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História Lua de Sangue - Perdas


Escrita por: fifthondrugs , Finallais e RenaTriz

Capítulo 23 - Perdas


Arabella

Depois que Noah saiu, fiquei deitada em minha cama refletindo sobre tudo isso. Comecei a pensar que foi estupidez ter apoiado a ideia de transformar Lucy, mas estou com tanta raiva e a única coisa que consigo pensar é em fazer esses caçadores pagarem por todas as mortes que causaram. Pensar nisso me trouxe a memória aquela garotinha que vi morrer na noite de Halloween, pensei em como sua família deveria estar e nos olhos daquele caçador, em como não havia remorso algum. Isso me fez imaginar Sebastian matando o meu pai, com o mesmo olhar vazio, o que fez lagrimas involuntárias se formarem em meus olhos. Desde quando minha vida havia ficado tão complicada?

Ouvi batidinhas em minha porta e Will entrou sem esperar por respostas, me lançou um sorriso que exalava preocupação. Sentei enquanto limpava as lágrimas e encarava meu irmão mais novo. Era quase assustador em ver como ele parecia mais velho em apenas algumas semanas, acho que assumir as responsabilidades fez com que ele amadurece inevitavelmente. Quero dizer, por fora ainda era meu irmão de quinze anos, mas o seu olhar não tinha mais aquela ingenuidade.

— Você está bem? — Ele segurou minha mão e a apertou levemente.

Neguei com a cabeça.

— Me desculpe por ter deixado tudo em suas costas — eu disse. — Não foi certo ter surtado enquanto nossa mãe está em depressão no quarto.

— Você sabe que nada disso importa. — Meu irmão falou. — Eu amo vocês duas e faria qualquer coisa por vocês. A propósito, Irina veio aqui visitar nossa mãe. Ficaram horas conversando no quarto.

O encarei surpresa.

— É um progresso — falei. — Mas você sabe o que elas falaram?

Will negou com a cabeça.

— Não consegui ouvir tudo muito bem, mas ao que parece as coisas estão ficando sérias. Alguém está tramando tirar Irina da liderança do clã e...

— O que? — Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. — Eu estava tão preocupada com Sebastian que esqueci completamente todos os meus outros problemas. — Afundei meu rosto em minhas mãos.

— Você não... — Will começou, mas foi interrompido pelo toque de seu celular. Ele fez sinal para que eu esperasse e atendeu, sua expressão ficando cada vez mais séria, o que me deixava preocupada. Não era para meu irmão estar envolvido em toda essa merda.

— O que aconteceu, Will? Quem era? — Perguntei quando meu irmão encerrou a ligação.

Will me encarou sério.

— Tem uma coisa que não te contei — ele disse calmamente e senti meu coração acelerar. — Tommy transformou a caçadora.

— O que? — Arqueei as sobrancelhas. — E por que só estou sabendo disso agora?

— Eu ia te contar! Enfim, — ele gesticulou com as mãos — agora ela fugiu e Tommy está ferido em um beco de New Orleans. Preciso ajuda-lo. — Will falou rapidamente se inclinou para me dar um beijo na bochecha antes de sair do quarto apressado.

Demorei alguns segundos para me recuperar da surpresa e levantei da cama para ir atrás de Will. Não o deixaria se arriscar dessa forma, mas quando meus pés tocaram o chão do quarto senti uma tontura e tudo ficou preto. Fiz força para respirar e fechei os olhos tentando retomar o equilíbrio.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez.

Abri os olhos depois de contar e não fiquei surpresa quando percebi que ao invés de estar em meu quarto, eu estava em uma clareira na floresta. Diferente de quando tive aquela visão com Enzo, dessa vez o céu estava claro e limpo, meus pés estavam descalços sobre a grama verde e fofa.

— Certo. Qual o sentido dessa visão? — falei para mim mesma enquanto olhava em volta.

— Acho que o sentido sou eu — Uma voz conhecida disse à minhas costas.

Me virei assustada e dei de cara com Noah. Ele riu com a minha expressão de surpresa e parecia estar se divertindo. Na verdade, ele estava como sempre: Jaqueta de couro, jeans e sorrisinho sarcástico, mas havia algo estranho.

— Noah, o que está acontecendo? — Me aproximei dele.

O hibrido suspirou.

— Aquela caçadora filha da mãe conseguiu me pegar, Arabella — ele disse de forma calma e levantou a blusa sob a jaqueta. Senti minha respiração acelerar, havia um buraco em seu peito.

— Não pode... — Senti as lagrimas descerem por minhas bochechas. — Não! — Eu o abracei e senti Noah rir levemente.

— Ei, ei... — Ele me afastou delicadamente e limpou as lagrimas de meu rosto. — Está tudo bem, não precisa chorar. Eu já vivi muito, Arabella.

Neguei com a cabeça.

— Mas você.... Não! Noah, você não pode morrer!

Noah riu e apontou para seu peito.

— Não é o que parece né? — O olhei feio e ele levantou as mãos. — Ok, desculpe. Olha, eu morri, mas ainda precisava falar com você, por isso te chamei aqui.

Assenti e fiz força para me concentrar no que ele falava.

— Você precisa fazer com que Selene venha para o nosso lado, ela tem um papel importante nessa profecia — Noah me encarava sério. — Mas não confie muito nela. E procure Brad, ele vai ajudar vocês.

— Noah... — Não aguentei e o abracei mais uma vez. — Vou sentir sua falta.

Ele riu.

— Eu vou sentir de vocês também, mas quando vocês vierem pra cá depois de alguns anos, nós vamos fazer uma grande festa. — Nós rimos e ele suspirou. — Diga ao Brad que sinto muito por ter perdido o aniversário dele e para ele tomar jeito e socializar um pouco.

Me afastei dele e apesar de sorrir, lagrimas ainda caiam de meus olhos.

— Diga a Hailey que sinto muito por não termos tido a chance de ter um ''nós'' — Noah disse e pegou na minha mão. — Agora vá e mate alguns caçadores por mim.

— Espera! Eu não.... — Mas tudo começou a girar e Noah foi sumindo de minha vista. Quando abri os olhos novamente eu já estava parada em meu quarto com as bochechas molhadas de lágrimas.

 

Sebastian

Não havia mais ninguém no bar além de mim, Camila e Lucy. Eu tentava entender o que havia acabado de acontecer, mas era difícil acreditar. Lucy correu para os meus braços, acariciei suas costas e sequei as lágrimas que estavam molhando seu rosto. O coração dela batia forte demais contra o meu peito e seu corpo estava coberto de sangue de hibrido.

— Eu sou...– Ela disse ao meu ouvido.

— Você é uma idiota! – Completei.

— Ai meu Deus, Lucy. – Camila segurava a espada com força nas mãos e apontava para Lucy. – O que eles fizeram com você?

— Eles me transformaram, não parece obvio? – Lucy se afastou de mim e virou para Camila. – E agora vocês têm que me matar. – Ela encostou o peito na ponta da espada.

— Não! – Eu disse. – Vamos dar um jeito de curar você.

— Eu bebi sangue! – Ela se exaltou. – Sebastian, eu me alimentei de sangue humano. – Ela caiu de joelhos no chão e Camila mirou a espada para a sua cabeça. – Vocês precisam...

— Você matou alguém? – Camila perguntou.

— Me forçaram a beber de uma bolsa de sangue, eu meio que perdi o controle... – Lucy dizia como se estivesse envergonhada demais para nos olhar nos olhos. – Virei um monstro nojento. Me mate logo, Camila.

Elas ficaram se olhando por um tempo e eu senti o meu coração apertar, eu sabia que a qualquer momento Camila empunharia a espada e seria o fim.

— Eu não consigo fazer isso, você faz parte da família dele e eu não vou carregar essa culpa comigo. – Camila entregou a espada para mim, saiu do bar e eu sabia que talvez essa tenha sido a última vez que eu ouviria a voz dela.

Eu me ajoelhei na frente de Lucy e grudei nossas testas.

— Você lutou bravamente, a nossa mãe Lua te iluminou até mesmo quando você se transformou e eu sinto orgulho de você, porque até mesmo como vampira você não virou as costas para a nossa causa. – Eu apontei para o corpo do hibrido no chão. – Você é a melhor guerreira que eu conheci, Lucy.

— No final você foi a única família que me restou. – Ela disse e me agarrou com uma força sobre-humana, senti um pouco de falta de ar, mas não a soltei. – Desculpe por não poder mais lutar ao seu lado, Theozinho. Eu te amo.

— Eu não acredito que você está me deixando. – Eu disse entre as lágrimas.

— Eu não vou te deixar, eu só estou indo encontrar a nossa família do outro lado. Sabe, – Ela secou as minhas lagrimas assim como eu havia feito com ela. – Alex vai até cozinhar para a gente, Bjorn vai fingir que está bravo mas vai estar feliz em te ver, Jacob vai colocar aquelas músicas ridículas que você adora ouvir naquele treco de discos. – Ela me olhou nos olhos. – Estaremos todos te esperando, só por favor, demore bastante para vir.

— Eu vou honra-los, não vou morrer até ter vingado todos vocês. Eu prometo. – Eu disse.

— Eu sei que você vai. – Ela beijou o meu rosto. – Vamos logo com isso.

— Eu não sei se consigo fazer isso.

— Vai ser covarde que nem a sua namoradinha idiota? Camila não merece você. Até aquela bruxa que você ama é mais corajosa, ela com certeza não hesitaria.

— Arabella. Isso tudo é culpa dela. – Eu disse sentindo a raiva vir à tona.

— Claro que é. – Ela sorriu. – E daqueles malditos vampiros, por tanto, já sabe quem matar. – Ela olhou pela janela e viu a Lua brilhar assim como as estrelas no céu. – É a noite perfeita, me deixe descansar em paz.

— Eu não quero te perder assim... – Ela me interrompeu.

— Sebastian, eu quero morrer de vez, eu não quero viver como uma aberração. – Ela disse.

— Mas...— Desviei o olhar, eu sabia que se fosse ao contrario ela faria por mim, mas eu não conseguiria me perdoar se fizesse.

— Para! Olha para mim. – Ela colocou as mãos no meu rosto e ficamos fase a fase. – Eu já estou morta de qualquer jeito, mas quero que você me livre desse fardo. Seja corajoso por mim.

— Me desculpe. – Ela sorriu e eu sorri de volta. – Eu te amo, farei isso por você.

Eu empurrei a espada contra o coração de Lucy de uma vez só e ela caiu nos meus braços.

— Me desculpe, me desculpe...— Eu disse enquanto agarrava o corpo desacordado dela contra o meu. – Eu não queria que acabasse assim. – Lucy perdeu a cor ficando cinza, retirei a espada e joguei no chão.

Eu chorei, chorei por todos os meus amigos mortos, chorei porque agora eu estava sozinho. Eu gritei o mais alto que eu consegui tentando afastar a dor, mas não adiantou.

— Eu vou matar todos! – Eu disse para Lucy. – Eu não vou parar até arrancar o coração de todos eles com as minhas próprias mãos.

Eu me levantei, fui para trás do bar e peguei um Bourbon, dei um gole e depois comecei a jogar as garrafas que ficavam na prateleira pelo chão, o vidro estilhaçava me dando um segundo de satisfação, arremessei algumas garrafas na parede liberando toda a minha raiva. Dei outro gole no Bourbon antes de derrama-lo no corpo do hibrido e por último no de Lucy.

— Adeus, Lucy. – Eu disse a minha amiga e acendi o isqueiro deixando-o cair sobre o corpo.

O fogo já tinha se espalhado rapidamente por todo o bar, eu saí pela porta da frente e pude ouvir sirenes ao longe. Sai dali antes que tivesse que responder perguntas que eu não estava desposto a ouvir. Agora eu tinha muito o que fazer para dar início a minha vingança.

 

Hailey

Quando Lauren parou de correr ela soltou meu corpo e eu simplesmente fiquei parada, eu não conseguia me mexer ou ter qualquer reação já que meu cérebro não havia conseguido assimilar ainda o que tinha acontecido a poucos minutos atrás no bar onde estava. Noah havia morrido, o homem qual me fez sentir algumas coisas que não sentia a um tempo dentro de mim tinha morrido na minha frente e eu nada fiz além de assistir seu último suspiro.

— Está tudo bem Hails, aqui estamos seguras. — Lauren disse chamando a minha atenção.

Ela olhava para os lados e parecia estar aflita a espera de qualquer ataque surpresa em cima de nós.

— Nós não temos a mínima chance com aquela caçadora do bar. — Ela suspirou e começou a andar de um lado para o outro.

— Eu preciso ir ver o Tommy, ela pode ter ido atrás do meu irmão — finalmente falei.

— Tommy não está com o menino lá? — Perguntou e eu assenti.

— Eu preciso ver meu irmão, eu não quero perder mais ninguém hoje. — Neguei com a cabeça e comecei a andar.

— Hailey. — Ela me chamou, mas eu apenas a ignorei. — Hails — gritou mas continuei a ignorar.

Ela correu e parou na minha frente colocando a mão no meu ombro me fazendo parar de andar.

— Para! Você está andando na direção do seu suicídio — falou me encarando.

— Foda-se Lauren. Noah morreu por sua culpa, eu podia tê-lo ajudado mas você me impediu. — Eu tirei suas mãos de mim.

— O que? Acha que eu deixei o seu namoradinho morrer de propósito? — Ela cruzou os braços.

— Você me impediu de ir até ele Lauren, ele podia estar vivo agora com a minha ajuda e a sua. — Suspirei.

— Você acha mesmo que nós teríamos alguma chance contra ela Hailey? — Bufou – Ela é uma caçadora, Hailey, e agora tem as mesmas habilidades que nós. Você viu a forma que ela lutava, nós não tínhamos a mínima chance com ela. — Ela negou com a cabeça. — Não jogue a morte daquele bosta nas minhas costas.

— Olha bem como fala dele. Eu podia ter pelo menos tentado Lauren, enquanto você esteve fora foi ele quem me manteve de pé e lutando contra todos os caçadores. — Apontei para o nada como se apontasse para algo.

— Realmente, se tem uma coisa que ele fez foi ter ficado do seu lado. — Deu um sorrisinho irônico.

— Jura? Eu não estou com cabeça agora para um surto de ciúmes seu. Ele está morto e eu espero que você tenha agido como minha proteção e não por raiva dele, afinal ele não era o único que queria transar comigo porque eu quis dar para ele. — Lauren ficou me encarando.

— Você quer mesmo saber por que eu te segurei? — Perguntou séria.

— Adoraria. — Cruzei os braços.

— Eu te segurei porque se você desse mais um passo, você seria a causadora da morte dele. — Negou com a cabeça com um sorrisinho. — Você estava correndo para o seu próprio enterro, vocês dois estariam mortos agora se eu não te segurasse. — Ela soltou o ar de forma pesada. — Eu não vou mentir para você e dizer que por um segundo eu não pensei em simplesmente deixá-lo morrer por raiva dele, mas quando te segurei foi apenas para sua proteção porque eu não aguentaria assistir a sua morte.

Eu abaixei a cabeça e assenti lentamente, ela tinha razão eu só teria piorado mais as coisas para o Noah.

— Você tem razão, me desculpa. — Levantei a cabeça para poder encará-la.

Ela envolveu meus ombros com os braços me puxando para um abraço, eu envolvi sua cintura e deitei minha cabeça em seu ombro onde tudo o que eu quis fazer era chorar e era isso que eu ia fazer se não sentisse meu celular vibrar em meu bolso.

— Hailey. — Arabella praticamente gritou no meu ouvido. — Onde você está?

— Eu não sei, Bella. O que houve? — Ela suspirou.

— O Noah... — ela deu uma pausa. — Eu tenho uma coisa para te contar.

— Eu já sei o que aconteceu, eu estava lá. — Lauren manteve seus olhos sobre mim.

— Venha para minha casa, Tommy acabou de chegar acompanhado de Will. — Me despedi dela e desliguei a chamada.

— Vem, vamos para a casa da minha amiga. — Estiquei a mão para que ela pudesse pegar.

— Acho que esse é um momento que você precisa mais dela do que de mim, eu vou com você até lá, mas logo vou para casa. Espero que não se chateie. — Eu apenas assenti e então ela pegou minha mão.

Nós fomos andando até a casa de Arabella e Lauren não descansou por um minuto à espreita de qualquer um atrás de nós.

— Bem, é aqui que você fica. — Ela disse com um leve sorriso no rosto.

— Te vejo amanhã? — perguntei e ela assentiu.

Aproximei meu corpo do dela e dei um rápido estalinho logo me distanciando novamente, ela esperou que eu entrasse na casa da minha amiga e logo sumiu da frente da casa.

— Que bom que você chegou. — Arabella praticamente saltou em cima de mim.

Eu a abracei e respirei fundo algumas vezes para não deixar que as minhas emoções me dominassem.

— Onde está Tommy? Ele está melhor? — Ela apenas assentiu. — Ótimo, precisamos juntar mais gente para o nosso lado porque para mim a guerra já começou.



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