História Lucky? - Capítulo 1

Nunca tive sorte com garotos, e quando eu digo “nunca” não poderia estar falando mais sério. Mesmo assim não acredita ? Certo, deixa eu te contar algumas coisas. Esse tal azar começou já na pré-escola quando a inocente e pequenina Cassie dava o fora em um menininho que alegava ser apaixonado por ela.  Não podemos culpa-la, certo ? Afinal, ela era só uma criancinha.

        Alguns anos mais tarde, na 1ª série do fundamental, para ser mais específica, começava um “algo” que duraria por exatos três anos. Da parte dela ? Não, de um garoto, Nathan.

Nathan era o que podia se chamar de garotinho estranho : apaixonado por cavalos – e aqui quero deixar bem claro que esse não é o motivo da estranheza. Um pouquinho mais pra frente você vai me entender, e concordar, claro – corte de cabelo um pouco estranho e óculos de grau. Sei bem o que deve estar passando na sua cabeça agora, e no quanto você deve estar achando  a Cassie do passado uma cretina, mas pera lá, uma vez Nathan apareceu na escola cheio de carrapatos. Do quê ? Dos cavalos. Viu só como ela já não parece tão cretina assim?

        Enfim, por dois anos eles foram os melhores amigos que uma garotinha e um garotinho podiam ser, até que na 4ª série, em uma conversa  super  inocente no msn, ele solta que gostava dela. Novamente, não me  julgue como uma cretina. A resposta para a declaração ? “Você gosta de mim, mas eu não gosto de você”. E depois disso, lá se foi a amizade.

          Na 5ª série, ainda do fundamental, teve mais um garoto, o mesmo que me fez suspirar durante a 4ª série, Michael. Minha pequena cabecinha interpretou  “tudo”  como uma fase fantástica, afinal de contas, Michael parecia dar uma super bola pra mim, e era claro, o namoradinho perfeito para aquela época. Se chegou a ser? Não. O motivo? No fim da 5ª série, ele teve que mudar de estado, o que dentre outras coisas, foi um belo de um motivo para o tal afastamento.

         Agora, vamos adiantar alguns anos, para a 7ª série do fundamental. Todo mundo sabe que a brincadeira  das pessoas – se é que podem ser chamadas assim – dessa época é empurrar menina para menino e vice-e-versa, principalmente quando um dos dois nunca beijaram. E bem, foi o que aconteceu. Se rolou o beijo ? Rolou, claro. Não foi lá grandes coisas, mas para quem nunca tinha beijado estava mais do que bom. E então,  a inocente Cassie – adoro me retratar assim – se encontrava caidinha pelo menino com quem tinha dado seu primeiro beijo, menino esse que fez questão de deixar bem claro que não queria nada além disso, um beijo. Essa paixonite durou pelo resto do ensino fundamental, com alguns acontecimentos que não valem à pena serem mencionados.

        Depois disso, vamos para o 1º ano do ensino médio. Escola nova, pessoas novas, e o que aconteceu? Isso mesmo, uma paixonite. Não me orgulho do que aconteceu, mas vocês devem saber como funciona uma pessoa apaixonada  : quer conversar o tempo todo, e bem era o que eu fazia, ou pelo menos tentava. E bem no auge da paixonite, quando eu criei coragem de ir lá e dizer que tava gostando dele, descubro que ele também estava gostando, só que bem, de um garoto. É isso aí pessoal, passei alguns bons meses dando em cima de um gay.

         Tudo bem, tudo bem, vida que segue. Ainda durante o 1º ano, houve um outro garoto, com o qual acabei passando pela mesma coisa que com o anterior. Com uma única diferença, ele não gostava de outro homem, gostava era da garota que eu considerava minha melhor amiga na época. E mais uma vez, acabamos nos afastando.

         Certo, foi nesse ponto que eu comecei a perceber que tinha alguma coisa muito errada, ou comigo, ou com eles.

         Crises existenciais à parte, vamos para o 2º ano do médio. Sim, essa época foi um pouquinho mais movimentada – apertem os cintos e lá vamos nós.  Durante as férias – do 1º ano para o 2º ano, as famosas férias de janeiro – aconteceu mais uma paixonite, que durou até mais ou menos abril, do ano seguinte. A partir de abril, começou um flerte com um novato da turma, Christian.  E dessa vez, realmente deu em alguma coisa : “namoramos” de um jeito bem furado, mas tudo bem, aconteceu, com direito a “eu te amo” inclusive. Durou por oito meses, e nas férias de dezembro, terminamos. Pessoalmente ? Não, por mensagem, mas bom, pelo menos não fui eu quem levou um pé na bunda.

         E é passando pela fase “pós-término amigável” que chegamos ao tão esperado 3 º ano. Durante os primeiros meses do ano, o famoso “ainda gosto dele” estava em ação, o que acabou rendendo duas ficadas completamente aleatórias – que graças a Deus não voltaram a ser nada mais sério – e em julho, finalmente, veio a fase “não sinto mais nada por ele”.

        Em setembro, ainda no 3º ano do médio, Katie, uma amiga, me apresenta a um amigo dela, Brian. Como tudo, no começo foi ótimo, mas depois do primeiro beijo – literalmente falando, já que o menino nunca tinha feito isso – as coisas meio que desandaram : a conversa perdeu a graça, e o interesse foi aos poucos, desaparecendo. E foi aí, bem aí – juro, eu devo ter algum problema na cabeça, sei lá – que eu achei que estava gostando de Brian, mas não, dessa vez não foi nada, ainda bem.

       E bem, cá estamos nós, dia 19 de setembro, 3 º ano do ensino médio, sem nenhum “pretendente” ou crush à vista, completamente solteira. Quem sou eu? Cassie Edwards, 17 anos, azarada de carteirinha.

        Prazer em te conhecer.