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História Lua Azul - Cap.2 - Frederick


Escrita por: abacypher

Capítulo 3 - Cap.2 - Frederick


Tudo acontece por um motivo. Veja bem, eu fui abandonado por um motivo, encontrei alguém que me deu uma criação favorável por um motivo, e eu reencontrei com as supostas pessoas que me abandonaram anos depois por outro motivo. Aquelas pessoas que se predominavam meus... pais. Enfim, tudo tinha um motivo, o sol, a lua, a terra, as pessoas, os fatos ou acontecimentos, tudo acontecia porque tinha que acontecer, mas eu ainda não havia entendido muito bem o motivo do homem de olhos pertubadoramente azuis estar parado na minha sala de estar, me olhando fixamente como se fosse o rei do mundo.

- Nós estávamos caçando com os outros rapazes da aldeia, pai... - Meu irmão Peter começou a dizer, parecendo um menino de dez anos de idade. Eufórico.

- E então adivinhe! - Paul arqueou as sobrancelhas tentando ser enigmático. - Surgiram lobos! Isso mesmo!

Harry e Henry - os mais novos - escutavam tudo muito atentos. Devo admitir que a menção dos lobos também despertou minha atenção. Sohosquare era famosa por ter sido uma terra de lobos séculos atrás, dizem que ouve uma batalha épica de humanos contra lobos por território. Desde que meu tio me contou tudo o que sabia sobre os lupus eu havia ficado... fascinado, talvez.

- Eles vinham de todos os lados, no cercando, eram enormes, com garras gigantes e dentes afiados! - Peter franziu o nariz fazendo uma imitação grotesca de rosnado. Harry e Henry se inclinaram para frente, atentos aos detalhes.

- Eles rosnavam mostrando os dentes, e provavelmente iriam arrancar nossas cabeças... - Paul retomou a fala. - E então eles partiram para o ataque! Todos pensamos que estaríamos mortos, até que esse homem apareceu, - meu irmão apertou o ombro do homem de olhos azuis, enquanto sorria. - Ele acabou com todos em menos de cinco minutos.

Arqueei as sobrancelhas.

- O que? - Harry praguejou.

- Cacetada! - Henry gruniu.

- Esse homem nos salvou. - Peter apertou o outro ombro do homem,  dando alguns passos para frente. - Fez com que todos os lobos fugissem correndo.

Aquela história não parecia ser real. Nem o melhor caçador da Costa Norte conseguiu matar tantos lobos em tão pouco tempo. Era impossível. Lobos, apesar de serem animais, tinham um instintos mais aguçados que os nossos. Eram espertos, ágeis, e nunca atacavam se não for para matar. Eu nunca tinha visto um lobo vivo, claro, apenas mortos ou feridos. Eram aterrorizantemente surpreendentes desde a ponta da orelha até as patas gigantes. Minha curiosidade por lobos me fazia pesquisar, e minhas pesquisas diziam que nenhum homem é capaz de matar mais de um lobo em menos de cinco minutos, ao menos que o homem tivesse uma arma, e ainda assim tinha que ser muito bom de mira. Por isso, algo me dizia que essa história não estava se mostrando tão verdadeira quanto sugeriam.

- E você simplesmente surgiu do meio do nada como o super-homem? - Harry arqueou as sobrancelhas para o homem que continuou com os lábios fortemente selados.

- Ele estava passando por lá quando percebeu a agitação. - Paul respondeu pelo Mudo-de-olhos-azuis.

- O importante é que ele salvou nossa vida. - Peter exclamou. - Temos que agradecer!

Meu pai que escutava tudo em silêncio pirrageou.

- Peter e Paul estão certos, - ele disse, simplesmente. - Poupo-lhe as vidas, e qualquer pessoa que fizer isso a meus filhos merece toda a minha honra.

Reprimi um riso amargo. Paul e Peter viviam se metendo em problemas. Fazia cerca de dois anos que eu havia voltado para casa e todos me trataram muito bem. Paul era o mais velho dos Finch, e - particularmente - o irmão mais atraente. Era tão alto e atlético quanto meu pai, e ainda levava sua cabeleira ruiva e seus olhos castanhos mel.

Peter era quatro anos mais novo que eu. Soube que quando meus pais me abandonaram, minha mãe estava grávida de Peter. Ele era tão alto quanto Paul, seu cabelo era um tom vermelho mais claro, e seus olhos eram idênticos ao de Paul, os três homens da casa Finch eram super parecidos. Não havia como negar os genes. Harry e Henry eram gêmeos, e haviam puxado o cabelo castanho escuro de nossa mãe, mas assim como Paul e Peter seus olhos eram idênticos ao de nosso pai.

Eu havia puxado mais minha mãe do que meu pai, era alto, mas não tanto, meus cabelos estavam cobertos por uma camada de tinta laranja, antes eram castanhos como o de Harry e Henry, mas depois de sempre ver o desgastante e velho tom castanho me cansei e decidi pinta-lo. Meus olhos eram como os de minha mãe, uma hora azuis outrora violetas. Mudavam de variação a meu humor.

- Pai. - meu irmão murmurou, me fazendo piscar rapidamente. - Esse homem... ele não tem para onde ir.

- Ele perdeu toda a sua família. - disse Peter, franzindo os lábios. Comovente.

- Isso é verdade? - minha mãe suspirou tristemente. Todos sabiam que ela era coração mole demais. - Dex, não podemos deixar ele na rua... Ele salvou Peter e Paul!

Meu pai enrugou a testa enquanto massageava o queixo com as mãos. Eu sabia que ele estava pensando no assunto. Girei o indicador pela extremidade do copo, acompanhando tudo silenciosamente. O tal salvador não tinha pronunciado nenhuma palavra ainda.

- Qual seu nome, rapaz? - papai perguntou.

- Warner. - respondeu simplesmente, e quando o fez olhou diretamente para mim, como se eu tivesse perguntado. Sua voz enviou um arrepio a até minha coluna. Era rouca. E dura. Talvez arrastada. Tinha um sotaque que eu não conseguia definir.

- Warner. - me escutei murmurando suavemente. Seu nome deslizou em meus lábios como se fosse uma blasfêmia. Parecia tão errado.

- Disse algo, filho? - meu pai se virou para mim. Tomei um gole do whisky em meu copo. Depois sorri amargamente.

- Não. - respondi. - Só acho estranho esse Warner ter aparecido no exato momento em que Paul e Peter precisavam de ajuda.

- Muita coincidência, não? - ele disse, me interrompendo. Franzi os lábios.

- A coincidência se torna maior ainda quando o tal herói é um exper em matar lobos. - retruquei.

- Eu não sou herói. - ele torceu os lábios, com expressão carrancuda. Parecia irritado. Que interessante... - E nem matei aqueles lobos, simplesmente mostrei quem mandava.

Antes que eu pudesse me controlar uma risada escapou da minha boca. Simplesmente mostrei quem mandava. Aquele homem era tão arrogante quanto o tamanho do seu nariz.

- O que é tão engraçado? - ele cruzou os braços sobre o peitoral extenso e só então pude perceber o quão fortes eram seus bicipes. Pisquei rapidamente. No que eu estava pensando?

- Não é você, com certeza. - resmunguei antes de virar o copo em minha boca. Minha mãe me deu um breve tapa no joelho. Grunhi. - Me perdoem por encerrar a sessão de contos mas eu tenho muito o que fazer.

- O que tanto você faz nas ocas, Fred? - Peter provou, zombeteiro. - Achou um namoradinho por lá?

- Não. Estou procurando seu cérebro. - retruquei, fazendo-o gargalhar. Paul abriu um sorriso.

- Por que não leva Warner para dar... uma volta? - ele me piscou um olho. Fechei a cara. Depois que Paul e Peter haviam descoberto sobre minha orientação sexual não paravam de fazer piadinhas ridículas. - Aposto que você tem muita coisa para mostrar.

- O que Paul quis dizer, mamãe? - Harry sussurrou e eu marchei para cima de Paul que se escondeu atrás de Peter, gargalhando alto.

-  Não vou perder tempo com os dois. Tenho mais o que fazer.

- Eu aposto que tem! - Peter deu um riso engasgado quando eu lhe lancei um olhar fulminante.

Meus pais observavam tudo com um sorrisinho de canto de boca. Eles nunca diziam nada quando eu e meus irmãos nos alfinetavamos. Na verdade ele diziam que era coisa de irmãos. Era normal.

- Leve Warner com você. - meu pai disse. Parei, bruscamente. Paul e Peter riram mais ainda. - Nós vamos preparar um quarto para ele aqui na mansão.

Eu estava a ponto de ter um ataque. Por que iriam coloca-lo em casa? E porque eu teria que agir como guia turístico desse homem... arrogante!

- Bon Viage, Warner. - gritaram meus irmãos antes de eu passar pela porta do salão.

Caminhei pelo longo corredor contando em minha mente os passos que dava. O som de outros passos me seguindo me desconcentrou. Enruguei a testa, irritado.

- Você não precisa me seguir por aí, só vai procurar o que fazer.

- Estou procurando. - ele disse depois de um tempo. - E não estou te seguindo. Apenas vamos para o mesmo lugar.

- Ah, é mesmo? - olhei para ele, me deparando com seu ombro largo. Não tinha percebido que ele havia se aproximado tanto. Seu perfume me deixou tonto. Balancei a cabeça. - E para onde você vai?

- Para onde você vai?

- Vou para as ocas. - resmunguei.

- Aí está a resposta para sua pergunta.

Murmurei algo em resposta enquanto caminhava pelo corredor. A mansão Finch havia sido construída a milhares de anos, mas Mare e Dex - meus pais - deixaram tudo como era desde a antiga era. Eu me lembrava pouca coisa sobre essa casa quando cheguei, mas aos poucos minhas lembranças foram voltando, com o tempo eu já conhecia cada bloco de pedra dessa mansão.

- E o que são as ocas? - Warner murmurou com a voz surpreendentemente seca. Sem emoção.

- Resumindo em uma palavra; cavernas. - engoli em seco quando ele se aproximou. - São nosso maior tesouro.

- Simplesmente cavernas? - ele franziu as sombrancelhas negras. - E o que há de tão surpreendente?

- Nossas armas, mais especificamente. - mordi a língua assim que as palavras escaparam. Eu não devia estar dizendo aquilo para um estranho.

- Armas... - ele resmungou para si mesmo. - E o que você faz lá?

- Nada. - respondi de modo brusco. Eu não podia dizer que ali era meu refúgio, podia? Afinal eu nem o conhecia, ele era apenas um estranho para mim.

- Nada? - seus lábios se torceram e eu pensei ter visto o vislumbre de um sorriso. - Seu nome é Fred, certo?

- Frederick. - assenti. - E o seu é Warner.

Era estranho, mas uma parte de mim dizia que o nome "Warner" não combinava nem um pouco com ele. Ele parecia ser o tipo de homem que tem nome forte, duro, e imbatível. Algo como ele...

- Gostou? - ele inclinou a cabeça, estreitando os olhos.

- Está sempre fazendo tantas perguntas?

- Estou? - ele piscou e que quando fiz uma careta ele finalmente sorriu. Um sorriso largo, que não mostrou os dentes, mas me mostrou que ele era o homem mais atraente que eu tinha visto em toda a minha vida. - Eu gosto de pesquisar o que eu não conheço, Frederick.

Meu nome pareceu ter sido feito para sua boca. Eu talvez sua boca tivesse sido feita para meu nome, por que quando ele o pronunciou... Deus! O que eu estava pensando? Eu era um homem maduro, adulto, e estava óbvio que Warner não tinha nenhum interesse em mim.

- Não conhece? Pois bem, - retruquei irritado comigo mesmo. - Meu nome é Frederick, tenho vinte e nove anos, nasci aqui, cresci ao oeste de Sohosquare com meu tio, tenho quatro irmãos que você já conhece, e odeio perguntas.

- Isso foi realmente revelador. - ele murmurou coçando o queixo. Franzi os lábios. - Você tem namorada?

- O que? - abafei uma exclamação.

Warner ergueu as sobrancelhas.

- Estou vendo que não.

- Por que acha isso? - cruzei os braços sobre o peito, me sentindo um adolescente. Ele deu de ombros.

Como tínhamos chegado nesse assunto?

- Aposto também que nunca tenha beijado. - dito daquele modo rouco eu quase não fiquei furioso. Quase.

- O que está querendo dizer? - minhas bochechas estavam pegando fogo. Ele me olhou parecendo que analisar, e eu me recusei a desviar o olhar.

- Você cora como um adolescente. - disse arrogante.

Abri a boca para pestanejar mas nada saiu. Apertei os punhos com força contra o corpo, nunca em toda a minha vida alguém tinha me irritado tanto quanto esse homem. Desci os curtos degraus da mansão e segui em linha reta sem dizer mais nenhuma palavra. Eu iria simplesmente ignorar sua presença. Para meu alívio consegui ver a boca do dragão ali de onde estávamos.

Tínhamos três ocas, e cada uma delas eram nomeadas. A maior era o dragão, nas paredes haviam musgo verde e preto misturando-se com as cores das pedras falsas, dando a ilusão de escamas. As outras três eram; Serpente, Vlad e Sea. Todas tinham um estoque cheios de pedras. As do dragão eram feitas para enganar, eram idênticas a pedras da lua, mas quando quebradas ao meio se tornavam vermelhas. As pedras da Serpente eram cinzas, tão frágeis como vidro, elas se autoconstroem em meio a geadas e água, mas não pense que é inofensiva, jogando-a em uma bebida ela podia servir como veneno. As mais raras de todas são as Pedras de Sangue, pretas e enganosas comos pedras normais, elas podem desintegrar qualquer parte sua com um piscar de olhos. As da Sea são as famosas e mais procuradas Pedras da Lua, era o menor estoque que tínhamos pois um ano atrás fomos saqueados e levaram mais que a metade das pedras. Diferente das Pedras de Sangue, essas podiam matar qualquer animal, ao invés de apenas desintegra-lo. Eram muito usadas no século passado para torturar lobos.

- Bem-vindo as ocas. - estiquei o pescoço para olhar Warner, que infelizmente era alto demais para uma pessoa normal. Seus olhos azuis se fixaram nos meus e eu tive que me segurar para não estremecer contra aquele olhar vazio, no lado esquerdo de seu rosto havia uma cicatriz coberta por sangue seco, - provavelmente feita enquanto ele salvava a vida de meus irmãos - e isso lhe dava um semblante mais... mau. Balancei a cabeça. - Você pode entrar em qualquer uma delas, eu vou para essa. Só não pegue nada.

Ele franziu a testa e me seguiu em silêncio, parecia desconfortável.

- Sea é uma das menores sabia? - puxei a cortina de folhas expondo a entrada da caverna pequena e claustrofóbica. - mas é linda por dentro. Acho que você vai...

As palavras morreram no ar quando Warner deu um enorme passo para trás, como se estivesse prestes a passar por uma enorme parede de larva fervente. Com a respiração descompensada ele cambaleou para longe.

- Você está bem? - toquei seu ombro, surpreso comigo mesmo por meu gesto. Ele pareceu nem sentir minha mão. - Warner?

- Estou. - suspirou. - Estou bem.

- O que aconteceu?

- Eu só... - balançou a cabeça, ajeitando a postura. - Fiquei um pouco tonto. Já estou bem. Acho melhor ir andando.

- Mas...

Ele não me deixou terminar. Apenas girou nos calcanhares e saiu andando, me deixando ali sozinho, abismado, surpreso, e principalmente desconfiado com suas ações. Quem de fato era esse homem?



Notas Finais


UHUL, DOIS CAPÍTULOS NO MESMO DIAAAA !

Tô bem feluz hoje, gostaram?? Espero que simmm! Beijoos 💕


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