Arabella
— Ele é muito lindo — Sebastian dizia enquanto admirava nosso filho, que dormia tranquilamente no pequeno berço que Hailey e Brad haviam montado. Era incrível o modo como todos foram maravilhosos comigo e eu não tinha palavras para expressar tamanha gratidão que estava sentindo, principalmente por Will e Wes que foram essenciais no momento do nascimento de meu filho. O orgulho e admiração que sentia por meu irmão só fazia aumentar a cada momento.
— Sim, ele é. Precisamos escolher um nome. — Sorri fracamente para Sebastian, que olhou para mim de maneira preocupada antes de se sentar na cama.
Tudo havia ocorrido bem no final e meu filho, apesar de prematuro, havia nascido perfeito. Will preparou uma poção para nós dois, para que pudéssemos nos recuperar logo, entretanto meu corpo ainda se sentia fraco e a visão que tive poucos momentos antes do parto não saía de minha cabeça.
— O que aconteceu? — Sebastian pôs minhas mãos entre as suas, ele sabia que havia algo me incomodando.
— Encontrei um livro nas coisas de Will — falei é Sebastian deu de ombros. — Um livro de feitiços proibidos que estava com Margot.
— O que? — O corpo de Sebastian ficou tenso. — Arabella, o que você não está me contando? — Ele largou minhas mãos.
Balancei a cabeça.
— Aconteceu logo depois que vocês saíram para a missão — eu disse e Sebastian fez sinal para que eu continuasse. — Pensei que poderia encontrar algo que nos ajudasse contra Margot, mas o livro me fazia ficar vendo coisas e... — Comecei a chorar compulsivamente, eu estava sensível e a visão de meus amigos mortos não parava de me atormentar.
Sebastian se aproximou ainda mais e me embalou em seus braços. Ficamos abraçados até que minha crise cessasse.
— Está tudo bem? — ele perguntou baixinho.
Assenti e sentei-me de modo que ficássemos frente a frente.
— Havia um feitiço no livro — eu disse como se minha crise de chorou nunca tivesse acontecido.
— Se chamava Lua de Sangue...
— A profecia... — Sebastian me interrompeu, seu olhar vago.
— A profecia vai acontecer quando Margot fizer esse feitiço — falei. Eu precisava contar tudo que havia descoberto. — O feitiço da lua de sangue dará um poder descomunal para ela, fará com que ela seja indestrutível, superior a qualquer bruxa, vampiro ou seja lá o que for.
— Não podemos deixar isso acontecer, precisamos encontrar essa garota e matá-la de uma vez por todas. — Sebastian estava decidido.
Neguei com a cabeça.
— Se nos envolvermos nisso talvez não sejamos capazes de sair vivos — eu disse séria e nos encaramos durante alguns segundos até que Sebastian se inclinou para frente e grudou nossas bocas.
— Não se trata de salvar a nossa própria pele agora, não é mesmo? — falou quando nos separamos e lançou um olhar para o berço.
Assenti e ele encostou nossas testas enquanto entrelaçava nossas mãos.
— Seja lá o que aconteça prometo que estaremos juntos — Sebastian disse, o que me fez sorrir e por um momento me senti segura.
Sebastian
—... e esse feitiço é muito poderoso, irá transformar Margot no ser mais forte do mundo, ela será indestrutível. — Arabella explicava para todos enquanto sacudia nosso filho em seus braços.
— Temos que matá-la. – Hailey disse com convicção. – Ela vai acabar com todos que negarem a segui-la. A piranha é louca. – Hailey pegou uma garrafa de tequila que estava em uma prateleira na cozinha e de um gole. – Sem falar que ela vai querer se vingar ou vir atrás Ruby, seremos o primeiro alvo dela.
— Não vou deixa-la se aproximar do meu filho. – Peguei o nosso filho no colo de Arabella e o ajeitei em meus braços com cuidado ele era tão pequeno e frágil.
— Definitivamente ela tem que morrer. – Tommy falou. — Ela não vai tocar em Ruby. Eu não vou permitir.
— Eu acho que podemos nos mudar e deixar tudo para trás. — Will contestou.
— Concordo podemos recomeçar bem longe daqui. — O Wes ficou do lado de Will.
— Vocês têm noção do quão poderoso é esse feitiço? Ela virá atrás de nós – eu disse. – Não teremos paz se ela permanecer viva.
— Eu tenho sim e também sei que corremos o risco de morrer para tentar destruí-la – Will disse de um jeito rude.
— Corremos o risco de morrer de qualquer jeito. – Hailey revirou os olhos. – Estamos condenados.
— Vamos lutar por nossas vidas! —Alisei a cabeça do meu filho levemente. – Temos que garantir um futuro seguro para Ruby e para o nosso pequeno Jacob Ethan Jr.
— Não tinha um nome mais adequado para o bebê? – Brad roubou a garrafa de Hailey e deu um gole.
— É uma homenagem ao irmão de Sebastian que a Arabella matou e pai de Arabella que o Sebastian matou. – Tommy explicou de um jeito inconveniente.
— Nossa...— Brad deu um gole longo dessa vez. – Que família feliz.
— Mas enfim, vamos atrás da bruxa má? — Hailey perguntou desviando do assunto.
— Eu acho infelizmente que a melhor opção será matar Margot e arriscar nossas vidas. — Arabella filhou olhando o bebê em meu colo
— E como vamos encontrá-la? – Will perguntou.
— Esse é o grande problema. – Anunciei.
— Ela usa um feitiço complexo para impedir que nós achemos — Arabella disse.
— Vou pegar alguns livros e começar a pesquisar um jeito de achá-la. Tem que ser um feitiço de localização extremamente forte. – Will saiu do cômodo e Wes o acompanhou.
— Enquanto eles pesquisam, eu estou indo para o quarto... – Hailey olhou para Brad de um jeito malicioso e ele a seguiu.
Um cheiro ruim inundou o ambiente, olhei para o pequeno Jacob e depois para Arabella.
— Parece que a mamãe tem um trabalho a fazer. – Entreguei o nosso filho para Arabella.
— Hoje eu troco, mas amanhã é a sua vez, não pense que eu serei a única que vai limpar o coco do bebê. – Ela sorriu e fomos juntos para o quarto.
Arabella trocou a fralda e depois saiu do quarto para joga-la no lixo. Eu segurei Jacob no colo e lhe beijei a face. Deitei na cama e coloquei Jacob em meu peito. Eu nunca me senti tão feliz na minha vida. Eu queria que o meu irmão e os meus amigos estivessem aqui para compartilhar comigo esse momento. Tudo seria perfeito. A falta que eu sinto deles é indescritível. Mas não quero pensar em coisas ruins agora, só quero aproveitar esse momento.
Arabella voltou para o quarto e se deitou ao meu lado, eu a puxei para mais perto de mim e ela deitou a cabeça em meu ombro ficando com o rosto grudado com o de Jacob.
— Eu amo vocês. – Eu disse baixinho. – Todos os acontecimentos da minha vida, tanto os bons quanto os ruins, me trouxeram para esse momento, aqui e agora.
— Eu também amo você, Sebastian. – Arabella me deu um selinho demorado e depois beijou a testa do nosso filho. – Eu sinto como se tudo que eu precisasse estivesse aqui.
— Vocês são tudo que eu tenho. – Eu apertei Arabella um pouco mais contra mim.
Ficamos um tempo parados quietos até que caímos no sono.
Eu acordei com o choro agudo de Jacob em meu peito. Arabela também despertou, se sentou na cama, pegou nosso filho meu colo e colocou o seio esquerdo para fora da blusa. Jacob procurou o peito com a boca até acertar o mamilo, ele mamava com os olhinhos fechados. Parecia um anjinho.
— Ele é lindo. – Eu disse é logo em seguida bocejei.
— Ele é perfeito. — Arabella acariciava os bracinhos dele com delicadeza.
Depois de amamentar, Arabella colocou Jacob no berço e se deitou ao meu lado, não demorou para cairmos no sono novamente.
De manhã, alguém bate em nossa porta incessantemente. Me levantei e espreguicei as minhas costas.
— Oi — respondi ao ver Will com olheiras enormes embaixo dos olhos. – Você dormiu?
— Não. — Ele respondeu e depois coçou os olhos. – Mas descobri um jeito de encontrar Margot.
— Vou acordar Arabella. – Respondi.
— E eu não vou avisar aos outros, precisaremos de ajuda. – Will respondeu.
Depois de tomar o nosso café da manhã, nos reunimos na sala para conversar o que foi decidido.
— Eu e o Wes encontramos um feitiço antigo no livro " As almas perdidas" – só o nome me deixou nervoso – mas para colocarmos o feitiço em ação, precisaremos de muito poder.
— Como assim muito poder? – Hailey perguntou.
— Teremos que canalizar a nossa força psíquica de outros bruxos, usaremos o sangue de Ruby como...— Tommy o interrompeu.
— Não! – Ele gritou. — Ninguém vai usar o sangue de Ruby.
— São só algumas gotas. – Wes tentou explicar. – É a única ligação que temos com Margot.
— Não, não, não...— ele repetia.
— Para de palhaçada, a garota é forte! – Hailey praticamente gritou. – Fazemos um furo pequeno no dedo dela e pronto.
— E quantos bruxos exatamente estamos falando? – Arabella perguntou.
— Cinco, cada um representará um elemento. – Will dizia. — Terra, Fogo, Ar, Água e Magia.
— Só temos Arabella, Wes, Will e Ruby. – Brad dizia. – Precisamos de mais um bruxo para fazer o feitiço.
— Selene. — Hailey respondeu. – Eu vou ligar para ela.
— Não contém com a Ruby, eu não vou deixar vocês canalizarem... – Hailey o interrompeu.
— Olha só, ou você salva a Ruby deixando ela fazer o feitiço ou condena a criança a uma vida fugindo da própria irmã. – Tommy abaixou a cabeça e respirou fundo. Hailey pegou o celular e discou um número.
Depois de alguns minutos Selene apareceu em nossa porta.
— Só estou fazendo isso porque Margot vai destruir o nosso clã se conseguir completar a Profecia. – Selene disse assim que passou pela porta. – E eu não quero que isso aconteça
Começamos a afastar os móveis da sala deixando um espaço vazio no centro. Wes pegou um pote de sal e desenhou um círculo perfeito no chão. Tommy explicava para Ruby o que ela precisava fazer. Will pegou um mapa de New Orleans e colocou no centro do círculo.
— Prontos? – Will perguntou.
Arabella, Selene, Wes, Will e Ruby entraram no círculo. A bruxinha ficou em pé em cima do mapa.
— Vai ser rapidinho. – Will fez um pequeno furo no dedo de Ruby que não demonstrou dor e pingou sangue sobre o mapa.
Arabella, Selene, Wes e Will deram as mãos formando um círculo em volta de Ruby.
— Repitam o que eu disser. – Will disse. – A parturientibus ex elementis per virtutem naturae.
— A parturientibus ex elementis per virtutem. — Todos os bruxos falaram juntos.
— Ostende nobis est.— Will disse e todos repetiram.
Uma ventania começou a soprar dentro da sala. Tudo começou a tremer como se estivesse tendo um terremoto, todos os bruxos ergueram suas cabeças para cima ao mesmo tempo e continuaram dizendo as palavras. Seus olhos estavam brancos, até mesmo o de Ruby.
Hailey
O vento se fortaleceu, Ruby parecia assustada olhando para todos os bruxos ao seu redor e procurou por Tommy na sala que estava de pé olhando a menina, meu irmão sorriu e balançou a cabeça para ela que abriu um sorrisinho de volta. Brad e eu estávamos apenas olhando, não tinha nada que pudéssemos fazer. Os olhos dos bruxos tomaram a tonalidade branca e vi o sangue de Ruby fazer uma trajetória bem lentamente pelo mapa da cidade. Meus amigos pareciam não ter mais forças, Sebastian estava atrás de Arabella e parecia preocupado. Logo sangue começou a escorrer do nariz de todos eles e todos gritaram juntos e seus corpos caíram no chão, incluindo o de Ruby. Tommy correu até a criança, Sebastian segurou firme Arabella enquanto Brad e eu fomos dar conta dos outros.
— Deem o sangue de vocês para eles, assim pode ser que eles acordem mais rápido — eu disse antes de morder meu pulso.
Todos fizeram o que eu indiquei e cuidamos que todos recebessem um pouco de nosso sangue. Alguns minutos se passaram e Sebastian parecia inquieto olhando pra Arabella.
— Não era para eles já estarem acordados? — ele perguntou desviando os olhos pra mim.
— Será que Margot fez algo para impedir o feitiço? — Tommy perguntou com Ruby em seu colo.
— E se eles estiverem... — Brad hesitou em continuar a frase.
— Qual é rapazes? Vocês estão mesmo achando que algo de ruim aconteceu a eles? Foi um feitiço forte que tomou bastante força deles, eles não estão mortos. — Revirei os olhos. — Nós estamos com os melhores bruxos de New Orleans aqui praticamente. — Dei de ombros.
— Obrigada pelo elogio, Hailey. — Ouvi a voz de Selene. — Minha cabeça está doendo para caralho. — Ela levou a mão à cabeça.
— NÃO. — Ruby gritou antes de abrir os olhos.
— Hey, está tudo bem. Eu tô aqui. — Meu irmão acariciou o rosto da criança.
— Lua cheia, tio Tommy é hoje. — A criança parecia desnorteada. — Minha irmã, não. — Ela parecia ter algo para falar.
— Hey Ruby. — Me aproximei e me abaixei perto dela. — O que aconteceu? Você viu alguma coisa? — Ela assentiu rapidamente com a cabeça.
— Minha irmã. Ela estava numa floresta e tudo estava rodando ao seu redor, ela estava conectada a algum tipo de força que não é dela. — A criança dizia com os olhos arregalados.
— Arabella. — Sebastian exclamou animado.
Olhei para trás e pude ver minha amiga acordando. Agora só faltava Will e Wes, que pareciam estar conectados um com o outro já que os dois abriram os olhos no mesmo segundo.
— Eu espero que essa minha dor de cabeça tenha servido para algo. — Wes resmungou massageando as têmporas.
Will se esticou um pouco e olhou o mapa e o sangue havia escorrido até a parte da floresta, porém ele não nos dava uma localização exata pois uma simples gota havia se dividido em outras 5 gotículas que se espalhavam próximas umas das outras.
— Ok, temos 5 lugares. — Will anunciou.
Todos nos aproximamos e analisamos o mapa por alguns segundos.
— Temos que bolar alguma coisa. Não podemos simplesmente sair de casa. — Tommy deu de ombros.
— Temos que saber quando será. — Arabella suspirou cansada.
— Hoje — a voz fraca de Ruby soou.
— Ruby teve uma visão. — Tommy anunciou.
— Tudo bem, então temos que pensar em alguma coisa rápido. — Sebastian disse apontando para o mapa.
— Vamos nos separar. — Wes sugeriu.
— Não cogite isso nem por um segundo. — Apontei para ele. — Não estamos encarando uma bruxinha qualquer, essa vadia é bem forte.
— Hailey. — Tommy me repreendeu.
— Desculpe. — Pedi pra Ruby.
— Enfim pessoal, nós temos que agir rápido. Isso é tudo que sabemos. — Sebastian bufou.
— Isso é uma missão suicida. — Selene negou com a cabeça.
— Não está se garantindo no poder que tem? — Arqueei as sobrancelhas olhando para ela.
— Não é isso... — ela deu de ombros.
— Alguém tem uma ideia plausível? — perguntei olhando para todos.
— Nós não temos um plano, então vamos atacar. Juntos. — Arabella disse como se fosse fácil.
— Beleza, então esse é nosso plano. — Peguei o mapa do chão. — Se armem, vamos sair em 20 minutos. — Avisei.
— Desde quando você quem dita as regras? — Tommy me olhou prendendo riso.
— Não estou ditando as regras, só quero resolver isso logo. — Dei de ombros.
Nós todos fomos atrás de armas pela minha casa, e era engraçado como em cada cômodo encontrávamos alguma. Tommy foi o primeiro a ter tudo com ele e ficou conversando com Ruby que insistia em ir conosco, e meu irmão estava irredutível em relação a expor a criança a tal perigo.
— Todos prontos? — Sebastian perguntou assim que todos se encontraram na sala.
Todos se limitaram a apenas um aceno de cabeça positivo, nós partimos para fora da minha casa e rumamos para a floresta. O sol estava começando a se despedir do céu para dar lugar a lua, caminhávamos todos calados como se até as nossas palavras fossem tirar algo de nossa força. Eu quis rir por um momento, todos estávamos concentrados em lutar e Ruby era a única que tinha o rosto sereno, sem preocupações. Aquela seria a luta de nossas vidas, e chegava a me dar um arrepio só de pensar.
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