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História Lua de Sangue - Encontros


Escrita por: fifthondrugs , Finallais e RenaTriz

Capítulo 8 - Encontros


Arabella

Enzo havia ido atrás de Hailey juntamente com Tommy enquanto eu e Will seguíamos para casa. Confesso que estava preocupada, Hailey poderia ser muito inconsequente, mas ela simplesmente não apareceu o restante da noite e considerando as condições em que a cidade estava, era mais do que plausível entrarmos em pânico.

Enquanto caminhava pelas ruas já quase deserta com um Will sonolento, não pude deixar de pensar em Selene e na visão compartilhada que tivemos. Eu queria ser do tipo de pessoa que quando alguém fala ''fique longe'' simplesmente obedecia, mas o proibido e a vontade de saber pareciam tomar conta de meu corpo e eu não conseguia controlar minha vontade por respostas. Sem contar que depois da conversa de Josephine e Joanne, eu estava convicta de que essa história poderia envolver todo o clã. Eu sabia que Selene jamais me contaria e a única outra forma em que consegui pensar era quase impossível, que era usar a necromancia. O único problema era que eu só conhecia somente uma bruxa com esse dom que seria capaz de conseguir invocar Josephine: Irina. Mas não acho que com ela seria diferente do que foi com Selene.

Olhei para o céu já claro e pensei em Sebastian, o caçador que havia me salvado, isso era tão irônico que me fazia querer rir e chorar ao mesmo tempo. O modo como ele tentou explicar as coisas pensando que eu era uma mortal... O que ele faria se soubesse o que sou? O que fiz com seu irmão? Que pergunta estupida, pensei, é claro que ele me mataria, é o que caçadores fazem. Por que não aproveitei o momento no beco para mata-lo logo? Seria um caçador a menos. Às vezes penso que sou muito boa, ou somente burra mesmo.

- Arabella, preciso mijar - Will disse subitamente fazendo com que eu o encarasse.

Agora? - perguntei olhando em volta. Havia um homem na calçada, desacordado e com uma garrafa de vidro nas mãos, e um casal trocando caricias em um ponto estrategicamente escuro da rua.

- Sim, agora. Não consigo esperar até em casa - Will disse enquanto ia se afastando.

Encostei em uma parede de tijolos e revirei os olhos. O casal que estava ali perto não paravam de soltar pequenas risadinhas e a mulher soltou um gritinho quando o homem enfiou as mãos por baixo de sua saia, logo a mulher jogou a cabeça para trás enquanto seu parceiro a olhava extasiado.

- Ela está claramente fingindo.

Pulei de susto ao mesmo tempo em que sentia minhas bochechas corarem. Olhei para o lado e vi Sebastian parado ao meu lado, sua cara estava com uma expressão cansada e suas roupas manchadas de sangue, pensei em quanto de nós ele deveria ter matado hoje e isso me fez fechar a cara.

- Como pode ter certeza? - falei sem olha-lo.

- Fácil, é só olhar para como ela segura os ombros dele e o modo como arqueia as costas, totalmente forçada - ele disse como se fosse um expert no assunto. - Se ele estivesse fazendo direito ela não estaria com essa cara e muito menos forçando esses gemidos.

Eu não disse nada, até porque eu não tinha nada a acrescentar ou rebater em sua análise sobre isso. Percebi que ele me olhava e virei para encara-lo também, seus olhos estavam diferentes.

- Você está chapado? - Franzi o cenho.

Sebastian pareceu pensar.

- É, eu bebi um pouco. - Ele olhou para os lados. - E me perdi de meu amigo Bjorn, não faço ideia como vim parar aqui. Acho que fui hipnotizado por aquele maldito antes de mata... - ele se interrompeu quando percebeu que estava falando demais.

Tentei fazer a maior cara de desentendida possível.

- Sobre o que houve no beco, eu só queria dizer que... - ele começou, mas foi interrompido por Will que havia voltado.

- Nossa, você viu aqueles dois? - Will apontou para o casal enquanto ria, mas logo fechou a cara quando reparou em Sebastian.

- Então tá, até mais Sebastian. Espero que encontre o caminho de sua casa - eu disse e peguei Will pelo braço me afastando.

Que coisa mais estranha.

 

Sebastian

Eu estava andando em uma estrada escura, ouvia apenas o som de corujas e grilos, uma mulher me chamava a atenção, ela me encarava ao longe em meio a noite deserta e sombria, percebi que era Arabella. Ela estava parada me olhando perto do único poste que iluminava a pista em quilômetros, eu me aproximei e ele sorriu animadamente como se estivesse me esperando, eu só tive o instinto de sorrir de volta. Ela vestia um vestido do século XVII e segurava consigo uma espada.

- Sebastian... - Ela segurou em minha mão e beijou a palma dela, eu cheguei um pouco mais perto ignorando totalmente a espada em suas mãos e pude sentir o cheiro de eucalipto que vinha de seus longos cabelos loiros, eu não sabia reagir, estava hipnotizado pela atração que ela causava em mim. - Você é um caçador. - Ela sussurrou em meu ouvido me deixando surpreso, segurou em meu rosto com uma das mãos e me beijou lentamente, parecia que estava me saboreando e aproveitando aquele momento, mas eu me afastei saindo do transe me lembrando das últimas palavras dela e de que ela estava armada, seus olhos ficaram vermelhos e ela mirou a espada para o meu pescoço assim que notou a minha expressão de espanto.

- Que porra é essa? - Eu coloquei a mão no bolso para pegar a minha adaga, mas eu não estava armado. - Ara... - Ela me interrompeu.

- Eu sinto muito. - Ela disse com um sorriso largo no rosto e enfiou a espada no meu pescoço e depois a puxou para si.

Meu corpo chocou contra o chão e eu fui perdendo os sentidos, primeiro eu não sentia o meu corpo, tentei me levantar para lutar, mas não tive forças, depois tentei falar, mas o sangue me engasgou e eu comecei a tossi até que minha visão ficou turva e logo estava tudo escuro.

- Alex... - Ela dizia calma, eu ainda podia escutar sua voz em meio a escuridão do meu corpo parcialmente falecido, mas não entendia porque ela dizia o nome de Alex. - Vai Alex, gostoso...- Eu confesso que fiquei confuso. - Isso... ahn...ahn- Ela começou a gemer.

Foi quando eu acordei, me sentei na cama bruscamente e olhei em volta, notei que Lucy e Alex estavam transando na sala pois ela não parava de gritar o nome dele, o que justificava final do sonho esquisito que eu acabei de ter. Bufei e me levantei da cama, passei as mãos pelo rosto tento raciocinar melhor.

- Não tenho mais paz... - Confessei a mim mesmo. - CALEM A BOCA PORRA! - Gritei e em resposta ouvi as risadas deles, como dois adolescentes sendo pegos pelos pais.

Eu fui até o banheiro e liguei a banheira esperando ela encher com a água quente, eu estava com o corpo totalmente dolorido da noite anterior, eu havia deitado na cama do jeito que cheguei das caçadas o que justificava o lençol sujo de terra e sangue. Peguei no meu armário o elixir de raiz de dente de leão, que vitalizava o corpo e joguei na água quente fazendo uma pequena súplica.

- Mater Luna, sanat omnes doloribus. - Citei as palavras em latim ao tocar minha mão na água.

Tirei a minha roupa e notei todos os arranhões, marcas e furos que enfeitavam o meu corpo ensanguentado, a dor parecia vir à tona somente agora, talvez tenha sido por causa das bebidas que eu bebi que acabaram me anestesiando, entrei na banheira e afundei, molhei a minha cabeça e fiquei vegetativo e submerso. As lembranças da noite anterior vieram à minha cabeça, todas as criaturas que matei, todos as pessoas que salvei contando com Arabella, ela que não saia da minha cabeça e agora assombrava os meus sonhos, pensar que ela era uma mundana tão diferente das outras, mesmo eu matando um suposto "homem" ela não entrou em pânico nem exigiu explicações, pelo contrário, eu que tentava lhe explicar o ocorrido e impressionantemente, ela sempre estava no lugar errado e na hora errada. Tudo estava borbulhando na minha cabeça, eu tinha que obter respostas que somente ela poderia me dar, mas eu não confiava nela e meus instintos gritavam o quanto ela era absurdamente suspeita e nem os seus amigos me passavam tal confiança, todos são estranhos para a minha percepção, não demorará muito para eu descobrir a verdade e consequentemente mata-los se algo realmente estiver errado.

Sai do banho e meu corpo não doía mais, as marcas estavam ainda presentes, mas não sangravam, logo estariam cicatrizadas. Me sequei e vesti uma calça e uma camiseta preta, fui até a sala ignorando qualquer probabilidade de Alex e Lucy ainda estarem transando.

- Bom dia, chuchu. - Lucy disse ao me ver.

- Bom dia, amigão. - Alex acenou com a cabeça em minha direção.

- Vão se foder. - Revirei os olhos para a tentativa falsa de tentar disfarçar o sexo imundo que eles fizeram dentro da minha residência. - Vocês têm sorte de serem meus amigos, senão eu juro que mandava vocês embora. - Confessei.

- Ai que coisa mais linda. Ouviu isso Alê? - Lucy sorria. - Ele disse que somos amigos dele, nunca pensei que escutaria isso vindo do próprio Sebastian Theodore.

- Theodore? Sério? Que merda... - Alex gargalhou ao ouvir o meu sobrenome. - Theozinho.

- Ah... - Joguei as mãos para o ar desistindo de falar com eles e voltei para o quarto.

Peguei o meu celular e mandei mensagem para o Bjorn que não dava sinal de vida desde ontem.

"Bjorn, você está bem cara? " - Mandei e logo em seguida ele respondeu.

"Estou, voltarei logo. " - Não pedi mais informações, isso para mim me bastava, provavelmente ele havia arrumado algum rabo de saia para se engraçar.

 

Hailey

Acordei e senti minha cabeça latejando o que me fez não abrir os olhos, lembrava de poucas coisas que haviam acontecido antes que eu desmaiasse. Me virei na cama e então me abracei ao corpo que se encontrava ao meu lado, e foi então que arregalei os olhos e fiquei em pé em milésimos de segundos.

- O que porra eu estou fazendo aqui? - gritei acordando Noah.

- Bom dia para você também - resmungou e se virou de bruços na cama.

- O que aconteceu ontem? - Cruzei os braços.

- Pó azul. - Se espreguiçou enquanto falava.

- Arabella deve estar me procurando, Enzo, meu irmão.... Por que me trouxe para cá? - Revirei os olhos.

- "Obrigada por salvar minha vida Noah". - Ele riu se sentando na cama.

- Vai se foder. - Dei as costas para ele e segui para a porta do quarto.

- Se eu fosse você, se vestia antes de sair daqui. - Só então percebi que vestia apenas minhas roupas íntimas.

- O QUE VOCÊ FEZ COMIGO NOAH? ONDE ESTÃO MINHAS ROUPAS? - Corri até ele e o derrubei deitado de volta.

- Eu não sei onde suas roupas foram parar - ele disse sereno.

- COMO ASSIM? EU NÃO ME LEMBRO DE NADA. - Forcei minhas mãos nas dele contra a cama.

Ele começou a rir e o ódio foi esquentando meu sangue, sai de cima dele e peguei a primeira peça de roupa que eu vi pelo caminho. Era uma camiseta grande o suficiente para cobrir minha bunda. A vesti e segui para a porta da casa, mas antes que pudesse abrir Noah se pôs na minha frente.

- Eu não fiz nada com você Hailey, bem que eu queria transar com você, mas prefiro que isso aconteça com você acordada. - Senti um alívio no peito.

- Obrigada pelo respeito Noah. - Dei um risinho irônico. - Depois devolvo sua camisa.

- Eu te levo em casa. - Ele se virou e então abriu a porta.

Andei atrás dele pelo corredor e pegamos o elevador até a garagem. Eu permaneci quieta enquanto tentava me lembrar de alguma coisa que havia acontecido na noite anterior, mas tudo que me lembrava era do ataque do caçador. Noah dirigia calado enquanto batucava os dedos no volante ao som da música que tocava no rádio.

- Se não me disser o caminho da sua casa, não vou poder te deixar lá - disse sem desviar os olhos da rua.

- Só seguir essa rua direto e virar na 5ª direita. De lá eu vou para casa! - Olhei para ele.

- Como quiser. - Deu de ombros e então seguiu o caminho indicado.

- Valeu - disse antes de descer do carro.

- Quando te vejo de novo? - me perguntou antes que eu pudesse andar.

- Quando estiver disposto a aparecer na hora. - Pisquei para ele e então corri sumindo de sua visão.

Cheguei em casa e encontrei um Enzo extremamente preocupado, enquanto Tommy dormia tranquilamente na poltrona ao seu lado.

- Por onde esteve Hailey? - me perguntou assim que abri a porta.

- Hailey. - Meu irmão abriu os olhos.

- Olá meninos, como vocês estão? - Abri um sorriso.

- Hailey, você sumiu! Você me deixou preocupado, eu fiquei sabendo que teve uma briga no bar ontem e....

- Eu estava com Noah, e ele deu um jeito no caçador! - Dei de ombros. - Agora de me dá licença, vou tomar um banho e descansar um pouco.

- Noite cheia maninha? - Tommy perguntou dando uma risada.

- Cheia demais. - Revirei os olhos e segui para o banheiro.

Tomei um rápido banho e decidi ler algum livro enquanto descansava.

 

Noah

Fiquei aliviado depois que Hailey acordou, fiz até questão de leva-la até em casa, mesmo que ela não quisesse e pedisse p eu parar em um lugar qualquer. No pequeno caminho de volta para casa pensava no que fazer hoje, estava sem planos. Mais tarde aconteceria a segunda noite da festa, mas queria algo para passar o tempo. Cheguei em meu apartamento e comecei a procurar algo para beber. Fazia tempo que não trazia uma garrafa para casa, começava a me arrepender quando achei uma garrafa de tequila barata no canto do armário. Não sei porque mais eu acordei animado, então coloquei "24k Magic - Bruno Mars" para tocar. Tirei a camisa e fui até a varanda, na rua passavam algumas meninas que eu convidaria para o meu apartamento, mas elas preferiram seguir o caminho delas, fazer o que?

Aquela garrafa só serviu para me deixar alegre, meu objetivo era ficar bêbado e seria preciso muito mais. Talvez precisasse sair mais cedo do que planejava.

Estava anoitecendo e eu fui me arrumar, pretendia encontrar alguém interessante hoje à noite. Ou até um caçador, para me divertir um pouco. Quando terminei, desci, peguei o carro e fui em direção ao centro.

Ainda tinham poucas pessoas por lá, a maioria ainda se concentrava nos bares. Quando escolhi um e estava prestes a entrar, vi o lobinho, amigo de Hailey.

- E aí, cara? - Dei um tapa em seu ombro e ele me olhava com desprezo. - Sei que não gosta de mim - eu ri - Mas queria saber se sua amiga vai aparecer por aqui hoje.

- Fique longe dela - disse e saiu andando.

Eu achava engraçado toda essa implicância. Se Hailey não aparecesse eu teria que achar alguém para me divertir.

Entrei no bar que estava regado de bebida, jovens e cheiro de sexo. Mas não acho que isso serviria para hoje, eu meio que tinha cansado disso tudo, só recorria a isso em último caso. Então voltei para a rua e vi uma menina loira dando a mão para um garoto que parecia ter uns quinze anos e ele não parava de encher o saco. Pensei em continuar andando, mas ela me chamou atenção, então resolvi ir falar com ela.

- Tendo muito trabalho? - Ri e parei ao seu lado.

- Sabe como é, adolescentes... - Ela revirou os olhos.

- Não falem de mim como se eu não tivesse aqui - o menino disse.

- Está bem, desculpe. - Passei a mão repetidas vezes em seu cabelo até bagunçar. - Sem querer me intrometer, mas não é muito cedo para vocês estarem aqui? Vocês vieram para a festa né?

- Ah sim - A mulher pareceu desconfortável com minha pergunta. - Vim a essa hora para poder trazer Will, mais tarde volto com uma amiga.

- Entendi, desculpe minha intromissão. - Ri. - Noah, prazer. - Estendi a mão para cumprimenta-la.

- Arabella - Ela apertou minha mão meio que desconfiada. - Noah? Por acaso você conhece a Hailey?

- Sim, por quê? - perguntei confuso.

- Ela me contou de você - Pronto, tinha perdido todas as esperanças de que pudesse rolar alguma coisa. - Ontem vocês se encontraram né? E sumiram, eu fiquei muito preocupada.

- Ahh - Fiquei meio sem jeito de perguntar, porque caso ela não fosse isso soaria estranho e eu teria que apagar sua memória. - Por acaso você é vampira? Loba?

- Não - Ela abriu um largo sorriso - mas fale sobre isso mais baixo, híbrido.

- Esqueci por um momento dos tão amedrontadores caçadores - ri. - Posso encontrar com você e Hailey mais tarde?

- Hmm... claro, porque não? - Parecia que ela não tinha gostado muito da ideia, mas ficou sem graça de recusar.

- Tudo bem então, até mais tarde - Dei um tchauzinho para ela e fui em busca de algum lugar que pudesse beber.

Infelizmente todos os bares estavam lotados de tudo que eu não queria. Então fui até uma barraca na rua que vendia cerveja artesanal e comprei o copão de um litro. Parei em frente ao palco que tocava blues, impressionante como as pessoas preferiam essas porcarias barulhentas ao invés disso. Somente eu e mais algumas pessoas apreciavam o som da banda, que era boa demais para estar num palco que nem esse.

Quanto mais tarde ia ficando, as pessoas iam deixando os bares e começavam a se concentrar na rua. E essa era a hora perfeita para que eu bebesse sossegado. Entrei no bar mais próximo que só haviam eu e mais seis pessoas, perfeito! Pedi três doses de whisky só para começar.



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