História LoveXHate - É tanta vergonha que nem cabe em mim

A realidade me chamava lentamente, eu sentia minha barriga levemente dolorida e minha cabeça zonza demais para abrir os olhos tranquilamente sem querer chorar. O lugar onde eu estava tinha uma luz baixa e a cama era confortável, mas ainda não conseguia abrir os olhos sem fazer muito esforço, por isso desisti, mas não perdi a consciência, apenas fiquei quieto.

Eu conseguia ouvir um soluço baixo próximo a cama, eu conhecia aquela respiração, era ChanYeol, mas não sabia o motivo para chorar e também sentia sua mão quentinha acariciando a minha que tinha ao seu alcance.

- Se eu ver ele na minha frente de novo, eu juro que vou espancar a cara dele... – Ouvi seu sussurro bravo e sôfrego, parecia que algo muito ruim havia acontecido e eu não tinha nenhuma noção do que era.

Pensei brevemente que poderia ter acontecido algo depois de desmaiar, mas não sentia que era algo tão grave assim, eu estava bem e só me sentia sonolento e cansado, tinha consciência de tudo a minha volta e sentia sua mão sobre a minha.

Apertei seus dedos suavemente para mostrar que eu estava ali e senti sua caricia se intensificar.

- Você está bem, meu anjo? – Me indagou mais calmo ao provavelmente se colocar de pé e se aproximar do meu rosto, deixou um selo terno em minha testa que preencheu meu corpo todo com uma felicidade incabível.

- Uhum, só estou cansado e sonolento. – Murmurei extremamente baixo e fraco, minha garganta parecia rasgar a cada palavra e sentia que não bebia água a dias. Forcei mais um pouco e finalmente consegui abrir meus olhos. Realmente, a luz estava mais baixa e eu estava em um lugar confortável, mas era o hospital, hospital esse que meu pai trabalhava e tinha um ChanYeol todo sorridente em meio a lagrimas no meu campo de visão.

Sinceramente? Comecei a ponderar que tinha ficado em coma por muito tempo, nossa filha já estava adulta e ele era aquele tipo de marido que sempre vinha me visitar enquanto estava no hospital, mas desconsiderei rapidinho quando vi uma pequena criaturinha envolta em mantas dentro de uma incubadora.

Não dava para ver seu rosto, mas eu sabia que era a nossa filha e sentia uma vontade absurda de pegá-la no colo e conversar com ChanYeol sobre o que ela puxou de cada um de nós.

- Não se assuste, ela vai ficar apenas alguns dias na incubadora por ter nascido antes da hora. – Sua voz parecia me acariciar de tão calma e baixa que soava, voltei a fechar meus olhos pelo cansaço, mas não deixando de o ouvir. – Ela tem seu narizinho de batata, o rosto redondinho igual uma bolinha...

- Deve ser fofinha... mas o que aconteceu comigo? Ainda faltava tempo pra ela nascer. – Indaguei já com a voz mais firme, mas não menos grogue que antes.

- Você teve uma hemorragia por causa das coisas que SeHun te falou. Te deixou mal a ponto de um parto prematuro, mas já está tudo bem, hm? Descanse, daqui algumas horas os efeitos dos remédios passam e você vai poder ver nossa filhinha...

Atendi o que ele pediu e nem percebi quando o sono me levou.

X

Eu conseguia ouvir um chorinho baixo bem longe e finalmente sentia meu corpo menos dolorido, mas não forte o bastante para sair da cama sem alguma ajuda. Quando abri os olhos, fixei a imagem de um ChanYeol todo atrapalhado segurando uma menininha miúda de modo todo atrapalhado, mesmo com a ajuda de uma enfermeira.

- Não quer minha ajuda não? – Indaguei risonho e não contive uma risadinha baixa quando seus olhos arregalados se viraram para mim. – Parece difícil cuidar dela daí. Traz ela aqui que eu vou te ajudar.

Com a ajuda da enfermeira, ele conseguiu ficar em pé com a menininha e trazê-la até mim com a ajuda de alguns tubos que ainda estavam presos acima de seus lábios pequenos.

Quando finalmente a vi de pertinho, senti que meu mundo todinho seria em torno dela e não consegui controlar o choro quando ChanYeol a colocou deitadinha do meu lado apoiada em meu braço. Naquele mesmo instante, o silencio perdurou pelo quarto e finalmente consegui notar o que ChanYeol havia me dito sobre ela. Tinha narizinho de batata, o rosto redondinho e o cabelo ralinho, mas bem escuro. Os cantos dos olhos eram parecidos com os de ChanYeol, então deduzi que todo o olho dela seria igual e aquela dedução me fez sorrir, porque os olhos de ChanYeol eram os mais lindos que eu já tinha visto.

- Ela é muito fofa... – Murmurei meio falho por ainda estar dolorido, mas também por conter o choro. Deixei minha mão fazer um carinho sutil na mais miudinha dela e as lágrimas vieram ainda mais fortes quando senti os dedinhos pequenos segurarem o meu.

- Claro que é, fomos nós que fizemos, ó. – ChanYeol sempre me fazendo rir desse jeito bobo, nunca vai mudar mesmo.

- Os mais lindos do departamento de TI não poderia ter filhos feios. – Entrei na brincadeira ainda olhando para ela e ChanYeol me acompanhou na risada, mas logo deu um jeito de arrumar espaço na cama e se deitar ao meu lado, deixando nossa princesa no meio.

- Baek, nós ainda não pensamos em um nome para nossa coisinha...

- Verdade... Pensou em algum?

- O que acha de BaekHee? – Indagou com um risinho maldoso por conta de um acontecido de alguns meses atrás. Eu tinha me vestido de mulher para realizar um fetiche desse trago que chamo de marido e ele decidiu me nomear de BaekHee no meio da foda e quando ele gozou, gritou bem alto esse nome, não me perguntem o motivo, mas nossa filha mexeu bem naquele momento, a ponto de conseguir sentir seu pezinho contra minha pele.

- Você quer colocar o nome da nossa filha com um fetiche seu? – Indaguei já meio putinho, mas não era de verdade, era apenas um meio de implicar com ele. Como sempre.

- Não é pelo fetiche. É que foi o primeiro nome que ela reagiu, acho que ela gostou dele, por isso te chutou. – ChanYeol nunca ficara tão nervoso ao se explicar e aquilo me fez rir um bom bocado, mas não muito porque minha barriga continuava dolorida perto da virilha.

- Estou brincando meu amor, pode ser BaekHee então. O que você acha, meu anjinho? – Não esperava que ela respondesse com uma resposta, mas deu um longo suspiro por estar dormindo, então deduzi que ela também havia gostado.

- Senhor, não queria interromper, mas já está na hora dela se alimentar. Vai querer amamentar ela em você ou pode continuar pela incubadora?

Eu senti o máximo de vergonha possível quando ela me perguntou aquilo. Me julguem, mas eu poderia passar minha vida toda falando de sexo que não sentiria nem uma pontinha de vergonha, mas falar que eu tinha que amamentar um bebê me deixava com tanta vergonha que queria enfiar a cara em baixo da terra. Eu sei que é normal, sei que até homens que não engravidam podem produzir leite, mas caramba, era muito vergonhoso.

- Ele tem vergonha.... Tem como deixar só nós dois aqui para isso? – A mulher deu uma risadinha, mas concordou, avisando que estaria esperando do lado de fora caso precisássemos de ajuda. ChanYeol concordou com ela e logo após a porta ser fechada, ele levantou a cama elétrica, me deixando praticamente sentado.

Consegui sem ajuda alguma a trazer minha filha para o meu colo, meu rosto estava entrando em combustão por tamanha vergonha em ter que fazer aquilo e só piorou quando tive que tirar parte da camisola para expor meu mamilo, que estava incrivelmente inchado e saltado.

Olhei para o alto e respirei o mais fundo que conseguia para afastar a vergonha e agradeci mentalmente por ChanYeol estar de costas. Ele havia entendido o tamanho da minha vergonha em fazer aquilo e depois agradeceria a ele.

- Não acredito que alguém vai chupar meu mamilo e esse alguém não é você. – Comentei risinho quando finalmente tomei coragem para fazer aquilo. BaekHee não parecia gulosa quando abriu a boquinha bem desenhada e passou a se alimentar em mim, mas minha vergonha realmente não passava, mesmo sabendo que ela precisava daquilo para comer.

- E vai ser ela por um bom tempo, fiquei sabendo que leite humano é aguado pra caramba e não quero mamar em você enquanto te fodo. – Mais romântico impossível, mas isso ajudou a tirar meu foco do que estava fazendo.

ChanYeol voltou ao me lado e dessa vez se sentou para observar nossa filha, acho que foi involuntário quando ele me abraçou pelos ombros e me encheu de carinhos na cabeça, aquilo foi como um tiro de felicidade no meu coração.

Ele literalmente nunca me deixaria, não importa o quanto SeHun ou qualquer outra pessoa me dissesse o contrário, naquele momento eu percebi que não havia sido um casamento forçado, não havia ódio, era só amor, o amor que ChanYeol sentia por mim, o amor que eu sentia por ele e agora o amor que nós sentíamos pela nossa filha.

- Obrigado, Chan...

- Pelo que?

- Por ficar do meu lado....