História Love Issues - Trouble

Jack

- Senhor Gilinsky? – uma voz feminina ecoou pela sala vazia. Olhei para ela, tendo a visão de uma menina loira com roupa de líder de torcida.

- Quinn, pode entrar – eu disse.

A mesma deu um sorrisinho e caminhou até mim.

- Em que posso te ajudar? – perguntei.

- Você dá aula particular? – ela perguntou.

- Ahn... Depende da situação, eu...

- É que minha mãe acha que minhas notas em literatura não estão muito boas e queria saber se você poderia me dar algumas aulas particulares. Ela vai te dar um bom dinheiro por isso.

- Eu não vejo nenhum problema com suas notas – falei – Estão acima da média.

- Sim, eu sei – disse sem graça – Mas minha mãe acha que eu deveria melhor pra entrar em uma boa faculdade.

Logo na frente da porta, pude ver a silhueta de Nina, que nos encarava.

- Claro.

- Sério? – Quinn perguntou animada.

- Sim – sorri.

- Muito obrigada, professor Gilinsky.

- Pode me chamar de Jack... – olhei novamente para Nina.

- Obrigada, Jack. Podemos nos encontrar hoje no Urban Cafe às cinco?

- Claro – dei um sorriso de canto.

A loira saiu de minha sala com um sorriso enorme no rosto, enquanto minha namorada não tinha uma expressão tão alegre. Ela estava com os braços cruzados e cara emburrada. Seus olhos cinzas são completamente assustadores olhando desta maneira.

- O que essa menina queria? – perguntou nervosa.

- Ela estava me pedindo pra dar aula particular.

- E você recusou, certo?

- Nina...

- Certo?

- Não, eu disse que sim.

- Você o quê? – disse alto – Jack, você...

- Nina, está tudo bem. É só uma aula!

- Como você sabe? Ela pode começar a pedir pra ser mais de uma, talvez uma por semana e...

- Fica tranquila, ok? Só vou ajudá-la a melhor sua nota.

Nina não ficou muito feliz com a ideia de eu dar aula particular para Quinn, ela sempre falava mal dessa menina pra mim. Mas era minha função como professor ajudar um aluno quando solicitado.

Cheguei no Urban Café e Quinn já estava sentada em uma das mesas esperando. Acenei para ela e fui em sua direção.

- Boa tarde – ela disse.

- Boa tarde – sorri.

- Está tudo bem com Nina? – perguntou. Meus músculos ficaram tensos.

- Como assim? – perguntei.

- Ela não parecia feliz comigo conversando com você – disse.

- Eu acho que nossa conversa não era o problema – falei – Ela estava brava com alguma outra coisa. Não vejo motivos para ela estar brava por esse motivo – inventei uma desculpa.

- Ela me odeia desde a oitava série. Nós temos uma briga antiga – deu de ombros – Mas não estamos aqui para falar de minha vida pessoal, certo?

- Certo – sorri falso – Vamos estudar.

Demorou duas horas para estudarmos e revisarmos tudo que iria cair na próxima prova. Quinn era uma garota legal e madura para sua idade. Não entendo o porquê Nina odiá-la tanto.

- Obrigada por hoje, senhor Gilinsky – disse – Quer dizer, Jack – deu uma risadinha – Vou pegar um café pra você, por minha conta.

- Não precisa...

- Claro que precisa!

Sorri e assenti. A mesma foi para o balcão fazer o pedido, enquanto eu comecei a mexer em meu celular, decidindo mandar uma mensagem para Nina.

“Nina (7:45 pm): Já acabou?”

“Jack (7:45 pm): Sim. Vou só tomar um café e vou embora.”

- Aqui está – Quinn colocou o café em minha frente.

Coloquei o celular rapidamente no bolso.

- Obrigado – eu disse.

- Que nada – ela sorriu – Sem querer ser rude ou intrometida, mas já sendo – começou a dizer – Quantos anos você tem?

- Tenho 24 – respondi – Faço 25 em setembro.

- Entendi – disse – Não é sempre que eu vejo um professor atraente – ela se arrastou no banco, sentando do meu lado.

- Ahn – tentei me afastar um pouco dela – Obrigado, eu acho.

- O senhor é realmente muito atraente, professor – a menina colocou a mão em minha perna.

Levantei por conta de seu ato, ela se levantou em seguida.

- Eu acho melhor ir embora...

- Mas já? Estávamos apenas conversando...

- Eu estou cansado...

Quinn se aproximou de mim e me beijou. Senti suas mãos em minha nuca, mas eu as tirei com rapidez. Descolei sua boca da minha e olhei em seu olhos castanhos.

- Eu tenho namorada! – exclamei.

- Você tinha namorada – ouvi uma voz extremamente familiar atrás de mim.

- Nina? – Quinn olhou para ela com as sobrancelhas arqueadas.

Antes que eu pudesse dizer algo, Nina já havia saído do café.

Melanie

A chuva do lado de fora de meu quarto estava assustadora e jeito de trovões. Eu tentava fazer minha tarefa de inglês, porém minha briga com Nina não deixava com que eu me concentrasse.

Eu fui uma idiota em não ter contado à ela. Qual o meu problema? Eu deveria ter contado sobre meu relacionamento com seu irmão. Ela é minha melhor amiga.

Mas ela estava saindo com uma cara faziam-se meses e eu nem sequer sabia seu nome.

E então um raio iluminou meu quarto, afastando esse pensamento temporariamente de minha cabeça.

Levantei de minha cama e comecei a ir em direção ao meu banheiro. Porém um barulho em minha janela me interrompeu. Olhei com as sobrancelhas arqueadas, vendo minha melhor amiga completamente molhada do lado de fora.

- Oh meu Deus! – eu corri até a janela e a abri – Você está bem?

- Você ainda quer um motivo para odiar Quinn? – percebi que ela estava chorando.

A puxei para dentro de meu quarto e fechei a janela.

- Vou pegar uma toalha pra você e você já me conta o que aconteceu – falei. Nina assentiu.

Fui rapidamente para o banheiro e peguei uma toalha. Entreguei a ela, que se enrolou rapidamente.

- Pode falar – eu disse, fazendo-a deitar a cabeça em meu ombro.

- Eu vi – ela fungou – ela o beijando.

- Beijando quem? – perguntei. Ela respirou fundo com dificuldade.

- Jack.

- Jack? – perguntei confusa – O professor Gilinsky? – ela assentiu – E por que você está tão triste com isso?

Nina ficou em silêncio. Parei para pensar um pouco e ligar os pontos. Todas as vezes que eu a via entrar ou sair da sala de literatura durante o intervalo. A intimidade que eles pareciam ter enquanto conversavam...

- Ai meu Deus! – gritei – Você e o professor Gilinsky?

Minha melhor amiga desviou o olhar.

- Puta que pariu, Gionina! – eu levantei, começando a andar de um lado para o outro.

- Esse é o motivo de eu não ter te contado – ela fungou novamente – Se a noticia espalhasse, eu estaria fodida e ele também.

- Nina, eu sou sua melhor amiga – sentei novamente em seu lado – Eu nunca contaria uma coisa dessas pra alguém... Mas e ai? Vocês já...? – Gionina soltou um risinho nasal.

- Já – disse tirando a toalha de seus ombros – Uma vez... Hoje.

- Hoje? Tipo, antes de você vir aqui?

- Não... Na escola – arregalei os olhos.

- Como assim na escola?

- Depois que sai da sala do diretor, eu estava com raiva e fui pra sala dele. A gente acabou transando...

- Na sala de aula? – eu estava chocada. Nina assentiu – Puta merda! – ri – Que daora!

- Quê?! – ela riu também.

- Você tem noção de quantas meninas já devem ter fantasiado fazendo isso e você simplesmente fez?

- Quinn também beijou ele...

- Ah Nina... – abracei-a – Você deveria conversar com ele.

- Eu não tenho certeza se estou com vontade de ir pra escola amanhã. Vou conversar com Nate que Monte é o novo diretor de lá e não estou afim de ver ele.

- Talvez ele deixe mas, você realmente quer fugir disso? Você sabe que uma hora ou outra vai precisar encarar o senhor Gilinsky, não sabe?

- Sim, mas esse dia não precisa ser amanhã.

- Tudo bem.

Eu estava andando pelo corredor da escola, indo em direção ao laboratório de biologia, quando vejo o professor Gilinsky conversando com Quinn. Ele parecia meio desatento, mas a loira conversava animadamente com ele sobre algo.

- O que não faço pelos amigos – murmurei para mim mesma.

Andei até eles, que pararam de conversar sobre filmes antigos e me olharam. Dei um sorrisinho para Quinn e disse:

- Professor, você está ocupado?

- Ahn – ele olhou para Quinn – Não. O que foi?

- Podemos conversar? Tenho uma dúvida sobre o trabalho que você passou sobre Hamlet.

- Ah! Sim – o professor lançou um olhar para a menina ao meu lado, como se pedisse para ela se retirar – Entre, por favor.

O lancei um sorrisinho e entrei na sala. Caminhei até uma carteira que era em frente de sua mesa e me sentei.

- Qual sua dúvida, senhorita Falk? – perguntou, apoiando na frente de sua mesa.

- Eu sei de tudo – eu disse de uma vez.

Senhor Gilinsky pareceu ficar tenso.

- Como? – perguntou um tanto nervoso, eu podia ver seus músculos tensos.

- Nina me contou ontem após ver você e Quinn – expliquei – Ela apareceu em minha casa chorando e toda molhada da chuva. Aí ela me contou tudo – Jack possuía uma expressão de pânico no rosto – Mas fiquei tranquilo professor. Minha boca é um túmulo – o tranquilizei – Eu não faria nada que prejudicasse Nina.

- Ela faltou hoje? – perguntou.

Dei um gole no café que eu possuía em mãos.

- Sim – desviei o olhar – Ela não quer ver o pai dele e muito menos você. Então ela arrumou um jeito de não vir hoje – Gilinsky fechou os olhos e suspirou.

- Ela te disse alguma coisa? Se ela me odeia ou algo do gênero?

- Só disse que vocês haviam terminado. Nada além disso – voltei a encarar seus olhos castanhos – Você deveria conversar com ela. Você sabe onde ela mora, não sabe? – ele assentiu – Diga ao porteiro que você está indo em minha casa, eu libero sua entrada e você vai pro apartamento dela – Jack sorriu – Não brigue com ela por ela ter me contado. Ela está arrasada com o que aconteceu ontem.

- Tudo bem – disse – Obrigado pelo conselho, Melanie.

- Tudo para fazer minha melhor amiga feliz – dei um sorriso de canto.

Sai de sua sala e pude ver Quinn encarando a porta, como se estivesse me esperando sair.

- O que foi? – perguntei.

- Eu não acabei de conversar com o professor – disse lançando-me um olhar raivoso.

Revirei os olhos e joguei meu café no lixo.