História Love Is Not Over - Passing By

Capitulo 8 – Passing By

Sohye viu as sobrancelhas unidas de Jimin e o olhar irritado na direção de Jiyong. O clima ficou pesado de repente, parecia que os dois homens soltavam faíscas enquanto se encaravam. Uma parte sua ficou feliz, pois se Jimin estava incomodado, era porque gostava dela. O Park ignorou a presença de Sohye, perguntando para Jiyong:

- O que faz na minha casa?

- Vim trazer o Minsoo.

- Não podia deixa-lo e ir embora?

- Não podia ir sem falar com a Sohye.

- Agora já pode.

- Jimin, fui eu quem o convidou para entrar. – Sohye falou, interrompendo os dois. – Estávamos apenas conversando.

- Não foi isso que eu vi quando cheguei.

- Sohye, eu vou indo. – Jiyong falou, coçando a nuca. – Não quero causar problemas.

Jimin revirou os olhos. Por alguma razão ele não ia com a cara do Kwon.

- Tudo bem.

- De qualquer modo, eu já disse o que tinha para dizer. – ele falou a fitando. – Tchau.

- Eu acompanho você até a porta.

Os dois passaram por Jimin, que permaneceu calado ainda com a cara fechada.

- Até, Jimin. – falou Jiyong antes de ir embora. Jimin não respondeu.

Sohye fechou a porta e suspirou aliviada. Ela virou-se, percebendo que Jimin continuava na mesma posição.

- Você não devia estar no trabalho? – ela perguntou, fitando suas costas.

- Esqueci uma pasta com documentos que precisam ser avaliados hoje. Eu vou busca-la.

Jimin caminhou em direção à escada e começou a subi-la, sendo seguido por Sohye. Ele ouvia seus passos leves e ao abrir a porta do quarto, disse:

- Estava aproveitando bem seu dia de folga.

- Como assim?

- Você sabe do que eu tô falando. Coincidência você não ir trabalhar justo hoje quando o Jiyong vem aqui. – falou Jimin de costas para ela, procurando sua pasta em meio à tantas coisas no closet.

- Assim como foi coincidência você ir à boutique no mesmo dia que a Dahyun.

O homem parou seus movimentos e abriu a boca surpreso. Tudo bem, Sohye tinha razão, ele era a última pessoa que podia julgá-la. Suspirando, Jimin virou-se e fitou Sohye que tinha os braços cruzados e o olhava seriamente. Aquele olhar não combinava com ela, para uma mulher que sorria em meio aos problemas e sempre tinha conselhos e oferecia apoio.

- Eu não reclamei quando vi você e ela abraçados. – disse a mulher. – Não há motivos pra você estar irritado.

- Não estou irritado. Quer saber? Você está certa, não vou me meter na sua vida.

- Jiyong e eu só estávamos....

- Não estou pedindo explicações.

- Mas eu vou dar porque sou sua esposa! – Sohye falou aumentando o tom de voz. – Tudo o que tem a ver comigo deveria importar pra você.

- Esquece isso, Sohye. – falou Jimin, voltando-se para o closet.

Ela não estava acreditando. Como ele podia ser tão insensível? Quer dizer que qualquer um podia abraça-la, chegar perto, e ele não faria nada? Sohye se surpreendia por ser chamada de esposa dele.

Ela fitou as costas de Jimin, que continuava revirando o closet, e lembrou do dia de seu casamento. Ele parecia tão alegre, lembrou da primeira vez que fizeram amor, da segunda e das muitas outras que tiveram juntos. E agora parecia que ela havia se tornado uma estranha para ele.

Sohye sentiu os olhos marejarem, ela não era tão forte quando aparentava ser, nem de longe. Jimin finalmente encontrou sua pasta e a pegou, mas parou ao ouvir a voz dela.

- O que eu fiz pra você?

Jimin fechou o closet e virou-se lentamente. Seus olhos viram a mulher sempre serena agora com uma expressão de dor. Ele não soube o que dizer, porque não conseguia parar de olhá-la. Pela primeira vez desde que chegara ali, estava preocupado com ela.

- Eu juro que estou tentando me lembrar se te magoei, se eu disse algo que te chateou. Jimin, se eu fiz algo errado, me desculpe. – ela dizia com a voz embargada.

- Sohye...

- Eu me dedico tanto à nós dois. Sempre respeitei seu trabalho, sempre te apoiei, então me diz, por favor, o que eu fiz pra você me tratar assim?

Jimin a viu enxugando uma lágrima que caíra, ela parecia estar sofrendo. Bom, ele podia imaginar o que ela estava sentindo, afinal antes de acordar naquele futuro, ele tinha uma vida com ela. Ela conhecia outro homem, um homem que talvez até gostasse dela, mas agora Jimin não conseguia vê-la como mulher.

O Park sentiu-se mal, já que Sohye era uma ótima pessoa. Ele julgou-a tanto nos tempos de escola, mas agora que convivia com ela, sabia que ela era boa e gentil, mais que isso, era carinhosa com todos, até mesmo com ele que a fazia sofrer tanto.

- Sohye, não tem nada a ver com você. É apenas o trabalho, ando muito estressado.

- Não acredito em você. – ela falou firme. – Você está assim há meses.

Bom, pelo visto seu “eu” do futuro também não a tratava tão bem assim. Se seu “eu” do futuro também ainda gostasse de Dahyun, então Jimin estava fazendo a coisa certa ao querer reconquistá-la.

Sohye se aproximou, ficando cara a cara com ele. Jimin não se afastou, apenas desviou o olhar.

- Eu adoro o modo como está tratando o Sungoh, adoro que esteja passando mais tempo com ele. Mas e eu, Jimin? Quando vai ter tempo para nós? – ela perguntou chateada. – Você não sai mais comigo, não me toca mais, nem sequer um beijo você me dá!

- Olha, eu tenho que voltar para o trabalho. Quando eu chegar, conversamos melhor. – falou Jimin desconfortável com aquilo. Ele passou por ela, mas seu pulso foi segurado.

- Espera. – disse Sohye, fazendo Jimin olhá-la. – Quero um beijo.

O Park engoliu a seco, indeciso. O olhar dela praticamente o implorava para ele fazer aquilo, mas Jimin não queria. Sabia que estava magoando-a, mas ela ficaria pior se continuassem com aquilo, porque se Jimin fosse ficar daquele jeito mesmo, ele sabia que o casamento de ambos não daria certo.

Com um suspiro, ele aproximou-se e segurou o rosto feminino, beijando-lhe a testa. Sohye fechou os olhos, apertando seus dedos contra o terno dele, reprimindo a vontade de chorar.

Antes que Jimin pudesse se afastar, ela puxou seu rosto e grudou as bocas, iniciando um beijo. Jimin a segurou pela cintura com a intenção de afastá-la, porém ao sentir a língua dela adentrar sua boca e encontrar a sua, ele acabou a puxando para mais perto e correspondendo o beijo.

Sohye ficou na ponta dos pés e enfiou os dedos nos cabelos negros do Park, puxando-os com leveza enquanto sentia seus lábios moverem-se lenta e intensamente sobre os dela. As mãos de Jimin apertavam sua cintura, colando os corpos ainda mais, deixando-a praticamente suspensa no ar, já que ela se apoiava nele para não cair. O beijo de Sohye era suave, porém quente, era um beijo que Jimin nunca tinha provado, mas era bom. Se ele soubesse o quanto fazia falta para ela.

O ar faltou e Jimin foi o primeiro a se afastar, porém continuava a segurando, sentindo a respiração dela contra seu rosto. Sohye mordeu o lábio, que estava vermelho por conta do beijo e acariciou o rosto de Jimin, fitando-o com carinho. Ela poderia ficar daquele jeito para sempre, porém sentiu as mãos dele abandonarem seu corpo lentamente.

- Eu preciso ir. – ele falou, soltando sua cintura e afastando-se.

Jimin recuperou a pasta, que havia soltado na hora do beijo e caminhou até a porta, abrindo-a. Seu coração estava batendo rápido, deixando-o atordoado. Antes de sair ele ouviu a voz de Sohye, era baixa e triste, o fez parar.

- Eu amo você, Jimin.

Ele fitou o chão por alguns segundos e não virou-se mais para olhá-la. Ele sabia que a veria com tristeza no olhar e isso não sairia de sua cabeça, então apenas saiu do quarto e fechou a porta, deixando-a sozinha.

Ele não a viu chorar.

...

No domingo Jimin estava se arrumando no quarto enquanto Sohye ajudava Sungoh. O Park percebeu que desde o dia anterior ela estava mais fria com ele, isso era uma mudança e tanto vindo dela.

Jimin desfez a gravata pela décima vez, ele não era bom nisso, não usava para ir ao trabalho, mas queria estar elegante naquele noite.

- Droga. – resmungou, bufando de raiva enquanto encarava seu reflexo no espelho.

Ele ouviu a porta do quarto abrir e os passos leves de Sohye preencheram o local. Ela estava descalça e usava um vestido azul escuro, simples e elegante, batendo em seus joelhos. O Park a observou pelo espelho, vendo-a procurando um par de sapatos, seus cabelos curtos estavam levemente ondulados e uma delicada presilha o enfeitava.

A mulher virou-se e viu Jimin a observando. Ele desviou o olhar e continuou tentando ajeitar a gravata em seu pescoço, longe de acertar. Sohye ainda estava chateada, mas resolveu ajuda-lo, ele parecia desesperado.

- Você nunca conseguiu dar um nó na gravata. – ela comentou indo na direção do Park.

Jimin não protestou quando ela desamarrou delicadamente o acessório e começou a ajeitá-lo da forma correta. Ele percebeu que ela estava concentrada no que fazia, suas sobrancelhas delicadas estavam levemente franzidas e seu olhar focava-se inteiramente na gravata cinza.

Jimin nunca tinha reparado nela de verdade desde que acordara naquele futuro, mas agora, tão perto, era impossível não notar seus cílios espessos e suas bochechas coradas, mesmo estando sem maquiagem alguma. Os lábios naturalmente rosados eram carnudos e delicados, ficavam mais bonitos quando ela sorria. Jimin ficou pensando em como eles eram antes de tudo acontecer, se eles brincavam com Snow, se jantavam sozinhos às vezes ou se ele a convidava para sair. Mas pelo o que percebera, ele era ausente tanto na vida de Sungoh quanto na dela, e agora estava ainda pior.

- Pronto. – ele despertou ao ouvi-la. – Nunca o vi tão bonito quanto agora.

E ela sabia o motivo: Dahyun. Sohye sorriu com tristeza e passou por Jimin, pegando um par de saltos prateados.

O Park olhou-se no espelho, sua gravata estava impecável. Ele observou Sohye sentada na cama, colocando os saltos.

- Obrigado, So.

A mulher ficou surpresa por um segundo, já que Jimin nunca mais a tinha chamado daquele jeito. Mas depois continuou o que fazia, não se dando ao trabalho de responder.

Jimin percebeu que ela não falaria nada e suspirou, ele merecia aquele tratamento.