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História Love Without Tragedy - Coragem


Escrita por: badgalriiri

Capítulo 2 - Coragem


                    “Às vezes, começar de novo é exatamente o que uma pessoa precisa. E eu acho que é algo admirável. Muitas pessoas não têm a coragem necessária para fazer algo assim.”

                                                                                                                                        —  Nicholas Sparks

 

                 Passei todo o intervalo sentado distante de tudo e todos daquele colégio que poderia me fazer mal, ter esse tempo para mim longe dali é um alívio sem fim para a minha alma e para o meu corpo físico, que por alguns minutos ficou longe de esbarrões, quedar e socos, que qualquer um poderia me dar. Uma calma sempre invade o meu corpo quando fico calmo apenas sentindo o mundo e tudo que há nele.

                   Assim que o sinal tocou se sobre saindo a música que eu ouvia , senti o aperto que eu sentia antes voltar, pois era dentro daquele prédio, naqueles corredores que o inferno parecia entrar na minha vida, em formar de um garoto, Dylan. Nunca entendi direito o motivo dele me atormentar tanto assim, e essa implicância dele em mim, vem desde do meu primeiro dia nesse colégio, me lembro claramente da primeira humilhação, do primeiro soco que ele me deu e das vezes em que eu voltei chorando para casa e me tranquei no quarto e cortei a minha pele na esperança que a dor que ele me causou fosse embora, é apenas uma tentativa minha de extravasar tudo que me destrói, embora eu saiba que é inútil, por só funcionar por alguns dias, pois logo seria necessário, mas cortes sobre a minha pele para eu “esquecer” as humilhações.

                     Fui andando lentamente para o prédio principal, à idéia é chegar atrasado, é aula de educação física e não é uma boa idéia eu ir para lá e ficar rodeado de meninos no vestiário, não apenas por medo deles me baterem ou algo assim, mas, porque...eu meio que sinto atração por garotos. Não me considero gay porque eu nunca beijei ou toquei outro garoto e nem uma garota na verdade, por isso, não consigo descrever minha sexualidade, por mais que eu sinta mais atração por meninos, não acho certo dizer que sou gay, sem ao menos ter beijado alguém. É, sei que é deprimente, um garoto de dezessete anos nunca ter beijado ninguém, claro que já dei selinhos, mas nunca passou disso, ninguém nunca quis me beijar.

                   Para deixar o tempo passar um pouco e enrolar, fui para o banheiro, entrei calmamente lá, parecia vazio, andei até a pia e fiquei durante uns minutos encaram no espelho o meu reflexo ali refletido.

                   Meu rosto não estava vermelho, mas os meus olhos estavam com um tom levemente a avermelhado, o tom verde natural dos meus olhos, parecia que estava se transformando em vermelho aos poucos, graças a minha eterna vontade de chorar. Eu realmente não entendo, mas não consigo me sentir bonito, embora eu tenha o padrão de beleza que seria aceito em quase todo o mundo, não consigo me sentir belo ou atraente. Meus olhos são verdes, minha pele é clara, meus lábios são canudos e bem vermelhos, mas tudo que sinto ao me vê no espelho é fraqueza e falta de coragem para tentar ser alguém além de mim, alguém melhor. Eu não sou bonito, ninguém nunca quis me beijar ou estar comigo como um namorado, NINGUÉM !.

                Parece que tudo em mim apenas afasta as pessoas e eu realmente me sinto um nada, eu não tenho nenhum amigo fora minha mãe, meu pai não me suportou e foi embora, todos estão me torturando com os seus olhares e suas palavras para mim e as vezes o que eu mais desejo é a morte.

                    Levantei levemente a manga do meu casado e por um momento fiquei encarando as cicatrizes que marcavam todo o meu braço esquerdo. As lágrimas vieram com força total nos meus olhos e dessa vez não consegui segurar, tudo que eu estava segurando, estava saindo. Cada lágrima tinha um peso tremendo, eu sentia cada parte do meu corpo se partindo à cada lágrima que saia dos meus olhos e se deparavam com a pia fria em minha frente. As cicatrizes em meu braço me traziam memórias terríveis sobre as surras, sobre o abandono que sofri pela parte do meu pai, me traziam a memória toda a dor que havia em minha vida.

                    Um aperto indescritível tomava conta do meu peito sempre que às olhava, levei a minha mão direita sobre ela e gravei as minhas unhas ali, apertando com toda força que eu tinha, com toda raiva que há no meu ser.

                   — Você não deveria fazer isso ! — Uma voz grossa ecoou pelo banheiro, ela não me parecia ser conhecida.

                   Meu coração gelou, todo o ar que havia preso em meus pulmões foram soltos de uma só vez, enquanto virei apavorado para a entrada do banheiro.

                   Um garoto que eu nunca tinha visto no colégio antes estava parado na entrada do banheiro, com as costas encostada na porta e olhava fixamente para o meu braço, mas o seu olhar não transmitia pena ou nem nada do tipo, era algo indecifrável, pelo menos para mim. Embora meu coração estivesse acelerado, não tive medo.

                  — É... você não deveria fazer isso!. — Ele disse vindo lentamente em minha direção parecia estar com medo de fazer algum movimento — Deve doer e... não é muito legal de se ver.

                  Ele parou a centímetros de mim, os olhos verdes dele estavam me encarando fixamente. Então, em um movimento rápido puxei a manga do meu casaco para baixo e o encarei. Sua pele era morena, os olhos em um verde vívido e forte, e o cabelo todo penteado para trás.

                   Os seus olhos são realmente lindos e não paravam de encarar os meus.

                 — Não é da sua conta !. — falei baixo, ele é mais alto do que eu, então, além de toda situação agora, me senti intimidado pela altura dele.

                 — Eu sei, é que eu só queria te ajudar — Ele levou a mão esquerda até a sua cabeça e deu uma leve mexida no cabelo — Meu nome é Edward.

                 Ele estendeu a mão que estava em seus cabelo para mim apertar. Pensei por alguns segundos, mas levei uma das minhas mãos até a dele é apertei.

                 — O meu é Manu - Ele fez uma leve careta, assim que ouviu meu nome — Na verdade é Manuel, mas minha mãe me chama de Manu.

                 Ele soltou um sorriso fraco e continuou me encarando por um tempo, e depois sem dizer mais nada saiu da sala, apenas seguiu o seu rumo e me deixou ali.

                Fiquei mais alguns minutos ali no banheiro pensando no que havia acabado de acontecer e na forma em que aqueles olhos estavam me encarando, a forma fixa e calma em que os olhos dele estava sobre mim. Um leve arrepio passou por todo meu corpo ao lembrar do olhar.

                Levantei novamente a manga esquerda do meu casaco, dando uma visão aberta do meu braço que agora estava bem vermelho e com as marcas das minhas unhas, por um breve momento pensei em voltar a me machucar, mas ao me lembrar daquela voz e do garoto que á pouco estava aqui, toda a minha vontade de me machucar passou.

                 Sai do banheiro e fui andando devagar pelo corredor. Eu odeio as aulas de Educação Física, correr e ficar suado não é para mim. Mas mesmo contra minha vontade é obrigatório fazer.

                 Cheguei na quadra e o professor praticamente me matou com o seu olhar, apesar de eu ser um bom aluno, em Ed. física eu costumo chegar atrasado e as vezes nem participar da aula. 

                Fui ao vestiário correndo e troquei de roupa, tirando a calça e pondo uma bermuda e tirei o casaco e coloquei uma blusa de manga cumprida bem fina. Quando voltei a quadra o professor estava explicando alguma atividade que faríamos e pelo jeito seria Queimada – pior esporte possível – e eu já estava buscando alguma forma de me esconder...

               - Não adianta tentar se esconder senhor Manuel – O professor disse e eu logo, desisti e soltei um leve resmungo.

              E então, os times começaram a ser escolhidos, como sempre os garotos mais fortes foram escolhidos e eu fui sendo deixado de lado, até como última opção me escolheram.

            Durante todo o jogo fiquei me esquivando, não me preocupava nem um pouco em pegar a bola ou queimar alguém, tudo que passava em minha cabeça era desviar de todas as bolas que estavam me tacando – que não eram poucas.

           Uns dos amiguinhos do Dylan estava no outro time, então toda hora eu recebi tentativas de me machucar dele tacando a bola com bastante força em mim,  e sim, já estava me cansando e irritando ele ter a obsessão de apenas me acertar. Até que por mágica a bola feio parar em minhas mãos e já pude ouvir piadinhas “cuidado para não se machucar princesa” e “ele sabe jogar uma bola?”. A raiva subiu como um foguete a minha cabeça e acumulei toda a minha força no meu braço e a atirei contra aquele idiota, que por benção ou maldição acertou direto no rosto dele.

           Ele caiu, logo o clima pareceu fiar tenso, todos me olhavam com surpresa nos olhos, até que ele se levanto bufando de raiva e tinha um pouco de sangue saindo do seu nariz.

          - Você me paga! – Pude ouvir ele berrar e correr em minha direção.

        Ele acertou um soco com bastante força em meu rosto e eu cai apagado no chão.



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