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História Lua de Sangue - Sentimentos


Escrita por: fifthondrugs , Finallais e RenaTriz

Capítulo 24 - Sentimentos


Arabella

Hailey estava ao lado de Tommy, que se encontrava deitado no sofá com os olhos fechados. Will havia dado alguma mistura para que melhorasse, mas apesar do irmão de Hailey estar respondendo bem a medicação, ainda assim não estava completamente bem. Seu corpo estava com um tremor e sua pele mais pálida que o normal.

A morte de Noah havia nos abalado completamente. Ele era tão seguro de si, tão experiente... Foi uma surpresa descobrir que Lucy o matou. Quando Hailey me contou, confesso que senti a culpa tomar conta de mim, afinal eu havia a sequestrado, eu havia apoiado a ideia de transforma-la. Hailey apenas balançou a cabeça e disse que a culpa não era de ninguém que não fosse Lucy. Eu apenas assenti e tentei me convencer disso. Fico pensando o que será que Lucy fez depois que matou Noah. Será que foi atrás dos outros caçadores para buscar ajuda?

Hailey encarava o nada e mexia as mãos nervosamente. Meu coração apertava de vê-la assim, ela e Noah estavam tão próximos. Era nítido que havia algo de bonito crescendo entre os dois.

- Hailey - chamei e minha amiga desviou os olhos para mim.

Fiz sinal para que ela me acompanhasse e como que em modo automático, ela levantou-se e se pôs a seguir-me. Will estava no laboratório, onde ele passava a maior parte do tempo agora, então levei Hailey até o escritório de meu pai, pois achei que poderíamos conversar sem interrupções, além de ser estrategicamente perto da sala e caso Tommy precisasse estaríamos perto.

- O que foi? - Hailey disse enquanto fechava a porta de madeira atrás de si.

A encarei séria. Hailey sabia que tive uma visão com Noah, mas eu não havia dito tudo que precisava.

- Noah disse que sente muito por vocês não terem tido a oportunidade de... - comecei, mas Hailey me interrompeu.

- Eu não quero saber, Arabella. - Ela negou com a cabeça. Parecia estar de esforçando para não desabar.

Me aproximei e segurei suas mãos.

- Está tudo bem, ele está feliz. - Sorri tentando passar o máximo de confiança. Era estranho, pois Hailey sempre foi a mais forte de nós duas e vê-la assim me deixava mal.

- Você não entende. Eu poderia ter o salvado, tenho certeza que... - ela parou de falar e me encarou, então eu soube que ela não aguentaria mais. A abracei forte enquanto ela chorava com a cabeça enterrada no meu pescoço.

Ficamos uns bons minutos abraçadas, Hailey chorando baixinho e apesar de querer acompanha-la, me mantive firme.

- Ele estava realmente bem? - Hailey perguntou quando nos separamos.

Assenti.

- Sim, ele até disse que faremos uma festa em breve. - Hailey riu e revirou os olhos.

- Idiota até depois da morte. - Ela se sentou na poltrona de couro que havia ali.

- Sabe, ele disse que precisávamos de Selene - eu disse enquanto me sentava em outra poltrona de frente para Hailey. - Ela é a única que sabe algo de realmente concreto dessa profecia. Tudo que nós temos são apenas suposições.

Hailey concordou com a cabeça.

- Precisamos saber se essa profecia pode ter algo a ver com essa guerra que se aproxima...- ela começou, mas eu a interrompi.

- Não. Acredito que a profecia seja parte de algo maior, algo que não vai fazer diferença entre caçadores e nós.

Hailey pareceu pensar.

- Bom, nesse caso temos que adiantar essa guerra. - Ela passou as mãos pelo rosto. - Não aguento mais essa ameaça nos espreitando! Não podemos andar tranquilamente por New Orleans porque está infestada de caçadores idiotas que nem têm um real motivo para estar aqui.

Pensei nas palavras de Hailey. A verdade era que desde a primeira guerra entre caçadores e nós, não havia mais caçadores em New Orleans, parecia que algo os afastava, mas por que de repente teriam chegado aos montes? Qual era o real objetivo deles aqui? Eu não podia acreditar que era só por nos matar. Hailey estava certa, não podíamos esperar mais.

- Hailey, eu...- Batidas soaram na porta e logo em seguida Will apareceu.

- Tem um cara na sala que está procurando pelo Noah - meu irmão disse.

- Um cara? Como se chama? - Hailey perguntou.

- Ah, eu acho que é Brad - Will coçou a cabeça e Hailey me olhou.

Respirei fundo tomando uma decisão. Então Brad ainda não sabia sobre Noah, o que era estranho já que ele sabia sobre tudo.

- Hails, você pode falar com ele? - falei e minha amiga me encarou assustada.

- Eu não acho que seja uma boa, Bella.

- Hailey, você fala com Brad enquanto eu vou atrás de Irina. - Ela e Will me encararam como se eu fosse louca. - Vamos expulsar esses caçadores daqui. Vou dar um jeito de atrairmos todos para um local, não podemos mais esperar. Você está certa, não podemos mais perder ninguém.

 

Sebastian

Começou a chover forte, eu entrei no hotel completamente molhado, caminhei até a recepção e anunciei a morte de Lucy para um dos caçadores que fingia ser recepcionista.

- Não... - Ele disse baixo. - Ela era minha amiga, me ensinou tudo que eu sei. - Ele passou as mãos pelos cabelos.

- Pretendo matar todos que estavam envolvidos. - Eu disse e resumi a história para ele.

- Conte comigo. - Ele disse firme e depois desviou o olhar de mim para o saguão. - Temos visitas hoje...

- Como assim? - Perguntei.

Foi quando um aglomerado de caçadores corria em direção ao salão que era para ser de festas, olhei para tentar entender o que estava acontecendo, mas o tumulto era confuso demais.

- O que está acontecendo? - Franzi o cenho.

- Grifhtti. - O caçador anunciou e logo saiu de trás do balcão e fechou as portas do hotel. - Ele veio até mim novamente. - Ela é a visita.

Segui a multidão até o salão, me afastei do caçador da recepção e coloquei meus olhos no palco. Lá estava a boa e velha Grifh, vestindo seu terno preto, cabelos presos e parada segurando um microfone. Como se a noite não estivesse indo bem, agora a nossa presidente veio para uma visita que claramente significava que "fodeu tudo".

Depois de alguns minutos o salão continha mais ou menos 200 caçadores, todos vestidos de preto, alguns armados, outros descontraídos, eu no caso estava curioso.

- Queridos - Ela começou a falar com uma voz serena ao microfone. - Começaremos a limpeza dessa cidade. Anuncio que já perdemos muitos dos nossos irmãos para essas malditas criaturas e não perderemos mais tempo com burocracias. Peço que todos se armem e saiam com a proteção da nossa amada Lua para a batalha mais importante de suas vidas.

- Por que iniciar uma guerra nessa cidade? - Uma caçadora gritou.

- E os acordos? - Um homem logo a minha frente questionou.

- Não matamos o suficiente, não? - Os caçadores estavam curiosos.

- Somente esse exército dará conta deles? - As perguntas não cessavam e logo todos começaram a falar ao mesmo tempo.

- Acalmem-se. - Grifh gesticulou com as mãos para que nós diminuíssemos o tom. - A guerra já se iniciou há centenas de anos quando, nós humanos, decidimos nos proteger desse inferno sobrenatural. Eu vim para essa cidade pois o percentual de criaturas mágicas passou de 60% e os que não são demônios estão sendo dizimados. Chegamos a um nível de emergência. - Ela conseguia ter a atenção de todos. - Os acordos foram feitos somente para reter certa parte de assassinatos desnecessários, mas depois de eliminarmos os que não colaboraram, vamos matar os que também aceitaram os nossos termos, não haverá piedade para nenhum deles.

- Por que mentir? - Um homem gritou. - Podemos matar todos de uma vez.

- Para termos uma vantagem. Os que fizeram os acordos não se meterão no nosso caminho então podemos matar os que se rebelarão em minoria. - Ela sabia exatamente o que dizer. - Nenhum mundano pagará com sangue enquanto nós estivermos aqui. - Ela gritou. - Se precisar eu convocarei mais cem caçadores para cá, mas rezo para nossa mãe Lua que vocês consigam concluir essa missão. - Um homem subiu no palco e disse algo no ouvido de Grifh. - Recebi uma ótima notícia. - Ela sorriu. - As novas armas chegaram, incluindo novos recursos anti-vampiro e balas de prata especiais. - Todos comemoraram em aplausos. - Hoje vocês podem descansar, pois amanhã será o nosso triunfo.

Sai da sala sentindo um leve pressentimento ruim, por mais que fosse bom saber que iriamos acabar com todos os bichos que sujam as ruas de New Orleans, eu não confiava muito nas palavras de Grifhtti.

Pensar que essa missão acabaria logo e eu partiria daqui sem meus amigos, meu irmão e minha namorada, me trazia uma solidão que nunca seria preenchida. Lutaria sozinho como antes, mas dessa vez sem ter para quem voltar e nunca seria feliz outra vez, minha vida seria resumida exclusivamente à causa dos caçadores.

- Ei, eu ouvi muito sobre as suas conquistas Sebastian, tenho bons amigos que topariam caçar conosco amanhã. - O recepcionista apareceu ao meu lado dizendo. - Lucy tinha grande influência aqui, ela era simplesmente incrível como caçadora. - Ele colocou a mão sobre o peito como se estivesse sentindo seu coração.

- Como é mesmo o seu nome? - Ele parecia jovem e tinha a voz um pouco fina para ter mais de 20.

- Martin. - Ele disse e esticou o braço para me cumprimentar.

- Você é jovem, hein Martin. - Apertei a mão dele.

- 17. - Ele sorriu.

- Ok. Vamos começar nossa missão. - Eu não restringia jovens dispostos a morrer para salvar vidas, achava honroso olhar para ele e ver tanta determinação.

Entrei no meu quarto e deitei na cama, eu precisava dormir mesmo com tantas coisas na cabeça, mesmo estando de luto e mesmo prestes a lutar em uma guerra.

 

Hailey

Minha cabeça estava a mil por hora e eu não fazia nem ideia do que falar para o Brad, andei até a sala em passos lentos e abri meu melhor sorriso para ele que parecia inquieto.

- Olá, Brad. - Acenei para ele.

- Oi, Hailey. Sabe onde está Noah? - me perguntou e senti meu coração se apertar.

- Brad... - Suspirei. - Noah não está aqui. - Inflei o peito com ar e logo o soltei lentamente. - Ele está morto.

O homem na minha frente pareceu não acreditar em minhas palavras e ficou me encarando sem emoção nos olhos, o que me deixou mais nervosa do que antes estava.

- O que? Onde está o meu amigo? - Ele finalmente se pronunciou depois de alguns minutos calados.

- Ele foi morto em combate em um bar. - Abaixei a cabeça.

- Onde Hailey? Eu preciso saber onde foi que meu amigo morreu. - Ele pareceu começar a se desesperar.

- Eu posso te levar lá se quiser. - Dei de ombros.

Eu sabia que não era uma boa ideia voltar até o bar que a pouco havia sido atacado por uma nova caçadora-vampira, mas eu achei que Brad merecia se despedir do seu amigo e no fundo eu queria ir até seu corpo e o olhar por uma última vez.

- Ele merece ao menos um enterro. - Brad fechou os olhos e ficou assim por algum tempo. - Vamos?

Eu apenas assenti e caminhei até onde Tommy permaneceu deitado.

- Eu vou na rua, mas logo estarei de volta, Tommy se precisar de qualquer coisa é só me ligar ou gritar por Will ok? - Meu irmão parecia estar dopado e apenas abriu um sorrisinho.

Eu beijei sua testa e apontei com a cabeça para a porta fazendo Brad andar na direção dela. Nós andamos em silêncio pelas ruas pois nenhum de nós dois tínhamos coragem ou um assunto para poder ser conversado durante nossa caminhada. Eu estava atenta, mas ao mesmo tempo me sentia extremamente desprotegida, eu não teria o Noah para lutar comigo, Lauren estava em casa e Brad estava tão desnorteado quanto eu com a notícia que seu amigo não estava entre nós.

- Não. - Senti meus olhos queimem em lágrimas quando vi que o local estava todo em chamas. - Não, não, não... - Corri até a porta do local e Brad apenas me acompanhou.

O local estava completamente destruído e tudo dentro dele já havia se tornado cinza, incluindo o corpo de nosso amigo.

- Isso é culpa sua. - Brad disse baixinho do meu lado.

- O que? - Eu não havia entendido o que ele falou.

- Isso é tudo sua culpa. - Ele avançou em mim jogando meu corpo contra a parede.

- Você está louco? Eu lutei com ele. - Apontei para o bar.

- ELE ENTROU NESSA POR CAUSA DE VOCÊ, ELE SABIA QUE ERA SUICÍDIO, MAS ELE INSISTIU EM NÃO DEIXAR QUE VOCÊ - apontou para mim - LUTASSE SOZINHA.

Suas veias se elevaram e coloriram seu rosto num tom escuro, ele estava com raiva e pelo visto descontaria todo o seu luto em cima de mim. As palavras dele de certa forma me machucaram, eu poderia tê-lo ajudado e eu sabia que Noah não havia me abandonado nem mesmo por um minuto.

Brad avançou em minha direção e eu não movi nem mesmo um músculo, ele socou meu rosto com certa forma e deu uma joelhada em minha barriga e mesmo assim eu não me movimentei. Senti o sangue começar a escorrer de meu nariz depois de tomar alguns socos.

- LUTE COMIGO! - gritou próximo de meu rosto. - LUTE, REAJA. - Me empurrou mais uma vez.

Eu o olhei nos olhos e vi as lágrimas se formando, ele se afastou de mim e virou de costas.

- Ele era meu melhor amigo, ele era a minha única família. - Brad negou com a cabeça e passou as mãos pelo rosto até seu cabelo. - Eu estou sozinho.

Eu lutei contra a vontade de chorar e passei o braço na minha boca para tirar o sangue que estava escorrendo, me aproximei dele e coloquei a mão em seu ombro.

- Noah sempre estará com você, Brad, e você não está sozinho. - Abri um sorriso de lado.

Ele não disse nada apenas deixou que suas lágrimas escorressem e foi rápido em correr para longe dali. Me sentei na calçada e coloquei a cabeça entre as minhas pernas e deixei que algumas lágrimas escorressem.

- Você não é assim, Hailey, vamos lutar porque sangue se paga com sangue - disse para mim mesma limpado minhas lágrimas.

Eu me levantei e decidi que iria atrás da namoradinha de Noah sozinha já que nem o celular dele eu conseguiria ter acesso porque havia virado cinza junto de seu corpo. Comecei a andar pela rua a procura de alguma bruxa que eu conhecesse já que não queria envolver Arabella dessa vez e não demorou para que eu me lembrasse de uma velha amiga minha que poderia me ajudar a localizar Selene. Apressei o passo até a antiga casa da menina e para minha sorte ao subir em sua varanda encontrei a luz de seu quarto ligada e ela deitada na cama com um livro na mão.

- Olá, meu amor - disse deslizando a porta do quarto.

- Merda. - Ela disse lançando um dos objetos ao lado do seu corpo contra mim. - Hailey? Hailey Larkin? - Se levantou e se aproximou de mim.

- Eu mesma, Alysson. - Abri um sorriso. - Eu meio que preciso de um favorzinho e pensei na melhor bruxa de New Orleans. - Ela revirou os olhos.

- Não posso fazer feitiço dentro de casa, você sabe disso. - Eu assenti.

- Então vamos dar um passeio. - Dei de ombros. - Por minha conta. - Ofereci o braço e ela deu uma risadinha.

- Um passeio em troca da minha magia? - Arqueou as sobrancelhas.

- Eu preciso disso urgentemente, por favor me ajude e amanhã podemos fazer algo bem legal. - Ela suspirou.

- Tudo bem, deixe só eu por roupas melhores. - Eu assenti e me sentei em sua cama enquanto ela foi se trocar.

Ela não demorou e saiu do banheiro de seu quarto pronta para sairmos, eu estiquei minha mão para ela e assim que ela encostou em mim eu a puxei para mais perto e corri o mais rápido possível até a floresta, afinal qual o melhor lugar para se praticar magia durante a noite?



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