Capítulo 17 - Dinner
*POV Theo*
— KENNAN!
— Que? - Me virei pra trás e vi Jake correndo até mim.
— Você não vai acreditar.
— Que foi? - Bati a porta do meu armário.
— Minha garota tá vindo pra cá. - Ele sorriu de orelha a orelha.
— Que legal bro. - Sorri e dei um soco no ombro dele.
— Sim! Eu disse pra ela que você queria conhecer ela.
— Que? Mas por que, Jesus Cristo? Eu nunca disse que queria conhecer sua namorada.
— Poxa Theo, meus pais tão viajando, e eu queria apresentar ela pra alguém. E você é meu brother. - Falou chateado.
— Tá, tá. - Bufei e ele sorriu.
— Hoje, 20hrs, jantar naquele restaurante maneiro. Se quiser levar uma garota pra não ficar segurando vela, não tem problema.
— Pera, vai ser um encontro ou uma janta com “a família”? - Comecei a andar pelo corredor e Jake apressou o passo pra me alcançar.
— Ah cara sei lá, só tô dizendo. - Ele deu de ombros.
— E aí galera. - Senti um peso se jogando em cima de mim.
— Porra Drew. - Falei quando vi quem era.
— Para de reclamar, viado. - Ele riu.
Drew é um dos meus amigos. Ele também joga no time de basquete da escola, e ele também é meio famosinho. E assim, assume-se que ele também é um babaca de vez em quando.
Ele é mais ou menos da minha altura, com cabelo grande loiro-meio-de-farmácia e olhos castanhos.
— Será que eu ouvi garotas? - O loiro perguntou e eu revirei os olhos.
— É… eu só tava dizendo pro Theo arrumar uma garota. - Jake mentiu. Eu sei que ele estava mentindo porque ele mente muito mal.
— Theodore, eu posso te arranjar uma novinha. - Drew sorriu convencido.
— Ahm…
— Tá, pode ser! - Jake ignorou minha tentativa de responder e respondeu por mim.
— Certo então. Eu mando uma mensagem pra você depois, T-Dog. - Ele piscou pra mim. — Adeus, otários. - Drew se afastou de nós.
— T-Dog?
Que diabo de apelido é esse?
— Tenho aula de física agora, falou. - Jake disse e virou pra esquerda no corredor.
— Tchau? - Falei baixo e fiquei parado no meio do corredor feito um imbecil.
Aparentemente eu tenho um encontro hoje à noite?
[…]
*POV Noah*
Eu estava vendo desenho enquanto comia uvas - que aparentemente era a única coisa comestível nesse lugar, Theo precisa fazer compras, misericórdia - quando a campainha tocou.
Olhei no relógio que ficava em cima da Tv, eram 16h da tarde. Meu primo provavelmente está no trabalho agora, não deve ser ele.
Abri a porta.
— Oi gracinha. - Uma menina morena falou. A olhei de cima para baixo rapidamente, e observei que ela tem um corpo bonito, e um rosto igualmente bonito.
— Oi? Ahm… Posso ajudar?
— Você é o Theo? Achei que você era mais alto. E mais… moreno. - Ela falou reparando em mim.
— N-não, eu não sou o Theo.
— Mas aqui é a casa dele, né?
— É…
— E cadê ele?
— Trabalhando. Mas o quê você queria com ele?
Realmente me pergunto o que faz uma garota vir até a casa de um cara, tipo, que?
— Um amigo do seu irmão me disse que ele queria sair num encontro, algo assim. Eu só vim me apresentar pra ele, sabe como é.
— Ele não é meu irmã-... Pera aí, você disse um encontro? - Perguntei agarrando a maçaneta da porta com força.
— É. - Ela deu de ombros.
Eu não acredito que em tão pouco tempo desde a talzinha dele ele já tá procurando outra! Será que ele não pensa em outra coisa além de um par de peitos?!
Fiquei encarando ela por algum tempo.
— Tá. Ele não tá em casa. Tenta o celular dele. - Falei curto e grosso e bati a porta.
Me encostei na porta e deslizei até estar sentado no chão. Abracei minhas pernas e fiquei olhando pro nada.
Nem sei porque me importo. A vida é dele, ele faz o que ele quiser, eu não tenho nada a ver com isso. Não sei porque eu estou brabo, não faz nenhum sentido. Não, não, eu não estou brabo. Mas eu só acho engraçado que ele faz essas coisas de sempre toda hora ter a necessidade de estar com uma garota. Que saco. AI NÃO, PARA NOAH, VOCÊ NÃO TEM NADA A VER COM ISSO, SÓ ESQUECE.
Levantei e sentei no sofá de novo, continuando a ver meus desenhos, mas algo estava diferente.
*POV Theo*
Eu tava sentado no caixa e peguei meu celular que apitou com uma mensagem.
[15:57] Drew - ei bro, ta aí uma foto da gata, aproveita ela eh sensacional *emoji de diabinho*
Em baixo da mensagem tinha outra com a foto dela. Ela até que era bonita, não vou mentir. Mas caralho, eu não disse que queria uma companhia. Tipo, qual o sentido eu levar uma garota que eu não conheço pra conhecer a namorada do meu melhor amigo? Ainda mais que… é muito recente desde que eu terminei com a Beatriz. Eu não vou admitir pra ninguém que eu fiquei chateado com o término, tenho uma reputação de babaca à zelar.
Bom, a diferença da Beatriz e das outras garotas que eu fico? Garotas que eu fico são só… garotas. Já garotas que eu namoro mesmo, eu meio que me entrego. Só tive uma outra namorada que eu me apeguei mesmo, e ela quebrou meu coração. Mas isso não vem ao caso agora.
— Moço? - Ouvi alguém falar. Eu estava olhando fixo pro celular e pensando.
Eu não queria já sair com outras pessoas, tipo, qual o propósito?
— Moço?!
Mas eu não sei, o Drew já deve ter prometido pra garota um encontro comigo, eu não sou tão babaca a esse ponto.
Ah não pera, sou sim.
— MOÇO?!
— QUE FOI OH PORRA? - Larguei o celular no balcão e fiquei em pé.
— ME SERVE CARALHO, TU É O ÚNICO FUNCIONÁRIO NESSA MERDA, E VÊ SE NÃO GRITA COMIGO RAPAZ. - Vi que era um cara de terno, provavelmente um executivo, gritando comigo. Ele estava sentado numa mesa, que talvez se quebrou um pouquinho quando ele bateu na mesma.
— TÁ BOM CACETE. - Peguei o cardápio com raiva e andei até o cara, fazendo o pedido dele e indo buscar.
Tempo depois, o cara foi embora e inclusive pediu um chicletinho de graça, alegando que seria cortesia pelo péssimo atendimento.
Peguei os chiclete e taquei na cara dele.
O café quase nunca tem movimento, então fiquei fazendo nada até dar o horário do meu expediente.
Dirigi até em casa e quando entrei, Noah estava sentado vendo Tv.
— Você tem um encontro hoje? - Ele perguntou sem tirar os olhos da Tv.
— Ahm… Como você sabe? - Ih o Noah é tipo vidente porra esse menino sempre sabe de tudo.
— Sua put- Ele se auto-cortou e tossiu. — Sua amiga veio te procurar. - Ele falou amiga com desprezo.
— Po Noah, foi mal. Eu nem queria sair com essa guria, meio que me arranjaram ela.
— Nossa. - Ele revirou os olhos.
— Que foi?
— O jeito que você falou isso foi tão machista, como se as garotas fossem um objeto pra se trocar.
— Ai Noah, desculpa, não precisa ficar brabo eu só falei de uma forma errada. - Falei erguendo as mãos em redenção.
— Que seja. - Ele levantou do sofá, parecendo irritado, e foi pra cozinha.
Mas o que tá acontecendo?
— Sabe, hoje a namorada do Jake vai vir pra cá. - Fui pra cozinha e me escorei na mesa, tentando me explicar.
Noah estava arrumando alguma coisa.
— Ok.
Suspirei angustiado.
— Daí o Jake disse que nós vamos jantar juntos.
— Ok, eu vou pedir algo pra comer então, aliás, você precisa fazer compras. - Ele falou ainda não olhando na minha cara.
Noah tentou puxar a toalha de mesa da mesa, mas não conseguiu, então ele olhou pra minha mão - que estava apoiada em cima da toalha - e olhou pra mim irritado.
Tirei a mão e ele puxou a toalha, voltando a arrumar as coisas. Eu diria que é bonitinho ele irritado, se não fosse tão irritante.
— Tá. - Então eu tive a ideia. — Quer ir na janta? Eles não vão se importar.
— Theo… - Noah suspirou. — Não tem problema você ir com uma garota. Sério. - Ele sorriu, provavelmente falso. — Vai cara, ninguém tá te impedindo.
— Ok, mas eu não quero ir com ela. Eu quero que você vá.
— Porque eu iria querer ir jantar com seus amigos?
— Porque sou eu que vou pagar sua comida…? - Tentei parecer convincente.
Noah pensou um pouco.
— Tá. Mas não vem reclamar de mim depois se você ficar todo “ah queria uma pessoa com peitos aqui, hur dur” - Ele falou imitando minha voz.
— Eu não falo assim.
— Não começa. - Ele pegou uma faca que ele estava secando e apontou pra mim, então eu recuei.
— Tá bom. Esteja pronto às 19h45. - Saí da cozinha.
[…]
— Tem certeza que eu podia ter vindo? - Noah perguntou.
— Claro cara. - Falei procurando Jake.
Já tínhamos chegado no restaurante e estávamos na recepção, esperando meu melhor amigo, até que eu o achei.
— Ali! - Peguei a mão de Noah e o puxei até aonde Jake estava. — Hey Jake!
— Theo, e aí? - Ele me cumprimentou. — Quero te apresentar minha vida, Karen. - Ele falou dando espaço para sua namorada nos ver.
— Prazer, Karen. - Beijei a mão dela.
— Você deve ser o Theo. O Jake fala bastante de você. Chega a ser irritante. - Ela sussurrou a última frase.
— Eu sei exatamente como você se sente. - Falei e ela riu.
Jake riu também, mas quando ele olhou quem estava junto comigo o riso dele cessou.
— Noah?
— Oi Jake. - Noah falou tímido.
— Ahm… - Ele olhou pra mim. — Legal que você veio.
— É…
— E você é quem? - Karen perguntou simpaticamente para meu primo.
— Noah. - Ele estendeu a mão pra cumprimentar ela, mas ela foi tentar dar um beijo na bochecha pra cumprimentá-lo, então ficou uma confusão. Noah provavelmente queria estar morta. — Eu sou primo… do… — Ele apontou pra mim envergonhado. — Do Theo.
— Entendi. Prazer Noah. - Ela sorriu pra ele.
— Então… Vamos ir comer? - Falei pra tirar a tensão.
— Claro. Vão indo na frente vocês dois, e Theo vem comigo ver um negócio na reserva. - Jake falou.
— Tá. - Falei quando fui puxado pra longe dos nossos acompanhantes pelo garoto de cabelos negros.
— Cara, eu disse pra trazer uma garota, não seu primo! - Ele bateu no meu ombro.
— Ué, algum problema com meu primo? - Perguntei repreendedor.
— N-não… é só que, sei lá, pensei que ia trazer uma garota.
— Olha, primeiro que eu não quero deixar o Noah muito tempo sozinho, ele tá meio mal. Segundo que eu não quero sair com garotas agora, ainda não. Ok? Então deixa de palhaçada e vamos comer.
[…]
Depois de chegar a comida, ficamos conversando coisas sobre o casalzinho, coisas sobre nosso futuro, essas coisas que se conversa em jantares.
— Você trabalha com o que mesmo? - Perguntei pra Karen.
— Estou fazendo faculdade de arquitetura. - Ela respondeu. — E vocês, o que vão fazer na faculdade?
— Ah, eu não sei direito. Eu pensei em fazer arte com as coisas que a natureza dá e vender na praia. - Falei brincando.
— E você? - Ela perguntou pro Noah.
Cutuquei Noah com o cotovelo, e ele olhou pra ela.
— Ahm? Ah, eu acho que medicina.
— Legal, é uma boa.
— É. - Noah falou dando de ombros.
Silêncio.
— Bom, a gente ficou falando um tempão de nós, mas eu nem perguntei de vocês. Vocês tão namorando?
— O quê? - Perguntei assustado.
— Vocês tem namoradas? Tipo, namoro, sabe? - Ela repetiu.
— Ah bom. - Eu tinha entendido que ela perguntou se eu e Noah estávamos namorando, e então eu quase cuspi meu refrigerante. — Bom, não. Agora não tenho namorada não.
— Só agora né porque daqui dois dias já aparece com uma nova. - Ouvi Noah murmurar alguma coisa mas não entendi.
— Que?
— Não, não tenho namorada também. - Ele respondeu. — Mas isso é porque eu sou viado. Tipo gay mesmo.
— Noah. - Repreendi ele.
— Que foi? Eu só tô dizendo.
— Tudo bem Theo, deixa ele. - Karen se debruçou na mesa. — Mas então, e um namoradinho?
— Nossa você parece minha tia falando. Ah não, pera, minha tia não pergunta sobre namoradinhos, porque ela é desnaturada.
— Noah! - Repreendi ele de novo, dando um tapinha no braço dele.
— Não, querida. Eu não tenho um namorado. - Falou forçado.
Nesse momento eu lembrei de uma pessoa. Zach. Ué, verdade, aonde o Zach tá esse tempo todo?
— Aparentemente é difícil ser eu. - Noah falou, mas num tom baixo. — Olha, a comida tá ótima mas eu não tô me sentindo bem, acho que vou ir. Foi um prazer conhecer você, Katy. — Noah se levantou e deu um beijo na bochecha de Karen.
— É… Karen. - Ela corrigiu mas Noah não ligou.
— Tchau Jake. - Ele deu um beijo na bochecha dele também.
— Ahm, tchau… eu acho. - Jake falou confuso.
— Te vejo em casa Theo, tchau. - E Noah só saiu do lugar.
— Com licença. - Falei e me levantei da mesa.
Corri atrás de Noah, tentando não derrubar nenhum garçom, até que cheguei nele, já na recepção.
— Noah, espera.
— Theo, não. Para. Eu não devia ter vindo.
— Mas… porque? O que tá acontecendo?
— Nada, eu só… Tô meio mal. Eu preciso ir pra casa.
— Tudo bem, eu te levo.
— Não, Theo. Por favor, não precisa ficar sendo super protetor. Volta com seus amigos e depois em casa eu falo com você.
— Tem dinheiro pro táxi?
— Sim.
— E Noah, como assim você não tem namorado? E o Zach?
— Eu preciso ir. Tchau. - Ele só ignorou minha pergunta e saiu do restaurante.
Fiquei ali com cara de trouxa.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.