História Love Will Tear Us Apart - Destiel OneShot - Capítulo Único

When routine bites hard and ambitions are low
and resentment rides high but emotions won't grow
And we're changing our ways
taking different roads
Then love, love will tear us apart

Dean se levantou cedo, não que tivesse dormido, não conseguira pregar os olho nem um segundo sequer durante toda aquela noite. Há muita noites que o loiro não conseguia dormir direito, vezes por beber demais e acabar não voltando pra casa, vezes por se irritar e sair pelas ruas, dirigindo sem rumo por horas. Mas naquela noite em especial, o loiro não dormira por um motivo diferente, não era o que vinha acontecendo que lhe tirava o sono, mas o que estava pra acontecer.

Olhou para o lado e pode sentir uma lágrima nascer no canto de seus olhos a medida que o sol nascia no horizonte, levantou-se cuidadosamente, não queria que mais ninguém estivesse acordado além dele, não precisava ouvir julgamentos e repreensões, para isso já lhe bastavam seus pensamento, agora tão conturbados.

Abriu a porta de seu closet entrando no estreito cômodo e fechando-a de novo. Trocou de roupa sem se preocupar muito em como estaria vestido. Deu alguns passos, chegando ao fim das prateleiras e gavetas, olhando uma mais alta onde estava uma mala, se esticou um pouco para conseguir pegar a mesma, puxando de uma só vez. Uma caixa de papelão branca caiu no chão junto ao objeto que puxara, ele então se abaixou, sentou-se no chão e decidiu que não faria mal ver as coisas guardadas ali, sua pressa não era tanta.

Sentiu um nó na garganta assim que abriu e viu a primeira foto, fechou os olhos sentindo as lágrimas descerem queimando o caminho por onde passavam, mas ele não iria se render ao choro, não, ele seria forte, persistiria em sua decisão, mesmo que isso estraçalhasse seu interior. Limpou o rosto respirando fundo, fechou a caixa novamente, colocando-a em seu devido lugar, continuar vendo aquilo seria como torturar a si mesmo.

Abriu a mala, tossindo um pouco pela poeira, se repreendendo mentalmente pelo barulho feito. Levantou-se e esfregou os olhos, tentando tirar de sua cabeça todas aquelas vozes que teimavam em dizer que aquela não era a decisão correta. Uma a uma ele retirou as roupas dos cabides e gavetas, dobrando-as para que coubesse o maior número possível, tendo ainda sim que pegar uma bolsa de lado, a qual nem tinha certeza de ser sua, mas não se importava e certamente o dono também não se importaria com isso.

Depois de tudo estar devidamente guardado observou o móvel vazio, sentindo mais uma pontada em seu peito acompanhada de um calafrio, como se estivesse cometendo dos crimes o maior. “Porra Dean!” disse baixinho para si mesmo, passando as mãos nos cabelos e depois apoiando-as na cintura, respirando fundo mais uma vez. Pegou todas as malas saindo do quarto sem olhar para trás.

Deixou as coisas na sala, indo em direção ao banheiro. Se observou no espelho, estava horrível, não se reconhecia, não era o mesmo. Apertou a pia com ambas as mãos tencionando o maxilar ao tentar mandar embora aquela sensação que tomava seu corpo e o fazia querer vomitar. Escovou os dentes e lavou o rosto, fechando os olhos e respirando fundo pela milésima vez.

Foi em direção a cozinha e se apressou em preparar um café da manhã, panquecas e suco de laranja, sabia o que estava fazendo. Sorriu melancólico ao analisar a cozinha arrumada e a mesa posta, onde se encontrava um jarro de flores compradas por ele na noite anterior, acompanhado de um bilhete o qual demorara dias para escrever, mesmo que as palavras fossem poucas, perdeu a conta de quantas tentativas foram feitas sem sucesso já que sempre borrava as palavras com lágrimas.

Subiu novamente as escada, caminhando até o quarto no fim do corredor, abriu a porta lentamente para evitar o barulho e entrou. Observou a garota deitada na cama, caminhou até ela, cobrindo-a melhor e tirando os fones de ouvido que se embrenhavam em meio aos seus cabelos loiros. Sorriu, desta vez por um misto de alegria e dor, e também orgulho, orgulho da linda mulher que a mesma se tornara. Sentiu que iria chorar mais uma vez, então deu um beijo na testa da garota, vendo-a se remexer de leve. “Eu te amo minha princesinha. Eu sempre vou te amar Claire. Só...só me desculpe.” Não pode conter as lágrimas ao pronunciar tais palavras de forma quase inaudível enquanto acariciava os cabelos da filha.

Saiu dali antes que fosse tomado por um choro incessante, caminhou até o quarto ao lado do seu, abrindo a porta com ainda mais cuidado. Riu baixinho ao ver Ben dormindo completamente torto na cama, caminhou até lá ajeitando o garoto para que ele não acabasse caindo. Brincou rapidamente com os cachos negros do menininho, acariciou suas bochechas gorduchas e abaixou-se para lhe dar um beijo. Dean não pode descrever, muito menos processar a angústia que o consumiu ao sentir os bracinhos contornarem seu pescoço e o garoto murmurar um “Papai?” de forma sonolenta em seu ouvido. “Sim campeão, é o papai… é o papai” foi tudo que pode dizer antes de sair dali tomando cuidado para não despertar o menor.

Andou a passos rápidos até  janela que ficava no fim do corredor, do lado oposto ao quarto de Claire.  Botou sua cabeça para o lado de fora, contendo-se para não gritar, deixando as lágrimas correrem livremente agora, assim como imagens corriam pelos seus pensamentos. “O que está fazendo? Eles precisam de você.” repreendia a si mesmo, mas logo vinha a sua cabeça tudo aquilo que vinha pensando há muitos meses.

Ele já não era o mesmo, já não era um pai tão bom, principalmente para Claire, ele já não aguentava o seu emprego, bebia mais do que o normal, estava no limite, tratando todos ali dentro com descaso, sabia o quanto era rude e como isso magoava a todos. Sabia que todas as noites passadas em bares eram noites de choro para seu amor, noites de revolta para Claire e noites de confusão para o pequeno Ben, não poderia submetê-los a isso, ele os amava demais. Os amava a ponto de saber que sua presença já não os fazia bem.

Recompôs-se voltando a andar, parando agora de frente para a porta do quarto mais difícil, o seu. Abriu com calma, vendo o moreno dormir com uma expressão de serenidade, uma que não via  tinha tempo. Apesar do semblante de anjo as olheiras, fundas pelo cansaço, eram extremamente visíveis, manchando a imaculada face do menor. Ajoelhou-se no chão, ficando com o rosto tão próximo ao do outro que pode sentir sua respiração ritmada. Mais uma lágrima escorreu, talvez a mais pesada de todos as outras, e a única a qual não se importou em limpar. Roçou seu próprio nariz no rosto do outro com delicadeza, ainda não querendo acordá-lo, o que não era problema já que seu sono não era tão leve.

Sorriu ao que o outro sorriu em seu repouso, vendo que ele ainda apreciava suas pequenas carícias, mesmo que inconscientemente. Selou os lábios em um beijo leve e casto, sentindo o salgado das lágrimas se misturarem ali. “Você sempre será o meu anjo.” Falou por fim, se retirando do cômodo a contragosto.

You cry out in your sleep

All my failings exposed

And there's taste in my mouth

As desperation takes hold

Just that something so good

Just can't function no more

But love, love will tear us apart

Desceu as escadas segurando firme o corrimão para compensar suas pernas bambas, pegou as malas, levando-as até o carro, não se importando em colocá-las no banco de trás. Revirou os olhos ao que viu a cadeirinha de Ben ali, retirando-a em seguida, observou novamente  banco e estranhou vê-lo sem o objeto, apesar de ter arrumado uma briga feia quando o marido disse que precisavam colocá-la ali.

Juntou mais alguma coisas espalhadas, como um par de All Stars que inegavelmente pertenciam a Claire, um bonequinho do Capitão América o qual se lembrava muito bem de comprar para o filho mais novo e por fim os óculos escuros do moreno, eternamente pendurados do parasol do banco carona. Levou tudo para dentro não hesitando em escrever um bilhete para a filha com as palavras “Já disse pra lavar esse tênis, meninas não deveriam ter chulé.” deixando-o junto ao par de sapatos da garota.

Foi até a porta, olhando uma última vez para aquela sala, antes de sair seus olhos se fixaram em uma foto, uma entre as muitas em cima do móvel, nela os quatro sorriam largamente. Ele, seus filhos e o amor da sua vida, felizes como a melhor família de todas. Sentiu-se um fracassado ao perceber que deixou que tudo isso escapasse por seus dedos, sentiu-se um covarde por deixar tudo em ruínas com suas atitudes e depois fugir, mas sabia que com ele ali, jamais conseguiriam reestruturar as coisas. E impulsionado por tais pensamentos deixou a casa, sua casa, entrando no carro e dando partida.

Chorou por pouco tempo, sentindo os raios de sol matutinos baterem em seu rosto, sorrindo e respirando fundo pela última vez naquela manhã, sabendo que estava fazendo o correto. Dean sempre foi assim, sempre fez o que achava ser melhor para as pessoas se colocando por último. Afinal, não é só porque você ama alguém que pode ficar e ferrar a vida dela. E o Winchester sentia-se bem, não por ter ido embora, mas por saber que, sem ele, a vida das três pessoas que mais amava seria melhor. Tudo seria melhor se ele fizesse como estava fazendo, pegando estrada rumo ao único lugar que talvez ainda achasse um motivo pra viver sem Castiel, pegando estrada rumo a Lawrence-Kansas, onde Sam o esperava para que juntos voltassem aos negócios da família.