História Love Is All You Need - I Want You

"I want you,

I want you so bad.

It's driving me mad,

it's driving me mad.

— I Want You (She's So Heavy), Beatles."

Seulgi gosta de vermelho.

Vermelho forte, quente, cor de lábios mordidos e bochechas fervendo.

Cor de Chanyeol. Chanyeol que é tão alto quanto um arranha céu, Torre Effiel e talvez um prédio. Prédio vermelho, mas vermelho fraco, desbotado, usado. Ainda assim vermelho. Prédio de Chanyeol, vizinho de Seulgi. Mais um motivo pra gostar de vermelho. Vizinho há anos, cheios de planos e danos. Danos em Seulgi.

"Nós vamos ver o mundo, Seulgi. Eu e você."

Dano intenso, artificioso e sinuoso. Cheio de curvas, dizeres e ideias. Ideias vermelhas vivas, brilhantes. Ideias de Chanyeol, sempre vermelho. Ao passo que Seulgi é azul céu, pastel, bebê. Muito nova, idealizadora, sonhadora, muito Seulgi.

"Eu e você, Chanyeol."

Viagens, lugares, promessas ditas e as não ditas, segredos confessados e alguns guardados. Uma amizade verdadeira, com altos e baixos, mas nunca deixando de ser unida. Chanyeol contava histórias de como eles conquistariam o mundo usando jeans rasgados e de mãos dadas, tremendo, nervosos. “Não precisa se preocupar.” disse se abaixando numa reverência e segurando a mão de Seulgi. “Nós somos rei e rainha e eles já sabem os nossos nomes.” Seulgi viu ali pela primeira vez os vários tons de vermelho que Chanyeol possuía e se encantou com eles.

E as luzes dos reinos brilharam naquele momento para eles, assim como a luz das estrelas e a magia que os rondava. Confetes, estrelas cadentes e flores caíram sobre eles enquanto dançavam. E Chanyeol floresceu em Seulgi.

Chanyeol amigo, bonito, com sorrisos. Vários deles. Os mais bonitos que Seulgi já viu. Dentes brancos perfeitamente alinhados, lábios cheios, curvados, como o melhor doce já provado. Como mel, caro, docinho, único. Chanyeol é único para Seulgi.

Ele é vermelho, do pé ao cabelo, vermelho quente e vivo, vibrante, atrativo, vermelho dele e de mais ninguém.

E ela o quer. Quer se tornar vermelho por inteira, sem erro e arrependimento, no amanhecer e entardecer, como o mar está para a lua e tudo está numa sintonia única.

Porque eles lutaram contra dragões, ganharam reinos e venceram batalhas juntos.

Correndo, brincando, pulando, vivendo. Cheios de emoções, importância e significados.

— Ele parece gostar dela. — Yerim diz.

Seulgi franze o cenho, estranhando, pensando, indagando.

Yerim sempre tão violeta como flor, flor cortada, sem caule, sem compreensão. Às vezes, quase lilás, quase céu como quando Seulgi estava com Chanyeol. Talvez por isso gostasse tanto da menina mais nova. Yerim é brisa suave, calmaria e palavras  sábias, apesar de jovem.

— Ele quem? — Seulgi questiona e Yerim a observava atentamente antes de responder num sussurro "Chanyeol".

Chanyeol, Chanyeol. É claro que é Chanyeol, vermelho, escaldante, ardente, grandioso, formoso através do ver, dos sons, do cheiro de casa e de morangos. Seulgi gosta de morangos com chocolate. Gosta de Chanyeol através do universo colorido e enigmático com vários tons de vermelhos.

Tons de Chanyeol, tons, tons e sons, arcodes e letras, música dos Beatles tocada em frente as chamas da fogueira e à lua na praia escura. Isso é vermelho.

— Você se refere à Krystal?  — Seulgi pergunta, o desgosto evidente presente ao dizer o nome da garota.

Krystal é amarelo gema, é sol e verão, impetuosa e arrebatadora. É quase felina de tão elegante. Às vezes é cor creme, como o recheio de um sonho. E também vira pedra, diferente, reluzente, única. Talvez o mesmo único de Chanyeol.

E Seulgi consegue ver o laranja que eles podem formar.

— Sim. — Yerim suspira e deita na cama ao lado da amiga. — Foi por isso que ele te chamou para sair, não foi?

— Foi.

Felicidade. Chegando nas pontas dos dedos, entrando pela pele e apertando o coração. Chanyeol a chamou para sair, ah, chamou.

Com um sorriso feito das pontas das estrelas perdidas no oceano, fazendo chover a emoção no peito de Seulgi, trovejando as palavras para cima dela que num raio clareou tudo à volta. E Seulgi riu. Riso envergonhado, acanhado e sem motivo. Motivos que Chanyeol deu e a convenceu aceitar o pedido.

Sair, sair com Chanyeol que é vermelho de lábios mordidos,  bochechas ferventes e bandas de maçãs. Olhares trocados, sorrisos furtados e muito mais pela frente

"Obrigada por aceitar, Seulgi. Acho que com sua presença lá, Krystal não vai ficar tão perdida assim".

Mas, ah, Chanyeol sempre tão vermelho presente, compreensivo, não percebeu que a única que ficaria perdida ali seria Seulgi.

"Você pode levar alguns amigos? Acho que quanto mais gente melhor". Chanyeol riu e seu riso ecoou pelo universo causando arrepios, sensações e emoções na garota. O universo que antes parecia tão grande e infinito se tornou finito com um simples pedido.

Chanyeol com seus tons e nuances de vermelho pintou o azul vivo de Seulgi a deixando escura. Não um lilás céu quase roxo como Yerim. Não. É um azul escuro, triste, nostálgico, melancólico e dependente. Porque foi isso o que Chanyeol fez, a tornou dependente de si. E nessa brincadeira de cores ele decidiu que azul escuro não era para ele.

Mas ele ainda se lembraria, não é?

Das batalhas, dos sonhos e promessas, da magia e dos momentos.

Seulgi se lembraria. De quando era azul céu e tudo era belo, vivo e incrível.  De quando ela e Chanyeol não formavam um azul escuro e sim um gracioso lilás.