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História Lua de Sangue - Respostas


Escrita por: fifthondrugs , Finallais e RenaTriz

Capítulo 13 - Respostas


Arabella

— Eu não sei porque estou aqui — Will reclamava enquanto andávamos pela floresta. — É de noite já! Com esses caçadores por aí não acho que seja a coisa mais sensata.

Suspirei.

— Já disse que é por uma boa causa, Will — falei enquanto desviava de uma árvore. — Preciso da sua ajuda.

Meu irmão bufou.

— Mas insiste em não me dizer o motivo! — Ele parou de andar e encarou-me.

Parei de andar também e olhei para Will, eu queria poder confiar nele e contar tudo, mas não podia envolve-lo em algo que nem mesmo eu sabia o grau de perigo.

Hoje mais cedo houve mais uma reunião do clã e pudemos fazer diversos relatos de nossas experiências com os caçadores. Pelo menos cinco bruxas de nosso clã haviam sido mortas e Irina estava em um dilema, pois o clã das bruxas do Norte queriam aliarem-se conosco, porém queriam guerra e Irina persistia que ainda não era o momento. No fundo eu sabia que ela escondia algo, a instabilidade no seu olhar quando falava de uma possível guerra era notável. Tentei arrancar alguma informação dela depois da reunião, até mesmo contei de minha visão com Josephine, mas Irina estava irredutível.

— Esqueça isso, Arabella — foi tudo o que ela disse antes de dar-me as costas.

A sede por respostas estava cada vez maior e eu não aguentava mais essa sensação de que eu precisava saber sobre tudo. Cheguei até mesmo ir na biblioteca das bruxas, que ficava embaixo do cemitério de New Orleans e que para entrar precisávamos falar o encantamento, quando a porta com símbolos ornados de ouro mostrava-se para nós.

Passei horas pesquisando sobre a primeira guerra entre nós e os caçadores, mas não havia registro de nada que eu já não soubesse. Eu já estava sem esperanças quando encontrei um livro sobre algumas das bruxas que tiveram participação fundamental na guerra, curiosamente a foto do rosto jovem de Josephine se encontrava lá, sorridente, mas não havia mais nada! Nenhuma informação a mais!

— Josephine Deshayes — eu li seu nome em voz alta e tentei lembrar da onde já havia escutado esse nome.

Saí da biblioteca frustrada e levemente irritada por não ter conseguido nenhuma informação. Eu estava andando pelo cemitério quando vi uma bruxa de cabelos loiros conversando com outra de pele negra, mas a segunda se encontrava com os olhos todo brancos. Percebi que era uma necromante e era comum bruxas pedirem serviços de necromancia para comunicar-se com entes queridos. As necromantes eram raríssimas aqui em New Orleans e por isso as bruxas que possuíam esse dom muitas vezes cobravam para que outros pudessem usar seus poderes.

Foi aí que tive um estalo, eu iria invocar Josephine. O problema nisso tudo era que o único necromante que eu conhecia em New Orleans era curiosamente meu irmão mais novo. Até pensei em desistir da ideia, porém a vontade de saber era mais forte. Eu sentia que precisava fazer isso.

— A única coisa que posso te dizer é que é por um motivo muito importante — eu disse olhando para Will e tentando passar o máximo de confiança.

Meu irmão pareceu pronto para argumentar, mas por fim acabou cedendo.

— Tudo bem! Vamos acabar logo com isso. — Ele voltou a caminhar. — Espero que tenha trago comida. Você sabe como fico faminto depois.

Eu ri e segui atrás dele.

A primeira regra da necromancia era procurar um lugar onde a pessoa a ser invocada ia frequentemente ou então o seu túmulo mesmo, porém eu não sabia onde Josephine havia sido enterrada e dificilmente encontraria um túmulo de mais de cem anos atrás, então resolvi que podíamos fazer isso na clareira, onde eu havia a visto em minha visão.

Caminhamos até a clareira das bruxas e logo eu havia aberto, com um feitiço, um buraco não muito grande no chão de terra.

— Jogue a poção, Will — falei e meu irmão tirou o frasco com um líquido amarelo do bolso e despejou de uma só vez no buraco.

— O que vai oferecer para ela? — Will olhou para mim com a sobrancelha erguida.

Encolhi os ombros e tirei um pote de plástico de minha bolsa.

— Bem, eu não sei o que Josephine gostava para poder oferecer — falei e abri o pote, o cheiro de chocolate subindo até meu nariz. — Mas quem não gosta de bolo de chocolate?

Will soltou uma risada.

— Boa maninha, mas acho que podemos oferecer mais. — Ele retirou um pacote de Trident do bolso e foi a minha vez de rir. — Vamos logo com isso porque tenho que ajudar papai com o antídoto ainda.

Assenti e meu irmão se pôs sentado diante do buraco com o líquido amarelo, que nada mais era que uma poção que atraía energias.

— Pronto? — perguntei e Will assentiu, sua expressão concentrada.

Joguei o bolo no líquido amarelo juntamente com o pacotinho se Trident. A poção borbulhou e ganhou uma coloração azulada.

Will fechou os olhos e começou a dizer o encantamento.

— Venit ad me. Ostende te. Josephine Deshayes invocare — Will disse as palavras e depois as repetiu mais umas três vezes.

Observei o corpo de meu irmão parado como uma estátua e torci para que Josephine viesse até nós, mas nada aconteceu durante os cinco minutos que se seguiram. Comecei a entrar em pânico achando que Will ficou preso do outro lado e dei um passo à frente para tira-lo do transe, mas seu corpo começou a dar espasmos e logo seus olhos foram abertos, brancos como neve.

— O que é esse negócio engraçado com gosto de menta? — Will disse, mas a voz que saía de sua boca era fina, de mulher.

— Josephine? — perguntei somente para ter certeza.

Will olhou para mim, aqueles olhos brancos analisando cada parte de mim.

— Então foi você que me invocou — Josephine disse e franziu a testa. — Não podia ter encontrado uma necro mulher?

Balancei a cabeça, isso não era importante e eu tinha que ir direto ao ponto.

— Preciso saber sobre a primeira guerra. O que Joanne não queria contar ao clã? — falei de forma rápida.

O corpo de Will ficou tenso.

— O que você sabe sobre isso?

Eu não poderia blefar com Josephine, pois ela seria capaz de saber e aí sim não colaborar.

— Vou ser sincera com você, Josephine — eu disse enquanto sentava-me de frente para Josephine. — Os caçadores estão em New Orleans e sinto que uma nova guerra está prestes a explodir. Tive uma visão de uma conversa sua com Joanne e todos parecem esconder algo. Não sei porque, mas sinto que eu preciso saber as respostas.

Josephine suspirou e pareceu pensar bastante antes de falar.

— Eu também já fui uma jovem sedenta por respostas assim como você, Arabella. — Sorriu quando viu minha surpresa por ela saber meu nome. — Mas temo não poder te ajudar. Nada terminou bem para mim e até hoje me arrependo de não ter alertado todo o clã.

— Suspirou e pareceu ficar longe por um momento. — Fique longe disso, é melhor para você.

Neguei com a cabeça, a irritação tomando conta de mim.

— Não! Estou cansada de todo mundo ficar falando para eu me manter longe disso tudo. — Levantei e encarei os olhos brancos de Will. — Se eu tivesse que ficar longe disso, as visões não teriam chegado até mim! Josephine, por favor, precisa me contar. Você mesmo disse que se arrepende de não ter alertado o clã, talvez seja sua chance de reverter isso. — A encarei esperançosa.

O rosto de Will ficou pensativo e Josephine parecia travar um dilema interno.

— Tudo bem, irei te contar tudo — ela disse por fim. — Eu tive uma visão sobre o fim do mundo.

Senti minha boca se abrir de tamanha surpresa.

— O quê?

— Joanne não queria assustar o clã porque tínhamos acabado de sair de uma guerra, estávamos frágeis — Josephine continuou. — Eu não pedi para criar essa profecia, ela simplesmente veio. — Seu olhar parecia longe, era difícil saber quando não havia íris.

— O que essa profecia dizia, Josephine? O que você viu?

— Não havia luz, somente trevas. Muito sangue e corpos dos seres sobrenaturais por toda a parte. — Lágrimas começaram a descer pelas bochechas de Will. — Nós não sabíamos quando isso ia de fato acontecer, mas quando percebi eu já estava escrevendo as palavras. — O corpo de Will deu um leve tremor e percebi que a conexão estava chegando ao fim.

— Quais palavras? — perguntei enquanto inclinava-me para frente. — Precisa me dizer.

Josephine assentiu e começou a falar.

— O sol não irá nascer/ a lua irá se tingir com sangue/ os seres... Estou perdendo a conexão... Procure Sele...— O corpo de Will deu um forte espasmo e meu irmão caiu desmaiado no chão.

Corei até o corpo de Will e fiquei aliviada quando percebi que ainda respirava.

— Will, acorda. — Balancei seu corpo e meu irmão abriu os olhos lentamente, a íris azul estava ali novamente.

— Sobrou aquele bolo? Estou morrendo de fome — Will falou, seu corpo ainda mole no chão.

Eu ri e dei um beijo em sua bochecha. Mesmo não conseguindo todas as respostas, eu havia de fato descoberto muita coisa, agora eu só precisava saber sobre essa profecia. Senti um arrepio percorrer meu corpo ao pensar nisso e não pude deixar de concordar que talvez teria sido melhor ter me mantido longe.

 

Sebastian

Eu despertei com um gosto forte de hortelã na minha boca, abri os olhos com dificuldade e vi Lucy, Alex e Bjorn me olhando.

— Que porra é essa? – Eu tentei me sentar na cama, mas a dor no meu abdômen me impediu.

— Nossa, pensei que você não iria acordar nunca. – Lucy disse revirando os olhos.

— Eu sabia que o chá daria certo, eu falei para vocês! Podem me pagando. – Alex disse sorridente, era bom ver meu amigo bem.

— Droga! – Bjorn tirou cinquenta dólares do bolso e entregou para Alex assim como Lucy.

— O que aconteceu? – Eu disse confuso.

— Não sabemos ao certo. – Bjorn se sentou na cama ao meu lado, Lucy deitou nos meus pés e Alex apenas nos olhava em pé. – Encontramos você no hospital há dois dias, disseram que você tinha sido atropelado ou algo assim...

— Nós tivemos que sequestrar você de lá para podermos te curar do nosso jeito. – Lucy brincava com o próprio cabelo enquanto falava. – Aí começamos a arriscar o que havia acontecido com você para usarmos nossas macumbinhas. – Ela gargalhou e eu me mantive sério.

— Não são macumbinhas... – Alex disse.

— Eu lutei contra um lobisomem. — Confessei. – Apanhei bastante para ser sincero, mas acabei o matando.

— O importante é que você sobreviveu sem a gente. – Alex disse.

— Vamos deixar ele descansar. – Lucy se levantou e saiu pela porta carregando Alex consigo, Bjorn foi logo atrás.

A dor nas minhas costelas era mais agonizante que a da cabeça, mas tenho certeza que logo iriei me recuperar. Levei cerca de minutos somente para levantar da cama, preparei um banho para me curar da dor e depois de me banhar fiz novos curativos. Eu não queria ficar mais tempo deitado na cama, então sai do quarto me arrastando pelas paredes até encontrar os meus amigos na sala em frente a lareira.

— O que vocês estão fazendo? – Perguntei.

— Sente-se aqui conosco, amigão. – Bjorn disse. – Estamos tentando entender a cabeça da Dona Grifh. – Eles se referiam a nossa chefe.

— Ela está enviando dezenas de caçadores que estão espalhados pelo mundo para virem caçar em New Orleans. – Lucy bebia chocolate quente. – E não precisamos de mais caçadores aqui, já estamos controlando a cidade com os que temos espalhados no local.

— Eu sinto que ela sabe de algo que nós não sabemos. – Alex parecia ingênuo.

— Obvio que ela sabe de alguma coisa, vocês acham que essas alianças são atoa? – Eu me sentei lentamente no sofá ao lado de Lucy.

— Eu fiquei sabendo por uma bruxa que eu estava torturando um dia desses... – Bjorn disse casualmente. – Que muitos clãs estão se aliando também, juntando forças e pedindo reforços... – Alex interrompeu.

— Até parece que isso não iria acontecer. Nós estamos em maior número agora e eles querem se defender. – Ele coçou a barba. – Seria estranho se eles simplesmente aceitassem morrer.

— Isso vai dar merda. — Lucy disse. – Vocês lembram da história da grande guerra? – Ela olhou um por um.

— Impossível não saber sobre a guerra. – Bjorn falava. – Mesmo que nós nem se quer pensássemos em nascer, conhecemos essa história como se estivéssemos lá lutando.

— "A deusa Lua chorou pela primeira vez..." – Lucy citou o trecho da história que era passado para todos os caçadores e Alex continuou.

— "O céu ficou escuro e as criaturas foram invocadas do inferno para matar— nos..." – Bjorn cortou a fala de Alex.

— "E os caçadores honram suas espadas com sangue de todos aqueles que quiseram destruir o legado..."

— "Quando tudo acabou, o céu se abriu outra vez, a nossa mãe Lua se mostrou brilhante e cheia para celebrar a nossa vitória. " – Conclui.

— Mas vocês sabem como tudo começou? Quem decidiu declarar guerra? Quem reuniu e invocou os seres mágicos? Talvez dessa vez aconteça o mesmo, estamos reunindo caçadores e eles estão reunindo mais criaturas... – Lucy disse.

— Ih, nem fala uma coisa dessas... – Alex parecia ter se assustado

— Mas pode ser verdade. – Eu me pronunciei. – Tem muita coisa oculta sobre essa história, dizem que iriam destruir os caçadores e depois os humanos que estariam desprotegidos e vulneráveis sem a nossa ajuda. Quem sabe alguém quer se vingar da derrota da guerra anterior?

— Não acho que seja possível isso acontecer de novo. – Alex parecia mais ingênuo do que nunca. – Grifh iria nos contar se estivéssemos prestes a lutar em uma guerra, não iria?

— Para de ser idiota! – Lucy gritou. – Ela nem se quer nos explica o motivo das alianças.... Talvez esteja buscando forças para a guerra que estar por vir é só parar para pensar...

— Vocês são tolos, deve ter um motivo menos extremo que esse. Ela pode estar querendo poupar alguns seres... – Mas que Alex terminasse a frase, todos nós começamos a rir.

Com certeza havia algo de estranho em toda essa merda, mesmo que não seja uma guerra poderia ser algo muito pior...

 

Hailey

Arabella estava totalmente surtada por uma visão que ela havia tido, Enzo tinha desaparecido do mapa, Noah estava sumido desde a festa, Tommy estava fora da cidade em busca de respostas e a única pessoa que conseguia me fazer sair de casa ainda era Lauren.

— Vamos Hailey, você está atrasada. – Lauren disse passando por mim com os passos apressados.

— Não fui eu quem chegou agora. – Dei de ombros desencostando da parede.

— Se você tivesse chegado na hora marcada, eu não teria saído para te procurar. – Ela revirou os olhos.

— Toda preocupadinha, awn. – Apertei sua bochecha.

— Sai. – Tirou minha mão do seu rosto e andou na minha frente.

— Para onde vai me levar hoje? – perguntei apressando o passo para alcança-la.

— Apenas me acompanhe Hailey – ela disse seria.

Revirei os olhos e apenas continuei seguindo o caminho com ela, Lauren conseguia ser extremamente estúpida quando ela queria, mas seu ar de prepotente me fazia ter vontade de transar com ela todos os dias. Ela entrou em uma lojinha de joias e caminhou comigo até os fundos, e eu apenas a acompanhei calada.

— Paul, onde está a encomenda? – perguntou e o homem de cabelos cor de fogo abriu um sorriso.

— Menina Lauren, achei que não viria hoje! – O homem disse enquanto colocava uma caixa na bancada. – Aqui está!

Lauren apenas pegou a caixa e se despediu do senhor, saiu da loja e continuou a andar calada ao meu lado.

— Podia estar vendo série, mas estou na rua com uma vampira muda... – Revirei os olhos.

— Você é hiperativa Hailey, quer ficar falando o tempo inteiro. – Ela abriu um sorriso.

— É claro, me tirou de casa para ficar calada com uma caixa misteriosa, Koveitch? – Parei com as mãos na cintura.

— Não, Larkin! – Revirou os olhos e me puxou para segui-la.

Continuamos caminhando pela calçada quando alcançamos uma parte da cidade não tão habitada, que dava entrada para uma das florestas que cercava a nossa cidade.

— Ótimo lugar para visitar de noite, com vários caçadores por aí, Lauren! – Soltei o ar de forma pesada.

— Você tem medo desses bostas? Você está com Lauren Koveitch, nada irá te acontecer! A sua única ameaça sou eu, Hails. – Dei uma gargalhada.

Entramos na floresta e algum tempo andando nós alcançamos uma clareira, muito frequentado por bruxas.

— Aqui está ótimo! – Lauren disse parando de andar.

— Vai me matar? Arabella te localiza e Tommy vai atrás de você até te matar. – Arqueei as sobrancelhas.

— Não, só quero passar um tempo com você longe da cidade – ela disse se sentando em um tronco caído.

Lauren abriu a caixa e tirou uma caixa menor de dentro e me chamou para sentar em seu colo, abri um sorriso e me sentei em sua perna.

— Nem parece que é um bicho. – Dei uma risadinha.

— Hails, sei que tem pouco tempo que estamos é... – Ela deu uma pausa. – Você sabe. – Assenti. – Mas, eu senti sua falta enquanto estive fora, e eu não quero mais me afastar de você.

Uma hora dessas eu já estava completamente embasbacada pela beleza da mulher que me segurava, meu sorriso ficou congelado em meu rosto e não tinha nada para falar.

— Então, eu lhe comprei isso. – Abriu a caixinha dando visão a um anel. – E eu quero que use isso todos os dias da sua vida, enquanto estiver viva. – Ela sorriu nervosa.

— Calma aí... Lauren Koveitch, isto é quase um pedido de casamento. – Segurei o riso.

— NÃO. – Ela gritou. – Não, hails. É só para se lembrar de mim.

Eu peguei o anel da caixinha e pus no dedo o olhando logo em seguida, roubei um selinho dela e a abracei.

— Eu não preciso de um anel para me lembrar de você, mas eu agradeço esse anel e agradeço por ter voltado para minha. – Antes que pudesse terminar um barulho no mato chamou nossa atenção.

Lauren teve o rápido reflexo de correr para trás de uma árvore, e segurou minha boca para que eu não falasse nada. Fiquei em silêncio e ouvi passos na clareira, mas logo uma voz me chamou atenção, Noah. Me soltei das mãos de Lauren e olhei por entre as árvores, encontrando Noah e a mesma mulher que o avistei na festa.

— Vagabundo. – Cruzei os braços.

Talvez eu tenha falado alto demais, já que ele é a mulher se agitaram e começaram a procurar por alguma coisa olhando para os lados.

— É melhor a gente sair daqui. – Lauren sussurrou.

— Não precisa. – Noah foi rápido parando na árvore em nossa frente. – Interrompi o casal? – Ele abriu um sorriso.

— Aquela lá é Selene, Hailey. – Apenas assenti e abri um sorriso.

— Não me importo. – Dei de ombros. – Vamos, Laur. – Dei as mãos para ela e saí de perto.

Passei a noite com Lauren em minha casa, e após algumas perguntas sobre Noah, ela finalmente resolveu desfazer o bico e relaxar comigo, e logo pela manhã ela resolveu ir ao mercado comprar algumas coisas para preparar um almoço. Coloquei "All in my head – Fifth harmony" bem alto para tocar, e comecei a organizar algumas coisas enquanto cantava e dançava. Ao final da música, ouvi batidas na porta.

— Hailey. – Abri dando de cara com Noah.

— O que você quer? – Cruzei os braços.

— Eu preciso te explicar umas coisas.

— Desculpa, estou arrumando a casa. Depois a gente conversa, quem sabe a gente não se esbarra por aí enquanto você estiver passeando com a sua namorada Selene? – Abri um sorriso.

— É isso que vim lhe explicar. – Ele deu um passo para a frente, mas o parei com a mão.

— Você não me deve explicação nenhuma, Noah. Apenas me deixe arrumar minha casa, Lauren não gosta de você e se você continuar aqui na minha porta vai só me dar dor de cabeça. Vejo você por aí. – Fechei a porta e voltei até o som para escolher a próxima música.

 

Noah

Não ia negar que estava gostando de me reaproximar de Selene, eu estava já quase me esquecendo que era tudo parte de um plano. Talvez teria sido melhor eu não ter aceitado fazer isso, mas quando Brad cismava com algo convencia qualquer pessoa a fazer o que ele quisesse. Ele colocou tanta coisa na minha cabeça, que eu realmente achei que esse fosse o melhor caminho.

— Vamos, por aqui. — Selene me puxava por uma trilha, um tanto estranha.

— Não tem algum lugar melhor para gente ir não? — Ela me olhou de cara feia e eu tirei o sorriso estampado em meu rosto.

Continuamos a caminhar por aquele caminho estranho que não me agradava nem um pouco, ainda mais com esses caras por aí. Para minha surpresa, no final disso tudo havia uma cachoeira que parecia ser linda. Selene me levou para perto de uma árvore, recolheu alguns galhos para fazer uma fogueira e de suas mãos vieram o fogo para acende-la.

— Você provavelmente é o primeiro híbrido que vem aqui. — Ela chegou mais perto de mim e se aconchegou em meu colo. — Pouquíssimas bruxas sabem sobre a existência desse lugar.

— E será que você não vai ter problemas por me trazer aqui? — perguntei ironicamente, sabendo que ela era o problema. Era só uma bruxa expulsa do clã, frequentando um lugar de bruxas, com um híbrido.

— Idiota. — Selene riu. — Em meio a tantos problemas você é a única pessoa que consegue me fazer rir de verdade. — Passou a mão em meu rosto e me deu um beijo demorado.

— Que problemas? Pode se abrir comigo... — Segurei seu rosto em minhas mãos e a beijei, com vontade. — Não carregue seus problemas sozinha, se tiver algo que eu puder fazer para ajudar, é só me dizer.

— É melhor você não saber, ninguém merece carregar o peso de saber disso. — Sua expressão ficou triste na hora. Levantei seu rosto para que ela olhasse para mim novamente.

— Você sabe que eu sempre estive e vou estar aqui por você. — Ela olhava fixamente para mim, sem piscar. — Quando se sentir à vontade para me contar, estarei aqui. — Beijei sua testa. — Mas mudando de assunto, acho que você deveria me trazer aqui de dia. — Ri.

— Quando você quiser. — Quando ela estava prestes a me beijar ouvimos um barulho, na hora fomos para trás de uma árvore e ela usou o feitiço de invisibilidade em nós dois.

Um homem caminhou até a água e se agachou, pegando um pouco para lavar seu rosto que estava sujo de sangue. Ele estava puto! Jogou umas adagas que tinha contra algumas árvores e tive a certeza que era um caçador, droga! Resmungava sozinho "Eu não aguento mais! Não aguento mais evitar essa mulher." Andava de um lado para o outro, passando a mão na cabeça compulsivamente. Ajoelhou, olhou para a lua e começou a fazer algum tipo de reza, bom, parecia uma reza. Eu e Selene nos olhamos, mas ela não parecia espantada, nem tinha recreio de estar tão próxima de um caçador, mesmo reconhecendo seu perigo. Achei estranho, mas aquele não era o momento mais propício para perguntar a respeito. Logo que o homem terminou, recolheu suas armas de volta e foi embora.

— Achei que fosse um lugar frequentado somente por pouquíssimas bruxas. — Me distanciei de Selene, suspeitando ainda mais de suas intenções.

— Eu não sei como ele achou esse lugar, eu juro, Noah. — Ela puxou meu braço, estava nervosa, como se realmente tivesse alguma coisa a ver com tudo isso.

— Eu vi você com aquele caçador no beco e agora um caçador aparece aqui? Que grande coincidência. — A empurrei e fui andando querendo me distanciar dela o mais rápido possível.

Como Selene ainda vinha atrás de mim, corri, ela nunca me alcançaria e eu finalmente tomaria distância dela. Eu estava puto, porque me deixei levar. Precisa me lembrar a todo momento que aquilo era a porra de um plano! Só isso! Selene não era alguém confiável, não mais. O problema são esses sentimentos que ainda tenho por ela. Eu não era a melhor pessoa para fazer isso, mas se não fosse eu, quem mais faria? Quem conquistaria a confiança da Selene a não ser eu? Quem conseguiria arrancar esses tais segredos dela?

Sabia que teria que me desculpar se quisesse continuar com isso. Não deveria ter saído de lá daquele jeito, mas deixei a raiva me dominar e acabei fazendo merda. Mas só de pensar em fazer isso, sentia nojo, sabia que ela estava metida com algo muito sério, mas precisava descobrir logo o que era.



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