de uma viagem tão maravilhosa. Assim que terminou o banho, ela se enrolou na toalha e abriu a porta do banheiro para voltar para seu quarto. Mas, foi surpreendida com Fernando deitado à sua cama segurando uma caixinha de tortuguitas, sorrindo divertido.

- O que está fazendo aqui? – Ela perguntou rindo.

- Vim lhe fazer um convite.

- Qual convite?

- Um convite de mudança.

               Letícia o olhou sem entender.

- Mudança de quarto.

- Você ficou louco? Não é só porque fizemos algo ontem à noite que significa que quero dormir com você todos os dias. – Ela cruzou os braços divertida.

- Eu duvido que você não tenha gostado de dormir de conchinha comigo. – Ele sorriu, sentando-se à cama. - Além do mais, estamos em época de chuva. De qualquer maneira eu sei que você vai aparecer no meu quarto quando tiver medo de trovões.

- Você é um convencido. – Ela riu.

- Bom... Eu vou esperar pela resposta. Mas... – Ele se levantou, segurando a caixa de tortuguitas. – Você só ganha isso se aceitar.

               Dizendo isso, Fernando deu um rápido beijo em Letícia e saiu do quarto, deixando-a sozinha meio à um riso.



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