História Love Issues - Come Be Lonely With Me

Melanie

Não pude evitar em notar que meu namorado e minha melhor amiga estavam mais ansiosos do que o normal. Eles nunca prestavam atenção no que eu dizia, os dois paravam de olhar para mim do nada e ficavam encarando o nada, como se estivessem pensando. E o pior de tudo é que quando eu pergunto o que está acontecendo, os dois sempre me dão a mesma resposta “Nada” e logo em seguida o famoso sorrisinho que só os Maloley conseguem dar.

Mas também não demorei para notar que suas expressões mudavam completamente quando uma mulher loira de olhos azuis conversava com eles, ou seja, Kami Maloley. O dia que ela apareceu no hospital, Nate e Nina deram um escândalo enorme, enquanto Kami continuava com o mesmo sorrisinho – o sorrisinho Maloley.

Flashback On

“- Oi crianças – uma voz feminina atraiu nossa atenção e olhamos para a pessoa.

Era uma mulher loira de olhos azuis acinzentados – como os da Nina. Ela era bonita, um tanto acabada e com o rosto cansada, mas bonita.

A expressão de Nina variava entre choque e raiva. Já Nathan possuía a boca semiaberta e os olhos levemente arregalados. Eu estava confusa, olhando para mulher e os dois irmãos várias vezes, esperando alguém dizer algo. A loira apenas ficou parada em nossa frente, com um sorrisinho.

- Que merda você tá fazendo aqui? – Nina finalmente quebrou o silêncio. Eu a olhei com os olhos arregalados, porém a mulher continuou com a mesma expressão.

- Sentiram minha falta? – perguntou – Nate?

- Kami.

- Prefiro ser chamada de mãe, mas Kami está ok – disse.

- Que tal vagabunda? – Nina disse.

- Nina! – a repreendi.

- Isso são modos de falar com sua mãe?

Mãe? Essa é Kami Maloley?  A mesma Kami Maloley que vivia com um sorriso no rosto e levava tortas para minha casa todos os finais de semana? Ela estava tão acabada e seu cabelo estava loiro, um loiro quase platinado. O que a deixava com aparência ainda mais velha.

- Se você agisse como uma não te chamaria assim – minha melhor amiga retrucou.

- Por onde você esteve? – Nate perguntou antes que Kami pudesse responder o comentário de Nina.

- Madri, como você e sua irmã já sabiam.

Nina cruzou os braços em seu peito e encarou sua mãe com uma expressão incrédula.

- Madri? É assim que chamam a prisão?

- Prisão?

- Como...

- Monte me contou que você foi presa por porte de drogas há um ano atrás.

- Monte te contou o quê?! – Nathan perguntou confuso.

- Nossa querida e amada mãe foi presa há quase dois anos atrás por porte de drogas. Ela estava doente, com depressão. E ao invés de se cuidar para cuidar de seus filhos ela preferiu entrar para o mundo das drogas. E isso nos faz chegar à conclusão de que nossos pais são dois idiotas que só pensam em si mesmo.

- Eu estava doente, Gionina. Eu nunca faria isso com vocês se estivesse saudável – pude notar um pouco de dor em sua voz – eu amo vocês.

Nina soltou um suspiro de descrença e uma risada sarcástica em seguida.

- Não consigo ficar aqui escutando essas merdas – disse – Vou para casa tomar banho e dormir.

E assim, Nina saiu andando. Logo depois Nate encarou sua mãe com uma expressão de raiva e me puxou pelo braço para longe dela.

Flashback Off

E com tudo o que estava acontecendo na vida dos Maloley, pude tirar uma conclusão: os Maloley são uma bagunça.

Nina

Era por volta das onze da noite quando Sam me deixou na porta de meu prédio. Peguei o elevador e arrumei minha bolsa em meu ombro. Eu estava morrendo de frio por conta de minha roupa curta, mas assim que entrei no elevador o frio foi embora.

Chegando em meu apartamento, pude ver a silhueta de alguém sentado encostado na parede, com os olhos fechados e a boca meio aberta. Soltei um risinho e andei até ele.

- Nash? – eu disse. O mesmo abriu os olhos rapidamente por conta do susto, fazendo-me rir – O que você tá fazendo aqui?

- Você não está mais indo pra escola, então decidi vir aqui. Eu bati na porta algumas vezes, mas ninguém atendeu – Nash respondeu com a voz fraca e se embolando com algumas palavras.

- Ninguém respondeu então você decidiu ir para o barzinho há três blocos do prédio, encher a cara? – brinquei, sentando-me ao seu lado – Meu irmão está no hospital – eu disse.

- Ele tá bem? – o álcool pareceu abandonar o organismo de Nash e ser substituído por preocupação. Dei um sorrisinho de canto e assenti.

- Sim, ele está – coloquei minha mão em seu bíceps e acariciei com meu polegar por cima de sua camisa – Meu pai que está morrendo.

- Sinto muito – ele deu um beijo em minha cabeça, que estava deitada em seu ombro.

- Tudo bem, não é como eu nunca desejei isso algumas vezes – admiti – Só nunca esperei que eu fosse estar presente.

- Isso explica o fato de o vice-diretor estar no comando agora – tentou aliviar o clima. Soltei um riso e assenti.

- Sim, isso explica – respondi.

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas sentados no chão gelado do meu andar. Meu polegar acariciando seu bíceps e minha cabeça deitada em seu ombro.

- Vem, vamos entrar – eu disse.

- Não posso – respondeu, fazendo-me lembrar que ele estava bêbado.

- Não pode, é? – dei um sorriso para ele.

- Não – balançou a cabeça negativamente – Eu vou estragar tudo.

- E porque estragaria? – perguntei em um tom de brincadeira, porém sua expressão continuava séria.

Nash olhou fixamente em meus olhos, seus olhos azuis claros encarando os meus olhos cinzas. Ele pareceu engolir seco e tomar coragem para dizer o que iria dizer.

- Eu – limpou a garganta – Eu estou apaixonado por você.

Minha primeira reação foi arregalar os olhos, mas logo suspirei e passei a mão em meu cabelo, tirando a franja de meu rosto. Peguei em sua mão, ajudando-o a levantar. Nash passou seu braço em meu ombro ao perceber que iria cair no chão se não se apoiasse em algo. Peguei minhas chaves em minha bolsa e abri a porta do apartamento. Fiz com que Nash se sentasse no sofá e fechei a porta.

- Eu estraguei tudo né? – perguntou com os olhos fixos na mesinha de centro. Soltei outro suspiro.

- Por que você não dorme um pouco? Vou pegar algum pijama no quarto de Nathan. Amanhã de manhã, quando você estiver mais sóbrio, nós podemos conversar sobre isso. Tudo bem? – Nash assentiu.

Andei até o quarto de Nate e peguei o primeiro pijama que vi na gaveta. Entreguei para Nash e mostrei o banheiro de visitas para ele se trocar. Ele deu um sorrisinho em agradecimento e foi cambaleando em direção ao banheiro. Fiquei esperando do lado de fora, para me certificar de que ele não havia caído no banheiro. Quando o mesmo saiu, deixei um travesseiro e alguns cobertores para ele no sofá.

Assim que notei que Nash estava confortável, fui para meu quarto. Fechei a porta e me joguei em minha cama, bufando um tanto alto. Como se não fosse o bastante para minha cabeça, meu celular começou a tocar em minha bolsa. Me estiquei e o peguei no chão, lendo o nome que a tela exibia. Atendi após o quarto toque, hesitante.

- Nina? Graças a Deus – a pessoa soltou um suspiro de alivio – Achei que fosse me evitar para sempre.

Eu não disse nada, apenas fiquei escutando sua voz.

- Desculpe te ligar a essa hora, é que você não está mais aparecendo na escola. Fui perguntar para o vice-diretor se ele tinha notícias e ele me contou. Você está bem? – fechei os olhos com força e respirei fundo – Nina? Não precisa responder, só de ouvir sua respiração fico aliviado.

Mordi meu lábio inferior com força e encarei um ponto fixo do meu quarto.

- Ando pensando muito em você ultimamente...Você pensa em mim? – ele soltou uma risadinha – Desculpe, isso é muito? Eu só precisava falar com você... ou que você me escutasse no caso – engoli seco – Eu te a...

- Tchau Jack – desliguei o celular rapidamente.

Joguei meu celular do outro lado da cama e deitei novamente. Coloquei os braços em meu rosto e respirei fundo, soltando um suspiro longo em seguida.

Ótimo, duas coisas que eu preciso resolver amanhã. A confissão de Nash e a ligação repentina de Gilinsky. Será que eu nunca vou conseguir ter uma pausa?