1. Spirit Fanfics >
  2. Love Jokes >
  3. Capítulo III - O começo da insanidade

História Love Jokes - Capítulo III - O começo da insanidade


Escrita por: Bojack-senpai

Notas do Autor


Atualizado em: 26/09/2022! Yeah! Mais um capítulo saindo do micro-ondas! Corrigindo e adicionando novos aspectos para esta história, deixando a relação entre estes dois "pombinhos" mais bem explicada e desenvolvida.

Capítulo 4 - Capítulo III - O começo da insanidade


  Havia tempo que não sentia outro ambiente que se não sua própria cela. Um retângulo pequeno, apertado e sem cor. Estava cansado daquele lugar, era deprimente e sem graça.

  O local onde estava agora era muito mais interessante. Só um pouco mais interessante, ainda faltava graça. Um cômodo grande, ao menos em comparação com a sua cela, repleto de decorações clichês, porém confortáveis e uma janela extremamente bem fechada e com o que ele esperava ser vidro blindado; tinha de ser, seria uma atitude completamente parva e irresponsável permitir que o Coringa, ou qualquer outro paciente psicótico ficasse em uma sala com uma janela pouco resistente, ou aberta de frente à uma vista clara de liberdade; nem Jeremiah Arkham e nem Quincy Sharp cometeriam este erro.

  Com um olhar azul afetuoso a bela psiquiatra pediu delicadamente para que os dois seguranças retirassem a apertada camisa de força. E se entre olhando e depois encarando a expressão gentil da Doutora, nenhum dos dois brutamontes parecia ter gostado do pedido, e até tentaram convencer a Doutora de não fazê-lo. Afinal, o palhaço já havia dado muito trabalho nas últimas vezes em que entrara em tratamento. Ela era teimosa, estava convencida de que poderia confiar no Coringa e em suas próprias habilidades como psiquiatra.

  Relutantes e cuidadosos, Frances e Ronn abriram as correias afiveladas que prendiam a parte traseira da camisa branca responsável por segurar os braços do Coringa de forma interpostos um sobre o outro. Ronn afastou-se segurando o cassetete, pronto para agir caso o pálido maníaco de cabelos esverdeados decidisse surtar naquele momento e atacar seu parceiro ou a Doutora.

  O Coringa parecia divertir-se com todo aquele cenário. O palhaço gostava de sentir o medo das outras pessoas em relação a ele. Era o poder do respeito. Sabiam quem era, sabiam do que era capaz. Um sorriso verdadeiro junto à uma risada rouca surgiu pela autoria do paciente ao olhar para Ronn à sua frente, suando como um porco assustado.

— Fique calmo, coelhinho, eu vou ficar quietinho. – Disse o palhaço, retornando a rir logo em seguida.

  Tendo desafivelado e retirado a camisa de força do paciente, os dois guardas armados tentaram novamente convencer a Doutora Quinzel do contrário antes de saírem da sala e fecharem a pesada porta metálica. Ela novamente se negou forçar o Coringa a pôr a camisa novamente. Queria que ele se sentisse livre.

— Tchau, tchau, sacos de carne. – O Coringa se despedira com um pequeno sorriso e um olhar psicótico enquanto acenava para os dois grandalhões enquanto retornavam à porta, poucos degraus acima de onde estavam.

  Saindo enfim da sala psiquiátrica, pediram para que a Doutora gritasse qualquer problema que houvesse. Agradecendo aos rapazes que lhe ajudara, fechou a porta e ouviu o som da tranca isolá-los do mundo lá fora. Era apenas ela e o homem que mudaria a sua vida.

  Após uma rápida análise do local, e um grunhido peculiar, desceu degrau por degrau, dos últimos que faltavam para, de fato, estar na sala de sua mais nova responsável, enquanto seus olhos esverdeados observavam tudo. Por fim, voltando sua atenção à psiquiatra que lhe acompanhara até ali, com seu olhar comumente perturbador e um sorriso de canto de boca sem mostrar os dentes, tentou fazer um elogio. Não estava acostumado com algo assim. Não ligava para nada assim. Mas estava cansado daquele lugar, e sabia que aquela mulher poderia ser sua saída de lá.

— Bela sala, Doutora Quinzel. – Disse enquanto caminhava até a janela, passando seus dedos pálidos na poltrona de Sueder.

— Obrigada. – Disse a Doutora Quinzel observando as reações de seu paciente com a perícia própria de uma psiquiatra. – É blindada, senhor Coringa. – Ela imaginara o que ele estava pensando.

— Uma pena. – Respondeu, virando-se novamente para a mulher. – Mas, não podemos ter tudo, não?

— Senhor Coringa, não nos apresentamos perfeitamente. – Ela caminhou até ele e lhe estendeu a mão em cumprimento. Estava um tanto suada e trêmula. Estava nervosa, excitada e curiosa.

— Eu não aperto mãos, querida. É melhor assim. – Disse ele de forma fria. – Coringa. Mas, você docinho, pode me chamar de Sr. C. – Dizia enquanto seu sorriso emitia certo inacreditável charme.

— Sr. C. – A Doutora Quinzel gostara da intimidade, mas, talvez não devesse entregar este benefício tão de cara. – Me chamo Harleen Frances Quinzel.

— Harleen Quinzel... – Ele pensou por um segundo sobre o nome que havia acabado de ouvir e então concluiu. – Seus amigos lhe chamam de Harley Quinn, talvez?

— Não tenho amigos, Sr.C. Não preciso. Nunca são o que aparentam ser. – Disse em um tom tristonho. Já havia anos desde que a Doutora Quinzel possuiu algo como um amigo. Hoje em dia possui apenas o seu noivo Robert, nada mais. Não sentia falta, não fazia diferença. Eram hipócritas, como a maior parte das pessoas. Principalmente em Gotham.

— Garota esperta. – O Coringa lhe elogiara com uma seriedade na face. “Harley Quinn. Talvez seja mais interessante do que o esperado” pensou.

— Obrigada. – Ela rira timidamente. – Eu detesto essa camisa de força. É desnecessária, mas, o protocolo ordena que pacientes classes seis e sete permaneçam com ela por durante ao menos quinze sessões e retirem apenas se o mesmo mostrar bom comportamento. – Seus olhos eram jogados para cima e queixo para frente, junto à uma inspiração intensa, mostrando o como achava aquilo absurdo. Acreditava fortemente que teria pleno controle sobre o Coringa. – Enfim, dane-se o protocolo, prefiro assim. Além do mais, eu sinto que posso confiar em você, Sr. C.

— Talvez não me conheça tão bem. – O Coringa voltara à olhar a janela que estava ao seu lado. Não era um belo dia, estava frio e nublado, mas, podia ver carros estacionados, uma estrada e algumas pessoas de jalecos que andavam pelo pátio.

— Por isto estamos aqui, porque quero te conhecer melhor, Sr. C. – Dizia ela, começando a caminhar calmamente em direção a sua poltrona. – O senhor me dará esta chance?

— Você já se sentiu como se fosse apenas um objeto? Apenas outra merda atirada ao nada, por um primata inconsequente? Como se não houvesse um final feliz, e tudo o que acredita é que simplesmente não vale à pena? – Disse ele sem tirar os olhos da vista lá fora. Sua voz era triste, diferente da comum.

  Ela não o pôde responder naquele momento. Ele sabia que não era mera observação, não era apenas silêncio e negação; com certeza era uma forte emoção que só podia vir de uma lembrança tão antiga e cruel que havia enterrado fundo em sua mente, em sua alma. Ele havia acertado em cheio.

— Já se sentiu perdida? Sem nada para amar, sem ninguém para estar ao seu lado? – Andando até à poltrona Divã com um forte semblante tristonho, sentou-se em frente à Doutora Quinzel que parecia completamente imersa em seus sentimentos e lembranças conforme era questionada.

— Sim. Eu te entendo, Sr. C. – Controlando suas próprias emoções, retornou à realidade e aos poucos retomava a visão profissional.

  Respirando de forma mais intensa, ele se deitou na poltrona em que sentava. Ajeitou-se percebendo que a mesma era tão mais confortável quanto o colchão velho em sua cela, e continuou a falar.

— Sabe, eu não me dei nada bem com as outras psiquiatras. Elas não tinham charme, não tinham vida. Eram como máquinas. Engrenagens comuns, perguntas repetitivas e pré-julgamentos completamente enfunados. – Ele demonstrava um intenso desgosto a respeito de seus psiquiatras anteriores.

— São orgulhosos, Sr. C. Acham que são especiais. Eles não te entendem. – A Doutora Quinzel lamentava.

— Que tipo de jogos mentais você pretende agora, Harley? – Ele a olhava enquanto deitado confortavelmente. Sua expressão era de um deboche desafiador.

— Eu não vou fazer jogo nenhum, Sr. C. E por favor, me chame de Doutora Quinzel. – Ela insistia, embora cada vez mais, sentisse menos necessidade disto. Por algum motivo, se sentia confortável com aquele homem insano. Mesmo não o tendo conhecido há tanto tempo, mesmo que nunca houvesse conversado de fato com ele, sentia que de alguma forma o conhecia. Apesar disto, sabia também que aquele homem era perigoso; não o subestimava, apenas de certa forma, o admirava.

— Doutora Quinzel, você sabe o porquê eu tenho essas cicatrizes? – Disse ele, passando a língua levemente nas pequenas cicatrizes que tinha nos cantos da boca. Eram quase imperceptíveis naquela pele pálida, mas, depois que via, eram claras como um borrão numa tela em branco. Duas cicatrizes, quase como linhas finas, se não fossem pelas irregulares brutas e elevadas que saltavam a pele e se extendiam até um ponto não muito distante dos cantos dos lábios, encontrando sua ponta de extensão próxima das bochechas, ultrapassando apenas um pouco o sulco nasolabial.

  Ela nada disse, apenas o observava com plena atenção, sabia que era apenas uma pausa dramática para sua história. Se verídica ou não, ela julgaria ao término de seu conto. De qualquer maneira, a Doutora Quinzel pôs-se mais à frente, reclinada na direção do seu paciente, para que sua atenção estivesse completamente voltada a ele. Era a hora do show, e o palhaço era a estrela.

  Ele grunhiu como um gato novamente, e passando a ponta do dedo médio sobre a cicatriz do canto direito da boca, demonstrou estar emergindo uma dolorosa lembrança, coberta de ódio e tristeza.

— O meu pai, era um bêbado... E um drogado. – A Doutora Quinzel podia ver o quão grande era a sua raiva pelo pai. Talvez houvesse sido a semente de todo o mau. – Um dia, ele chegou em casa mais bêbado do que o normal. Minha mãe nunca fora uma mulher muito presente, realmente. – Sua raiva parecia ser menor pela mãe do que pelo pai. Seu tom de voz ao falar dela era mais como uma lamentação dolorosa, do que um punhado de fúria. – Ela estava na cozinha, naquele dia. E ele, chegou cambaleando. Fedendo. Como um porco. – Seu tom era como de alguém que presencia algo grotesco e inadmissível. Ele mostrava um enorme repúdio. – Ela não ligava! – Seu tom havia aumentado agora, com uma dolorosa lamentação furiosa, ao mesmo que coberta de doçura e admiração. – Para ela, havia apenas ele, ela apenas vivia para ele. Era admirável. Mas, ele? Ele chegou quebrando algo, como sempre. Seus surtos e xingamentos eram comuns, estávamos acostumados, infelizmente.

  A Doutora Quinzel sentia como se a história fosse tremendamente familiar para ela. Como se ela mesma houvesse presenciado toda a história. Sentia uma empatia tamanha pelo paciente, sentia a sua dor.

— Eu o olhava de algum lugar, enquanto ele andava aos tropeços de um maldito bêbado até a cozinha. – Soltando o ar com força, retornou a sua narração. – “Hei, querida!” Ele dizia. Eu me aproximei com cuidado. Aquela mulher nunca fizera nada por mim, mas, eu sentia que deveria protegê-la. Então um passo de cada vez eu me aproximei da cozinha. Ele havia começado a gargalhar. Eu não entendia aquilo. Eu pude ver o como ela estava assustada, e tentou se afastar. Havia algo errado, ela, que era tão apaixonada, podia sentir. – Como se não compreendesse algo, balançou a cabeça com uma expressão de inconformidade. – Eu não pude fazer nada. Fiquei ali parado. – Agora gesticulando, como se encenasse o que havia visto, ele continuou. – Ele a pegou pelo pescoço, e apertou. Ela estava vermelha. Nunca havia visto algo como aquilo. Então, enquanto gargalhava, ele pegou uma faca. Provavelmente estava em cima da bancada. Ele pôs dentro da boca dela, enquanto a colocava contra a parede sem largar o seu pescoço. Ela se debatia e chorava.

  Sentindo seu coração bater cada vez mais forte e acelerado, a Doutora Quinzel não pôde evitar engolir em seco com a narrativa. Lágrimas nasciam em seus olhos ao imaginar o pequeno Coringa encolhido, estático, observando tudo aquilo. Agora sabia de onde vinha todo aquele ódio.

— Ele ria enquanto colocava a faca em sua boca. – Continuou simulando a cena com seus gestos. – Ela olhou para mim nos últimos segundos. Não como olhara todas as outras vezes, como um monte de merda inútil, e sim com... Algo mais. – Agora seus gestos diminuíam, e ele apenas fez um leve jogar de pulso com os dedos semi-esticados enquanto terminava o cenário que descrevia. – Ele à cortou. Do canto da boca, até a orelha. Ela sangrou tanto...

  A Doutora Quinzel não pôde evitar puxar o ar com força. Sua respiração estava ofegante. Era doloroso e amedrontador imaginar aquela cena.

— Foi então que eu ganhei essas cicatrizes. Ele havia percebido o olhar da mamãe, e o acompanhou até me encontrar do outro lado, escondido próximo a porta. Deixou ela sangrando, e aproximou-se até me encontrar. Ele vinha devagar, mas, eu não pude correr. – Novamente passou a língua em suas cicatrizes, seguido por um virar rápido de cabeça, pondo o queixo um pouco mais para cima e voltando ao ponto original rapidamente, retornou a sua narração. – “Por que tão sério, filho?” Ele dizia enquanto se aproximava. “Por que tão sério, filho?” Era assustador. Ele me agarrou pela nuca, pôs a faca em minha boca. Eu tremia tanto. “Por que tão sério?”. – Ele batera palmas rapidamente, criando um estrondo sonoro que assustara a Doutora Quinzel naquele momento, fazendo-a retornar à realidade.

  Graças à um impulso inconsciente de fuga, dera um salto disfarçado de sua poltrona, e por causa do susto, ela caminhou até a parte de trás da mesma. Apoiou-se com as duas mãos na cabeceira da poltrona e esticou sua cintura para trás, como se pegasse um ar e reerguesse suas forças.

— Sinto muito. Sinto muito, Sr. C. – Ela parecia triste.

— Eu acho que isso é uma lembrança. Mas, não tenho certeza realmente. – Ele agora parecia estar brincando. “Estava apenas atuando?” ela se perguntou inconformada.

— Está brincando comigo, Sr. C? – Ela o olhara um pouco irritadiça por estar confusa. Teria se comovido por nada? Teria ele mentido para a Doutora Quinzel? A possibilidade do quão facilmente ele poderia manipulá-la emocionalmente não era algo bom para identificar logo em sua primeira sessão com o Coringa, era algo preocupante.

— Oh, não. Eu não mentiria para você, Harley. – Ele balançou levemente a cabeça enquanto olhava para cima e passava rapidamente a língua nos lábios quase incolor. – Digo, Doutora Quinzel.

— Então está mesmo dizendo que não consegue lembrar corretamente? Ou não consegue distinguir a realidade da imaginação? – Talvez houvesse acabado de conseguir uma base por onde iniciar realmente a fundo suas observações.

— Estou dizendo, Doutora Quinzel, que todos nós... – Ele aumentou o tom de voz e em seguida virou sua cabeça para olhar a bela mulher que mantinha seus olhos fixos nele por detrás de seus óculos, cujo lhe criavam um ar intelectual a sua aparência. Com um sorriso, ele continuou. –.... Todos nós temos dias ruins.

— Entendo. – Andou de volta para a poltrona e então retornou a sentar. Embora a conversa estivesse um tanto quanto confusa, ela estava achando tudo àquilo verdadeiramente empolgante, afinal, quando conversar com um paciente de Arkham não era confuso? E ainda assim, esta confusão parecia diferente.

— Me diga... – Ele voltou seus olhos para o teto com um olhar triste e desgostoso, que logo se transformara em um pequeno e estranho sorriso. –.... Você já teve um dia realmente ruim?

— “Um dia realmente ruim?”. – Ela repetiu, tentando lembrar-se de algum.

— A insanidade, minha cara Harley. – Ele balançou a cabeça, e então se corrigiu. – Doutora Quinzel, é como um suicida na beira de um prédio. Ele só precisa de um empurrãozinho. – Ele imitou o gesto leve de um pequeno empurrão, e o que veio em seguida era a gargalhada. Cortou-se apressadamente e o sorriso desaparecera de sua face. Ela percebera, ele tinha vergonha.

— Há algo errado, Sr. C? – Ela podia ver claramente a tristeza e a aparente vergonha com a qual cortara sua própria risada excêntrica.

— Eu estou ótimo! – Ele se sentara pondo apenas uma das pernas para fora da poltrona Divã.

— Me responde uma coisa, Sr. C? Claro que se isto lhe constranger, não precisa responder nada. É apenas curiosidade.

— Não.... Eu não conto piadas. – Ele repensou por um segundo. – Tá bom, tá bom. Só uma! Era uma vez uma garotinha... – Ele começou a encenar com os dedos, ilustrando um personagem andando em algum espécime de terreno criado pela outra mão, mas, fora interrompido pela Doutora Quinzel.

— Não, Sr. C! Eu gostaria de entender... – Ela deu uma pequena pausa, pensando se não seria um assunto delicado. – ... O que houve com o seus Dentes? O senhor usa próteses de metal.

— Meus dentes... – Após uma pequena expressão de nojo e um tocar leve com a ponta dos dedos na boca, ele voltou seus olhos novamente para a Doutora Quinzel. – .... Eu era tão bonito, e agora estou completamente acabado. Cicatrizes, dentes quebrados. Tudo por causa do garoto!

  A Doutora Quinzel não fazia ideia de que não só os dentes quebrados, mas, algumas pequenas cicatrizes em seu rosto, as quais também não havia notado até então, também eram motivos de sua desalegria. Embora aquele homem se dissesse tão “horrendo” por causa de seus danos arrecadados por algum motivo a qual a Doutora Quinzel encontrava-se tão ansiosa para ouvir, ele não era nem de longe de todo este mal. Embora não devesse, a Doutora Quinzel poderia em quesito de beleza, classificá-lo até mesmo como: “Bonitinho”.

— O que houve, Sr. C?

— O garoto prodígio estava me incomodando. – Havia uma fúria intensa em sua voz. Era como se contasse um fato absurdo, o qual discordava imensamente. – Eu tentei aceitá-lo em nossa brincadeira, mas, ele não entendia que, às vezes, os adultos querem ficar a sós! Não é porque alimentamos um cachorro de rua, que queremos adotá-lo! Então eu matei o garoto. E ele, o grandão... – Não pôde conter pequenas risadas ao lembrar-se dos últimos momentos com o menino prodígio no galpão. –... Ele não gostou nadinha. Acho que desta vez, ele não entendeu a piada.

  Sua expressão naquele momento era triste, como se houvesse tido uma briga definitiva com seu melhor amigo. Ele se sentia como se uma barreira impenetrável houvesse sido criada na noite em que tivera sua última “dança” com o cavaleiro das trevas.

— Talvez tenha ido longe demais, não acha, Sr. C? – Doutora Quinzel torcia para não ter dito nada errado com isto. Ela não ficara chocada com a admissão completamente sem culpa do assassinato frio do garoto prodígio, também conhecido como Robin, talvez estivesse acostumada com o auto enaltecimento que os psicopatas geralmente demonstravam, ela apenas não queria magoá-lo, ou cruzar uma linha indevida e provocar algo que não objetivava.

— Ir longe demais é a ideia, minha querida. Uma vez, tivemos uma conversa séria, sabe? E eu disse-lhe: “Se tiver de fazer, faça! Eu só vou parar de fazer quando estiver morto!”. – Ele deu uma pausa rápida e então suspirou longamente. – Eu acho que no fim, não podemos matar um ao outro. Eu contei a ele a minha teoria: eu não vou matar ele, porque ele é divertido. E talvez, ele não me mate, por algum ridículo senso de moralidade.

— Você sente falta dele? – Ela perguntou, sentindo um minúsculo e incomum sentimento tomar o fundo do seu inconsciente. “O que estou sentindo?” Ela se perguntava um tanto confusa consigo mesma.

— Você sentiria falta do seu noivo, se ele lhe deixasse? – Seu olhar era de uma extrema provocação.

— Noivo? Como você... – Ela sentiu um frio esmagar seus órgãos e forçá-la a engolir amedrontada.

— Seu anel, Doutora Quinzel. O anel. – Ele sorrira. – Entenda! – Ele aumentara gravemente o tom de voz enquanto se levantava e voltava rapidamente para a direção da psiquiatra. – Eu não faria mal, eu não poderia te fazer mal. Ao menos que eu ache que você mereça. Por isto, não seja uma garota má. Ou seja, será divertido! Ha Ha Ha Ha Ha! – Sua risada irregular levou-o a se deitar novamente.

  Ela havia levado aquelas palavras de forma doce, quase como uma pequena e obscura declaração de amor. “Ele é tão fofo” ela pensou. Agora mais calma, ela tentou recobrar-se sobre como continuar de forma amena, com cuidado e calma a conversação que parecia estar indo tão bem até ali.

  Lembrou-se em um pensamento inapropriado, do porte atlético do Coringa. Podia ver, mesmo que pouco, sua forma levemente evidente naquela camisa alaranjada, vestimenta comum no Asilo Arkham. Por mera associação memorial, lembrou-se das tatuagens que vira naquela noite em que caminhara pelo corredor infame antes de ir para a casa no final do expediente.

— Suas tatuagens. Como são realmente? Eu mal pude enxergar naquela noite. Gostaria de poder vê-las melhor, se quiser me mostrar, claro. – Por algum motivo a qual não entendia, falara mais rápido do que era desejado. Parecia animada e ao mesmo tempo tímida, era como se esquecesse por alguns momentos sua relação profissional com o paciente e voltasse a ser uma estúpida adolescente. “Por quê?”.

  Era estranho para a Doutora Quinzel não entender o que sentia, afinal, estudou muitos anos justamente para entender as emoções e sentimentos humanos, assim como suas interpretações. Em relação a seus próprios sentimentos, sempre fora mais confusa, perdida. Era como navegar em meio ao mar aberto, um oceano caótico e confuso, sem uma direção correta. Agora sentia que não era a única.

— Eu gostaria de mostrar para você, Doutora Quinzel. Tenho certeza que achará interessante. – Ele sorria como uma criança com um segredo.

— Interessante? – Ela ficava ainda mais curiosa.

— São lembranças, minha querida. Desde que morri, marco meu corpo com algumas lembranças. Só as mais importantes estão em mim. – Ele se aproximou mais da mulher que lhe ouvia. – Minha própria autobiografia.

— Incrível. Ficarei ansiosa... – Ela então percebera o que ele havia dito. – Desde a sua morte, Sr. C?

— Ah, sim! Eu já estive morto uma vez, Doutora. É muito libertador! – A forma como aquele homem falava era completamente sensual, como se lembrasse de algo prazeroso e tentasse te arrastar para o que quer que fosse. – Deveriam pensar nisto como uma terapia! – Ele gargalhava alto.

  A Doutora Quinzel não pôde evitar soltar um pequeno risinho. Mas, logo se concentrara numa tentativa de se controlar para não perder a serenidade analítica que tentava manter. “Vocês não são amigos, Harleen... Ele é seu paciente.” Ela se forçava a lembrar.

  O cômico paciente a sua frente retirara rapidamente sua camisa para mostrar as tatuagens que cobriam o seu corpo. Levantou-se em frente a Doutora Quinzel, quase em um gesto erótico e sedutor, então, em silêncio, deixou-a observar e admirar as imagens que pintara por toda sua pele sobre músculos bem definidos.

— Impressionante. – A Doutora Quinzel observava com um pequeno mordiscar do lábio inferior. Não pôde evitar passar a ponta dos dedos no corpo escultural daquele homem, mas, logo se retraíra e com um engolir seco, encolheu-se de volta à poltrona.

— O desejo já consumiu você, Doutora Quinzel? – Ele brincava com ela. Ele à provocava.

— Qual destas conta sobre o como você veio parar aqui, Sr. C? – Ela perguntava ainda buscando em meio às diversas tatuagens, qual seria a da história contada ainda há pouco.

— Acho que eu ainda não pude fazê-la. – Disse de forma irônica. – Até pedi para o velho Arkham enviar um tatuador para a minha cela, mas, bem, sabe como é... – Ele levantava os olhos e fazia uma expressão de deboche com a boca. - Lâminas, tintas, eu, outra pessoa, vítima, morto. O velho Arkham não estava nem um pouco a fim disso.

— Claro, tolice minha. – A Doutora Quinzel percebeu uma oportunidade. – Senhor Coringa... Digo, Sr. C.

  Ele agora se sentava novamente na poltrona Divã negra e observava a Doutora Quinzel maquinar, formular algo que ele sabia ser interessante.

— Faremos o seguinte: eu vou tatuar o senhor. Eu vou fazer a sua lembrança em alguma parte de sua tela pessoal. – Ela parecia animada. – Seria incrível, não acha? Seria uma honra, para mim.

— O que faz pensar que o velho Arkham iria deixar trazer para perto de mim, lâminas? – O Coringa se perguntava o porquê ela parecia não ter noção alguma de o quão perigoso ele é.

— Ah, qual é, Sr. C! Vamos! Vai ser legal! Ele não precisa saber. – A Doutora Quinzel estava disposta a começar um segredo com o palhaço.

— Garota, você é maluquinha... – Um sorriso em seus lábios. – Adorei!

— Então está certo, Sr. C! – Doutora Quinzel se levantara de sua poltrona e olhara o relógio em seu pulso. Havia passado uma hora e dez minutos desde que entraram naquela sala. Nenhum acidente, nenhuma agressão, nenhum descontrole. O primeiro dia havia sido um sucesso. – Vamos, Sr. C, por hoje é só.

  Ele se levantara da poltrona Divã, e enquanto voltava a vestir sua camisa, caminhara ao lado de sua psiquiatra até a pequena escadaria que levava ao portão metálico, passagem para o outro lado. Mesmo ele tendo pensado que ela seria só mais uma psiquiatra estúpida que buscava apenas os próprios interesses, agora sentia que ela poderia ser mais que um mero objeto passageiro. Para isto, ela ainda teria de descobrir a si mesma; era óbvio que a verdadeira mulher, a verdadeira Harleen Frances Quinzel, estava perdida dentro de si mesma. Ela não é quem deveria ser, ele sabia. Até lá, se houver tal possibilidade, ela serviria como um ótimo brinquedo, e no momento certo, sairia daquele pútrido asilo.

  Quinzel passara seu cartão de acesso na pequena máquina responsável pela tranca eletrônica da porta, e com um som de bip, prosseguido pelo girar de alguma engrenagem e o som nítido da tranca se recolhendo, a porta se abrira. Imediatamente, os dois seguranças adentraram a sala e com uma rápida análise, conferiram que nada havia sido quebrado, a Doutora Quinzel estava bem e o paciente parecia ter se controlado a sessão inteira. “Estranho.” Ambos pensaram.

— Chofer, vocês sabem para aonde vou. Preparem o carro. – Ele os provocava, e eles caíam.

— Cale a boca, palhaço. – Ronn segurava o paciente enquanto Frances o vestia com a grossa camisa de força. Em questão de poucos minutos, estavam prontos para ir.

  No corredor infame, onde os mais perigosos pacientes da “Ala C” viviam, o palhaço do crime de Gotham era empurrado escada abaixo, passo a passo, até sua cela nada confortável.

  A Doutora Quinzel acompanhava o trajeto do insano psicopata, guiado pelos dois enormes seguranças de Arkham responsabilizados pelo trajeto do paciente e cuidados com a psiquiatra. Não faltava muito para chegar à cela, para acabar seu pouco tempo do dia com o curioso palhaço, e já estava ansiosa para o próximo dia de trabalho. Havia sido incrível, e sabia que continuaria sendo.

  Chegando à sua cela, o Coringa chamou pelo nome da Doutora Quinzel, o que fez com que ela retornasse de seus profundos pensamentos e recapitulações daquele dia. Ele aguardou até que ela se apressasse e se aproximasse até ele. E ela o fez. Rapidamente estava ao seu lado, mas, ele já estava sendo empurrado para dentro da cela. Uma das normas rígidas do protocolo era que nenhum psiquiatra poderia entrar na cela de um paciente do corredor infame, ou qualquer outro paciente classe cinco, seis ou sete.

  Os rapazes se adiantaram e com certa brutalidade tiraram a camisa de força que antes havia vestido no paciente. Empurrando-o contra a parede, fazendo-o quase cair ao chão, se afastaram até estarem quase fora da cela.

— Já ouviram aquela história, onde a casa de dois homens pega fogo? Acho que a mãe do Ronzinho não iria ficar muito bem de preto. Toda de preto! – Ele começara a rir. – Entenderam? Queimadinha! HA HA HA HA HA!

  Finalmente a porta da parede de vidro fora fechada e o som dentro da cela tornara-se completamente abafado e inaudível. A Doutora Quinzel se aproximou da parede de vidro, e apertou o interfone comunicador, curiosa com o que o Coringa tinha a dizer anteriormente, antes de ser interrompido e arremessado dentro da cela.

— Sr. C, você queria me dizer algo? – Ela sorria para ele. Era tão linda! Mesmo para um homem completamente insano, ele podia ver a sua beleza.

  Aproximando-se até a altura do interfone, ele a respondeu com um sorriso encantador:

— Você disse que não tinha amigos. Agora você tem um, Harley. Agora você tem um. – Ele sorria para ela.

— Sério, Sr. C? Você quer ser meu amigo? – Ela estava impressionada! Aquilo, afinal, era incrível! Mas, por quê? Ela sabia, tinha de haver algo, psicopatas, principalmente do tipo do Coringa, não tinham amigos. Não se interessam por tal ideia, exceto vezes que esta amizade pudesse trazer algum benefício.

— Ah, sim, querida. Eu gostei do que ouvi sobre você hoje, eu gostei de você. Principalmente do seu nome: “Harleen Quinzel”! – Agora com os dois dedos indicadores nos cantos dos lábios, ele continuou. – É um nome que põe um sorriso no meu rosto! HA HA HA HA HA! – Ele se afastara lentamente enquanto gargalhava, esticando os braços vagarosamente no ar e jogando sua cabeça para trás em um movimento bastante teatral.

  A última visão do Coringa que a Doutora Quinzel tivera naquele dia, fora o seu olhar insanamente apaixonante e seu sorriso contente, agora mostrando todos os dentes sem esconder nenhum. Ela teve de deixá-lo para continuar o seu trabalho, afinal, teria de entregar um relatório ainda naquele dia para o Diretor Arkham. Apenas se perguntava como poderia descrever o paciente que acabara de entrevistar em sua sala. Para ela, ele ainda não poderia ser classificado de forma alguma, seu perfil parecia mutável, mas, ele com certeza não possuía de forma alguma algo como personalidade múltipla, como havia sugerido uma de suas anteriores psiquiatras.

  No fim, apenas o que havia para transcrever em seu relatório, eram as lembranças que o Coringa lhe contara, sendo reais ou não, era o que tinha naquele momento. As tatuagens também são um informativo importante no relatório. Pôde ver com mais atenção cada uma delas, e embora não soubesse seus devidos significados, sabia agora que se tratava de lembranças. Ainda havia muito para conhecer daquele homem.

  A Doutora Quinzel se perguntara enquanto retornava a sua sala, se alguma das outras psiquiatras havia chegado tão longe quanto ela foi capaz no primeiro dia. “Ele disse que é meu amigo!” ela não conseguia tirar aquelas palavras da cabeça. Estava feliz, sentia-se renovada e mais próxima de seu objetivo.

  No caminho de volta, enquanto no elevador, um dos seguranças não pôde evitar preocupar-se novamente com as ações impensadas da psiquiatra. Ele podia ver o quanto ela estava feliz com os resultados, o que significava que havia sido uma ótima sessão, mas, ele sabia, o Coringa estava jogando, apenas isto. Não demoraria muito e aquela linda mulher se tornaria a próxima trágica vítima do palhaço psicótico.

— Doutora Quinzel... – Frances não queria arruinar o estado de felicidade atual da Doutora, e tinha medo de como ela reagiria, mas, não foi capaz de se conter. -... Você não deveria ficar tão próxima dele. Muito menos retirar a camisa de força.

— Frances, certo? – Ela reconfirmava o nome do segurança olhando seu crachá. – Desculpe, mas, não preciso de um sermão. Você é pago para me proteger dos pacientes psicóticos, e eu para entendê-los. Eu sei muito bem do que o Coringa é capaz, e ainda assim... – Ela sorrira para ele e então voltara seu olhar de volta à porta que estava prestes a abrir. – .... Estou bastante segura do que faço. Não se preocupe, ele não vai me cortar, ou seja lá o que você acredita que ele possa fazer contra mim. Ele é meu amigo! – Esta última afirmação pareceu tão absurda para Frances, quanto para Ronn, e ambos torciam para que houvesse sido apenas uma brincadeira, mas, a verdade é que ela apenas saíra, sem qualquer propósito ou sentido racional, ela apenas existia e escapara dos lábios daquela mulher.

— A Doutora ainda vai acabar mal. – Ele insistiu, o que começou a estressar a Doutora Quinzel. Estava cansada daquele assunto, eles não compreendiam nada.

— É como eu disse, Frances: você é pago para proteger, não para falar. – Aquela frase havia sido como um pesado machado cravando o crânio do segurança de forma extremamente violenta, forçando-o a se calar.

  O segurança sentia-se ofendido, mas, ela estava certa afinal. “Pago para proteger, não para falar” naquele momento, embora calado, ele a agredia verbalmente da forma mais intensa e cruel possível. Um silêncio tenso permaneceu até o último passo no caminho para a sala objetivada. “Agora eu entendo a decisão de autotransferência do agente Luca. Essa mulher é louca!” Frances pensara sem expressar ou deixar transparecer o que sentia e pensava.

  _________________________Coringa________________________

  De volta à sua cela, ele podia sentir o desconforto comum daquele espaço pequeno e cinzento que lhe rodeava. A sua pequena e retangular cela, onde a todo momento estava exposto, era o mais forte sinônimo de desaconchego.

  Sentando-se em sua cama, refletia e recapitulava o que havia conversado, dito e contado para a sua mais nova psiquiatra. Seus lapsos de memória, contavam histórias as quais nem ao menos sabia se eram reais, mas, por algum motivo, algo a qual detestava, sentia-se um tanto quanto emotivo sobre o seu passado, sobre quem era antes de ser quem é agora.

  Para ele, o passado não importa mais, mas, então, por que sentia tanta fúria, tanto pesar, ao lembrar do pequeno Coringa de incontáveis anos atrás? Realidade ou fantasia, aquilo era perturbador mesmo para ele. “Não foi neste momento que me tornei quem sou. Não foi quando me tornei mais forte, quando quem quer que eu fosse, morrera.” Ele pensava.

— Mas, que maldição! Isto não é divertido! – De forma completamente impulsiva arremessou seu travesseiro na parede de vidro.  Deitando-se naquele colchão barato, com seu olhar perdido no teto completamente acinzentado, voltou seus pensamentos aos momentos finais antes de ser jogado naquele lugar. — Aquele olhar...– A imagem da expressão furiosa e descontrolada do cavaleiro das trevas, mais precisamente de seu olhar quente e sanguinário, passava como um abraço caloroso em sua mente. – .... Eu precisei fazer. Eu quase consegui, não é mesmo? Eu só queria que você ultrapassasse a linha!

  Todo criminoso de Gotham tinha um objetivo a qual seguia com toda sua força: Dinheiro, drogas, homicídios, fosse pela simples necessidade doentia de matar, ou por vingança, eram os mais comuns dentre todo criminoso, fosse um simples bandido de esquina ou um dos grandes como o espantalho ou o Bane. Para o palhaço, tudo isto era uma besteira tremenda.

  Sua visão artística da verdadeira criminalidade e sua ideologia anárquica eram as responsáveis por sua visão caótica, porém, verdadeira da sociedade. Não se importava com dinheiro ou drogas, não buscava fama ou glória, só queria fazer o que queria fazer.

  Ele lembrava bem, havia surgido há alguns anos em Gotham. Como uma doença que tem início em sintomas pequenos e aparentemente inofensivos, até que se estabelecem como um câncer e corrompem até à última célula do corpo, apodrecendo-o vagarosamente. Hábitos simples, crimes comuns, logo se tornaram extremamente tediosos para ele. Sua fórmula aleatória de fazer o que dava na cabeça, com uma maestria quase planejada fazia com que não pudessem pegá-lo, logo, a adrenalina sobre o que fazia, baixava, tudo se tornou repetitivo e simples demais. Mesmo quando dava as pistas, mesmo quando jogava na cara da DPCG e gritava onde estaria e quando estaria, ninguém sabia como agir! Eram péssimos dançarinos.

  Foi então que ele surgiu. Como uma sombra completamente demoníaca, em meio ao silêncio, desafiando o caos com sua moralidade deturpada, passos rítmicos que podiam facilmente acompanhar a aleatoriedade do dançarino, o inesperado sombrio cavaleiro acertava-lhe criando um ideal equilíbrio. Caos e ordem, agora caminhavam juntos em uma eterna brincadeira.

  A realidade é que não foi amor à primeira vista, infelizmente. Já haviam se conhecido antes, mas, eram outros tempos. Não era quem é agora, era outra pessoa. Uma pessoa qualquer. Se bem lembra, foi em seu primeiro encontro com aquele homem completamente sombrio, que teve a oportunidade de dançar com o diabo sob a luz do luar. Uma trágica, porém, memorável dança que o transformou plenamente.

  Sobre esta lembrança em particular o seu corpo havia sido marcado, não apenas em relação à mudança física e mental que sofrera naquela noite, mas, sim a primeira tatuagem que fizera para que pudesse lembrar de quem era.

  Depois de sua completa transformação, ou como gostava de chamar, sua morte, não passara muitos dias até perceber que suas memórias anteriores se apagavam aos poucos. Quem era antes morria lentamente e de forma completamente indolor. Era assustador no início. Agora não mais.

  Um crânio com enfadonho chapéu de bobo da corte fora sua primeira tatuagem. Marcava a morte e o renascimento sobre quem era e o que havia se tornado. Poético, artístico, insano. As por seguintes tatuagens vieram com o tempo, conforme crescia e amadurecia. Muitas eram sobre seu crescimento no mundo do crime e os encontros predestinados com o homem-morcego.

  A Doutora Quinzel o havia tentado ao dizer que faria sua tatuagem. Tais marcas haviam se tornado de certa forma, preciosas para ele. Era uma forma de relembrar quem é. Sabia exatamente o que queria lembrar-se daquele último encontro. A perda da beleza, o abandono em Arkham, as noites mal dormidas, eram danos colaterais ao tentar fazer o Batman sair de seu cubículo moral. Sentia-se magoado.

  Havia decidido deixar que a Doutora Quinzel o conhecesse mais do que qualquer outro já o havia conhecido. Talvez até mais do que o seu parceiro de dança. “Ele me trocou por aquele garoto. Eu mostrei que era único, e ainda assim ele me trancou aqui. Talvez seja à hora de uma nova parceira.” Ele pensava de forma decidida e mal-humorada.

— Harley Quinn. Vamos nos dar muito bem, querida. Tenho certeza. – Ele gargalhava completamente só naquela cela, acompanhado meramente de sua insanidade, sem ser escutado por ninguém lá fora.

 _______________________Quinzel________________________

  Doutora Quinzel terminava seu relatório diário para que fosse entregue ao Diretor, como comumente fazia. Desta vez, diferente de todos os relatórios anteriores, ela escrevia sobre o mais perigoso psicopata que já havia tratado.

  O homem com quem ficara a sós mais cedo era tão mais triste e intenso do que imaginava, que toda a violência que exercia parecia agora fazer total sentido. Embora a análise fosse substancial momentaneamente, havia criado um relatório excepcional, o qual sabia que agradaria demasiadamente o Diretor Arkham e acrescentaria um peso tamanho a seu curriculum e a sua carreira. Ansiava pelas próximas sessões, onde poderia desmembrar e compreender intensamente o Coringa. Não só sua carreira parecia decolar, mas, também sentia que sua autoestima aumentava de alguma maneira.

  De qualquer forma, após as declarações do Coringa sobre seu triste passado e sua frágil capacidade de lembrar quem era, a Doutora Quinzel havia mudado completamente o seu objetivo final sobre aquela terapia. Não mais se tratava de estudar o príncipe do crime de Gotham, nem da sua carreira ou qualquer outro objetivo pessoal, a partir daquele momento, ela queria salvá-lo.

  O Coringa parecia enterrado em um lamaçal de decepções e agonias, angústias do passado. Camadas sobre camadas, o que lhe forçou a fugir para a completa insanidade. Uma válvula de escape para uma vida falha. Ainda havia muito que entender, mas, já acreditava poder ver claramente: “O pobrezinho é uma vítima da tragédia” concluíra seu entendimento.

  Tendo aprontado o relatório, bastava apenas imprimi-lo e poderia levar para o Diretor. Mesmo que tal relatório estivesse salvo nos arquivos privados e compartilhados de Arkham, Jeremiah era um homem tradicional e gostava de ter aqueles documentos em mãos. Planejava assim que estivesse na sala principal da torre central, agradecer ao Diretor pela oportunidade e pedir o relatório completo de todos os psiquiatras que já estiveram responsáveis pelo tratamento do Coringa.

  O diretor havia lhe entregue em sua última visita, uma série de documentos sobre os psiquiatras anteriores, mas, eram meros resumos técnicos que abrangiam fichas profissionais e partes dos relatórios originais. Apenas havia conclusões finais nos documentos obtidos, e não era isto o que a Doutora Quinzel necessitava atualmente. Ela precisava das falhas.

  Saindo de sua sala, sem sequer olhar os seguranças, andou até o elevador que a levaria para o andar superior onde poderia passar pelo corredor de ligamento e enfim adentrar o prédio principal, a “mansão”, onde ficava o Diretor Arkham.

  No elevador, enquanto aguardava o som reconhecível do sinalizador responsável pela indicação de chegada ou partida dos andares, em específico o andar pretendido, a Doutora Quinzel revisava ambos os relatórios. Podia notar, em seu âmbito pessoal, que ler o relatório a respeito do paciente Logan Howard, sequer era tão empolgante quanto à leitura do mais infame criminoso, o Coringa. Havia uma disparidade enorme entre os dois. Níveis completamente diferentes. Podia agora compreender verdadeiramente a diferença entre um paciente classe três e um paciente classe sete.

  Agora era capaz de ver que a real diferença entre as classes não era seu nível de violência, o crime que cometera em liberdade, a dificuldade do tratamento ou a possibilidade de surto, mas, sim o grau de interesse que cada um poderia criar em seus responsáveis analíticos.

  Assim que a porta metálica do elevador se abrira, a Doutora Quinzel vagara distraída pelo corredor enquanto lia os relatórios. Estava tão imersa no que havia descrito em seus relatórios, que mal percebeu a velocidade com a qual cruzava o corredor de ligação.

  Tal ato não parecia ser incomum dentre os psiquiatras de Arkham, pois naquele instante tropeçou com outra psiquiatra e ambas chegaram muito perto de tombarem juntas ao chão. Equilibrando-se com suas próprias forças, uma capacidade antiga e ganha com muito treino e esforço pela antiga Harleen F. Quinzel quando mais jovem, segurou a colega de trabalho que acidentalmente derrubou, ajudou-a a se levantar e recompor-se.

  As folhas dos relatórios de ambas haviam caído e se espalhado em um misto de branco no chão. Com pressa, em meio a pedidos de desculpas, ambas se ajudaram a organizar e dividir a papelada misturada. Infelizmente, Jeremiah Arkham pedia para que nenhum dos funcionários grampeasse o relatório escrito ou impresso; Uma mania organizacional que havia obtido com o passar dos anos. Tal mania que muito provavelmente havia ganho quando anos atrás não pôde usar parte de um relatório para sair impune na justiça a respeito de um método grosseiro e desumano que testara, por que a parte que poderia livrar sua carreira de um baque e uma perda financeira, estava grampeada com outras partes que fariam o contrário. Decidindo então não usar nada daquilo, fora julgado culpado e teve de pagar uma fortuna milionária para a família do paciente. Após o julgamento, saíra de Gotham por três anos até que sua carreira se estabilizasse novamente e o assunto fosse abafado.

  Enquanto eram recolhidas as folhas dos relatórios, em meio ao silêncio culpado de ambas, a Doutora Quinzel acidentalmente lera o nome da paciente a qual o relatório da psiquiatra à sua frente se referia: “Pamela Lillian Isley”.

— Belo nome, Lillian Isley. Diferente. – Comentou em uma tentativa de quebrar o gelo.

— O que? – A psiquiatra demorou um segundo antes de entender ao que a colega se referia. – Ah, sim! Claro! Lindo. Ela também é muito bonita! Prefiro este ao outro nome.

— Prazer, sou Harleen Quinzel, psiquiatra da “Ala C”. – A Doutora Quinzel se apresentou.

— Daniele. – A psiquiatra apertara a mão da Doutora Quinzel. Daniele era morena, pele latina, olhos escuros e um sorriso tímido, porém simpático. Parecia uma boa pessoa. Quinzel pensou por um segundo se não deveria tentar criar alguma amizade com aquela mulher. A conversa com o Coringa sobre o assunto, realmente à havia afetado.

— Novamente, Desculpa pelo acidente. – Lamentou a Doutora Quinzel. – Você está levando o relatório para o Diretor?

— Sim. E vejo que você também está. – Uma análise óbvia feita meramente para dar prolongamento ao assunto. – Agora que nossos caminhos se cruzaram, tudo bem irmos juntas?

— Claro! Seria adorável! – Disse Quinzel demonstrando estar confortável com a idéia, embora talvez um pouco incomodada. Algo dentro da Doutora Quinzel queria se afastar. Sabia que não daria certo, mas, negou esse instinto fortemente.

  As duas mulheres caminharam até o elevador central que levaria a sala do Diretor Arkham, e não puderam evitar conversar até lá. Daniele descrevia sua paciente detalhadamente em questão de aparência para a Doutora Quinzel, demonstrando uma necessidade de provar o quão bonita era a mulher a seus cuidados.

  A Doutora Quinzel não se sentia desconfortável com os muitos elogios da Doutora Daniele a sua paciente, mas, se autoquestionava se por algum acaso, Daniele não estaria a demonstrar traços de uma personalidade homoafetiva, ou variável. Algo familiar a sua própria biafetividade descoberta durante os tempos de faculdade, apenas. Ela era interessante, devia admitir. A timidez vista nos primeiros segundos ao derrubar por acaso sua papelada, desaparecera havia alguns minutos enquanto aguardavam a chegada do elevador.

  Em determinado momento, um pouco antes do elevador chegar até elas, Daniele percebendo estar curiosa, perguntou de forma aberta quem seria o paciente da Doutora Quinzel. Seu nome era o que queria, sem jamais imaginar a resposta surpreendente.

— Coringa. – A Doutora Quinzel respondera com certo orgulho e superioridade.

— O Coringa? – Daniele estava boquiaberta. – Você é uma psiquiatra classe sete? Santo Deus! Eu estou conhecendo uma “grandona”?

— Não, não.... Quem dera. – Lamentou a Doutora Quinzel em meio a risos tristonhos. – O Diretor Arkham apenas aceitou um pedido meu após eu explicar a ele um método que gostaria de testar.

— Um método? Ele apenas lhe entregou o psicopata mais perigoso de Arkham, um classe sete, de bandeja? Só por que você disse ter um método? – Daniele não acreditava.

— Mais ou menos. – A Doutora Quinzel admitiu timidamente.

— E qual o método, posso saber? – Daniele mostrava certa inveja e descrença.

— Ceder o poder. – A Doutora Quinzel forçava seus lábios abertos para baixo em uma expressão de medo do julgamento.

— Ceder o poder? – Daniele ainda estava extremamente descrente. – Você só pode ser louca! Ele vai matar você!

— Não! Ele não vai! – A Doutora Quinzel acabara por ter um rápido descontrole emocional e gritara com a colega de trabalho. – Desculpa.... É que já ouvi muito isto hoje. Parece que duvidam de mim.

— Está tudo bem. – Daniele parecia ter se assustado com o grito ameaçador da Doutora Quinzel.

— Desculpa mesmo, Daniele. Eu sei que ele não vai fazer nada. Somos amigos. – Aquela afirmação da Doutora Quinzel, parecia absurda aos ouvidos de Daniele, mas, apenas fingiu não ouvir e manteve-se em silêncio pelo resto do trajeto.

  Chegando ao corredor da sala do Diretor, a Doutora Quinzel ofereceu o primeiro lugar à entrada para a Doutora Daniele. Ela aceitou e apressadamente adentrou a sala após ser convocada pela voz do Diretor em uma permissão de acesso, como sempre era feito.

  Não demorara muito, apenas alguns minutos até que Daniele saísse da sala do Diretor. Fechando a porta de madeira decorada do Diretor, Daniele passou direto pela Doutora Quinzel, dando-lhe apenas um formal “Adeus”. Se em algum momento houve a possibilidade de amizade, agora não havia mais. Não importava no fim.

  Bateu então à porta do Diretor e aguardou o seu chamado. Três batidas rápidas na madeira e uma espera de quase um minuto até ser permitida sua entrada. A voz grossa e rouca do homem que governava o Asilo Arkham, deu-lhe passagem para a entrada na mais luxuosa e poderosa sala de todo o conjunto de prédios.

  Empurrando a porta para sua entrada, a Doutora Quinzel podia ver a mesma sala, sem nenhuma mudança em todo o seu estilo clássico e ostentador que o Diretor Arkham tanto gostava de manter. Junto a todo aquele poder que emanava dos muitos cantos amadeirados que ali havia, um homem já de certa idade, a observava entrar. Era como um rato entrando cuidadosamente na toca do leão.

  Aproximando-se das cadeiras em frente à mesa de madeira do Diretor, sendo observada a todo momento pelos olhos maduros e sábios daquele homem, sentia como se agora fosse ela a paciente sendo analisada. Jeremiah Arkham era uma lenda; era dito em boatos quando estagiava em Arkham, que o velho era capaz de hipnotizar o paciente apenas com o olhar, e criar um perfil sobre qualquer um tão rápido que parecia estar lendo sua mente.

— Sente-se, Doutora Quinzel. – Ordenou com tamanha seriedade.

— Sim, senhor. – Embora seus relatórios estivessem perfeitos, sentiu-se nervosa como uma adolescente prestes a entregar a sua prova para um professor extremamente rígido.

— Como fora a terapia com o paciente classe sete? – Ele se referia ao Coringa da forma mais formal e incapacitante possível.

— Excelente, senhor. Como planejado. – A Doutora Quinzel estendeu ambos os relatórios para o Diretor.

— Ótimo, ótimo. – Disse ele pegando ambas conjunturas de papeladas.

— Dos dois pacientes, senhor. – Ela esclareceu.

— Logan Howard e o Coringa, vejo. – Ele lia os nomes como se houvesse esquecido por quem a Doutora Quinzel estava responsável.

— Sim, senhor. – Ela aguardou a leitura.

— Acha que pode cuidar dos dois? – Ele a observava por sobre as lentes dos óculos.

— Claramente, senhor. Não há problema algum. – Cuidar de pacientes com alto grau de psicose, demência ou transtornos específicos, não era igual tratar pessoas comuns ou outros pacientes com problemas menores, eles necessitavam de um alto grau de atenção, estudo e análise.

— Está certo, então. Dê-me um minuto, irei ler ambos relatórios. – Ele não havia pedido, mas, sim ordenado. Enquanto falava já havia aberto e iniciado a leitura do primeiro relatório.

  Minutos depois, a Doutora Quinzel em um profundo tédio, observava os mínimos detalhes daquela sala. O olhar fúnebre de uma cabeça de alce no alto da sala, um arranhão numa armadura antiga no fundo, e por último, talvez mais estranho, um pequeno “C”, quase imperceptível, porém bem desenhado com uma fonte gótica numa extremidade da escrivaninha de madeira escura do Diretor. “Coringa?” Pensou curiosa.

— Impressionante. – Elogiou Arkham sobre ambos os relatórios.

— Obrigada, senhor. Vim apenas para lhe entregar. Já vou indo. – A Doutora Quinzel começara se levantar, mas, o Diretor Arkham chamou sua atenção.

— Doutora Quinzel, está sendo promovida para classe cinco. Parabéns. – Embora fosse algo digno de comemoração, o Diretor anunciava de forma completamente fria. Não impedira um sorriso incontrolável no rosto da Doutora Quinzel.

— Puxa vida! Muito obrigada, Diretor Arkham! – Aquele anúncio de promoção lhe pegara completamente de surpresa. O dia estava sendo incrível, e agora havia se tornado perfeito!

— Não me decepcione, Doutora Quinzel. Faça valer o seu aumento de salário e responsabilidade.

— Sim, senhor! Não irá se arrepender. – Ela queria apertar a mão do diretor, mas, conteve-se para não invadir seu arrogante espaço pessoal.

— Agora vá. Tenho de redigitar toda a papelada. – Como uma forma amena de expulsão da sala, o Diretor voltou seu olhar para a papelada enquanto girava sua cadeira para outra direção, encerrando a conversação com sua subordinada.

— Boa noite, Diretor Arkham. Obrigada novamente. – A Doutora Quinzel se levantara e com passos rápidos saíra da sala do Diretor.

  Sentia vontade de rir, gritar, saltear de emoção, de animação! Controlava-se ao extremo para não sair correndo até sua sala e ligar para o seu noivo, ou o que seria um grande erro, sair correndo até o corredor infame, até a cela do Coringa e contar-lhe sobre sua promoção.

  A Doutora Quinzel inspirara fortemente, em busca do autocontrole que quase havia perdido naquele momento em que fora anunciada sua promoção, e expirara em igual intensidade, relaxando os músculos e a mente. “Controle-se, garota! Você conseguiu, mas, não vá sair que nem louca por aí e perder a promoção que acabou de ganhar.” Pensou consigo mesma em uma tentativa de recuperar seu estado normal.

  Caminhando um tanto quanto mais calma até sua sala, a Doutora Quinzel refletiu sobre seu progresso como psiquiatra desde que começara a trabalhar no Asilo Arkham. Devia admitir que enquanto a maior parte se devia ao seu esforço e estudo, uma pequena fração também era devido à empatia que tanto Coringa, quanto à própria Quinzel, haviam criado um com o outro. “No fim, talvez um acabe salvando o outro.” ela pensou sentindo seu rosto enrubescer-se.

  Era uma grande oportunidade, uma honra dada à poucos. Aproximar-se tão fortemente da real insanidade e ser capaz de sobreviver a ela sem nenhum arranhão, e não só isso, como criar uma emoção própria da sanidade em meio ao caos do incerto. Era a prova máxima de sua capacidade. Conforme aproximava-se e tratava do insano, sentia a si própria cada vez mais sã. Sentia que não estava apenas cada vez mais perto daquele homem tão curiosamente espetacular, mas, de si mesma acima de tudo. Podia ver claramente o desenvolver de seu futuro, degrau por degrau até o altar final da plenitude.

  Tudo o que objetivava estava à sua frente, à um estender de braço. Bastava apenas agarrá-lo. Agarrá-lo para continuar a crescer e evoluir. Agarrá-lo para tornar o insano a mais pura sanidade. Agarrá-lo, para salvá-lo. Para salvar a si mesma.


Notas Finais


Alguém aqui está sentindo o cheirinho? Cheiro de problema! Será mesmo que Harleen está tão sã e no caminho certo que acredita estar? O Coringa está dizendo a verdade? Harleen fez mesmo um amigo? Harleen realmente está se envolvendo sentimentalmente com o Coringa, ou faz parte do seu plano? As primeiras peças deste insano xadrez começaram a se mover!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...