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História Lua de Sangue - Somos uma causa perdida de todo jeito.


Escrita por: thislovato

Notas do Autor


aconselho que ouçam johnny cash - hurt quando mencionado no enredo!

Capítulo 31 - Somos uma causa perdida de todo jeito.


“Eu queria ser o seu motivo. De quê? Ah, de qualquer coisa. O motivo da sua fuga, da sua volta, do seu desespero, das suas dúvidas, dos seus calafrios e arrepios, dos suspiros fundos de olhos fechados, dos dias em silêncio perdendo para a saudade, do ódio repentino, do querer desenfreado. Qualquer coisa, meu bem, mas que me fizesse morar em alguma parte tua.”

Abro a porta do quarto e a primeira visão que tenho é Wilmer ainda adormecido na cama, o que aconteceu ontem o destruiu. Coloco as sacolas de compras no chão, retirando o meu mais novo par de botas e logo sentindo o meu pé quente contra o assolho. Ando até a janela, posicionada ao lado da cama, abrindo as cortinas e permitindo que os raios solares adentrassem com fervor no ambiente.

— Eu trouxe café com creme e canela para você — comento.

Wilmer abriu vagarosamente seus olhos e esboçou um sorriso frio.

— Pensei que não voltaria — disse de maneira condizente com o sorriso, sentando-se na beira cama. — Seria o momento perfeito, ainda mais com o meu cartão.

Retiro-o do bolso traseiro da calça, jogando sobre Wilmer que o apanhou ainda no ar.

— Não iria atrás do cartão? — questiono, mas não era necessariamente isso que se tratava.

— Eu disse a verdade ontem — Wilmer levantou e, inconscientemente, dei um passo para trás mantendo uma distante entre nós. — Eu cansei de ir atrás de você. — Ele esboçou um mero sorriso, balançando a cabeça em direção as sacolas de comprar e seus olhos analisaram o meu cabelo, por fim. — Espero que não tenha ficado caro demais os seus luxos.

Wilmer se virou, guardando o cartão novamente em sua carteira e se direcionando ao banheiro.

— Idiota — murmuro, passando as mãos nos fios de cabelo dos quais acabaram de ser cortados e estalo a língua no céu da boca.

Talvez, no fundo, eu contasse com ele indo atrás de mim, afinal a cada compra ele recebia uma mensagem no celular. Talvez eu estivesse muito mal acostumada.

Pego o meu café, sentando-me nos pés da cama e bebericando o liquido quente. Wilmer, por sua vez, saiu do banheiro e apanhou o seu, junto com os donuts e comeu silenciosamente sentado na poltrona. Esse mutismo era diferente do presente em toda nossa trajetória, pois não havia respeito, dessa vez, nenhum de nós compreendia o silêncio um do outro, na verdade, estávamos discutindo com a ausência de palavras. Este era inexpressivo e deprimente. Comprimo meus lábios, terminando de tomar o meu café puro e logo jogo o copo na sacola vazia.

 — Você não precisa agir como se tivesse morrido, Valderrama. Está até parecendo àqueles velhos desgostosos com a vida.

Ele esboçou um de seus piores sorrisos, deixando o café de lado e caminhando em minha direção. Seu rosto estava sério e seus olhos tão expressivos que eu simplesmente não conseguia interpreta-los. Conforme ele se aproximava, automaticamente, eu dava passos para trás, até receber o choque da parede em minhas costas.

— Não é exatamente isso que está fazendo? — questionou ele com o sotaque carregado.

Engulo em seco, sentindo meus olhos arregalados.

— Eu não quero isso para você — balbucio, olhando em seus olhos. — Eu sei o quão doloroso é e viver em prol da dor é a pior coisa. Eu só quero que você viva a sua vida da melhor maneira possível— respondo-o quase em um suplício.

Seus olhos me analisaram e ele esboçou um sorriso descrente.

— Você deveria ouvir suas palavras também, deveria superar sua dor e viver sua vida — disse em tom de acusação. —, mas as pessoas nunca seguem os próprios conselhos.

— O que aconteceu ontem... Eu nem sei o que dizer.

Ele intensificou o seu sorriso fazendo com que o meu coração se aperte.

— Imaginei isso.

— Vamos ficar assim? — questiono com a voz embargada — Agindo como se fossemos duas pessoas arruinadas, andando sem nenhum rumo? Eu sinto que por mais que eu lute, não consigo sair do lugar, não consigo fazer alguma coisa certa. E sabe se lá o que está acontecendo com o Charles.

Seus olhos exploraram meu rosto, seu polegar passou a acariciar minha bochecha em um toque quente e, de certa forma, trouxe-me paz. Algo suave, um lampejo em meio à escuridão que logo escapou quando ele apoiou sua mão contra a parede ao lado.

— Na verdade, durante todo esse tempo você esteve se aprimorando, essa ruina que você mencionou é tudo aquilo que sempre guardou para si mesma. Você tem um propósito, só não é seu, ele foi imposto — seu tom de voz era suave e não houve nenhuma acusação, até então.

Os seus olhos suavizaram e ele incitou um sorriso no rosto.

— E quanto ao Charles... — Suspirou, procurando meus olhos. — Acho que está na hora de pensar um pouco em si mesma. Desde o começo você fez tudo por ele, por mais que possa servir como combustível e faça com que você continue em frente. Uma hora, isso vai acabar e não haverá nada de bom ao seu redor, pois já estará tudo perdido — disse ele. Eu percebi em seu tom de voz que sua compreensão ia além, o que me fez questionar o momento em que ele esteve perdido e como conseguiu se encontrar novamente.

Todavia, ele estava certo. Eu aceite a ajuda do Wilmer, por causa do Charles. Wilmer me levou a Virginia, por causa do Charles. Tudo foi em prol de sua liberdade e todas foram falhas tentativas, que nem chegaram a iniciar.

— Eu gostaria de voltar seis meses atrás — início com um sorriso distante no rosto, desviando meu olhar. — Em que eu realmente estava feliz, ou pelo menos achava. Eu tinha o Charles pegando no meu pé e tinha você! — Os olhos do Wilmer cintilaram e ele sorriu torto. — Estávamos nos conhecendo... Tudo era bem simples.

— Não imaginávamos que estaríamos aqui, agora — disse ele, após suspirar e distanciar-se de mim.

— O que você imaginava que estaria fazendo? — perguntei.

Ele abriu um sorriso simples e balançou a cabeça.

— Provavelmente caçando. Sabia que eu sou muito bom nisso? — Ele arqueou uma de suas sobrancelhas e eu não contive a risada que escapou de meus lábios. — Quem sabe lendo uma de suas terríveis colunas com o seu senso cético e criterioso.

— Não eram tão ruins assim, Valderrama — indago cruzando meus braços e batendo o meu ombro com o dele e, em seguida, dando um passo para trás.

— Não, não eram! — disse com um sorriso, puxando-me pelo braço até eliminar o espaço entre nós — E, também, quem sabe conquistando o coração de uma garota em especial.

Seus olhos procuraram a resposta nos meus de uma pergunta implícita. E eu me senti exatamente como a última vez que nós beijamos, com algo preso em minha garganta e uma vontade imensa de chorar. Ao invés disso, estalo a língua e espalho minhas mãos contra o seu peito.

— Sabe, Valderrama, eu fui bem verdadeira naquela noite no carro, já você se comportou como se nenhuma mulher tivesse se declarado antes.

Ele balançou a cabeça por pura vaidade, exibindo um sorriso esnobe.

— Até parece que não sabe a verdade, mas eu não esperava que dissesse aquilo.

— Entendo, é difícil para uma pessoa que normalmente gosta de ter o controle da situação, que pressupõe cada passo de todos os indivíduos a sua volta e como isso vai interferir em sei futuro. Você só esqueceu que eu não gosto de previsibilidade.

— Por essa eu também não esperava. — Ele levou uma mexa de meu cabelo atrás da orelha, olhando fixamente em meus olhos. — Você foi uma exceção.

Então, ficamos nos olhando por alguns segundos. E agora eu conseguia admirar, com clareza, o olhar cintilante e negro de o Wilmer, algo que sempre me encantou nele. Acaricio seu rosto por cima da barba rústica e permito que um sorriso nasça em meus lábios.

— Eu...

Ele não deixou que eu terminasse e tomou meus lábios para si, roubando consigo o meu fôlego. Nesse momento, meu coração errou as batidas e o toque de seus lábios nos meus abriu as portas de todos os sentimentos bons que comumente eu sentia ao seu lado, principalmente antes de tudo isso, e sensações novas e completamente prazerosas. Inicialmente, eu tive receio e por isso o beijo foi lento, porém logo me entreguei por completo, cruzando meus braços em sua nuca e inclinando o meu corpo, aprofundando o beijo e deixando que nossas línguas pudessem participar do jogo.

— Está com gosto de café e canela — comento contra seus lábios, sentindo minha respiração ofegante. — É isso que você, também, imaginava no futuro?

Wilmer apenas abriu o seu típico sorriso e puxou minha nuca para si selando nossos lábios novamente. Eu nem saberia explicar ou calcular o quanto eu o desejo, o quanto sinto falta da simplicidade do nosso relacionamento antes, o quanto sinto falta de seus beijos e seus toques e ainda todas as inúmeras sensações que ele me proporciona e das quais eu sinto raiva.

Os seus dedos entrelaçaram com a raiz de meu cabelo e ele dava passos para frente, até que eu pudesse receber o choque da parede novamente contra minhas costas. Então, seus lábios começaram a trilhar beijos molhados pelo meu pescoço e também chupões, assim, sua barba roçava na região me causando arrepios. Sua outra mão desceu até minha coxa, apertando-a com precisão e elevando até o seu tronco, fazendo-me perder a estabilidade e, em resposta, Wilmer me prensou contra a parede, de modo que eu não viesse a cair.

— Seu equilíbrio continua questionável, hermosa — murmurou ele contra a pele de meu pescoço.

Estalo a língua no céu da boca, apertando levemente a região de sua nuca.

— Podemos resolver isso, o que acha?

Wilmer voltou a olhar em meus olhos e arqueou uma das sobrancelhas em desafio.

— Você não é muito boa em receber conselhos.

— Não me refiro a conselhos, Valderrama. Algumas coisas são aprendidas apenas na prática — respondo-o com um tom provocativo.

Inclino-me tomando o seu lábio inferior entre meus dentes e percebo-o sorrir durante o ato. Desvencilho de sua mão na minha coxa, de modo que eu mantivesse meus dois pés no chão. Assim, inicio novamente um beijo profundo e voraz, minhas mãos alcançam a barra de sua blusa retirando-a enquanto dávamos passos cegos até que possamos encontrar a cama. Ao esbarrarmos nela, abro um largo sorriso fazendo com que Wilmer deite-se e logo eu viesse por cima, jogando sua blusa em algum lugar do quarto.

O seu ferimento estava, com certeza, melhor do que antes, sua cicatrização estava sendo rápida até aquele momento e não demonstrava nenhum indício que ele fora atingido por dois tiros, tampouco que sofreu uma cirurgia de uma pessoa totalmente despreparada. A região apenas apresentava uma mancha arroxeada, semelhante a um hematoma após uma pancada. Os meus dedos passam pela região e logo meus lábios selam com um beijo molhado subindo por todo abdômen do Wilmer até, finalmente, encontrar seus lábios.

— Como você consegue manter o seu físico entre tudo isso? — questiono, distribuindo beijos e chupões em seu pescoço.  

— Parte disso é genética pura e outra apenas eu mesmo — respondeu com simplicidade, dando de ombros.

Reclino-me, não conseguindo conter o meu sorriso. O ego do Wilmer sempre foi sua característica mais marcante e ainda conseguia ser um grande atrativo para mim. Apesar de sua exacerbada autoconfiança, ele, não era assim à toa, sabia do seu potencial e gostava de expor.

— É bem típico de você ser autoconfiante, não é mesmo?  — Enquanto eu dizia, as pontas de meus dedos se contorciam no tecido da regata que usava e logo a retiro. — Eu também lembro que você não foi nada delicado quando derramou café e olhou para os meus seios.

Wilmer sorriu largo e, em um sobressalto, inverteu a posição ficando por cima de mim e suspendo-me no centro da cama.

— Eu tenho alguns pontos fracos — disse malicioso. — Afinal também sou humano.  

Ele selou nossos lábios em um beijo saboroso e repleto de luxuria, minhas mãos brincavam com o seu cabelo e as dele desciam pelas laterais de meu corpo, apertando-as, sem pudor. Então, ele passou a trilhar beijos pelo meu corpo. Wilmer ignorou os meus hematomas e permaneceu como se não existissem como se minhas dores, naquele momento, pudessem ser ignoradas e de fato podiam. Com o meu auxilio, a calça junto a minha peça intima foram retiradas com facilidade e deixadas de lado.

— Você sempre consegue me deixar encantado — Wilmer me puxou para si pela cintura, acariciando o meu rosto. Seus olhos tendiam a oscilar, mas ele controlava. —, com seus lábios — Seu polegar perpassou por estes, delineando-os —, seus olhos expressivos e sempre prontos para julgar, o seu corpo com curvas maravilhosas e... — Ele mordeu o próprio lábio inferior — Qual é o segredo?

Cruzo meus braços em sua nuca, aproximando meus lábios dos seus e tentando encontrar um foco para a minha visão entre seus lábios e seus olhos.

— Genética e a outra parte é apenas eu mesma — repito suas palavras, mesmo sabendo que essas não eram a resposta de sua pergunta.

Ele não gostou nenhum pouco da minha resposta. No entanto, éramos assim, cheios de jogos e provocações, não delimitamos nada desde o inicio, deixamos que perpetuasse e agora faz parte de nós, da nossa relação. Wilmer segurou minha coxa e em minha nuca, erguendo-me e fazendo com que eu me deitasse de bruços.

— Precisarei perguntar de novo? — perguntou ele, próximo a minha orelha, com o sotaque plenamente carregado e por isso tive uma ligeira dificuldade em entender.

Um leve arrepio percorreu o meu corpo e Wilmer percebeu isso. As suas mãos perpassaram apertando minha pele e explorando aquela região até, finalmente, ele desabotoar o meu sutiã e eu estar plenamente nua, em sua frente. Ao me virar, deparo com um sorriso e seus olhos fixos em meus seios. Seus olhos transbordavam luxuria e desejo, poderiam se assemelhar a de um predador, o que de fato ele era. Porém estaria muito enganado se me classificasse como uma presa.

Seguro seu rosto com as minhas mãos, iniciando um beijo sereno, mas tão saboroso e repleto de respostas das quais perguntas nunca foram feitas. Envolvo meus braços em seu pescoço, trazendo-o mais para mim. Wilmer, por sua vez, fazia-me voltar a deitar na cama e suas mãos transitavam pelo meu corpo com uma facilidade impressionante. Antes que pudéssemos apartar, ele tomou o meu lábio inferior e logo senti ligeiramente o gosto metálico.

Wilmer passou a trilhar beijos pelo meu corpo e quando passou pelo meu colo, este massageou o meu seio e mordiscou o outro, fazendo o meu corpo se contorcer levemente com a sua brincadeira. Ele gostava de explorar o meu corpo, sabia meus pontos fracos e abusava disso. Ele apenas para atentar, mantem seus lábios na auréola do meu seio direito e desceu solenemente sua mão até a minha parte intima.

O meu corpo já se encontrava parcialmente tencionado por conta de seus toques e logo sinto Wilmer puxar minhas pernas mais para si, apoiando-as ao seu redor. Suas mãos começam a apertar minhas coxas com força e uma leve possessividade. Sem nenhum aviso prévio, sinto seus dois dedos adentrarem em minha intimidade, arrancando-me um grunhido alto.

— Will — Minha respiração começou a ficar ainda mais ofegante e aa temperatura do meu corpo alavancar de forma drástica.

Seus dedos faziam movimentos circulatórios por longos segundos e eu sentia todo o meu corpo se comprimir. Ele segurou minha coxa apertando-a vulgarmente enquanto a outra se deleitava de minha intimidade. Então, ele curvou seus dedos na minha região intima e diante disso, um grunhido alto escapou de meus lábios e eu pude ouvir a risada rouca do Wilmer, em resposta. A todo o momento, seus olhos procuravam os meus, ele queria ver através deles o quanto o meu corpo irradiava desejo e como eu reagia aos seus toques. Quando ele percebeu que eu já estava quase em meu ápice, ele cessou seus movimentos, retirando-se de mim com um sorriso maldoso desenhando seus lábios.

Eu compreendi o que ele queria, então, inclino-me até ele, passando minha língua sobre seus lábios enquanto minhas mãos tratavam de brincar com o cos de sua calça moletom. E antes que ele viesse iniciar um beijo, eu me afasto com um sorriso travesso. Então, ele tratou de retira-la junto a sua cueca, mantendo seus olhos fixos nos meus e não desviando nem por um instante, e logo evidenciou o seu membro já ereto.

O meu corpo estava a um milhão, febril e dando todos os sinais que estava pronto para o próximo passo. Wilmer posicionou-se entre minhas pernas, puxando-me pela cintura e selando nossos lábios com estranha cautela, o seu polegar acariciava o meu rosto, entre o beijo e pouco a pouco eu me sentia sendo invadida por ele e o beijo conseguia abafar os gemidos que escapavam de minha boca.

Eu realmente não conseguia pensar corretamente. Eu apenas sentia, sentia o meu copo febril e pulsando a cada toque do Wilmer, sentia o quanto minha respiração deixava-me na mão e o quanto eu me sentia vulnerável ao seu lado, o meu corpo simplesmente se entregava sem o meu consentimento e eu não podia fazer nada a respeito, apenas segui-lo.

— Não me fala suplicar, Valderrama — murmuro com a voz rouca. — Você sabe muito bem o que eu quero — Em seus olhos eu percebia que ele queria mais, ele sempre espera mais de mim. Ajeito minha posição, aproximando o meu corpo do dele e selando nossos lábios — Eu te desejo tanto, por favor, me torne sua.

Seus dedos entrelaçaram em meu couro cabeludo, fazendo com que eu tombasse minha cabeça para trás e desvencilhasse meus braços de seu pescoço e apoiasse minhas mãos sobre o colchão. Este aproveitou o meu pescoço totalmente exposto e beijou-me, começando a movimentar o seu membro dentro de mim com lentidão permitindo que os nossos corpos seguissem tal. A sua barba por fazer roçava a região e isso apenas deixava o meu corpo mais tencionado.

— Eu não te perguntei nada, mas foi bom saber que você me deseja — Seu sotaque estava carregado e aquilo fez o meu corpo vibrar.

Acariciamo-nos e trocamos mais provocações, mas eu sentia que havia mais nisso. O meu corpo arqueava-se para o Wilmer de uma maneira assustadora, como se eu não temesse nada e eu soubesse que ele não me decepcionaria de nenhuma maneira.

Acabamos por inverter as posições, de modo que eu viesse a ficar por cima do Wilmer. Espalho minhas mãos sobre o seu peitoral, me inclinando e beijando seus lábios, tentando conter o sorriso que persistia estar presente. Ajeito-me sobre o seu membro sentindo-me preenchida novamente por ele e retorno aos movimentos, passando a me mover de maneira provocante e tentando atenuar meus gemidos mordendo o meu lábio inferior.

— Você fica ainda mais linda nesse ângulo — disse Wilmer. Eu nem consegui retruca-lo.

Suas mãos alcançaram o meu quadril auxiliando os meus movimentos e nesse meio tempo, uma delas apalpava meu traseiro, fazendo com que o meu corpo se tencionasse e eu acabasse arranhando o seu abdômen, deixando o local avermelhado.

Jogo a minha cabeça para trás, sentindo a raiz do meu cabelo entre o suor e logo eu já sentia que estava próximo do meu ápice. Por isso, Wilmer acaba por inverter, novamente, as posições e a incidir movimentos mais abruptos, de modo que tais investidas explorassem ainda mais o meu interior e fizesse com que eu estivesse mais próxima do clímax. Minhas pernas envolveram em seu tronco, auxiliando-o e minhas mãos, antes com as unhas cravadas nas costas dele, foram caçadas pelo Wilmer que as entrelaçou e as pressionou contra o colchão. Logo eu já sentia o espasmo muscular me alcançar e, pela primeira vez, eu não me questionava o que estava vendo em minha frente.

Seu polegar perpassou por meus lábios e seus olhos estavam fixos nos meus, que eu temia quebrar tal contato. Estes atribuíram à coloração avermelhada, que me fizeram ficar ainda mais admirada por seus olhos, eles eram intensos e qualquer outra pessoa temeria, porém eu me senti ainda mais atraída, mais conectada a ele, mais intima. Como da última vez.

— Eles são lindos — comento, porém minha voz é cortada pelo espasmo muscular junto ao delírio.

Semelhante a uma descarga elétrica e uma sensação prazerosa da qual eu me deleitei com um enorme prazer e me senti obrigada a fechar os meus olhos para tal. Ouço, também, um grunhido rouco escapar do fundo da garganta do Wilmer devido a sua sensação de prazer. Então, ele retirou-se delicadamente permitindo que um último grunhido cruzasse meus lábios.

— Eu nunca vi seus olhos com tal nitidez, as rajadas laranjadas te pertencem — disse ele explorando meus olhos, com um sorriso torto.

O alaranjado representa o poder de Peter retido em mim, de certa maneira este poder nunca será meu, nunca irá me pertencer. Um dia ele será tomado de mim e este era o motivo do sorriso torto do Wilmer.

Em seguida, ele levantou-se e adentrou no banheiro.

O ritmo do meu coração começou a se recompor, da mesma maneira que a minha respiração. Apanho minhas peças intimas, vestindo-as e jogando o meu corpo na cama, novamente. Eu simplesmente não conseguia conter o meu sorriso e a alegria que oscilava em todo o meu corpo proporcionando paz e felicidade instantâneas.

— Bom saber que sou o culpado por esse sorriso — comentou Wilmer, saindo do banheiro usando apenas sua cueca.

— O sorriso e talvez algumas coisas mais — indago movendo o meu corpo para o lado, deixando espaço para que ele deitasse e, assim, o fez.

— Não posso negar que sou bom no que faço.

Movimento minha cabeça e passo uma de minhas pernas sobre a sua. Ele começa a acariciar minha coxa desnuda apertando-a e revezando com movimentos circulares com o indicador.

— Eu sinto falta disso — comento.

— De transar comigo? Eu sei, muitas mulheres do meu passado devem ter esse mesmo sentimento.

Dou-lhe um leve soco no ombro e estalo a língua.

— Ficou incomodada, por quê?

— Não estou.

— Se não estivesse não teria estalado a língua.

— Eu não me refiro a isso, seu idiota. Quero dizer, sinto falta de estar assim com você e que as minhas únicas preocupações eram as colunas e com o futuro de minhas series favoritas.

Wilmer ficou em silêncio, creio que compartilhávamos os mesmos sentimentos. Debruço ao seu lado, encarando sua face lateral, e acariciando o local por alguns segundos e me pego perdida em meus pensamentos.

— Eu costumava pegar o meu cartão e comprar coisas fúteis de manhã. Quando eu chegava em casa, Charles exigia explicações. Algumas vezes eu pegava dinheiro de alguns homens que queriam dormir comigo. Encarava isso como uma distração.

— Enganar homens e roubar o dinheiro deles? — perguntou ele, virando o seu rosto para mim com uma das sobrancelhas arqueadas. — Não parece ser a sua cara.

— Sim, na verdade, você foi apenas mais um — dou de ombros, virando e retirando minha perna de seu colo.

No entanto, Wilmer não aceitou a brincadeira e se sobrepôs sobre mim, apoiando seus cotovelos ao meu lado.

— Tem certeza disso? — perguntou com um sorriso travesso.

— Sabemos que sou mais esperta que você.

— Acha que conseguiria me passar para trás? Eu? — perguntou descrente. — Eu sou mais forte e meus instintos são mais aflorados que os seus.

— Eu tenho habilidades.

— Você tem um equilíbrio questionável, já discutimos isso — relembrou. — Além de si distrair muito fácil.

— Não me refiro a essas habilidades — retruco, cruzando meus braços em seu pescoço e minhas pernas em seu tronco, invertendo as posições com facilidade. — Eu fui treinada para caçar, Valderrama. Não se esqueça disso. — indago arqueando o cenho e complemento sussurrando em seu ouvido: — Além disso, sempre gosto de ter uma carta na manga.

 

 “Mas, dá pra ver, nós seríamos um grande casal, você sabe, se houvesse alguma possibilidade.”

 

Então, passamos o dia todo juntos. Nesse tempo, esquecemos completamente de nossos problemas e nos deixamos ser levados pelo momento.  Eu nunca me senti tão confortável ao seu lado, como essas últimas horas. Durante a tarde, eu mostrei um pouco da região para ele e ainda contei algumas historias absurdas que aconteceram comigo. Passeamos pelas praças e isso me lembrou dos nossos primeiros encontros, em que ele comumente me levava para apenas sentarmos e conversarmos após um dia difícil de trabalho e, assim, nos conhecer melhor. Agora, estávamos no fundo de um bar do qual eu conhecia muito bem.

O local era revestido pelo mesmo papel de parede do qual eu sempre detestei. As paredes eram esverdeadas e havia as mesmas infiltrações de anos. Além disso, os mesmos pôsteres de cantores e bandas estavam estampados ao lado do balcão principal. Brown, o dono ambicioso do local, disponibilizava a bebida naquela noite razoavelmente movimentada por causa da musica ao vivo.

A jovem que cantava parecia ser nova, em torno dos 18 anos, e tinha uma bela voz, apesar de não cantar composições próprias, ela sabia interpretar e impor sentimentos na música. Enquanto Wilmer pegava a bebida, eu me peguei concentrada na canção.

— Eu machuquei a mim mesmo hoje/Para ver se eu ainda sinto/Eu me concentro na dor/A única coisa que é real/A agulha abre um buraco/A velha picada familiar/Tento apagar tudo/Mas eu me lembro de tudo/O que me tornei, meu mais doce amigo?/Todos que eu conheço vão embora/No final.

Meus olhos caçam Wilmer que parecia concentrado na canção e um sorriso amargo desenha meus lábios e eu já sentia um enorme nó presente em minha garganta. E em seguida, eu me encontrei cantarolando a musica em tom baixo:

— E você poderia ter isso tudo/Meu império de sujeira/Eu vou te desapontar/Eu farei você se machucar/Eu uso essa coroa de espinhos/Sobre meu trono de mentiras/Cheio de pensamentos quebrados/Que eu não posso consertar

— Você canta bem — disse Wilmer com seus olhos perdidos e com sua íris retraída — O que acha de dançar um pouco?

Comprimo meus lábios, olhando ao redor e percebendo que ninguém dançava.

— Não tem ninguém dançando, Will. Vamos fazer papeis de bobos.

Este não aceitou minha resposta e tomou minha mão, fazendo-me levantar.

— Pelo menos, eu não farei sozinho, não é mesmo?— Ele forçou um sorriso, puxando o meu corpo para si.

Minhas mãos envolveram em sua nuca e as suas apoiaram em minha cintura. Ficamos com passos simples, ali mesmo ao lado da mesa, apenas movimentando levemente nossos corpos e isso ia muito além de uma dança qualquer . Ele tentava, de sua maneira, mostrar o contrario.  

Sob as manchas do tempo/Os sentimentos desaparecem/Você é outra pessoa/Eu ainda estou bem aqui/O que me tornei, meu mais doce amigo?/Todos que eu conheço vão embora/No final/E você poderia ter tudo isso/Meu império de sujeira/Eu vou te desapontar/Eu farei você se machucar/Se eu pudesse começar de novo/Um milhão de milhas distante/Eu me salvaria/Eu acharia um caminho

Uma singela lágrima se expôs e a enxugo rudemente, apartando assim que a música acabou e os presentes aplaudiram a canção. Os olhos do Wilmer estavam negros e ele procurava a todo o momento os meus. No final, eu suspendo o cenho e estalo a língua no céu da boca, cruzando meus braços.

— Então, não irá me pagar uma bebida? — pergunto, porém no fundo eu sentia uma grande vontade de chorar.

Wilmer indiciou para que eu sentasse próximo ao balcão e logo eu estava em frente do homem com a camisa xadreza vermelha, sua enorme barba grisalha, seu boné avermelhado encardido e o seu mais comum sorriso ambicioso.

— Olá Brown — cumprimento-o, sentando-me.

— Essa é por conta da casa. Relembrando os velhos tempos!

Por uma gentileza, desconhecia por mim, ele nos deu duas cervejas.

— Por que você não canta essa noite? — perguntou o homem já de meia idade. — Por que não fazemos um acordo, como antes? — Ele apoiou seu antebraço sobre o balcão, inclinando o seu corpo. — Poderíamos sair beneficiados.

— Não, obrigada. Eu passo — nego, tomando vários goles generosos da bebida.

— Você deveria ter visto — Ele se virou para Wilmer, com os olhos arregalados. — Esse lugar ficava cheio apenas com os boatos que ela estaria aqui. Aquele amigo dela, um alto, de olhos grandes... Charles — Relembrou o nome. —, organizava tudo e, no final, dividíamos os lucros. Foi a época de maior sucesso da casa.

Tomo outro gole generoso da bebida gelada e passo meu braço sobre o ombro do Wilmer, fazendo com que meus dedos brinquem com o seu cabelo.

— Eu pensava que aquele cara era um idiota, mas nunca vi alguém mais esperto e inteligente que ele. Os dois — Apontou para mim — eram como unha e carne, sempre achei que existia algo entre eles, mas nunca afirmaram nada — Ele riu nasalado.

— Disso eu entendo — disse Wilmer, olhando-me de soslaio.

E a única coisa que consegui fazer foi sorrir torto.

— Teve uma vez, um bêbado foi atrás do palco e tentou atacar Demi. Ele acabou em um beco com a cara deformada, sempre achei que Charles fosse pacifico, mas depois daquilo... — Ele levantou suas mãos, comprimindo seus lábios.

Estalo a língua, terminando a bebida com apenas o gole e levantando-me em seguida.

— Com licença.

Eu sentia um enorme aperto no peito e isso se chamava culpa. Culpa por estar me divertindo à custa da vida do Charles. Culpa pela única vez da qual eu posso fazer uma diferença para ele, eu estou com um homem. Culpa por estar me entregando para Wilmer, quando nós dois sabemos o final disso. Culpa por simplesmente o decepcionar. Culpa por não ter o futuro do qual eu queria.

O fôlego escapou de meus lábios no momento em que sai daquele local e eu senti a brisa gélida em contato com a pele, uma sensação leviana de prazer. Então, pouco a pouco, consegui respirar novamente. Depois, eu respirei fundo e estalei a língua ao perceber que Wilmer se encontrava ao meu lado, olhando para frente com as mãos no bolso. Respeitando, como sempre, meu espaço, mesmo que já esteja cansado disso.

E isso era tão injusto com ele, comigo.

— Isso é grande erro — desabafo após suspirar e me virar para ele. — Você sabe disso. Nós sabemos disso. Hoje foi um dia perdido. Charles está com a vida dele entregada para sorte enquanto eu estou aqui com você, fingindo que somos feitos um para o outro, como se nada tivesse errado e é o contrario. Tudo está uma zona, um caos e sabemos que não teremos nenhum futuro juntos, sabemos que isso não dará cero, tem tantas mentiras e coisas em aberto...

Em todo momento Wilmer não olhou em meus olhos, apenas encarou a movimentação serena da rua. Por fim, ele virou-se para mim e eu não percebi nenhuma emoção em seu rosto, seus olhos estavam sombrios.

— Eu não posso viver assim enquanto o Charles está lá por minha causa. Eu não posso te enganar ou nos dar esperança de algo que já está traçado.

Ele movimentou sua cabeça, abrindo um sorriso ferido e descrente.

— Ele está lá por causa dele mesmo. Charles teve tempo suficiente para te dizer o que estava acontecendo e, por causa disso, terá que aguentar as consequências — disse ele de maneira fria.

— Você acha que eu não devo ir atrás dele?

— Ele mesmo disse que era para você viver sua vida. Ele abraçou o futuro dele.

Dou um passo para frente, olhando em seus olhos. Eu queria saber se ele estava falando a verdade e, pior, estava.

— Você é inacreditável — cuspo as palavras com rancor. — Até parece que não sabe o quanto ele significa para mim. Ele é meu melhor amigo e eu faria absolutamente tudo por ele.

Wilmer puxou o meu braço para si, permitindo que eu sentisse sua respiração quente frente ao meu rosto. E eu não me deixei ser intimidada por ele, por isso o olhei nos olhos em desafio.

— Você estaria disposta a morrer por alguém que mentiu todo o tempo? Sobre quem você é e sua origem? Sua amizade com ele foi forjada desde o inicio.

— Não existiu nenhuma relação na minha vida que não fosse baseada em mentiras, Valderrama — respondo-o entre os dentes e desvencilho de seus braços, mas mantenho-me próxima. — A única pessoa que eu tive uma amizade verdadeira, agora, está morta. Além disso, como você ousa falar isso do Charles quando fez a mesma coisa. Tudo em nós foi uma mentira, você mentiu o tempo inteiro. E apenas me contou a verdade quando foi a gota d’água.

— Eu já disse que nem tudo foi uma mentira — ele disse dando um passo para trás.

Ele estava ficando nervoso e seus olhos não conseguiam ficar fixos nos meus. Por conta disso, voltei a aproximar dele.

— Durante todo o tempo, você foi egoísta Wilmer. Sempre deixou o seu ego falar mais alto — exalto-me, porém comprimo meus lábios e abaixo o tom — Você poderia ter mudado o rumo dessa droga de vida apenas falado a verdade. Entretanto, você a todo instante mostrou instabilidade em suas escolhas. Você não me disse sobre o meu pai, Patrick, quando planejava dizer? — Coloco minhas mãos no seu peitoral, olhando em seus olhos, porém ele desviou e eu o empurrei, fazendo-o titubear no meio fio — Nunca, não é mesmo? Mais mentiras, mais omissão. Por que quer insistir nisso? Por que continua nisso, Valderrama?

— Porque eu te amo — ele respondeu com simplicidade e, dessa vez, olhou em meus olhos. Suas palavras saíram como se não houvesse mais nenhuma saída e, então, era preciso dizer a verdade, pois já estava farto de guardar para si. — Eu te amo e sei que te machuquei muito por causa das minhas escolhas. Mas dizer que eu sempre deixei o meu ego falar mais alto, você está enganada. Desde o momento que soube do Peter, tentei reparar o meu erro. Eu te busquei no Duncan e te levei para a Virginia, achando que assim seria o melhor, mas eu estava enganado e nós dois sabemos o final na historia. Eu nunca quis te deixar para trás — Ele desviou o seu olhar, tentando criar coragem. — E toda a noite eu sinto pelas consequências de minhas escolhas.

Ficamos assim, apenas encarando um ao outro. Eu não sabia o que dizer e tampouco conseguia respirar.

— Vá em busca do seu amigo — disse, por fim, abrindo seus braços e dando alguns passos para trás com um sorriso forçado no rosto. — Somos uma causa perdida de todo jeito.

“Certo, eu gosto dele. Eu admito, isto para mim mesma. Eu não posso esconder meu sentimento mais. Eu nunca me senti assim antes. Eu o acho atraente, muito atraente. Mas ele é uma causa perdida, eu sei, e eu suspiro com um pesar agridoce.”


Notas Finais


olá amoras!!
eu gostaria de me desculpar pela demora, eu nunca achei que esse capitulo pudesse me dar tanto trabalho. Eu intercalei três fases dos quais achei que combinou bastante para o compreendimento e eu gosto de fazer isso jnwjkdw. Além disso, eu coloquei a musica do Johnny Cash que eu ouvi no trailer de Logan e eu fiquei "meu deus, isso dá certinho na fic" além da letra ser maravilhosa, por isso eu tive que refazer a última parte, mas está ai e espero que tenham gostado tanto quanto eu!!!
beijocas!


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