- Você tem certeza que está bem? – Bastian indaga e encara Nina pelo espelho.
- Tenho. – Nina lava o rosto levemente.
- Será que você comeu algo que te fez mal? – ele continua.
- Não sei... – ela começa a escovar os dentes. – Acho que sim... – diz com a boca cheia. Bastian assente e beija a cabeça dela, retornando para a cama.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
No dia seguinte Nina desperta sentindo um toque em sua testa. Abre os olhos devagar e percebe Bastian à sua frente. Ele pega o relógio na mesa de cabeceira e sorri para ela. – Estou saindo, amor...- fala.
- Já? – interroga ainda rouca e com os olhos meio cerrados.
- É... quero chegar cedo... - ele esclarece.
- Hum... – Nina resmuga e fecha os olhos de novo. Bastian percebe que ela estava prestes a dormir mais uma vez. Ri da situação.
- Te amo... – ele sussurra e beija levemente a orelha dela.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Nina desperta mais tarde e mais uma vez sente-se enjoada. Ela corre até o banheiro e após liberar-se, volta meio tonta para a cama. Ainda sonolenta deita-se e apaga. Acorda horas depois ao ouvir a voz de Bastian.
- Nina? – ele estranha o fato dela estar deitada até aquela hora.
- Oi... – ela tenta ajeitar-se na cama. – O que foi?
- Aconteceu algo? Você está deitada até agora!- ele caminha até um dos criados mudos.
- Por que? Que horas são? – Nina busca o próprio celular.
- Uma e quarenta. – Bastian diz. – Eu voltei aqui porque esqueci minha carteira. – mostra o objeto na mesinha.
- Puta que pariu! – ela xinga e se levanta rapidamente da cama. Na mesma hora sente-se torpe. Bastian percebe que ela não estava bem e corre para perto.
- O que houve? – ele a ajuda a se sentar mais uma vez.
- Fiquei tonta. – responde.
- Você precisa ir ao médico, Nina. – Bastian pontua.
- Eu acho que sim... – ela concorda. Após descansar por algum tempo Nina pega o celular e resolve seus problemas. Avisa que não iria ao restaurante naquele dia e em seguida consegue encaixar-se para uma consulta com seu médico de confiança.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Depois de muita insistência Bastian consegue convencer Nina de que sua presença seria essencial caso ela voltasse a se sentir mal mais uma vez. Ele aguarda já impaciente na sala de espera. Vigia o relógio no pulso e também na parede atrás da atendente. Alguns pacientes parecem o reconhecer e o observam constantemente. Ele sorri sem graça para aqueles que se atrevem a encara-lo. Já havia mais de duas horas que Nina estava dentro do consultório.
- Você tem certeza de que está tudo bem? – se aproxima da recepcionista.
- Sim, senhor. Ela já deve estar saindo. – a mulher sorri com naturalidade. Aquilo o deixa ainda mais irritado. Simplesmente balança a cabeça em sinal positivo e volta a se sentar. Poucos minutos depois daquilo Nina sai de uma das portas. Estava branca feito uma vela.
- Tudo bem com você?- ele se aproxima dela preocupada. Nina somente assente. Ela resolve algumas coisas com a secretária e os dois deixam o prédio. – Você não vai me dizer nada? – Bastian indaga já no carro. Ela bufa e olha para as próprias mãos sobre as pernas. – Está tudo bem, amor? Eu estou preocupado... – ele se queixa e prossegue o caminho.
- Bastian, - Nina finalmente quebra o silêncio. – Eu... Eu... – gagueja ao procurar as palavras em sua mente. – Eu estou grávida. – olha para o retrovisor e procura o olhar dele.
- Ahn?! – ele na mesma hora repete o ato dela.
- É. Grávida. – ela repete.
- Mas... mas... – Bastian parecia nervoso. – Como... como assim? Você não... você não... não toma...
- Sim. Eu tomo sim os anticoncepcionais, mas acabei me esquecendo de alguns e não imaginei que isso fosse causar algum problema, já que faço uso contínuo há anos. Aparentemente eu estava errada. – Nina conta.
- Você tem certeza? – ele parece incrédulo.
- Bastian, eu fiquei duas horas dentro daquele consultório esperando pelos exames. É claro que eu tenho certeza. – ela diz. Agora era ele quem estava sem palavras. Os dois permanecem calados o resto do caminho até em casa. A tensão poderia ser cortada com uma faca. Podia-se ouvir o nervosismo nas respirações de cada um. Seguem juntos sem trocar mais nenhuma palavra até o hall de seus apartamentos.
- Você tem certeza de que esqueceu? Como esqueceu? – Bastian questiona assim que saem do elevador.
- Simplesmente esqueci e pronto. É óbvio que tenho certeza que esqueci. – Nina parece irritada. Ele cruza os braços a encarando de frente, sem dizer mais nada. – Olha, acho melhor cada um ir para a sua casa agora. – ela diz. Bastian respira fundo.
- Eu... É... Eu... É... – gagueja e coça a cabeça. – Eu acho que...acho que sim. – acaba por concordar com ela. Ele a beija rapidamente e caminha em direção à própria porta. Nina faz o mesmo.
- Bastian, - ela chama sua atenção. – Obrigada pela carona. – fala já com a mão na maçaneta. Ele assente e sorri sem jeito.
Já dentro de casa Nina joga-se sobre a cama e encara o teto. “Como isso aconteceu?”, pensa. Nunca esperaria que algo do tipo pudesse acontecer. E depois do que houve com Thomas nunca pensara em ter mais um filho. Ainda mais dentro daquelas condições.
Bastian do outro lado não sabe o que fazer. Anda de um lado para o outro pela sala de estar. Respira forte e inspira repetidas vezes. Nunca havia passada por aquele tipo de situação. Inesperadamente sente o celular vibrando no bolso da calça.
-Porra! – atende. Era Tobias.
- Nossa! Que recepção! – o irmão brinca do outro lado.
- Ah, Tobi! Você não sabe o que eu...- corta as próprias palavras.
- O que foi, Basti? Algo de errado? – Tobias indaga. Bastian bufa antes de dizer qualquer coisa.
- Nina esta grávida. – fala de uma só vez.
- O que? – Tobi toma um susto do outro lado.
- É isso o que você ouviu. – Bastian senta-se no sofá com uma das mãos na cabeça.
- Como assim? – Tobias parecia sorrir do outro lado.
- Você está rindo? – Bastian questiona.
- Eu sei lá, Basti! Você está falando sério?
- É claro, porra! – Bastian se irrita.
- E como... como... – Tobias pensa no que dizer. – E o que vocês conversaram sobre isso?
- Nada. – ele responde.
- Nada? Como?- Tobias espanta-se.
- Eu acabei de saber! Não sabia o que dizer. – confessa.
- E como ela está? Digo, porque... Bem, você sabe, né... Toda aquela situação com o filho dela... – Tobias retruca.
- Não sei... – Bastian levanta-se e anda até a grande janela.
- Sério? Achei que se preocupasse com ela. – Tobias diz de maneira inesperada.
- Ahn?! Como assim? É claro que me preocupo com ela! – Bastian sente-se ultrajado.
- Bem, você deveria ser menos egoísta então. – Tobias continua.
- Egoísta? – Bastian ainda parece indignado.
- Pelo que te conheço este está sendo o seu momento de desespero. E você provavelmente a abandonou e foi para casa sofrer os seus ataques de descontrole. – Tobias ri.
- Vai se foder, Tobi! – Bastian responde.
- Também me senti perdido quando descobri sobre o Liam, cara! Mas você tem que ser homem, porra! Eu tenho certeza que ela está muito mais perdida que você. – Tobias insiste. O irmão fica calado por longos segundos. – Basti, você a ama?
- Claro que sim! – Bastian na mesma hora dá a resposta.
- Eu sei que ser pai não estava em seus planos agora, mas cara, aconteceu, não é? – Basti assente do outro lado. – Então vocês vão ter que resolver isso juntos.
- Eu sei...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.