História Love Issues - Prologue

Melanie

- Ela faltou hoje? – Jasmine me perguntava enquanto eu colocava os cadernos em meu armário.

Eu já estava com dor de cabeça do tanto que ela me perguntava sobre Nina. Como se Jas não estivesse acostumada com isso. Toda semana era a mesma coisa.

- Sim, Jasmine – respondi pela décima quinta vez – Nina faltou hoje.

- Mas ela disse que não iria faltar hoje – reclamou.

Olhei para o final do corredor e pude ver uma menina com os cabelos castanhos soltos, blusa curta e calça jeans apertadas. Dei um sorrisinho e agradeci por vê-la.

- E não faltou – falei apontando para a mesma.

Nina possuía uma sorriso no rosto e o corredor inteiro parou para encara-la.

- Bom dia – disse assim que chegou até nós.

- Graças à Deus você veio – eu disse – Jasmine não parava de perguntar onde você estava.

- Vocês realmente acham que eu ia perder a chance de ver a Quinn passar vergonha na aula do professor Gilinsky?

O sinal tocou e nós nos dirigimos à sala de literatura. Sentei na última carteira da fileira e Nina sentou em minha frente. Não demorou muito para a sala se encher e o professor chegar. Nash, nosso melhor amigo, se sentou ao nosso lado.

Nunca deixei de perceber o jeito que ele olhava para Nina – o mesmo jeito que qualquer pessoa do sexo masculino a olhava: como se ela fosse a pessoa mais bonita da face da terra. Ok, não posso negar. Minha melhor amiga é incrivelmente bonita. Seus cabelos lisos são de deixar qualquer menina com inveja. Seus olhos azul tempestade são completamente sedutores ou intimidadores. Seu corpo magro porém seios fartos e bunda empinada. Nina é como qualquer menina gostaria de ser. Ou talvez minha autoestima que esteja baixa.

- Senhorita Quinn – a voz do professor me tirou de meus devaneios – poderia vir aqui na frente apresentar seu trabalho?

- Claro – a menina disse no fundo da sala, confiante.

A rivalidade entre Nina e Quinn é interessante. Quinn é a típica menina popular que se acha muito porém não é nada. A rivalidade começou na oitava série, quando Nina começou a ficar extremamente bonita e desejada entre os meninos. Quinn não aceitou isso e tentou virar nossa amiga, mas nós já sabíamos o quão falsa ela era então a recusamos em nosso grupo. Ela ficou tão revoltada que seu único objetivo de vida era: tudo que Nina faz, ela tem de fazer melhor. E nem sempre isso funciona.

O professor Gilinsky havia sugerido que alguém da sala fizesse um filme sobre a vida nas escolas. Quinn não podia perder a oportunidade de tentar tirar uma nota melhor portanto se comprometeu. Nós vimos ela gravando pela escola inteira com alguns de seus escravocetas. Nina sugeriu que estragássemos essa filmagem. Nash ajudou com esse plano, e estávamos nós quatro – Grier, Jasmine, Nina e eu – tentando conter o riso antes mesmo que ela desse play no vídeo.

- Bom dia pessoal – ela começou – Hoje irei apresentar minha filmagem sobre a vida em nossa escola. Tentei deixar o filme do meu jeito, espero que gostem – ela deu play.

O vídeo começou com o corredor vazio. E então pudemos ver a imagem de Quinn, colocando-se na frente da câmera e ajeitando sua blusa – provavelmente para tentar deixar seus peitos maiores.

- Bom dia pessoal do colégio Garfield High School . Hoje iremos mostrar para vocês tudo que ocorre no dia-a-dia nessa escola. Como aulas, intervalos, aulas extras entre outras coisas – ela começou a andar pelo corredor – Como podem ver, nós estamos em horário de aula e...

E então a tela ficou preta. Um sorriso se formou em meu rosto ao perceber o que estava prestes a acontecer.

- Você tem certeza? – um menino com aparência de nerd perguntava para ela – Eu nunca fiz isso antes.

- Ninguém vai nos ver – Quinn disse.

Eles estavam dentro do armário do zelador, havíamos colocado uma câmera ali, pois Nash havia ouvido uma conversa entre os dois sobre um suposto encontro lá.

Na filmagem eles começaram a se pegar. O desespero na expressão de Quinn era evidente, e um sorriso no rosto de Nina também era. A menina tentava parar o vídeo, enquanto a sala inteira ria.

O professor tirou o computador da tomada e ligou a luz.

- Foi ela! – Quinn apontou para minha melhor amiga.

- Eu? – Nina fingiu não saber do que ela estava falando – Eu nunca faria isso com você – fez a expressão mais inocente que pôde.

- Eu sei que foi ela! – ela começou a forçar um choro, tentando ganhar consolo do professor.

- Professor... Eu nunca faria isso.

- Vá tomar uma água – disse o professor – Volte quando estiver se sentindo melhor.

Nina

Eu estava sentada em minha cama, tentando fazer um trabalho de inglês em meu notebook. Quando ouço alguém me chamar. Revirei os olhos e deixei o computador de lado. Meu irmão não iria parar de gritar meu nome até eu aparecer na cozinha.

- Sim, meu querido e amado irmão – falei irônica. Ele possuía uma expressão de deboche no rosto.

- Que merda você fez na escola hoje? – perguntou.

- Fodi com o trabalho daquela Quinn – dei de ombros. Nate riu.

- A diretora ligou, disse que você havia “aprontado” – fez aspas com os dedos. Desviei o olhar – Ela chorou?

- Quem? – perguntei olhando em seus olhos novamente.

- A tal de Quinn.

- Ah! Sim, chorou – respondi. Meu irmão levantou a mão para um high five.

Bati em sua mão, sorrindo.

- Era só isso?

- Sim, pode voltar pro seu quarto.

Assenti e caminhei de volta ao meu quarto. Fechei a porta e voltei a mexer no notebook.

Ouvi passos na escada de incêndio. Dei um sorrisinho e fiquei encarando a janela, esperando Melanie aparecer.

- Oi – disse, colocando os pés dentro de meu apartamento.

- Oi – sorri – A diretora ligou?                                                             

- Sim – Mel disse, sentando-se ao meu lado – Ela ligou aqui também?

- Ligou – eu disse – Odeio aquela velha – Melanie riu.

- Você vai fazer alguma coisa hoje?

- Acho que não – peguei meu celular, vendo que havia uma mensagem – Talvez sim.

- Com quem?

- Um peguete.

- E quem seria?

- Ninguém importante. Se fosse eu te diria, você sabe.

- Seu irmão vai te deixar sair? – dei de ombros – Depois da ligação da diretora? – torci o lábio.

- Talvez não. Mas você está aqui – sorri.

- O que você tem em mente?

- Bom... – dei uma mordida em meu lábio inferior – Você é minha melhor amiga, certo?

- Sou? – perguntou como se repensasse isso várias vezes no dia.

- Claro que é – falei – Quer dormir aqui?

- Com dormir aqui você quer dizer dormir sozinha na sua enorme e confortável de casal?

- Ou dormir até de manhã na minha enorme e confortável cama de casal.

- Então sim, sou sua melhor amiga e vou dormir aqui – disse. Sorri - E se seu irmão quiser entrar?

- Você liga o chuveiro ou fala que estamos peladas, ele não vai entrar... Se bem que você não iria se importar se ele te visse pelada né – levei uma travesseirada na cara.

- Continua assim que você vai ver quem vai te encobrir quando quiser sair com seus peguetes – ri.

(...)

Depois de tomar banho e passar maquiagem, eu estava provando todas as minhas roupas que eu nunca havia usado e favoreciam meu corpo.

- Suas tetas tão pulando pra fora – ela disse após levantar os olhos do computador, me olhar de cima pra baixo e morder um pedaço de sua bala de alcaçuz.

- E isso não é bom?

- Pra uma prostituta...

- Ok, vou trocar.

Entrei dentro de meu armário e peguei um vestido azul escuro tomara-que-caia. Tirei o vestido branco que eu usava e coloquei o azul escuro.

- E ai? – perguntei.

Mel olhou novamente para mim e sorriu.

- Puta porém puta de luxo – disse.

- Então é esse?

- Sim, é esse.

- Ok.

Vesti um salto alto preto e terminei de passar a chapinha em meu cabelo.

- Você sabe que não precisa de chapinha né?

- Meu cabelo está cheio de frizz – a encarei.

Meu celular vibrou em cima de minha escrivaninha.

“Estou aqui na frente.”

Mordi meu lábio inferior ao mesmo tempo dei um sorrisinho. Tirei a chapinha da tomada e peguei minha bolsa preta – que só cabia meu celular e a carteira – e fui em direção à minha janela.

- Você entendeu o plano? – perguntei mais uma vez à Melanie.

- Entendi – revirou os olhos – Vê se não faz barulho na hora de voltar, não quero acordar.

- Ok, ok – eu disse.

Tirei o salto dos pés e desci as escadas. Vi o carro preto na frente da portaria, dei um sorrisinho. Assim que meus pés tocaram o concreto da calçada, coloquei o salto novamente.

Abri a porta do carro e entrei.

- Oi professor Gilinsky – eu disse após fechar a porta.