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História Love Letter - Você Parece Neve


Escrita por: erasermind

Notas do Autor


Falei que não ia demorar kjadjkdba
Escrevi cinco capítulos em dois dias, isso é um recorde (mas meus dedos estão morrendo em compensação c':)
Esse cap foi difícil de escrever, eu estava com muita preguiça, então me perdoem se tiver algo errado ou se eu descrever poucas coisas. Gosto de me concentrar nas falas ;_;
De qualquer forma, boa leitura! owo

Capítulo 2 - Você Parece Neve


 

Kashizaki Yuto se abaixa e pega a carta que eu daria a ele, ainda estou no chão sem reação observando tudo. Sinceramente, estou com o interior em colapso como um computador com a tela “Error 404”.

- Não pensei que você fosse tão parecido com uma menina a ponto de escrever uma carta de amor – comenta me olhando de cima.

Eu quero matá-lo. Me perdoe, Deus. Vou dar um soco nesse cara.

- Não é uma carta de amor! – berro, levantando e tirando a carta das mãos do intrometido – Você nem leu o conteúdo para saber. É como julgar um livro pela capa!

- Você nem me deixou ler. Por que está gritando?

- Você me chamou de menina! – continuo falando em tom alto, esquecendo que ainda há pessoas à volta.

- Eu disse “parecido”. Preciso ir, você quer me entregar a carta? – diz pendendo a cabeça para o lado, com esses olhos verdes que derretem as coisas ao redor e me fazem desviar o olhar de imediato.

- Você ficou curioso? – cruzo os braços.

- Estou apressado, eu moro bem longe. Se quiser podemos conversar no caminho já que passo por sua casa.

- Quem disse que quero andar com você? Para depois falarem que estou apaixonado, isso é tudo culpa sua que falou para seus amigos alguma porcaria. – resmungo, pegando minhas coisas do chão e correndo na frente do idiota do Kashizaki, sem olhar para trás.

Chego em casa bem rápido, afinal saí correndo. O sol ainda está no céu, é de tarde, hora de tomar um bom café da tarde que minha avó preparou. O único problema é que...

- Eu esqueci minha chave. – suspiro, desapontado sem achar nada nos bolsos – Bem, vou bater e chamar vovó ou meu irmão. Ei! É o Itsuki! Esqueci minha chave e saí mais cedo do colégio!

Por mais que eu bata, ninguém abre, nenhum som é ouvido de dentro da casa. Estranho.

- Ah não! Lembrei. Meu irmão foi fazer um exame médico com mamãe hoje! – suspiro de tristeza, deslizando até o chão e me sentando – Parece que vou ter que esperar. Eles não podem demorar tanto e até que o dia está bonito. Melhor que aquele dia que fiquei preso no pátio com frio.

 

Meia hora depois...

 

- Eu preciso muito ir ao banheiro – digo, andando de um lado para o outro para tentar evitar pensar em urinar, apreensivo – Por que eu não pequei a maldita chave quando saí? Eu sou tão burro.

Cachorros passam por mim fazendo suas necessidades por aí onde querem. Ah, tão sortudos.

- Vou mentalizar que não estou com vontade – fecho os olhos – Pense em outra coisa. Pense em outra coisa. Moscas, balas de goma, patos... Não, pato não! Pato gosta de nadar em água. Ah, água não! Kashizaki Yuto. Argh, como detesto aquele garoto, estava tão alegrinho de conversar com garotas outro dia. Deve se achar o bambambã. Blergh. 

 

Mais dez minutos de espera.

 

- Eu vou fazer meus deveres de casa, eu vou até parar de brigar com meu irmãozinho, mas por favor mãe, apareça. – choro sem conseguir aguentar mais – Isso é uma punição? Aaah, chorar dá mais vontade de fazer xixi!

Um homem abre uma porta do outro lado da rua exibindo o interior da casa iluminada. É uma luz de esperança no fundo do túnel. Não hesito em ir até lá sem muitas opções, os vizinhos são todos muito assustadores.

Depois de ser atacado por um cachorro, fazer xixi no banheiro do vizinho e quase estragar a lata de lixo dele, continuo minha espera interminável na frente da casa.

- Que tipo de lata de lixo tem um botão em cima? – resmungo – Ele nem me convidou para comer. Ai, já é noite. Onde está minha mãe? Ao menos a rua fica bonita de noite.

Meu olhar recai em algo muito interessante. Olho para as campainhas das casas, elas me olham de volta como se pedissem para ser tocadas. Hm, assim eu não resisto.

Como uma criança, começo a correr depois de tocar as campainhas e me escondo dando risadas de olhos fechados com as peraltices.

- O que está fazendo?

Huh? Eu conheço essa voz.

Abro os olhos e tomo o maior susto. Na minha frente se encontra o temido olhar esverdeado de Kashizaki-kun.

- O quê?! O que você está fazendo aqui? – solto a pergunta com pavor, me afastando da assombração em posição de defesa.

- Quem estava tocando a campainha, seus pestinhas? – um senhor irritado aparece nos incriminando com uma faceta ainda mais assustadora.

- Foi ele. Nos desculpe, senhor – admite Kashizaki.

- Oy! Não me entregue!

- Shinoda! – o senhor berra, muito abalado – Você se ver comigo se fizer de novo, eu o conheço de outros carnavais.

Me encolho com um pouco de medo, sem olhar para a aura raivosa do homem. Os vizinhos são assustadores.

- Ufa, ele já foi embora – suspiro em alívio depois.

- Já está tarde, Shinoda. – Kashizaki, no entanto, continua aqui. Por quê? – Ainda não entendi porque está fora de casa.

- Eu esqueci a chave, e daí? – faço bico.

- Se é assim... Por que não vai até minha casa e dorme lá? Vai passar a noite toda fora de casa?

- Eu poderia ir até o hospital encontrar minha mãe se eu quisesse – minto.

- Você tem dinheiro? – parece até que lê mentes. Irritante.

- O que você tem a ver com isso? Quer dizer – pigarreio, pensando que eu deveria ser menos rude – Estava me stalkeando?

- Eu parei para comer na cafeteria ali. Vi você falando sozinho, fazendo expressões engraçadas – ri – É mais interessante que ficar em casa.

- Ora, isso é uma forma de stalkear – faço careta.

- Então, acho que vou indo. Deixar você fazer suas expressões e falar sozinho de forma engraçada – Kashizaki se curva em despedida, resolvendo ir embora.

- Bem! – exclamo antes que vá embora, fazendo-o parar. O que deu em mim? – É que se você insiste... Eu não quero ficar no frio da noite esperando e estou com fome. Sua casa é tão longe assim? 

- É um pouco. – ele diz – Pago sua passagem de trem se você me deixar ler sua carta secreta.

- Aí eu não vou! – o sigo mesmo assim.

- Estou brincando.

A viagem de trem é rápida e silenciosa. Não tenho muito o que falar que seja bom de ouvir, fora que Kashizaki está sempre mexendo no celular. Eu gostaria de saber o que ele faz naquilo, porém não dá para ver e ele não deixa. Não sorri, não expressa nada. Kashizaki pare de ser tão estoico, você parece neve. Será que eu deveria ter ficado esperando?

Chegamos à casa dos Kashizaki. Ela é grande, espaçosa, arrumada. Perto da minha é maravilhosa como a casa de um rei.

- Uau... – expresso, tirando o sapato para entrar no palácio.

- Yuu-chan, você chegou tão tarde, nós estávamos preocupados! – uma voz feminina se revela com um tom de preocupação quando entramos.

Há luzes acesas, mas o lugar parece silencioso demais comparado a minha casa.

- Desculpe, mãe. Fui ajudar um colega. Ele pode dormir aqui esta noite? – explica-se o filho.

“Colega”.

- Claro, claro. Prazer em conhecê-lo – faz uma reverência educada – Sou a mãe do Yuto.

- Shinoda Itsuki, prazer em conhecê-la – também faço uma reverência, tentando parecer educado e apresentável.

Kashizaki-mãe é uma pessoa de aparência amável, cabelos longos e presos para o lado. Tem um olhar de semblante vago e sabe... Triste? É como aqueles sorrisos tristes que damos para esconder que não estamos inteiramente bem. Curioso. 

- Shinoda – o garoto fala de repente, me assustando – Não acha melhor ligar para sua família? Qual o número do telefone?

Arregalo os olhos percebendo o quanto sou um fracassado.

- Eu não sei. – baixo a cabeça em frustração – Nem sei o número da minha casa, me desculpe.

- Nossa. Que desatento.

- Nunca pensei que precisaria – choramingo.

Não é uma boa impressão que estou passando. Me sinto mais inferior que o sofá na sala deles. 

- Espero que eles não se preocupem – reflete Kashizaki.

- Espero que não apareça uma foto minha no jornal amanhã.

Sei bem como é minha família. Eles vão pensar que fui sequestrado ou fugi de casa, ou que cometi suicídio, fui em uma aventura amorosa com alguém, por aí vai. Estou ferrado.

É incrível tudo o que pode acontecer por causa de uma chave.

- De qualquer forma, vou mostrar meu quarto. Venha – decide Kashizaki começando a andar pela casa tão bonita.

- Eu levarei comida para vocês daqui a pouco, garotos – promete a mãe, amigável.

- Obrigado! – agradeço com a barriga roncando – Ah, estou faminto.

Entramos no quarto. Outra surpresa.

Não é bagunçado como um quarto normal! Ou seria só meu quarto que é uma vergonha? Uma cama grande encostada na parede está impecável e arrumada, há uma escrivaninha com uma lamparina e uma cadeira, livros em estantes todos organizados em ordem e cores. Kashizaki, você é um robô?

Não demora muito até a mãe trazer sanduíches deliciosos e algo para beber. Minha fome é saciada e Kashizaki continua no celular. Como alguém pode viver assim?

- Você tem sorte de ter uma mãe tão legal – tento puxar assunto, odeio o silencia – A minha é muito ocupada e nunca trouxe lanchinhos de noite.

- Uma hora você enjoa de ser mimado – comenta, ainda sem tirar os olhos da tela em suas mãos.

- Talvez. – o clima está tão... Distante. Espera, esse clima não existe. Acho que o certo seria dizer que está frio – Não conte que eu dormi na sua casa.

- Hm?

- Você conta coisas para seus amigos e eles ficam fazendo boatos muito ruins – digo olhando para o prato vazio na mesinha em minha frente – Isso é chato.

- Não entendo porque você se importa tanto com boatos falsos. São só palavras.

- Não entendo como você não se importa. Palavras não são tão banais assim! Palavras podem ferir, podem fazer coisas acontecerem, despertar emoções e formas memórias. Palavras são muito poderosas. – falo, discordando da frieza dele.

Naquele celular tem muitas palavras importantes. Ele já deveria saber disso.

Por um momento ele parece estar pensativo, sem olhar para o dispositivo nas mãos e sim para a parece com um olhar vago sem emoção.

- Você então deveria ser mais forte para enfrentar essas palavras.

Seu tom de voz foi macio, calmo, como a neve. Porém foi frio.

- Ahn... Vou ao banheiro – levanto, me sentindo enjoado.

- Primeira porta à esquerda.

Esse garoto me faz sentir como se estivesse doente, sinto febre, estou quente e não consigo nem falar. Não gosto de me sentir assim.

Saio do quarto e respiro fundo, abrindo a primeira porta que vejo pela frente. Essa porta dá em um quarto e não o banheiro, entretanto desperta minha curiosidade. Eu sou muito curioso, se abri essa porta foi algo do destino, não? O quarto é similar ao de Kashizaki-kun, cheio de fotos de um menininho parecido com ele, emolduradas e cheias de pó como se não entrassem nesse quarto frequentemente. Há brinquedos de criança e uma cama bem arrumada como no outro quarto.

- O que é—

- Não entre aí! – uma mão segura meu pulso num súbito e tomo um susto com meu colega de escola, parece apreensivo – Eu disse “esquerda” e não “direita”.

- Desculpe, me confundi. Poderia ser a esquerda do lado contrário – puxo o pulso de volta. O embrulho no estômago retorna – Quem é que dorme nesse quarto?

- Ninguém. Não se meta nas coisas dos outros. – desta vez ele é seco.

Não sei como responder. Kashizaki seco é pior do que calmo, estou desprotegido e isso me dá medo. Então vou ao banheiro sem dizer nada, volto ao quarto e somente decido dormir na cama improvisada no chão que arrumo rapidamente.

Kashizaki guarda muitos segredos. Que irritante, estou curioso. Eu poderia investigar isso, mas me sinto tão estranho perto dele ou mesmo pensando nele... O que é esse sentimento?

/////

Enquanto Itsuki dorme, quem não aguenta sua curiosidade é Kashizaki, que vasculha sutilmente a mochila do garoto e enfim lê a tal carta escrita com tanto sentimento por seu colega.

Palavras são muito poderosas. Ele sabe mesmo ser forte para não se machucar ou se afetar com elas?


Notas Finais


Esse final aí foi para narrar algo que o Itsuki não viu ohohoho
A carta dele será revelada no próximo capítulo xD
O dia que esqueci minha chave foi muito ruim, eu passei horas procrastinando TuT é legal poder escrever o que senti quando aconteceram essas coisas jasdbjkad NÃO ESQUEÇAM SUAS CHAVES, NÃO É LEGAL N
Kashizaki cheio de segredos... Eu também me irrito com gente mexendo no celular e ficando de mistério grr

Até o próximo ~


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