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História Love with lights on - Primeiro passo estranho


Escrita por: TheCabeca

Capítulo 10 - Primeiro passo estranho


Era quarta-feira, o terceiro dia depois da conversa com Clarke e faltava exatamente uma semana para que eu retornasse para casa, involuntariamente eu estava contando os dias. Por mais que eu estivesse ansiosa em como as coisas com Clarke desenrolariam, depois da nossa última conversa minha consciência estava tranquila. Naquela noite, assim como na minha primeira semana de férias, fomos jogar boliche com Indra e mais uma vez eu e ela ganhamos de lavada.

O caminho para casa foi preenchido pelos resmungos de Anya, que mais parecia uma criança aborrecida por ter perdido. Eu não poderia deixar de achar toda a situação hilária e quando chegamos em casa eu carregava um sorriso tranquilo ao me despedir e subir para o quarto. Cair no sono foi fácil, mas ao contrário das outras noites meu sono era leve e não pude deixar de perceber o colchão afundar um pouco em algum momento da noite.

Com um grunhido sonolento, rolei para encarar o invasor e para minha surpresa dei de cara com a sombra do que parecia ser Clarke sentada próxima as minhas pernas.

- Clarke? - perguntei não confiando nos meus olhos.

- Hey.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntei me apoiando nos cotovelos.

- Não... Eu só precisava em outro lugar que não fosse a minha casa.

- Você e Abby brigaram? - arrisquei o motivo dela estar ali, sem saber que horas era ao certo.

- Minha mãe - Clarke bufou um riso sem emoção pelo nariz - Se ela parasse em casa por mais que algumas horas, talvez nós tivéssemos tempo para brigar.

O tom dela era monótono e mesmo na escuridão quase total do quarto, da pequena distância que os separava eu conseguia notar o brilho do aborrecimento nos olhar dela.

- Entendo - comentei sentando de vez e percebendo a camisa surrada que ela usava que provavelmente tinha pertencido ao pai dela.

- Na realidade você não entende - Clarke retrucou me encarando.

- Você tem razão, eu não entendo - falei retribuindo o olhar - Mas eu quero entender, se você quiser conversar sobre isso.

- Eu não quero.

- Então por que você está aqui Clarke? – questionei um pouco frustrada - Qual o sentido de invadir o meu quarto no meio da noite, se você não quer minha ajuda?

Eu conseguia ver o conflito no azul dos olhos dela, mas eu precisava saber o que ela queria de mim para poder ajudá-la.

- Eu entendo que é difícil, mas você precisa me falar o que você precisa - apertei o ombro dela mostrando que eu estava ali - E eu quero escutar o que você tem a dizer, você não precisa engarrafar as coisas comigo Clarke.

Os sentimentos que atravessaram o olhar de Clarke ao ouvir minhas palavras eram de pura confusão em conjunto com uma postura quebrada. Aquilo me deixou surpresa e logo eu tinha Clarke fungando enquanto enterrava o rosto contra o meu ombro. Tentei deixá-la mais confortável dando um meio abraço que acabou desencadeando o choro dela de vez.

- Vai ficar tudo bem - tentei tranquilizar.

- Ele se foi Lexa - Clarke disse chorosa se afastando de meu abraço - F-foi minha culpa... Ele não está mais aqui e-e é tudo minha culpa.

- Pelo que sei não foi sua culpa Clarke - tentei mais uma vez acalmá-la - Se existe algum culpado, foi o motorista que bateu no carro de vocês.

Clarke soluçou violentamente ao ouvir minhas palavras e me abraçou chorando silenciosamente por alguns minutos antes de perguntar:

- Posso passar a noite aqui? - o tom dela era tão incerto que parecia que ela desmoronaria a qualquer momento.

- Claro que pode você pode ficar - respondi rapidamente - Apesar de não ter ideia de como você chegou aqui.

- Obrigada - Clarke agradeceu com um fantasma de sorriso no canto dos lábios.

- Vamos só tentar ficar mais confortáveis - apontei para os travesseiros atrás de mim - Dormir sentada realmente não é o que estamos precisando agora.

Clarke concordou com um aceno e levantou para que eu conseguisse puxar o lençol para dar espaço a ela embaixo das cobertas. Logo nós duas estávamos deitadas lado a lado encarando o teto, quando escutei o último pedido de Clarke naquela noite:

- Lexa?

- Humm.

- Você pode me segurar?

- Claro Clarke - falei me virando para acomodá-la em meus braços.

-

Como no dia que dividimos a cama a casa dos Blake, Clarke havia arrumado uma maneira de escalar meu corpo e com a cabeça enterrada no vão do meu pescoço ela finalmente parecia estar relaxada. Sem querer interromper o momento de tranquilidade, fiquei observando quarto iluminar aos poucos quando em uma fração de segundos senti Clarke me apertar durante o sono e despertar de um pulo em seguida.

- Onde…

- Você está a salvo Clarke - falei ainda deitada chamando a atenção dela.

Clarke acenou em reconhecimento e voltou a deitar, só que agora ao meu lado.

- Pesadelos - ela explicou com a voz ainda rouca de sono - Quase todas as noites... Sempre com o acidente.

Os olhos dela brilhavam com as lágrimas não derramadas e eu podia sentir outra crise chegando.

- Você passou por uma situação traumática, é normal ter pesadelos.

- Eu queria que você estivesse aqui sempre - Clarke confessou virando para me abraçar.

- Eu estou aqui agora.

Retribuindo o abraço dela, ficamos em silêncio até que o quarto estivesse completamente iluminado. A respiração de Clarke estava tranquila contra o meu corpo e por um tempo pensei que ela tinha voltado a dormir, mas logo ela estava saltando de novo.

- Lexa eu avisei para você não bancar o Homem-Aranha…

A voz de Anya surgiu do nada invadindo o silêncio do quarto, mas logo o discurso de repreensão morreu, ao perceber quem estava lá comigo.

- Anya - falei em tom de advertência.

- Então não era você no final das contas - Anya comentou com um sorriso de lado, fazendo com que Clarke me desse um olhar confuso - O café da manhã está pronto, espero vocês lá embaixo.

Com a mesma rapidez que Anya apareceu no quarto, ela se foi me deixando com uma Clarke ainda muito confusa na minha cama.

- Você vem? - perguntei levantando da cama.

- Eu não quero incomodar.

- Se você não percebeu, esse foi o jeito sutil de Anya de nos intimar para descer.

- Você acha…

- Eu tenho certeza, agora vamos logo antes que ela volte aqui e seja menos sutil.

O café da manhã foi tranquilo, Anya tinha um sorriso divertido ao observar Clarke sentada à mesa como nos velhos tempos. Tio Gustus ficou surpreso ao entrar no cômodo, mas se recuperou rapidamente dando início a um assunto da minha volta para casa.

- Você já está voltando para casa? - Clarke perguntou surpresa.

- Na próxima semana.

- Mas isso ainda é uma semana antes do final das férias - ela apontou.

- Eu preciso me organizar para o início das aulas - comentei encolhendo os ombros.

- Até parece que você não conhece essa grande nerd aqui - Anya implicou empurrando meu ombro - Aposto que ela até separa a roupa que vai usar no dia anterior.

- Se ser organizada é uma ofensa para você Anya, então você está perdendo o tato para insultos - retornei o empurrão.

- Ok meninas, vamos parando com isso - tio Gus pediu - Agora que os insultos acabaram eu estava pensando em fazer alguma coisa no domingo.

- Mas Lexa só vai embora na quarta, não é isso? - Clarke perguntou.

- Sim Clarke, ela só vai na quarta - tio Gus confirmou - Mas nem todos nós estamos de férias, por isso domingo seria um dia ideal.

A resposta parecia convencer Clarke, que apesar da surpresa inicial com a noticia do meu retorno para casa, se animou com o convite de tio Gus para ajudar a organizar a despedida. Comendo meu cereal e observando a conversa animada a do meu tio com a vizinha e os comentários zombeteiros de Anya sobre as sugestões, me dava à esperança que a noite estranha de ontem tinha de alguma forma ajudado Clarke.  



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