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História Lua de Sangue - Reforços


Escrita por: fifthondrugs , Finallais e RenaTriz

Capítulo 4 - Reforços


Arabella

Encarei meu reflexo no grande espelho com moldura que ficava preso à parede de meu quarto, meus olhos naturalmente grandes pareciam ainda maiores. O encontro com aquele caçador havia me perturbado, aposto que ele ficou desconfiado, pude sentir isso. Margot não parou de fazer perguntas durante todo o caminho para casa, ela não era tão burra ao ponto de não perceber o que realmente aconteceu. Seu olhar para mim ganhou até mesmo um ''quê'' de admiração.

Prendi meus cabelos em um coque e peguei a bolsa com as plantas para as poções e segui para a porta. Nossa casa era grande e em estilo vitoriano, era uma construção muito antiga passada de geração para geração. Meu pai havia transformado o nosso porão em uma espécie de laboratório para que fizesse seus experimentos. A única diferença era que o cômodo era uma extrema bagunça de ervas, frascos e livros de encantamento por todo o lado, mas as paredes e pisos eram impecavelmente brancos e limpos, por isso eu chamava de laboratório.

— Oi pai — eu disse adentrando o lugar.

O homem que estava inclinado sobre um caldeirão fervente, no qual saía uma fumaça com coloração esverdeada e cheiro de alecrim, virou-se com um enorme sorriso nos lábios, o que me fez sorrir também. Meu pai já não era mais tão jovem, mas sua aparência era de um homem de quarentena anos. Genes de bruxas têm lá suas vantagens.

— Arabella, querida, trouxe o que lhe pedi? — perguntou enquanto dava-me um rápido abraço.

Estendi a bolsa de couro em sua direção.

— Espero ter conseguido pegar as certas — falei, sentando-me em um dos bancos que ali haviam. — Conseguiu algum progresso com o antídoto do pó de girassol? — Espiei o caldeirão com a fumaça verde.

Meu pai mexeu o conteúdo do caldeirão e jogou uma pequena muda de visgo.

— Até agora nada, mas estou cada vez mais perto, posso sentir! — ele disse animado. — Logo começarei os testes.

Ergui as sobrancelhas.

— Will aceitou ser cobaia? — perguntei um pouco surpresa.

Will é meu irmão mais novo e sempre que meu pai estava desenvolvendo novas poções, o pobrezinho acabava no posto de cobaia. Não que meu pai obrigasse, geralmente ele oferecia algo que meu irmão queria muito e bom... Will tem apenas quinze anos. Garotos de quinze anos não são lá muito inteligentes.

— Ainda estamos em negociação. — Meu pai franziu as sobrancelhas. — E como estão as coisas na cidade?

Suspirei e encarei um frasco cheio de presas de cobra.

— Cheia de caçadores, estão por toda parte. — Apoiei o queixo nas mãos.

— Ah sim, temos que fazer as coisas com o máximo de cautela agora — meu pai disse e encarou-me seriamente. — O que está perturbando minha filhinha?

Eu ri.

— Você me conhece mesmo, não é? — Meu pai colocou minhas mãos entre as dele. — Ah pai, aconteceu uma cois...— fui interrompida pelo toque do meu celular.

Pedi desculpas para meu pai e o ouvi resmungar algo sobre telefones celulares.

— Alô?

— Arabella, preciso de você aqui no meu apartamento agora — a voz de Hailey soou nervosa do outro lado da linha.

— O que aconteceu? — perguntei já ficando preocupada.

— Teve uma briga no New Tomorrow com caçadores e Enzo foi ferido, mas tem algo que está o impedindo de se curar completamente! Pensei que você pode conhecer algum encantamento ou poção, sei lá! — Ela falava rapidamente.

— Tudo bem, chego em cinco minutos! — Encerrei a ligação e olhei para meu pai, por sua expressão deduzi que ele havia escutado tudo.

— Segunda prateleira, perto do frasco com lágrimas de fadas — ele falou.

Assenti.

— Obrigada! — Dei um beijo em rápido em sua bochecha antes de sair apressada.

— Tome cuidado! — Ainda pude ouvi-lo dizer.

 

Sebastian

Durante a pequena batalha que travamos no bar, muitos caçadores morreram durante a luta, mas muitas criaturas também foram eliminadas, digamos que foi considerado um empate desta vez, depois que tudo havia acabado e todos foram dispersados, voltamos lá para tacar fogo em todo o local e logo não havia mais barzinho de monstros e sim cinzas. Camila estava em coma devido ao traumatismo que sofreu durante a batalha, tiveram que leva-la para a sede dos caçadores para ela se recuperar mais rapidamente e em segurança.

Eu estava na minha cabana pensando em como seria a festa de Halloween da cidade com tão poucos caçadores presentes. A festa seria em poucos dias e não daria tempo de todos os caçadores chegarem, seria um problema imenso iniciar uma caçada sem reforços, pelo visto teríamos que matar somente os que se expusessem.

O arsenal estava com novos brinquedinhos que eu consegui com alguns dos caçadores que estavam aqui na cidade, algo que eu realmente achava útil, espero ter a oportunidade de usa-los o mais breve possível. O corpo do meu irmão ainda estava desaparecido, mas eu iria vinga-lo assim como também me vingaria dos híbridos que machucaram a minha namorada.

A noite estava fria, eu tinha pego um elixir de óleo de algas para fazer um chá para curar os ferimentos que eu tinha sobre o corpo, depois que tomei todo aquele liquido com gosto amargo, me deitei na cama, fechei os olhos e logo estava dormindo.

No dia seguinte eu não perdi tempo, tomei um banho, me arrumei vestindo o meu sobretudo e separei uma máscara de carnaval preta que cobria apenas os meus olhos, não iria coloca-la agora, pois antes eu teria que elaborar um plano com alguns caçadores. Liguei para os três melhores guerreiros que estavam na cidade e eles chegaram rapidamente na minha cabana.

— Lucy, Alex e Bjorn. — Disse enquanto os cumprimentava.

— Sebastian... saudades. – Lucy alisou o meu peitoral e sorriu maliciosamente. — Está mais crescido. – Ela encaixou a mão no meu pau e apertou levemente, eu me afastei segurando o pulso dela. – Muito mais crescido...

— Vejo que mesmo depois de tantos anos você continua sendo uma puta – confessei.

— Eu concordo. – Alex disse enquanto prendia seu longo cabelo liso em um rabo de cabelo. – Ela quis me chupar atrás de uma arvore que tem ali fora... – Ele sorriu.

— Ei, sou uma puta de respeito. – Ela tirou o chicote da cintura e colocou em cima da mesa. – Não era atrás da arvore que eu queria...

— Vocês parecem adolescentes. – Bjorn era o mais experiente de nós, tinha 35 anos e falava como um líder. – Chega de besteiras, vamos tratar de assuntos realmente importantes.

— Concordo. – Eu me sentei e comecei a explicar o plano que eu estava elaborando para eles. – Como eu disse brevemente ao celular, iremos nos camuflar durante a festa, usaremos fantasias ou o que for para parecermos os mais discretos possíveis, como estamos em pouco número, iremos matar apenas as criaturas que ficarem expostas para nós... — Olhei no rosto de todos. – Não vamos comprar brigas que não podemos vencer e se o caso for extremo, nos juntaremos para atacar em grupo.

— Teremos que usar muitas armas e muitos pós para essa missão, briga corpo a corpo chama muita atenção... – Lucy o interrompeu.

— Deveríamos nos separar em duplas...— Ela sorriu para Alex. – Teremos mais chance de sobreviver a um ataque surpresa.

— Ninguém vai nos atacar de surpresa porque vamos estar fantasiados. – Bjorn revirou os olhos. – Acho que esse plano pode dar certo, não vamos correr mais riscos de perder metade de nossos homens aqui... – Lucy interrompeu.

— E mulheres. – Ela completou.

— Sim e mulheres. – Ele bufou. – Quando o reforço chegar, vamos atacar com tudo.

— Até me arrepiei. – Lucy disse.

— Vamos começar a festa! – Alex disse.

— Tenho algumas novidades para mostrar. – Eu sorri ao dizer. – Vamos lá no arsenal...

 

Hailey

Eu estava impaciente esperando por Arabella que para mim já faziam horas que havia solicitado sua presença em meu apartamento. A preocupação com Enzo estava grande, mas acabei ficando preocupada com ela também por conta de caçadores soltos pelos bairros de New Orleans. Batidas na porta me fizeram saltar rapidamente da cadeira até a porta.

— Graças a Deus, até que enfim, Bella! — Cruzei os braços.

— Desculpe, mas eu não tenho a rapidez que vocês vampiros tem. — Revirou os olhos.

— Entra, salve Enzo pelo amor de Deus. — Abri mais a porta dando espaço para que ela entrasse.

Arabella seguiu diretamente até meu quarto e encontrou Enzo na cama, ele estava totalmente suado e algumas alucinações já tomavam conta de sua mente. Assim que Arabella se aproximou dele, ele a puxou pela camisa e a jogou na cama com força.

— Enzo! — Corri e segurei suas mãos antes que ele pudesse machuca-la. — Desculpe, ele está alucinando. — Ela assentiu.

— Tudo bem, segure ele que eu vou passar essa poção nele. — Ela mostrou um potinho na mão. — Isso pode doer um pouco, Enzo.

Ela se aproximou do corpo dele enquanto eu o segurei com força e então passou um pouco da pasta no local do tiro. Enzo gritou de dor e se debateu em meus braços, forcei um pouco mais meus braços contra os dele e logo Arabella se afastou de nós.

— Calma Enzo, calma! — Seu corpo foi então se acalmando.

Soltei devagar seu pulso pronta para o segurar a qualquer momento se fosse preciso. Seu corpo se acalmou totalmente e então me sentei na cama ao seu lado fazendo um carinho em seu rosto.

— Obrigada, Bella — disse sorrindo em direção a minha amiga.

— Nada, agora me conte o que aconteceu — me perguntou sentando-se em uma cadeira.

Eu a expliquei tudo o que havia acontecido na noite anterior e ela pareceu ficar assustada. Passamos a tarde conversando e nosso assunto foi interrompido com Enzo entrando na sala.

— Eu preciso ir para casa — ele disse se afundando no sofá.

— Você não vai sair daqui. — Arqueei a sobrancelha.

— Então vou pedir pizza. — Se levantou andando até o telefone.

A pizza não demorou para chegar, comemos toda e logo depois fomos levar Arabella em casa, já que as ruas estavam cada vez mais perigosas. Voltamos para o meu apartamento e Enzo ficou me contando algumas de suas batalhas e eu ouvia tudo como uma criança quando seus pais contam histórias de contos de fadas. Logo caí no sono e acordei durante a madrugada ao sentir Enzo me cobrir e seu corpo se movimentar atrás do meu.

Despertei com um cheiro de café e fui até a cozinha encontrando Enzo cozinhando um café da manhã, sentamos e comemos e logo depois ele se despediu dizendo que iria até o mercado abastecer minha geladeira. Assim que ele voltou, ajudei a guardar as coisas e então ele se despediu indo buscar algumas peças de roupa para passar um tempo comigo.

Os dias foram passando lentamente, cada dia mais, evitava sair de casa com receio de encontrar caçadores na rua, e as festas de Halloween estavam se aproximando, e a cidade mais lotada ainda.

 

Noah

Desci as escadas do meu andar até o térreo, cumprimentei George, o porteiro e me dirigi até a cafeteria que ficava em frente ao prédio que morava. Pedi o de sempre e sentei na mesa que ficava nos fundos. Enquanto observava as pessoas que entravam e saíam do local, vi Selene passando do lado de fora. Resolvi que esse seria o momento de ter as explicações que queria, me levantei e a segui. Andei atrás dela por mais ou menos uns 30 minutos, até que ela virou num beco e logo um carro preto também entrou no mesmo. Atravessei a rua e me sentei num bar que ficava em frente ao lugar. Me assustei quando um cara enorme saiu do carro, com certeza ele era um caçador, e isso me fez ficar mais confuso ainda. Ela tirou algo de sua bolsa, entregou para o homem e logo ele foi embora. Ela esperou algum tempo e voltou a caminhar como se nada tivesse acontecido. Eu levantei e voltei a segui-la, mas dessa vez sem ser discreto, caminhava tranquilamente em sua direção.

— Quanto tempo — ela disse, sem se virar.

— Você acha? — respondi num tom irônico.

— O que você quer? — Ela se virou e pude ver que ela ainda usava o colar da lua que eu tinha lhe dado. Era da mulher que me acolheu, ela era uma loba.

— Você ainda... — olhei para o colar, mas não consegui terminar a frase.

— Sim — ela o segurou com força — Porque não usaria?

— Também não sei, na verdade eu gostaria que você me explicasse o porquê de tudo isso — me aproximei e fiquei bem perto de sua boca.

— Eu não tenho que te explicar nada — ela se virou e continuou andando. Mas ela não escaparia assim não fácil.

— Você o que? — A virei bruscamente puxando pelo braço.

— Me solta — ela tentou se soltar, mas sem sucesso — Noah, por favor.

— Tudo bem — a soltei e respirei fundo — Você realmente não vai me dizer nada? Só vai fingir que nada aconteceu?

— Noah — só disse isso e me abraçou, bem apertado. Eu sem entender nada, apenas retribui — Eu explico, mas não aqui, pode ser na sua casa? Amanhã? Ainda mora no mesmo lugar?

— Tudo bem, moro sim — eu a inclinei para trás para que pudesse olhar em seus olhos — Passe lá a noite, estarei te esperando — ela assentiu e foi embora.

Selene metida com caçadores? Isso era realmente muito estranho. Confesso que fiquei com receio de deixar que ela fosse até minha casa, mas não acredito que ela me faria algum mal. Não poderia acreditar que alguém que um dia me amou tanto, pudesse me fazer algum mal. Ou só preferia acreditar nisso.

Fui até o centro, tentar ocupar minha mente. Estava muito ansioso, não conseguia parar de pensar nela. Não acreditava que isso estava acontecendo de novo. Seria melhor nunca mais vê-la de novo, mas as coisas nunca saem como eu planejo. Pensei em ir até o bar, mas quando cheguei perto vi que só restaram cinzas dele. Filhos da puta! Redobrei minha atenção na hora, com certeza teria algum deles por aqui. Então pensei em ir em um lugar mais discreto, ou seja, que fosse frequentado por humanos, a probabilidade de eles procurarem lá seria bem menor. Não era um dos lugares que mais gostava de frequentar, mas era melhor do que nada.

Entrei no Show Time, nome bem babaca, mas até que o lugar era maneiro. Me sentei no bar e uma mulher, que até que fazia meu tipo, veio me atender.

— O que vai querer? — A loira se inclinou no balcão, pressionando os peitos.

— Quero algo bem forte, o que você sugere? — Me levantei e me apoiei. Dei uma olhada para os seus peitos, que eram do jeito que eu gostava e depois para o seu rosto.

— Posso trazer para você? — Ela segurou meu queixo e falou de uma maneira sexy, tentando me seduzir. Eu achava esse tipo de coisa engraçado.

— Deve. — Tirei a mão dela de mim e me sentei novamente.

Eram seis horas da tarde, mas o bar já estava bem movimentado. Parecia ser uma festinha de alguns universitários. A maioria já estava bêbado e perdendo a dignidade. Acho que o que sobrou para mim, foi a atendente mesmo, ela é a única daqui que eu comeria. Olhei de volta para a mulher e ela não parava de se insinuar, seria extremamente fácil.

— Aqui está — ela colocou o drink sobre o balcão, mas sem tirar os olhos de mim.

— E se eu quiser algo a mais? — disse após tomar um longo gole.

— Nesse caso, é só você me seguir — ela desamarrou o pequeno avental que usava e se dirigiu até a parte de trás do bar.

Eu a segui, claro. O beco de trás do bar dava visão pra rua, algumas pessoas poderiam ver? Sim, poderiam. Isso me incomodava? Não, nem um pouco. Então fui até ela e fiz o que tinha que fazer.



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