LEIAM AS NOTAS PELAS CARIDADE.
Estava maravilhado, era enorme, provavelmente tomaria conta de uma parede inteira da sala, não imagino como Jimin conseguiu um quadro de um pôr-do-sol tão grande quanto aquele. Era lindo, tão lindo quando o significado, eu não tinha palavras, e mesmo se tivesse, um dicionário inteiro não seria o suficiente. Senti Jimin se aproximar atrás de mim, suas mãos me envolveram em um abraço carinhoso por trás, senti um selar calmo em meu pescoço.
-Esse silêncio todo é porque você gostou, ou está tentando achar uma forma educada de dizer que odiou? –Perguntou e eu apenas me virei o encarando, novamente me perdendo no seu universo, aqueles olhos que liam minha alma.
- Jimin... eu não sei o que dizer, dizer que eu amei é muito pouco, existe uma palavra mais forte que amor? –Jimin sorri, seus dedos alcançam meu rosto em uma carícia quente e energizante.
-Se existe, talvez seja isso que eu senti quando vi o quadro e lembrei de você.
- Muito obrigada, mesmo. – Fito o seu rosto, Jimin parecia perdido em pensamentos, e talvez foi por isso que se assustou com meu ato, sim, eu o beijei, senti um frio na barriga, Jimin ao perceber meu ato logo pôs sua mão em minhas costas nos aproximando, o beijo era calmo, mas dizia muito mais do que eu poderia dizer em palavras, estava agradecido, encantado, feliz e enfim assumo, perdidamente apaixonado por Park Jimin.
Quando nos separamos, eu não conseguiria esconder minha felicidade, Jimin me puxou para sentar no sofá, o acompanhei e sentei ao seu lado, me atrevendo a segurar sua mão e encostar minha cabeça em seu ombro, ouço apenas um riso fraco vindo do alfa.
-Jimin, eu acho que já sei o que quero ser.
- Diga então.
-Fotógrafo.
-E porque deseja ser um fotógrafo?
-Quero parar o tempo, quero ver o mundo através de uma lente, quero lembrar do mundo, de como era, quando eu estiver velho, quero lembrar de tudo, e quero que você lembre de tudo.
- Muito bem então, você será o fotógrafo mais talentoso de toda Seul.
- O que você acha? Sobre isso. –Desencosto minha cabeça do seu ombro para lhe olhar.
- Continuo achando que você deve fazer o que gosta, e eu estarei ao seu lado. –Sorrio e ele me dá um selar na testa. –Vamos subir, está tarde.
Mais uma noite se passou, e depois dessas muitas outras vieram, todas quentes, aconchegantes e com a companhia de Jimin que sempre tentava ao máximo dedicar seu tempo para mim. Faziam 3 meses que eu havia começado a faculdade de fotografia, e até então estava tudo bem, eu estava gostando do curso, havia feito dois amigos, um casal muito afetuoso e divertido que vinham fazendo meus dias na faculdade passarem mais rápido. Devo dizer que JaeBum e Mark é o casal mais exemplo daquela faculdade, nunca vi tamanha sincronia, é como se eles estivessem sempre em ressonância. Mark o ômega caladão mas afetuoso, JaeBum o alfa sério, porém tinha seus picos de humor, até mais que o ômega, era divertido vê-los sempre discutindo sobre quem havia se apaixonado primeiro, coisa de casal com o excesso de glicerina que eu não estava acostumado a ver, mas fui me adaptando ao casal assim como eles se adaptaram ao meu jeito direto e as vezes sarcástico de ser.
-JungKook, você sabe que está mais perto do que pensa, não sabe? – O ômega loiro falou enquanto bebericava um pouco do café que estava sobre a mesa do refeitório.
-Sei, eu estou com medo.
-Achei que sempre fosse de boa sobre isso, logo você, senhor “eu tenho o controle de tudo”.
-Acho que está me confundindo com Jimin.
-Não é a mesma coisa? Vocês são quase a mesma pessoa.
-Diga-me com quem transas que eu digo quem tu és. – JaeBum que até então estava na dele ao lado de Mark, se pronunciou. – Ai! Mark! Porque fez isso? –Resmungou após receber um belo tapa na cabeça.
-Não seja indiscreto, e também, eles ainda não fizeram. –Mark fala um pouco baixo para que eu não ouvisse, mas vamos ser lógicos, eu estava do outro lado da mesa.
-Desculpe
-Tudo bem Mark, e Jae...esse não é o ditado e você sabe disso. –Digo
- Eu sei, mas eu acho mais lógico essa minha adaptação.
-De qualquer forma, eu agora estou preocupado, confesso que antes eu não me importava porque apenas não sentia nada por Jimin, e ainda nutria um pouco de antipatia pelo alfa, afinal ainda não aprovo esse lance de comprar ômegas, mas ele se mostrou diferente, e agora sabe qual é a minha situação-Retorno.
-Sei, completamente em estado de submissão e se ele pedir para que você passe o dia rebolando em seu colo, você o fará. –O ômega falou totalmente despreocupado com as barbaridades que soltava tão livremente.
-Não é bem assim, eu não faria essas coisas, eu ainda tenho o meu orgulho, e talvez me reste um pouco de dignidade, eu talvez tenha perdido um pouco ela da última vez que quase implorei para que ele ficasse agarrado a mim pela manhã e não ir para o trabalho, mas eu estava carente, muito.
- E voltamos ao começo da conversa, você sabe o que isso significa, ataques de carência, sensibilidade e você ultimamente tem estado mais quente que o normal.
- E seu cheiro está mais forte. –JaeBum confessa.
- Eu sei, meu cio, heat, transformação, ou qualquer denominação que a sociedade já inventou para nomear esse estágio do ômega. As vezes me sinto um bicho de laboratório. – O sinal toca e eu corri com o casal para sala para o último período de aulas antes das férias de verão.
Após sair da faculdade, o motorista estava como sempre à minha espera. Pedi para Jimin dispensar os seguranças, não era necessário eu andar sendo escoltado para todo o lugar que eu ia, quase não o convenci a me deixar andar por conta própria no bairro. Durante o caminho vim refletindo o que Mark vem me falado deste que o assunto “cio” entrou em pauta em nossos encontros durante os intervalos entre as aulas. Irá acontecer, eu querendo ou não, será com Jimin, eu querendo ou não, e irá passar, eu querendo ou não, apenas afastei tais pensamentos por hora, tinha muito mais com o que me preocupar. Provas, seminários e professores que pegavam no meu pé por acharem que eu só entrei no curso por ser ômega de Jimin, e que tentavam a todo momento me pressionar e por a prova meus conhecimentos.
Quando vi que o carro se aproximava da minha casa, notei um certo tumulto na entrada, sem entender muito eu me pus um pouco perto do motorista para observar melhor a cena.
-O que acha que está acontecendo? –Pergunto
-Não sei, mas vou ligar para o senhor Park para perguntar se é seguro que eu entre com você. – O motorista, um pouco apreensivo pegou o celular, mas eu o tomei de suas mãos.
-Não será necessário, não atrapalhe Jimin com esse tipo de coisa, vamos entrar. O que eles podem fazer afinal?
-Tem certeza? Eu posso perder meu emprego se desobedecer meu patrão.
-Eu sou o ômega dele, então tecnicamente também sou seu patrão, embora não goste de tomar proveito desse fato, e qualquer coisa, deixe que eu me resolvo com meu alfa. Você não perderá o emprego. Vá!
E então o motorista seguiu devagar pela rua até chegar na entrada da casa. Havia tantos fotógrafos que era impossível contar a dedo. Aos poucos as pessoas iriam se afastando para a passagem do carro, mas ao mesmo tempo que se afastavam, os flashes aumentavam, e enquanto esperava o portão se abrir, um repórter ousou bater no vidro da janela do carro, e eu o abaixei. Péssima ideia. Quase ceguei por tantos flashes em minha direção.
-Senhor Jeon JungKook, o que tem a dizer sobre as fotos que vazaram? – Um repórter um pouco mais velho que eu, deveria ser novo na área, suas mãos tremiam e eu pude ver sua insegurança na sua postura. Mas, do que ele estava falando? Não faço ideia de que fotos são essas.
-Não sei do que está falando.
-Fotos suas andando com um alfa na faculdade, está por toda a mídia. As pessoas querem saber, você está prometido a Park Jimin, porque estaria saindo com outro alfa? –Falou enquanto me mostrava as fotos de eu e Jaebum andando pelo campus enquanto conversávamos. Eu não acredito que estão fazendo polêmica sobre algo tão sem fundamento.
-Essas fotos estão totalmente fora de contexto, ele é meu amigo! –Falo, já me irritante com os flashes em meus olhos. – Poderiam parar de tirar fotos? Tenho certeza que já dá para fazer uma cópia em 3D minha com o que já tem.
-Seu amigo? Mas ele é um alfa, e você ainda não é marcado. –Uma repórter que estava um pouco ao lado do outro falou.
-Isso não me impede de ter amigos, marcado ou não, alfa ou não, eu posso falar com quem eu quiser. – Me irritando já com toda aquela baboseira, olhei para o motorista em um pedido silencioso para que entrasse logo.
-Me desculpe senhor, eles taparam a entrada, eu não posso passar por cima de todos. – Falou e ao fundo ouvia murmúrios de outros repórteres, coisas como “como pode um ômega ser tão rude?”, “que tipo de ômega Park Jimin foi arranjar” e mais coisas que tinha o intuito de me criticar. Fechei o vidro e me pus a pensar. De repente me coloquei entre os bancos da frente de murmurei um “com licença” para o motorista de pressionei minha mão contra o volante, acionando a buzina do carro. Ao som estridente muitos se afastaram liberando um pouco a passagem.
- Pisa, e entra logo, antes que eu mesmo atropele eles. –Falo já com minha paciência nos últimos limites. E assim, o motorista fez.
Assim que entrei na casa, tudo estava silencioso, não havia uma alma, nem mesmo Hye Jun que sempre aparecia para me receber com seu sorriso materno que sempre adornava seu semblante maduro. Respirei fundo e parti para o quarto e rumei direto para o banheiro que havia no quarto. Precisava pensar, precisava de alguma forma fazer com que esse tipo de notícia se propagasse, não por mim, eu não estava afetado com as críticas, nunca fui disso e a convivência com o gênio do meu alfa também me fez aumentar minha muralha, mas temia por Mark, temia pela imagem de Jimin, que apesar de ter certeza que ele não iria se importar tanto quando eu, ele ainda teria sua imagem e temia que a prejudicasse. No momento Mark era a minha maior preocupação, por mais que ele aparentasse não ser sensível, não deixava de ser um ômega, assim como sou, e assim como eu, há coisas que me abalam. Assim, quando saí do banheiro, rapidamente pego meu celular e ligo para Mark.
-Alô
-Mark! Está tudo bem? –Pergunto já temendo que ele teria visto algo.
-Está, porque pergunta? Aconteceu algo?
-É que... apareceram algumas notícias envolvendo a mim e JaeBum, peço que não acredite, é apenas uma forma da mídia tentar me criticar.
-Sobre isso? Eu já sabia, Jae veio quase implorar para que eu não acreditasse.
-Sério? Então ele soube antes de mim? Há quanto tempo essa notícia está rodando por aí?
-Desde a manhã... eu acho, você ainda não tinha visto? Achei que não queria comentar, por isso não tocamos no assunto na faculdade.
-Não, fiquei sabendo quando cheguei agora, tem repórteres montando acampamento no portão da mansão. Estou com medo que Jimin interprete de outra maneira. – Enfim confesso nervoso.
-Não seja tolo, Jimin é inteligente e jamais se deixaria levar por tal enganação da imprensa. – A convicção de Mark me fez diminuir um pouco meu nervosismo, mas ainda assim, era eu, e quando é comigo, há sempre uma possibilidade de as coisas piorarem.
-Eu espero... preciso desligar. Até amanhã!
- Até. – Mark desligou e com o celular ainda em mãos, andei pelo corredor do quarto indo em direção a sala onde havia uma tv e pelos sons, estava ligada. Espera! Eu estou sozinho, eu não liguei, quem ligou então? Aperto o celular em meus dedos finos e vou andando em passos pesados em direção a sala. Quando minha vista alcança o cômodo, a cabeleira castanha de Jimin e seu paletó preto se fez nítida sentada na poltrona, com o controle na mão e uma feição que me parecia no mínimo dizer “eu estou muito puto”.
-J-Jimin? –O chamo temeroso, e me xingando mentalmente por ter gaguejado. Jimin me olhou, seu sua expressão não se suavizou, sua postura enrijeceu e naquele momento eu soube, que eu estaria longe de conseguir contornar tudo isso.
-Sente-se. – disse, seco, duro e direto.
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