História Lua Azul - Machucado

E eu estou caindo para sempre

Uma queda livre sem apoio

Sem chão...

4º Dia da Lua Azul

Peter sentia um frio invadir seu corpo por inteiro, uma pressão exercia seu corpo para baixo. Peter tentou apalpar o chão e nada, não conseguia sentir o chão. Então gritou ao ver que estava caindo. Fechou os olhos esperando sentir seu corpo chocar-se ao chão, mas sentia que ainda estava caindo. Ele tentou apoiar-se a parede, mas ela parecia pegajosa e escorregadia o que dificultava o amortecimento da queda. O desespero já estava tomando seu corpo, estava caindo por horas e não consegui sentir o chão. “Só pode ser um sonho”. 

Peter fechou os olhos, olhou seus dedos e os contou. Havia cinco dedos em todas as mãos. Será que aquilo não era um sonho? Uma ilusão? Não tinha ideia, mas precisava acordar. De repente, um nome surgiu em sua cabeça como um mantra. Ele pensou naquela pessoa, aquela quem sentia que podia salvá-lo. Fechou os olhos e lembrou-se daquele nome, do sorriso, os gestos, os toques e os beijos. E foi assim que ele acordou. Seu corpo tremia tanto que ele pensou por um minuto se não havia lhe dado um choque. 

- Peter? – Aquela voz... Peter respirou fundo deixando aquele cheiro que tanto amava preencher seu interior. 

- Stiles! – Ele praticamente gritou. 

- Está tudo bem, eu estou aqui agora.  – Stiles apertou o corpo de Peter junto ao seu e pela primeira vez ele pode sentir o corpo de um lobo frio. O que mais o intrigava era o fato dele está suando e sentindo frio. 

- Por favor, não me deixe. 

Peter apertou Stiles em um abraço tão forte que o menino gemeu baixo ao sentir sua coluna estalar. Peter o largou ao ver o quanto estava machucando-o. 

- Vou ligar para o Deaton. – Stiles parecia atordoado. Peter estava completamente diferente e muito estranho. 

Peter olhou ao seu redor e um terror passou diante dos seus olhos. Por um estante ele precisou tampar a respiração para mantê-la regulada.  Ao seu redor a cama parecia ter sido chacoalhada, os lençóis haviam virado tiras como se houvessem o cortado com uma navalha. Os travesseiros sobraram apenas as penas que esvoaçavam com a brisa da janela. O cochão estava assustadoramente rasgado. Contudo, o que fez Peter levantar-se em um pulo foi o sangue que sujava o estofado do que era um colchão. Ele tocou na enorme mancha de sangue. Suas unhas transformaram-se em garras sujas de sangue.  Um único pensamento veio em sua mente: “Eu fiz isso com ele, eu machuquei ele, Stiles!”;

Peter rugiu tão alto que do piso de baixo Stiles não pode deixar de ignorar. Olhou para a sua coxa ferida pelas as garras do lobo. Ele havia descoberto que o machucara. 

- Deaton eu realmente preciso de você. – Mais um rugido, mas dessa vez Stiles ouviu coisas sendo quebradas no andar de cima. 

Desligou o telefone sem esperar uma resposta do emissário. Suspirou. Antes de subir as escadas e dar de cara com um lobisomem alfa descontrolado, ao menos deveria ligar para outros lobisomens que pudessem ajudá-los. 

Primeiro discou o número de Derek que por sinal atendeu no primeiro chamado.  “Ual! Tão rápido”- Pensou Stiles. 

- Derek?! – Stiles praticamente gritou. 

Ele viu olhos vermelhos passarem pelo corredor e correr para a outra porta. Um susto que o fez saltar e até mesmo gritar o nome de Derek novamente. 

- Stiles? O que aconteceu? – O tom de Derek mudou de carrancudo para algo do tipo preocupado, o que surpreendeu Stiles. 

- Eu só posso dizer que seu tio está descontrolado quebrando a casa toda e não me pergunte mais nada, apenas venha aqui, ligarei para Scott. 

Stiles respirou fundo. Estava com medo. Era um medo não de Peter e sim dele fazer algo que se arrependa depois. 

- Estou indo para ai e em hipótese alguma chegue perto dele. Estou levando um... – Derek pareceu pensar antes de dizer algo. – O Chris...

- O que?! Nem pensar Derek! Ele vai matá-lo. – Stiles teve que controlar o tom de voz já que estava abaixado atrás do balcão tentando não ser notado pelo o lobo furioso que revirava a sala e rosnava furioso.

- Tchau Stiles. – Stiles pôde ouvir o barulho do carro antes que Derek pudesse desligar. 

Respirou fundo. Agora precisava ligar para Scott. Deu uma rápida olhada para a sala e notou Peter semitransformado, encima do sofá com uma expressão assustadora. Olhou novamente para o seu celular. Não daria para ligar com Peter tão próximo, se não seria descoberto e provavelmente seria o seu fim. 

Para Scott: Preciso de você aqui! Peter descontrolado e não há como explicar apenas venha e traga mais lobisomens com você.

De Scott: Esta bem, eu estou a caminho. 

Stiles fechou os olhos. A única coisa que se passava pela sua mente era, por favor, cheguem logo. Ele não queria ter de se tornar pedacinho de lobisomem.  

De repente, Stiles sentiu certa baforada em seu ombro. Não deu tempo de ver quem era apenas de rolar como um rolo compressor para bem longe de onde as garras de Peter o acertariam. 

Peter derrubou um jogo de copos que estavam encima do balcão. Stiles bufou em ver o jogo de copos que comprara pouco tempo só os cacos. Rolou para o lado, mas algo o travou. Olhou sua perna ferida e seu braço arranhado por conta dos cacos de vidro.  

Peter rosnou e saltou. Stiles arrastou-se até a sala que estava incrivelmente destruída, como se furacões houvessem passado por ali. Em sua mente dizia que quanto mais longe de Peter melhor seria. Olhou ao redor e notou seu taco de beisebol encostado entre o que era uma mesinha de centro e um sofá completamente rasgado. Pegou ele. 

- Certo. Eu espero que me perdoe depois dessa. 

Peter saltou para sala correndo em uma velocidade anormal. Stiles respirou fundo, posicionou seu taco e bateu arremessando Peter como uma bola de beisebol até o balcão da cozinha. Por um momento o lobo ficou atordoamento. Esse momento foi o suficiente para Stiles apoiar-se em seu taco e andar até a porta. Deu uma olhada para trás e notou um rosnado tão alto que a casa pareceu sacudir e se encolher, assim como a estrutura magricela de Stiles. Olhou para a porta, estava longe, mas arriscou a correr até ela. Ainda apoiado no taco de beisebol foi forçando sua perna machucada a se arrastar junto do seu corpo. 

 Stiles estava a poucos passos da porta... Foi então que em um movimento rápido a porta da sala foi arremessada até o lobo Peter que apenas com uma mão a partiu ao meio como se fosse uma simples folha de papel. Da porta outro rosnado surgiu. Olhos azuis gélidos e aquela carranca era Derek. 

- Sai. – Ordenou Derek com sua voz assustadoramente grossa. 

Stiles arrastou-se até a porta encontrando Chris recarregando uma submetralhadora e Deaton com uma maleta em mãos, ao seu lado estava Melissa com uma expressão preocupada. Scott apareceu entre a floresta junto de Isaac e os gêmeos.  Ao ver Stiles apoiado em seu taco de beisebol, ele correu até o amigo amparando sua queda. 

- Desculpe a demora. – Comentou Scott tratando de sugar a dor de Stiles. 

- Tudo bem. 

Da porta, Derek foi arremessado, rolando até as árvores. Ele rosnou e olhou para Chris que com sua submetralhadora, enfiou metade do corpo pela brecha da porta e atirou várias balas de uma vez. 

- Não! – Gritou Stiles exausto. – Vai matá-lo. 

- Isso não vai matá-lo, só atrasa-lo. – Comentou Chris recarregando sua arma. 

- Vão. – Disse Scott para os gêmeos e Isaac que correram junto a Derek para dentro do chalé. 

Ali uma luta entre lobisomens se estalou. Stiles imaginou que agora o chalé não seria nada a não ser um monte de coisas quebradas e espalhadas pelo o que antes foi uma casa. 

- Stiles, eu preciso ir. – Scott deixou Stiles junto de Melissa que o ajudava com seus ferimentos. 

- Scott. – Stiles tocou o braço de seu amigo. – Pare ele, por favor. 

Scott deu uma olhada a Melissa que apenas balançou a cabeça e concordou. 

Mais um rosnado ecoou e Stiles conhecia aquele rosnado. Era de Scott. 

- Stiles sua coxa precisará de pontos. – Melissa havia trazido uma mala grande que tinha uma enorme cruz vermelha. 

- O que aconteceu? – Perguntou Deaton.

 Stiles olhava melissa aplicar alguns remédios em sua coxa que por um momento ardeu ao ponto do garoto soltar altos gemidos de dor. Respirou fundo quando Melissa terminara de aplicar remédios em sua ferida. Ela agora só costurava o ferimento. 

- E-eu não sei. – Stiles olhou Deaton que via a confusão que se estalava do lado de fora. Chris atirava para todos os lados e os lobisomens tentavam pegar Peter que rosnava e os arremessava para qualquer canto. – Ontem saímos para uma boate Depois... Dormimos fora. – Stiles lembrou-se de Peter que dormia em sua forma de lobo. – Lembro que Peter e eu dormimos em uma taverna. Ele passou a noite toda em sua forma de lobo.  – Stiles dizia as pressas. 

Deaton olhou algo em seu caderno. 

- Isso. – Ele olhou novamente para a briga que agora era do lado de fora. – Peter não deveria ter ficado tanto tempo em forma de lobo, principalmente com a lua azul em seu período e a luz cheia chegando. – Deaton suspirou. – Ele ficará descontrolado até o final da lua cheia que será amanha.

- E depois? – Stiles tentou se sentar ao ver que Melissa havia terminado de dar os pontos e apenas enrolava sua coxa em uma atadura. 

- Ele voltará ao normal. – Disse Deaton.

Stiles olhava Peter completamente descontrolado. 

- Não há outro jeito? – Stiles se levantou. – Não há como fazê-lo parar? – Stiles sentiu uma dor em seu peito ao ver um tiro que Chris deu em Peter atingindo seu ombro. Derek saltou arranhando suas costas o que levou a um rosnado e um grito de dor vindo de Peter. 

Stiles tentou correr ignorando os gritos de Melissa, dizendo que ele não podia ir até a briga dos lobos. Stiles não escutava nada, ele só tinha olhos para a figura de Peter ajoelhada e gemendo da dor que senti. O garoto viu Chris atirar mais uma vez. Peter soltou mais um grito de dor. Stiles tentou correr, mas sua perna machucada o levou ao chão. Ele caiu, mas não desistiu tentou se arrastar até Peter. Estavam o machucando e aquilo doía em Stiles. Ele não queria ver seu lobo sofrendo.

- Parem, vocês estão machucando ele. – Stiles gritou fazendo todos pararem. Peter olhou Stiles por um momento e algo em si pareceu despertar, seu lobo rosnou. 

- Se não machucarmos ele, ele machucará a todos nós. – Disse Derek pegando Stiles no colo. – Você não deveria está aqui. 

Peter saltou até onde Derek estava com Stiles. 

- Não, eu preciso falar com ele. – Stiles tentava sair dos braços de Derek, mas era impossível com a força que Derek exercia sobre seu corpo. 

- Stiles. – Derek praticamente rosnou. – Se eu deixar que ele lhe machuque, Peter nunca se perdoará e nunca poderei me perdoar por ter deixado tal coisa acontecer. – Derek desviou de uma investida de Peter. O lobo tentou atacar novamente, mas foi impedido pelos os gêmeos e Scott.  – Eu não posso ver meu tio perder tudo novamente, você é tudo que ele tem. Você é a esperança dele. – Derek correu com Stiles em seus braços para longe da confusão, para onde ele estava com Melissa e Deaton. 

- Mas... – Stiles olhou por sobre o ombro de Derek. Apertou o braço dele fortemente quando sentiu aquela dor novamente. A dor de vê-lo daquela forma. Stiles sabia o quanto Peter estava sofrendo e isso fazia Stiles querer correr até Peter, protegê-lo, mas sentia que não podia... Por ser apenas um humano. 

- Eu entendo Stiles. – Derek deitou Stiles no chão e ajudou-o, sugando sua dor. – Mas estará o ajudando, se mantendo em segurança. 

Derek apenas deu uma última olhada em Stiles e concordou algo silenciosamente com Melissa, voltando para a luta. 

Stiles cobriu os olhos e chorou. Chorou por quase ter se deixado levar pelos os sentimentos, por ter quase tentado se suicidar. Se ele realmente tivesse deixado aquilo acontecer, Peter nunca se aproximaria mais dele. 

- Sti. – Melissa correu os longos dedos pelos os cabelos de Stiles. 

Stiles soluçava alto, enquanto Melissa afagava-lhe, transmitindo aquela sensação que apenas Claudia dava a Stiles. Stiles abraçou o corpo de Melissa e chorou. Como era bom tê-la ali, o carinho que a mulher lhe dava, era semelhante aos que recebia de sua mãe e fora assim que conseguiu cair em um sono calmo. 

*~^-^~*

Peter ainda lutava com as forças que lhe restava para sair daquele transe. Ele estava diante a um jardim repleto de flores, de longe ele via um lobo de cor caramelo correr diante as flores. Onde o lobo corria era espalhado vários vagalumes dando luz às flores apagadas pelo ambiente escuro. Era bonito, não, era incrível. Por um momento Peter se perguntou se não havia morrido e chegado ao paraíso. Então se lembrou de que aquilo era apenas o seu interior onde brigava por controle. 

- Ei! Você. – Peter gritou para o lobo, que voltou a correr, espalhando os vagalumes. – Ou lobo que sou eu. – Peter pensou bem. Como era falar com seu próprio lobo? Ele não tinha certeza, nunca tentara falar com seu próprio lobo e era a primeira vez que algo do tipo acontecia. 

O lobo parou de espalhar os vagalumes. Olhou de canto para Peter e por algum minuto Peter sentiu a força daquele olhar formigar-lhe o corpo. 

- Você! – Gritou Peter sentindo toda a raiva ao se lembrar da cama destruída e o sangue de Stiles em suas garras. – Você o machucou. – Peter vociferou recebendo um rosnado do lobo. 

- “Não foi eu, foi você”. – Por um momento Peter achou ter ouvido o lobo falar. 

- Espera ai, você falou? – Peter sentiu o formigamento em seu corpo. 

- “Sim”. – O lobo virou-se em direção a lua onde ficou admirando-a. – “Você deixou aquele lado se soltar e machucá-lo.” – O lobo rosnou. 

- Aquele lado? – Um uivo distante fora ouvidos pelos dois ali presentes. 

-“É ele, o lobo negro, o lado obscuro ou como costuma chamar, o lado selvagem”. – O lobo ainda olhava a lua como se não se importasse com a presença atrás de si. 

- Foi ele não foi? – Peter ouviu o uivo novamente. O lobo que estava olhando para a lua uivou. 

Peter sentiu uma dor forte em seu peito, olhou o lobo a sua frente que uivava melancólico para a lua como se pedisse um desejo a ela. Ele sentia um dor que não era dada por um ferimento e sim por tristeza.  

Parem, vocês estão machucando ele.

- O que foi isso? – Peter ouviu novamente aquela voz ecoar pelos seus tímpanos, tão alta ao ponto de quase explodi-los. – Stiles! Deixe-me sair daqui. – Gritou para o lobo. Sua forma bestial tornava-se agora nítida. – O que fizeram com Stiles? – Peter rosnou para o lobo a sua frente. 

- “Nada.” – O lobo virou para Peter. – “Assim como você, ele está sofrendo, por nós.” – O lobo olhou para o que seria um pico escuro onde havia uma figura de um lobo negro. 

 - Ei! Para onde está indo? – O lobo olhou de soslaio para Peter. 

- “Não vê? Se não fizermos alguma coisa, ele fará.” – O lobo apontou para a estrutura do outro lobo que estava no pico de uma montanha. 

-Não! 

- “Não sei você Peter, mas Stiles é meu, por isso não permitirei que o machuquem”. – O lobo correu pela floresta escura. 

- Ual! E eu sou você. – Peter sorriu. – Não sabia que eu era tão possessivo assim em relação a Stiles, mas saiba que ele não é apenas seu e sim nosso. – Peter deixou sua transformação completa tomar conta de si. Seus ossos estalaram trocando de posições. Sua roupa se rasgou com seu corpo que esticava e se retorcia. 

Agora Peter estava em sua forma de lobo, correndo junto de seu lobo em direção à montanha onde o lobo negro uivava ferozmente. Peter uivou transmitindo sua raiva ao lobo negro no pico da montanha. Seu lobo o olhou de soslaio e uivou juntamente. Os uivos dos dois lobos caramelos fora ouvido de longe pelo o que estava no pico da montanha e outro uivo feroz e selvagem foi à resposta para os dois lobos que rapidamente apressaram-se até a montanha, afinal a vida do seu companheiro estava dependendo deles.