História Love Issues - Stress

Melanie

Abri a janela do apartamento de Nina e vi que a mesma estava dormindo. Andei até sua cama e me deitei junto com ela. A mesma se virou, com os olhos fechados. Arrumei a coberta em meu corpo e fiquei encarando-a.

- Que horas são? – perguntou sonolenta. Dei um sorrisinho e peguei meu celular.

- Onze e meia – eu disse. Nina abriu os olhos, suas íris tempestuosas ficavam lindas com a luz do sol invadindo-as. Ela se sentou e se espreguiçou - O que vai fazer a tarde? – perguntei, sentando-me.

- Comer, ignorar as ligações de Gilinsky, dormir... Afinal, eu tenho uma semana de férias.

- Como Nate reagiu? – encarei seus olhos, que agora voltaram para o cinza.

- Minha porta tá trancada desde a hora que eu cheguei em casa ontem. Só sai do quarto quando ele foi pra faculdade, pra pegar comida. Tenho um estoque de comida embaixo da cama – deu um sorriso de canto – Sinta-se à vontade.

- Te mandei algumas mensagens – eu disse, observando-a se esticar e pegar um twinkie debaixo de sua cama.

- Desculpa, eu desliguei meu celular depois da vigésima ligação do Gilinsky – tirou o bolinho do plástico e deu uma mordida – Quer? – ofereceu. Neguei com a cabeça.

- Você sabe que o que aconteceu não é culpa do Jack né? – falei. Nina parou de mastigar o bolo e me encarou com uma expressão séria. Ela deixou o que restava do doce em cima de sua cômoda e voltou a me olhar.

- Melanie – ela bateu as mãos, tirando as migalhas das palmas -, você sabe o que aconteceu? – balancei a cabeça – Jack me puxou pra sala dele e começou a falar que eu estava com ciúmes tentou me beijar. A Quinn provavelmente estava esperando que alguma coisa assim acontecesse e chamou meu pai. Eu tenho certeza de que os dois estavam planejando isso, já que agora o Gilinsky também tá com raiva de mim porque eu transei com o Samuel.

- Isso não faz sentido – franzi o cenho – Nina, Jack nunca iria fazer isso com você, ele...

- Mas fez, Melanie – aumentou o tom de voz – O que você entende sobre relacionamentos, afinal? Você finalmente está tendo “algo” com meu irmão e já quer começar a me dar lição de moral sobre o que é ou não é amor. Mas deixe-me te lembrar que até ontem, praticamente, você estava brigada com Nathan porque ele tirou sua virgindade e depois disse que não estava pronto para ter algo com você.

- Wow – foi tudo o que eu consegui dizer – Você realmente consegue deixar as coisas piores do que já estão, não é?

- Melanie...

- Cresce, Nina. Você realmente acha que vai resolver seus problemas ficando trancada no seu quarto e dando patada em todos que estão tentando te ajudar? Boa sorte com isso.

Levantei de sua cama e sai pela janela, com raiva.

Nina

Assim que ouvi a porta ser fechada, sai de meu quarto e fui em direção à cozinha. Eu precisava pegar mais suprimentos para meu estoque debaixo da cama. Abri o armário da cozinha e peguei alguns salgadinhos e decidi que iria comer alguma comida congelada. Peguei uma lasanha e coloquei no micro-ondas. Meus cabelo estava molhando minhas costas e isso me dava vontade de arrancar minha blusa e ficar apenas de calcinha pela casa.

Liguei meu celular e começou a chegar todas as mensagens de Jack e suas ligações perdidas. Bloqueei a tela e coloquei o aparelho em cima do balcão. O micro-ondas apitou e isso me fez despertar de meus devaneios. Talvez eu devesse pedir desculpas para Melanie, afinal, eu estou muito errada e estressada. Melanie não merece ser encarregada de todo o meu stress. Eu realmente preciso esfriar minha cabeça. Peguei meu celular e liguei para a primeira pessoa que veio à cabeça.

**

Levantei de minha cama e comecei a vestir minha calcinha. Olhei para seus olhos castanhos e coloquei minhas mãos na cintura. Ele possuía as mãos entrelaçadas em seu colo e observava cada movimento meu. O meu edredom era a única coisa que cobria seu corpo e isso me deixava um pouco desconfortável. Andei até a porta e me certifiquei de que estava realmente trancada, caso Nathan aparecesse.

- Por que você me chamou aqui, exatamente? Achei que me odiasse e não estivesse falando comigo – disse.

Coloquei uma blusa comprida, que quase cobria minha bunda por completo. Joguei minha franja para trás e cruzei os braços, encarando-o.

- Eu precisava me livrar do stress – respondi.

- É, sua semana começou de um jeito bem merda – ele disse. Dei um sorrisinho.

- Graças à vagabunda da Quinn e do merda do Gilinsky – me sentei ao seu lado.

- Então estamos o chamando de merda? – Sam brincou.

- Eu estou – cruzei as pernas – Ele é seu melhor amigo, não precisa odiá-lo para continuar transando comigo.

- O que isso quer dizer? – se virou de lado e apoiou sua cabeça na palma da mão – Sou seu novo parceiro de sexo? – me provocou com um sorrisinho.

- Vai se foder, Samuel – eu disse – Não quero colocar mais um chifre na coitada da sua namorada.

- A escolha é minha, na verdade – se descobriu e se levantou. Ele se abaixou e pegou sua cueca do chão, vestindo-a em seguida – Por que você estava estressada? – voltou a deitar-se ao meu lado.

- Você ainda pergunta? – lancei-o um olhar de deboche – Fora tudo o que aconteceu na escola... Não estou falando com Nathan desde ontem de tarde, por motivos de ele ser um babaca. E eu briguei com a Melanie de manhã porque ela começou a me dar lição de moral sobre relacionamentos e Gilinsky.

- Brigou com a melhor amiga, huh? Isso é ruim – brincou. Empurrei-o pelo ombro – Você sabe que ela foi suspensa por te defender né?

- Sim, eu sei. Mas isso foi escolha dela, não minha – dei de ombros. Olhei para Samuel, que possuía uma expressão indecifrável no rosto – O que foi? – ele piscou algumas vezes e sorriu.

- Só estava olhando seus olhos – respondeu. Franzi o cenho – Eles ficam lindos com a luz do sol.

- Mas eu estou de costas para a janela – eu disse confusa.

- Mas a porta do banheiro está aperta e está vindo luz de lá – passou a língua entre os lábios – Aprenda a aceitar um elogio – sorri – Mudando de assunto, o que é esse monte de comida embaixo da sua cama?

- Meu estoque para o inverno – brinquei – Eu ando buscando comida na cozinha quando Nathan sai para algum lugar ou vai para a faculdade, para não ter que falar com ele.

- Você sabe que uma hora ou outra vai ter que falar com ele, né? Afinal, vocês são irmãos, mesmo eu ainda não acreditando muito nisso.

- Obrigada, pai – revirei os olhos – Eu sei disso. Só estou adiando, não estou muito no clima de gritar e ter que explicar para ele como e quando comecei a namorar um de seus melhores amigos.

O celular de Sam começou a vibrar. Olhei para o nome que o telefone exibia: Stassie.

- A puta quer contatar seu dono – fiz biquinho. Sam me lançou um olhar de desaprovação e pegou o aparelho.

- Alô? – atendeu – Não – olhou para mim – Estou na casa do Johnson – dei um sorriso e ele revirou os olhos – Não sei que horas volto.

- Vá encontrar com sua amada – sussurrei para ele, que me lançou outro olhar de desaprovação.

- A hora que chegar em casa te ligo, tchau – desligou – Tenho que ir.

- Também acho melhor – levantei da cama – Nathan chega em meia hora e não quero que ele me faça ainda mais perguntas.

- Tudo bem – veio em minha direção – Tchau – se inclinou para me dar um selinho. Virei o rosto, fazendo-o beijar minha bochecha. Sam suspirou e abriu a porta de meu quarto.

Não demorou para eu ouvir a porta da frente ser fechada. Tranquei a porta de meu quarto e me joguei na cama. Estiquei meu braço até o criado-mudo e peguei meu celular, decidindo que iria mandar uma mensagem para Melanie. Mas como eu estava com muita preguiça de digitar, disquei seu número.

- Oi – disse seca.

- Estou mais tranquila, quer vir aqui dar um abraço de reconciliação na sua vadia? – eu disse. Percebi que ela deu um risinho.

- Já estou descendo – sorri.

- Beleza, tchau – desliguei.

E é sempre assim que Melanie e eu fazemos as pazes. Talvez nossa amizade seja forte demais para ficarmos pedindo desculpas uma para a outra. Sempre temos discussões como essas e sempre voltamos a nos falar assim. E eu não mudaria nada nisso.