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História Love Without Tragedy - Uma forte chuva


Escrita por: badgalriiri

Notas do Autor


Olá, não sei bem como começar, mas 'lesgou'. Bem, essa nova fic que estou escrevendo é um pouco pessoal, venho pensado nela a um tempo e espero que vocês gostem e sintam o que quero passar.
Críticas são muito bem vindas, sugestões e incentivos também, podem dizer o que acharam de cada capitulo e etc. Realmente espero que gostem. (caso alguém leia mesmo), enfim, beijos.

Capítulo 1 - Uma forte chuva


Fanfic / Fanfiction Love Without Tragedy - Uma forte chuva

 

Cápitulo 1 – Uma forte chuva.

(PART - Manuel R.)

 "Você é lindo, não importa o que digam, palavras não podem derrubá-lo. Você é lindo de todas as formas. Sim, palavras não podem derrubá-lo"

                                                                                        - Christina Aguilera, "Beautiful”

 

   Sou um garoto comum de dezessete anos. Quer dizer, nem tão normal assim, é claro que tenho um Xbox, vou ao colégio, tenho uma mãe carinhosa e tudo de normal acaba aqui. Ao contrário dos outros da minha idade, não tenho um circulo de amigos, não sou como aqueles garotos que usam um casaco do time de futebol ou daqueles garotos que conseguem ter vários amigos, daqueles que todos querem se aproximar e dormir ao seu lado após uma festa. Sou o garoto, que todos olham com desprezo ou até que com pena. Minha mãe não é médica, advogada ou juíza, ela é apenas uma garçonete que trabalha durante todo o dia e faz hora extra para pagar as contas. Meu pai não é rico, na verdade, não o vejo desde quando eu tinha 7 anos de idade. E obviamente, não tenho dinheiro para pagar uma escola da elite como à que eu estudo, a não ser pela bolsa de quase cem por cento que consegui. E obviamente, quase todos me olham com um olhar de superioridade.

Sei que não sou um garoto normal. Garotos normais, não são abandonados em um parque pelo seu próprio pai. Garotos normais não são espancados. Garotos normais não possuem cortes espalhados pelo seu corpo e muito menos choram. Acho que o peso da palavra “normal” é a que mais me fere hoje, ao olhar tudo que está a minha volta, apenas vejo famílias felizes, pais junto aos seus filhos, mesmo que seja ilusão, uma fraude na maioria das vezes, imaginar que todos tem tudo e eu nada é algo que me fere, quase esmaga toda a pequena felicidade que sinto ao abraçar minha mãe e ver o seu sorriso cansado ao final do dia.

Hoje, faz um frio tremendo, lá fora só há ruas vazias e um vento frio congelante e cortante, tudo está calmo, a uma calmaria gritante dentro dessa casa. Parece que tudo está fechado e protegido por uma redoma de vidro finíssimo e o frio torna os movimentos ainda mais pesados e lentos, mas não há calma dentro de mim. É como se todas as minhas emoções e sentimentos estivessem presos por uma represa, uma represa que estar a um fio de desabar e destruir tudo ao caminho, deixando tudo ao  chão. Sei que parece apenas mais drama de um adolescente que usa a vida dolorosa ou sofrida como argumento para lamentar, mas não é isso, realmente eu sinto a dor me consumir e o sentimento de eterna perda e solidão não sai de mim, é algo que parece que veio comigo desde que eu era um feto.

É como se um rato estivesse roendo a minha alma, e uma maneira tão imperceptível que parece suave. Uma dor quase continua toda conta do meu peito, embora ela me siga por anos, não consigo me acostumar com a forma peculiar que ela aperta o meu coração entre as paredes das inseguranças que me cercam todos os dias da minha vida, insegurança causada pela minha sexualidade que embora eu “esconda”, me atormenta através de insultos que são ditos a mim todos os dias da minha vida. Insegurança causada pela minha falta de dinheiro e a condição baixa em que vivo, onde, todos os jovens do meu colégio possuem suas roupas de marcas famosas, telefones caros, carros e etc. Eu vivo com o mínimo, não estou reclamando, sei o quanto minha mãe rala para me dar tudo que tenho e sei que dói nela não poder me dar mais, mas eu também não posso esconder o desejo que eu tenho de morar em uma casa de verdade e não em um prédio velho, em um apartamento espaçoso, porém simples. Novamente, tenho a obrigação de afirmar que não estou reclamando, mas eu tenho vontade de ter aquela vida clichê de filme americano, com uma família grande e unida, uma casa grande e espaçosa com um grande gramado, mas isso não está ao meu alcance agora, e sinceramente, acho que nunca estará.

São falsas as minhas amizades, nascidas do acaso e crescidas em um resumo de palavras vazias e sem preocupações... São falsos os selinhos que timidamente dei em algumas meninas na minha infância... E falsa a calmaria que está dentro de mim.

 A única coisa que me faz ficar bem em meio a tudo isso é a esperança de que eu consiga tudo que eu queira – mesmo que ela seja pequena. A esperança é a única que faz eu manter a calma por um tempo e não perder quase que total mente – se for possível perde mais.

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São sete horas da manhã, é uma manhã fria, uma fina chuva cai por toda a cidade, a cor cinza é o que mais predomina no céu, como se uma fina camada de poeira estivesse entre a terra e o sol. Hoje é só mais uma manhã normal, acordei às seis da manhã, chamei a minha mãe para ela não se atrasar no emprego. Enfim, tudo na mesma rotina, calma e monótona. Todos os dias eu penso em mudar, deixar uns problemas antigos para trás, ter um "recomeço" é meio estranho ouvir isso de um garoto de dezessete anos, mas se a vida tivesse sido um pouco mais legal ou se pelo menos eu tivesse conseguido beijar alguém de verdade, ou se pelo menos eu tivesse amigos de verdade, que me chamassem para sair e me convidassem para visitar sua casa. Mas, enfim, um dia as coisas irão mudar, essa é a esperança que eu tenho.

O relógio marca sete e cinco, saio de casa em um ritmo acelerado, com a minha velha mochila que hoje está mais pesada devido aos livros. A rua está molhada por causa do orvalho que caiu toda a noite. Certamente quando eu chegar no colégio, os meus sapatos estarão imundos e eu todo molhado, apesar de eu estar com guarda chuva. Adoro clima chuvoso, mas não sei andar na com o guarda chuva e muito menos andar sem fazer respingar um pouco de lama e sujeira na minha calça. Sou muito desajeitado para me manter com a roupa intacta no meio dessa chuva – mesmo que fina e calma.

Durante todo o caminho para escola, estive escutando rádio, pelo o meu celular, não é um modelo novo ou exatamente tecnológico, mas dá para ouvir as rádios e as músicas que eu adoro. Durante uma parte do caminho tocou uma música que eu não conhecia. "It's dark in the day and I'll say now don't complain. Look up the sun it's just a cloud away.". Bem, só sei que gostei da letra, me passou uma calma e  tranquilidade. Tranquilidade que eu vou precisar durante todos os dias de aula que ainda me resta.

Quando finalmente cheguei a escola, olhei aquele enorme prédio e me veio uma breve lembrança de tudo que passei ali. Aqui seria um lugar de refúgio, mas talvez seja um lugar de mais pressão do que tudo. Enfim, entrei no prédio, havia poucos alunos no corredor à grande parte já deveria ter ido para sala e se acomodado. As pessoas aqui são bem pontuais, eu também costumava ser, porém, comecei a chegar atrasado para evitar a encontrar com o Dylan, ele é o típico "valentão" que implica com todos a sua volta, e eu sendo o mais pobre, o bolsista da escola, é fácil se supor que eu sou o seu alvo favorito. Além, que eu não faço a mínima ideia  de como se briga. Sempre evitei entrar em brigas, embora elas me seguissem sem parar, já que perdi as contas das vezes que apanhei de garotos que achavam que tinham o direito de humilhar e me por para baixo.

Eu estava andando tão desesperadamente e distraído que não vi quando um corpo se pôs na minha frente, fazendo com que eu caísse no chão.

- Olha por onde anda viadinho. - Uma voz grossa e seca chegou em meus ouvidos e logo todo o meu corpo se estremeceu como se já esperasse pelo pior - Você quase me sujou com a sua gayzice.

 Só de ouvir a sua voz o meu corpo ficava tenso, em atenção, esperando pelo pior.

- Dylan, por favor... - Eu disse com o a minha voz baixa, quase que num sussurro.

 - O que ? - Ele disse, enquanto me levantava pelo colarinho e me forçando a encara-lo.

Em seu rosto se formava um leve sorriso, um marca registrada dele, sempre que ele me importunava se formava um sorriso sádico no canto da sua boca, revelando o mal que havia dentro dele.

 - Por favor, me deixa em paz! - Minha voz saiu mais baixo que o da última vez, mais fraca. Um nó já se formava em minha garganta, fruto da minha fraqueza.

 - Você é realmente patético!. - O seu olhar transparecia todo nojo que ele sentia por mim.

  Então, em um piscar de olhos, ele desferiu um soco no meu rosto, eu teria caído com o impacto, mas ele ainda me segurava pelo colarinho. Novamente, outro soco. Quando ele finalmente  me largou no chão.

 - Eu poderia fazer isso o dia todo e ver quantos socos você aguenta antes de desmaiar. - Soltou um sorriso carregado de deboche - Ah é melhor correr ou vai ficar mais atrasado, e é bem melhor se levantar do chão, não quero que digam que eu estou sujando a escola.

  Ele foi embora normalmente como se nada tivesse acontecido.

  Andei lentamente para sala, meu rosto estava ardendo, meus olhos pareciam arder muito mais, todo o dia é o mesmo inferno, a mesma provação, as lágrimas sempre insistem em descer pelo meu rosto. Sinto sempre exposto,  como uma ferida que sempre é tocada e magoada.

  Assim que entrei na sala, senti os olhos dá turma olhando para mim. Os olhares deles eram uma mistura de pena ou talvez raiva, não sei ao certo, apenas sei que estou com a minha típica cara de choro, com os olhos vermelhos de segurar o choro. O professor pareceu não se importar muito com meu atraso, apenas continuou escrevendo no quadro.

   Fui para o meu lugar no final da sala e fiquei o restante da aula ali, pensando e tentando ser forte o suficiente para não chorar, não na frente deles, não nesse lugar cheio de monstros e ameaças. Minha cabeça estava em devaneio, apenas imaginando o dia em que as coisas irão fazer sentido, quando eu finalmente vou parar de ser perseguido por aquele idiota, quando eu vou ter uma vida social e bons amigos, e quando eu finalmente vou ter um amor de verdade.

  O sinal tocou, todos da sala saíram rapidamente, como se houvesse algum perigo, em si, havia um, mas não para eles e sim para mim. Mas pela graça de Deus, Dylan apenas saiu da sala, mas não sem antes me lançar o seu típico olhar ameaçador, um olhar que faz o meu estômago todo se revirar. 

   Quando sai da sala, fui andando rapidamente pelo corredor, olhando para todas as direções para me garantir que ele não estaria me seguindo. Eu estou com fome, mas NUNCA que eu teria coragem de ir até o refeitório do colégio, aprendi a evitar aquele lugar, pois lá, foi onde ocorreu as maiores humilhações que já passei. 

   Me senti aliviado quando finalmente sai do prédio da escola e fui andando calmamente pelo pátio, sentindo o sol em meu rosto. Fui para a parte mais distante do pátio, onde quase ninguém vem e me sentei no chão, apenas sentindo a luz do sol batendo em meu rosto. Um alívio grande me invadiu, como se a natureza estivesse me curando, retirando as energias ruins a minha volta. Então peguei o meu celular e os fones.

 

 "I am beautiful, no matter what they say

 Words can't bring me down

 I am beautiful, in every single way

 Yes, words can't bring me down" 

 

   Cantei baixo. Essa música, é como mantra para mim, ela me traz calma. E serve para manter viva à pequena faísca de esperança que há em mim. E por algum motivo, hoje eu sinto que as coisas vão melhorar.

 

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Caso tenham gostado ou queiram é fazer uma crítica sobre a escrita fiquem a vontade para comentar e dizer o que acharam, enfim, espero que tenham gostado e os vejo no proximo capitulo.


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