História Love Me Again - Epílogo: Forever

- Ai! Cuidado com isso, Kate! – Zöe protestou.

- Eu tomei. Você devia ter mandado alargar isso.

- Eu mandei, há um mês. Não podia fazer com alguns dias antes.

- Ninguém mandou você engordar alguns dias antes.

- Ei, eu não engordei! – A ruiva fez um muxoxo, mas calou-se perante ao olhar da amiga. – Okay, só um pouquinho.

- Um pouquinho? No seu caso, é modéstia, né? – Rachel ironizou enquanto começava a arrumar o véu na cabeça dela.

- O médico disse que eu não engordaria muito.

- Se fosse apenas um, tudo bem, mas são dois. – Kate disse e Zöe teve que concordar com ela.

Olhou no espelho. A barriga de seis meses já estava bem grande e redonda. Se não bastasse a surpresa da gravidez, quase desmaiou quando soube que seriam gêmeos. Ou melhor, gêmeas. Roman quase surtara quando soubera. Mas aquela felicidade eram o que precisavam depois de um período turbulento.

A família e amigos comemoraram a recuperação da memória de Roman. O doutor Lewandowski – já superado do seu amor por Zöe – constatou que as sequelas haviam sumidos e os flashs foram avisos para a memória voltar por completo. Roman retomou sua vida.

Mas nem tudo foram flores. O câncer de Karin voltou e se espalhou. Nem a quimioterapia e a radioterapia fizeram efeito. Começou a receber cuidados paliativos, sempre acompanhada pela família. Antes de partir, ela abençoou a relação de seus dois filhos com as mulheres de sua vida. E que iria em paz, sem dor. Roman lamentou por não poder recompensar quatro anos de ausência, mas seu pai garantiu que ele sempre estivera lá, apenas não se lembrava.

Kate quase se desestabilizou com essa perda. Pediu mil perdões para a família por não poder curar a matriarca, que havia tentado de tudo. Mas eles não a culpavam. Câncer era uma doença asquerosa que ainda iria prejudicar muita gente.

Zöe nunca mais saíra do lado de Roman. Os dois noivaram poucos dias antes da morte de Karin, numa cerimônia simples, pois a sogra estava muito debilitada para grandes festividades. Ela sabia que não participaria do casamento e as pessoas sentiam isso, mas tentavam garantir o contrário.

Olhando-se no espelho, Zöe sentiu falta das duas mulheres que foram muito importantes na sua vida: Karin e sua mãe, Marlene. Mas sentia, de alguma forma, que elas estavam abençoando aquela união, onde quer que estivessem.

- Está na hora. – Jessie, a meia-irmã de Zöe e dama-de-honra entrou na sala, junto com seu pai. – Ela tinha alguns traços da irmã mais velha.

- Está linda, minha filha. – O sr. Bernstein elogiou a filha, emocionado, dando um beijo na testa da filha.

- Obrigada, pai. – Zöe tentou conter a emoção (para não estragar a maquiagem). Seu vestido era um tomara que caia com corpete branco e saia rendada que cobria um pouco sua barriga entumecida. Não queria arriscar usar salto alto por causa de seu estado, optou por uma rasteirinha branca com adornos perolados.

- Está pronta? – O homem perguntou. E Zöe suspirou antes de dizer.

- Sempre estive. – Ela sorriu antes de enlaçar o braço com o de seu pai.

No altar, Roman andava de um lado para outro, paciente. Zöe já deveria ter chegado.

- Cara, calma. Faltam três minutos. – Marco tentou acalmar o irmão. – E as noivas sempre se atrasam, você sabe.

- Será que ela vai se vingar pelos meus quatro anos de atraso? – Roman perguntou nervoso. Marco balançou a cabeça.

- Acredite. Quatro anos é o que vocês irão recompensar.

Roman suspirou, mas o alívio foi imediato quando a música começou a tocar e as pessoas levantaram e olharam para a porta. Mas, para a sua surpresa, não era a marcha nupcial tradicional. Era outra música.

From this moment life has begun
From this moment you are the one
Right beside you is where I belong
From this moment on

Todos os olharem estavam voltados para Zöe, mas seus olhos estavam fixos na pessoa que a esperava no altar, que vestia um pelo terno de risca de giz, gravata prateada e tinha uma flor na lapela. Como ele conseguir ser tão lindo?

Seus olhos presos uns nos outros como uma conexão invisível e inquebrável. E ela não continuou até o pai da jovem entrega-la para o rapaz a sua frente. Pôde ouvir um “cuida bem dela” sussurrado do pai para Roman, que apenas assentiu antes de conduzi-la ao altar.

Enquanto o padre fazia o discurso sob o olhar atentos dos presentes, um filme passava na cabeça do casal: a amizade, as brigas, os ciúmes, o pedido de namoro, o afastamento pelo acidente, o reencontro depois de quatro anos, as tentativas de consertarem as coisas, a reação de Roman quando descobriu da gravidez de Zöe, que foi mais engraçada ainda quando descobriu que eram gêmeas. Tudo eram lembranças que deveriam ser cultivadas.

E quando os votos foram ditos, tinham a confirmação de que seria para sempre.

- Nunca pensei que um dia estaria aqui, em frente a um altar prestes a me casar e muito menos, com uma pessoa tão maravilhosa. Todos me disseram que logo, logo, esse encanto todo acabaria e que não seria eterno. Eu sei que não! Mas prometo que farei de tudo para seja eterno. Porque eu te amo! É contigo que quero viver até o ultimo pulsar de meu coração e quando isto acontecer não importa para onde eu vá, pois eu irei feliz por ter vivido ao seu lado e compartilhado cada momento lindo da minha vida contigo.

Zöe finalizou tentando controlar a emoção. O momento e seu estado seriam motivos suficientes para ela chorar, mas ela conseguiu segurar as lágrimas o quanto pôde.

- Eu fiquei ausente por quatro anos, quatro anos sem você. Eu pensei que conseguiria seguir em frente, até você reaparecer na minha vida e descobri que estava enganando a mim mesmo. Você pode não gostar, mas eu vou sempre me desculpar por magoar você, nada vai mudar isso. Mas eu prometo que isso jamais se repetirá. Eu agradeço todos os dias por você me amar com todo meu jeito complicado. Obrigado por ser a luz no fim do túnel. E que seja assim para sempre.

Todos estavam emocionados com os votos matrimoniais do casal, cheios de amor e promessas, mas a surpresa maior foi quanto Roman cantarolou:

Thank you for loving me

For being my eyes

When I couldn´t see

For parting my lips

When I couldn´t breathe

Thank you for loving me

Thank you for loving me

Agora Zöe não conteve as lagrimas, como alguns presentes. O padre, também emocionado, continuou a cerimônia até os ditos "Eu os declaro marido e mulher", o que selaria a união. Todos aplaudiram.

O casal foi abraçado pelos padrinhos e saíram da igreja ainda sob aplausos. Agora começariam uma vida nova.

A festa foi num salão perto da igreja. Ela estava bem animada. Zöe dançou bem pouco por causa da sua barriga e Roman ficou ao lado dela o tempo todo. Não via hora de as bebês nascerem.

Todos que faziam parte da vida deles estavam presentes. Seus pais, parentes, colegas de trabalho (Roman havia se tornado advogado trabalhista). Kate sempre de olho na amiga caso precisasse de algo (coisa de médica). Estava acompanhada do marido. Até Robert estava na festa, de olho em uma prima de Zöe. Ela revirou os olhos nisso.

Depois de algum tempo, Zöe saiu do salão por alguns instantes e olhou par céu. Já estava anoitecendo. Se alguém dissesse que tudo ficaria bem há alguns anos, ela riria da pessoa. Mas ela não podia imaginar que sua vida daria várias reviravoltas, que enfrentaria tempestades para depois, contemplar o arco-íris. Nada era perfeito.

- Pensando na vida? – A voz conhecida atrás dela a fez sorrir. Sem se virar, respondeu:

- Sim, pensando em tudo que aconteceu. – Ela suspirou, mas desfez o sorriso: - Gostaria que elas estivessem aqui.

Roman não respondeu. Postou-se ao lado dela e pegou a mão da esposa:

- Eu também – sorriu consternado. Zöe apoiou a cabeça no ombro dele.

- Passamos por tantas coisas para chegarmos até aqui. O que será que a vida nos reserva?

- Eu não sei, querida... mas haja o que houver, enfrentaremos isso juntos – respondeu firme. Zöe assentiu e beijou-o. Nada seria fácil, mas juntos enfrentariam o que fosse necessário.

Há alguns metros dali, duas pessoas observava o casal com ares de felicidade. Haviam cumprido seu objetivo.

- Parece que nosso sonho se realizou – disse uma delas. Era uma mulher ruiva, muito parecida com a noiva.

- Você é muito convencida. – A outra respondeu. Tinha cabelos curtos e lembrava muito o noivo.

A ruiva deu de ombros.

- Mas você também está feliz. – Ela disse olhando para amiga, que suspirou e assentiu:

- Sim, cumprimos nossa parte. Os criamos, educamos, vimos crescer... agora é com eles. Pena que não estaremos aqui para testemunhar isso.

- E quem disse que não? – Olhou para a amiga significativa; ela compreendeu. – Agora vamos. Voltaremos na hora certa.

E, juntas, partiram, com a certeza que voltariam e presenciaram a nova vida de Zöe e Roman de outra forma.