História Lucille - Uma Nova Jornada

Daryl

Uma bomba, Negan colocou uma bomba em Alexandria e vai destruir tudo. Ele voltou ainda pior, mais sádico e louco por vingança. O que mais me surpreendeu, foi saber que o Abraham estava envolvido nisso tudo e ele ter admitido isso nessa frieza toda me assustou um pouco.

O desgraçado toma todas as nossas armas, depois começa seu circo de horrores. O padre Gabriel está morto no chão, um poço de sangue ao seu redor, Negan faz o Rick se ajoelhar em cima do que sobrou da cabeça do padre, aquilo é nojento e ridículo. Sinto o impulso de querer fazer alguma coisa, mas não posso. Dá última vez que fiz algo, o Glenn morreu, então não posso causar mais mortes, apenas assistir a aquilo tudo de cabeça erguida.

Negan queima o rosto de Rick com o ferro, o som da carne queimando e dos gritos de Rick são uma verdadeira tortura, essa situação toda me deixa com muita raiva. Negan é apenas um, como pode fazer tanto estrago assim?

Desvio meu olhar daquela cena grotesca e encontro o olhar do Lucille, que apesar de estar sorrindo e aparentemente se divertindo com aquilo, tinha o olhar perdido, sem foco. Luna estava nos braços de Shasha, com as mãozinhas no ouvido e a cabeça virada para o outro lado. Com certeza aquilo não era o ambiente para uma criança, que tipo de pai Negan seria para ela? Vê-la daquele jeito me partia o coração, cuidei daquela garotinha como minha filha, a ensinei a temer os mortos e a ser forte, mas vejo tudo isso indo pelo ralo quando penso que ela irá ser criada pelo Negan.

-Isso foi realmente muito divertido! –diz Negan, feliz. –Será que a sua mulher ainda vai te querer com essa cara toda desfigurada? –pergunta a Rick que desmaia aos pés dele. –Não se preocupe mulher ninja, seu homem vai ficar bem, temos ótimos médicos no Santuário.

Michonne chora em silêncio ao meu lado, depois vai lentamente até onde Rick está e o coloca em seus braços. Carl parece furioso do outro lado segurando Judith, vejo o ódio brilhar em seu olhar.

-Vamos seguir em frente, pois não temos muito tempo para ficar gastando com lamentações. –ele diz, voltando para Lucille e a abraçando de lado. –Alguns de vocês irão para o Santuário, servir como cercas vivas e outros trabalhinhos que meus fornecedores odeiam fazer. Isso é para demonstrar o quanto eu ainda posso ser generoso mesmo quando vocês são esses porquinhos idiotas e mal agradecidos. –ele ri, minha vontade é de acertar uma flecha na cabeça dele. –Então ficamos assim: Maggie, Rick, Michonne, Tara, o caipira e a bonitinha ali. –aponta para Rosita. –Vocês são os grandes sortudos que terão o prazer de continuar servindo o rei de vocês! Não é ótimo?

-Eu não vou a lugar nenhuma com você, seu desgraçado! –Rosita grita, sacando uma arma que estava escondida na bota e atirando.

-Não! –grito, mas tudo acontece rápido demais.

O tiro iria acertar Negan, mas no último segundo Lucille se jogou em sua frente recebendo o tiro em seu lugar. Corro para pegá-la, mas ela cai no chão batendo a cabeça numa pedra e desmaia.

-Lucille. –chamo, a pegando nos braços.

-Vadia desgraçada! –ouço Negan gritar, antes de pegar o fuzil do Abraham e atirar várias vezes em Rosita. –A palhaçada acabou! Abraham sabe o que fazer não é? E vocês, levem esses idiotas para o Santuário. –ordena aos seus homens, o rosto retorcido de ódio. –Nós vamos voltar para a nova base dos Salvadores. –se abaixa e pega Lucille nos braços, me recuso a soltá-la então ele me encara. –Já pode soltar a minha mulher, caipira.

Deixo-o levar ela, mesmo sem querer, pois eu sei que o lugar de Lucille não é mais com ele. O que me deixava com ainda mais ódio deste infeliz, ele era dono do amor de Lucille, dono de seu coração mesmo sem merecer.

Fui arrastado pelos homens dele até o caminhão, ao longe via a picape preta de Negan partir para o sul levando Lucille, Luna e meu coração junto. Deixando para trás uma Alexandria em chamas, o lugar que um dia foi meu lar.

Lucille

Minha cabeça estava doendo e meu braço parece estar em chamas, são as primeiras coisas que percebo quando acordo. Abro os olhos e não reconheço o lugar onde estou, é um quarto muito limpo e arrumado, uma cama confortável e janelas enormes.

-Olá baby! Até que fim você acordou, já estava me deixando preocupado. –diz Negan aparecendo no meu campo de visão. Ele senta-se na cama ao meu lado e segura minha mão. –Como está se sentindo?

-Minha cabeça dói e meu corpo também. –respondo com a voz fraca. –O que aconteceu?

-Uma vadia de Alexandria tentou me matar e você entrou na frente, levou um tiro de raspão no ombro e bateu a cabeça no chão quando caiu.

-Onde está Luna? –pergunto preocupada.

-Ela está dormindo no sofá, não quis deixa-la sozinha. –responde indicando o sofá do outro lado do quarto. –Porque fez isso? Tem ideia do quão burra você foi quando entrou na frente daquela bala? Eu não suportaria perder você de novo, nós lutamos muito para ficarmos juntos, não podemos e não vamos mais nos separar, entendeu?

-Eu senti sua falta. –sussurro acariciando seu rosto.

-Eu também senti sua falta baby. –ele diz sorrindo, se aproximando para me beijar.

Como eu senti falta disso, falta do beijo dele que me consome de uma forma única e irreversível. Agora estávamos juntos, tudo vai ficar bem.

Alguns dias depois...

Meu ombro já não doía mais, eu já não precisava mais ficar na cama sob a proteção constante de Negan. Agora tudo estava bem. Foi difícil me adaptar a nova base dos Salvadores em Sant’ Louise, mas agora estava melhor. Mesmo longe do Abe e dos outros, eu já tinha me acostumado com a vida agitada daqui. Para Luna também foi difícil, ela estava longe das pessoas que conhecia, dos amigos e do Abe, então sentia muita falta do Santuário e do pessoal que sobrou de Alexandria.

A relação entre ela e o Negan está cada vez mais forte e bonita, ela ama o pai e ele é completamente louco por ela. Faz tudo o que ela quer, não importa o que seja ele dá. Um verdadeiro pai coruja, mais só não pode falar isso na frente dele, porque se não, acaba morto pendurado na praça da base.

E eu? Bom, eu estou seguindo a vida que escolhi para mim. Não posso dizer que não sou feliz, porque eu sou, e muito! Mas sempre sinto que isso está acabando, como que se tudo o que tinha pra viver, eu já tivesse vivido. É estranho eu sei, mas não consigo evitar essa sensação.

O dia amanhece e mais uma vez acordo ao lado de Negan, sorrio ao ver a tatuagem em seu braço, feita em minha homenagem antes do mundo acabar.

-Bom dia baby. –ele diz sorrindo para mim, sorrio de volta. Vou para cima dele, o lençol caindo durante o processo, me deixando nua na sua frente, isso o faz sorrir ainda mais. –O que pensa que está fazendo baby?

-Ouvi dizer em algum lugar, que sexo de manhã é ótimo pra pele. –mordo o lábio.

-Você levou um tiro, esqueceu? –pergunta com um sorriso sacana.

-Sim, levei um tiro no ombro, não na boca. –respondo já descendo minha boca até seu membro ereto.

-Lucille, você vai me deixar louco assim. –ele geme, segura minha cabeça fazendo os movimentos de ir e vir em minha boca. Continuo lambendo, chupando e acariciando até que ele goza.

-Essa foi rápida amorzinho! –digo sorrindo safada. –Agora sim, bom dia!

-Vou te mostrar o que é rápido aqui. –provoca, me jogando na cama e ficando por cima.

Suas mãos já estão por meu corpo, provocando sensações que só ele conseguia provocar, seus lábios deixando uma marca roxa em meu pescoço e seus movimentos me levando a loucura. Alcançamos o êxtase juntos, arrebatados pelo imenso prazer que sentimos um pelo outro.

-Eu te amo. –ele sussurra em meu ouvido.

-Eu te amo também. –completo sorrindo.

E assim começa mais um dia na minha vida quase perfeita, se não fosse pelo apocalipse e por meu amor egoísta pelo Daryl, tudo seria perfeito. Sim eu sinto falta dele, mesmo quando estou com Negan, não sei explicar, apenas sinto que ele faz falta. Daryl tira o melhor de mim, me faz querer ser uma pessoa melhor e a querer o melhor sempre. Ele é a luz na escuridão.

 -O que houve? –pergunto ao notar o alvoroço em um dos portões da base.

-Encontramos mais uma. –um homem responde.

Então eu vejo, uma mulher, ou o que era uma mulher, vestida com um vestido branco, sem os olhos e com a boca entupida de alguma coisa branca e dura que não deixava a boca ser fechada.

-Essa merda aconteceu quando? –pergunto preocupada e um tanto assustada.

-Ontem à noite. –responde o homem. –A encontramos perto da zona 12, mais a leste, com os braços abertos, pendurada por pregos e da mesma forma de sempre, como pode ver.

-Alguma pista de quem fez isso?

-Não, mas o senhor Negan está puto com isso.

-Onde ele está?

-Está perto da torre três e está “dispensando” alguns homens, se é que a senhora me entende.

-Sei bem o que Negan está fazendo. –reviro os olhos impaciente.

Matar todos os empregados dele não vai resolver esse problema, quem quer que esteja fazendo essa brincadeira de mau gosto deve saber o quanto isso deixa o Negan puto, apesar de não sabermos quem é ou o porquê destes ataques, isso ainda vai acabar enlouquecendo o Negan.

Negan odeia que algo fuja de suas amadas regras de poder, então quando algo que ele não planejou e não queria que acontecesse, acontece, ele fica maluco, obcecado por destruição e por poder. E eu odeio quando ele fica assim.

-Luna? –questiono ao vê-la correndo assustada em minha direção.

-Mamãe! –grita em pânico.

-O que foi? Te machucaram? Foi mordida? –pergunto aflita a segurando em meus braços.

-Não, eu estou bem. O papai que não está bem, mamãe.

-O que tem seu pai?

-Ele esta me assustando mamãe! Papai faz coisas feias e isso me dá medo.

-Calma querida. –peço nervosa e sem saber o que fazer. –O que seu pai fez?

-Ele quebrou a cabeça de um homem com o taco dele e depois colocou fogo em outro homem.

-Ele sabia que você estava lá ou você foi ver escondida?

-Eu estava no colo dele quando um senhor assustador chegou e disse a ele que tinham encontrado outra boneca perto daqui, eu fiquei feliz porque queria uma boneca nova, mas o papai ficou muito irritado, começou a brigar com o moço feio e depois quebrou a cabeça dele.

Ah Negan me paga! Não acredito que ele fez esse tipo de coisa na frente da nossa filha! Ela não tem nem seis anos! Negan está louco com essa história de ataques, com essa obsessão por poder e mais poder. Só que isso já passou de todos os limites e pra mim já deu! Ele não me deu mais alternativas, preciso fazer o que é melhor para Luna, que eu já notei que não é ficar aqui. Luna é inocente, pura, tem luz própria, não merece essa escuridão toda e essa sensação de morte constante em que vivemos, ela merece mais do que isso. E por mais que me doa, eu tenho que tomar uma decisão. Por ela.

-Querida, vá ao seu quarto, pegue as coisas mais importantes e algumas roupas e coloque numa mochila. Nós vamos visitar o tio Abe.

-E vamos ver o Daryl também? –ela se anima um pouquinho.

-Sim, vamos vê-lo. Agora vá! –mando e ela sai correndo para casa.

Sinto meu coração apertado, as lágrimas querendo se formar em meus olhos e a sensação de estar sendo quebrada, destruída a cada passo que dou. Mas já tinha tomado minha decisão, agora não se tratava só de mim, do que eu poderia ser, do que eu poderia me tornar se continuasse ao lado do Negan. Agora tinha Luna, e ela era tudo o que me importava no momento. E se para que ela tenha um futuro melhor que o meu, eu tenha que abrir mão do meu Negan, eu estou pronta para fazê-lo.

Ao chegar lá, vejo Negan gargalhando enquanto massacra outro homem, como se aquilo fosse à coisa mais normal do mundo. Isso me irrita, me faz ficar com raiva dele e de mim também, porque eu também faço isso, e faço muito bem.

-Seu idiota! –grito o puxando pela camisa e o jogando no chão com toda força que tenho. –O que você tem na cabeça? Esqueceu que tem a droga de uma filha?

-Lucille? O que pensa que está fazendo? –pergunta incrédulo.

-Você que não pensa no que faz! Por acaso sabe onde está sua filha agora?

-Luna? –ele procura a menina pelo ambiente.

-Sim, tem outra?

-Ela estava aqui agora mesmo, não a perdi, eu juro.

-O problema não é você não saber onde ela está agora, mas sim o que você faz e fez na frente dela! –grito furiosa. –Ela só tem quatro anos Negan! A porra de quatro anos e você já está mostrando o quanto a sua Lucille é capaz de fazer estrago em cabeças?

-Ela é minha filha, precisa saber que seu pai pode protegê-la!

-Sua filha está com medo de você agora, o que acha disso? –cruzo os braços vendo o medo passar em seus olhos.

-Ela está com medo de mim?

-Está e isso é culpa sua! –jogo na cara dele. –Ela é só uma garotinha Negan, não precisava saber agora que o pai dela é um assassino.

-Quer que eu minta para minha própria filha? Eu sou assim Lucille, sou exatamente isso que você vê, mais se não acha que isso é o suficiente para você, então dane-se!

-Não se trata do que é suficiente para mim, mas sim o pai que seja suficiente para Luna! Você nem sequer está tentando ser bom para a Luna, se tornar uma pessoa melhor pra ela. –digo e já estou chorando.

-Lucille, eu não entendo o que você quer! Eu estou aqui por você, pela nossa filha, luto lá fora todos os dias para manter esses malditos mortos longe de vocês, pra trazer o melhor pra vocês, eu amo as duas e estou dando o meu melhor nessa droga de família feliz que você tanto queria! –grita nervoso, andando de um lado para o outro. –Eu não sei ser bom Lucille, eu não vou mudar e você devia saber disso.

-Eu sei. –digo limpando as lágrimas. –Agora eu sei e você não sabe como me dói fazer o que tenho que fazer. –levanto minha marreta, ele fica assustado, mas não o acerto, apenas lhe entrego ela. –Fique com isso, eu não vou mais precisar.

-Do que está falando Lucille? –pergunta temeroso, nervoso e vermelho de raiva.

-Eu tentei juro que tentei Negan. Mais agora não dá mais! Sinto muito.

-Onde pensa que vai? –pergunta vindo atrás de mim quando começo a andar para longe dele. –Você prometeu que não iria me deixar! Não pode fazer isso de novo!

-Sinto muito Negan, mas não estou lhe deixando. Estou dando uma chance para nossa filha ser melhor do que nós dois, ser uma pessoa melhor e ficar longe dessa loucura toda, de toda a maldade e escuridão que nos rodeia.

-Você não está achando que eu vou deixar você ir embora assim e ainda por cima, levar nossa filha não é? –grita descontrolado.

-Alguma coisa se quebrou Negan, alguma coisa entre nós não me parece mais certa ou inteira. Sinto que tem muito mais para mim por ai, que não existe apenas nós dois. Chegou a hora de seguir em frente, mesmo sabendo que de alguma forma, no fim, estaremos apenas você e eu. Você foi o meu começo e será o meu fim, porém agora, eu preciso viver sem você, pra descobrir quem eu sou e pra descobrir se posso viver sem você. –digo para ele, acaricio sue rosto.

-Já vivemos longe um do outro, não precisamos mais passar por isso de novo.

-Eram situações diferentes, na primeira eu estava fugindo de você e na outra não foi por minha escolha. Eu quero tomar minhas próprias decisões e você precisa descobrir se tem mesmo espaço na sua vida para Luna, se você está disposto a ser o pai que ela merece ter. Então enquanto isso não acontece, eu vou voltar para o Santuário, ficar com o Abe e com os outros. Quero caminhar com minhas próprias pernas.

-Estou pronta mamãe! –diz Luna ao se aproximar correndo.

-Lucille, não faça isso! Porra eu não quero viver sem você e sem a Luna.

-Não vai viver sem a gente, é só um tempo. –pego Luna no colo.

-Esse lance de tempo é coisa de veado. –resmunga com raiva.

-Ótimo, então nós terminamos Negan. –digo dando um sorriso triste. Sigo para um dos carros, coloco Luna no banco de trás e tento entrar no carro, mas ele me impede.

-Não faça isso Lucille. –manda.

-Acabou. –me solto dele e entro no carro. –Abram o portão! –ordeno e eles me obedecem. Negan não faz nada para impedir, parece estar paralisado.

-Eu te amo Lucille, isso não acabou. –afirma e sorri de forma triste.

Não falo nada, apenas acelero para longe daquele lugar. Negan tinha que aprender que agora ele tinha uma família que precisava dele, que ele não era apenas o líder fodão de um grupo grande. O poder não pode vir antes da família e ele vai ter que escolher entre os dois. Enquanto isso, eu tenho que ser forte, me redescobrir longe dele, saber quem eu sou sem depender dele, saber finalmente se sou apenas Lucille ou se posso ser Lucy também.

Dirijo até o Santuário, quando o avisto, solto um suspiro de alivio. Buzino para abrirem os portões enquanto Luna pula no banco, ansiosa para ver o Abe e seus amigos. Fico aliviada por ela ter esquecido momentaneamente o que viu quando estava com Negan.

Entro no Santuário e a primeira pessoa que vejo é Daryl em sua moto, parecia prestes a sair, mas ficou parado no meio do caminho quando me viu. Sorrio para Abe quando o vejo, ele mais uma vez desobedecendo Negan, não colocando Daryl como um prisioneiro, um rebelde inconsequente como sempre.

-Lucille? –Daryl pergunta quando me vê sair do carro, ele está surpreso.

-Eu mesma! –respondo sorrindo. –Voltei vadias!