História Lucky? - Capítulo 7

Estava completamente inserida nos dramas do Finch, quando meu celular começou a vibrar sem parar embaixo do travesseiro. Não cheguei a dar muita atenção à princípio, imaginando que fosse algum grupo de família ou até o da escola mesmo, em conversas que parecem não ter fim sobre assuntos completamente desinteressantes, voltando minha atenção novamente para a história. Nem cinco páginas depois, e o telefone voltou a vibrar chamando minha atenção e me fazendo largar o livro e pegá-lo, nem que fosse só para colocar no silencioso. Eu não poderia estar mais enganada, é claro. Não era um grupo de família. Era um grupo cheio de gente estranha, que eu tinha sido adicionada pelo Cam.

       

Eu: “O que é isso, Cam ? “

Cam: “Ah, oi ! Se lembra dos meus amigos ? “

Eu: “Seus amigos ? Quê ? Não”

 

     Eu já estava começando a ficar preocupada, porque afinal de contas, se eu tivesse mesmo sido apresentada a algum amigo do Cam, eu iria lembrar, mas nada me passava pela cabeça, a não ser que..

 

Eu: “Os que você disse que apresentaria ? ”

Cam: “Isso mesmo !  Estão todos aí, se apresentem. ”

Eu: “Mas ué ”

Cam: “vou ficar só assistindo mesmo, sinta-se à vontade para fazer as honras haha”

Eu: “Tá certo.”

 Eu: “Ér, meninos, oi . Sou Cassie, a amiga do Cam e da Katie (que eu não sei se conhecem, mas ok) ”

Desconhecido 1: “OI ! Tudo bem ? Jack, prazer ”

Eu: “Ah, prazer. Tudo bem sim e você ? ”

Desconhecido 2: “Cassie, oi ! Nash aqui  (: ”

Eu: ”Ei, Nash ! Nome diferente o seu, gostei ”

Desconhecido 3: “Prazer, Cassie. Jack (: ”

Eu: “Tá tudo lindo, tudo bem, mas porque dois Jacks ? ”

Katie: “Porque a mãe deles  colocou o nome deles de Jack, oras”

Katie: “Oioi meninos <3 ”

Cam:  “Tô de olho em você, Katie, de olho ”

Katie: “Ih, começou”

Eu: “Mas eles são irmãos ? COMO ASSIM ? ”

Desconhecido 3: “Quê ? Claro que não. Que mãe colocaria o nome dos dois filhos de Jack ? hahahahahahaha”

Eu: “ué, nunca se sabe né ? ”

Desconhecido 1:  “Faz assim : ele é o Jack J, e eu o Jack G. ”

Desconhecido 2: “Isso mesmo !”

Eu: “Ah agora está melhor hahaha”

Desconhecido 4: “Epa”

Eu: “Meu Deus, cada hora é um que aparece”

Desconhecido 4: “Que isso, mulher ? Tá me reconhecendo não? ”

Eu: “Ah.. Shawn”

Cam: “Caras, esse é o Shawn, um amigo nosso aqui. Shawn, esses são uns amigos meus : Nash, Jack G e Jack J (só pra ninguém mais confundir, né Cassie ? hahahaha)”

Jack G: “E aí, cara”

Jack J: “Fala aí, man”

Nash: “Cara, e aí”

Eu: “Pro Shawn você apresenta né, Cam ? aham, deixa estar”

 

 

    Depois das apresentações, o assunto seguiu normal. Nada muito interessante, mas nada que me fizesse querer pegar o livro de novo. Fazer o quê ? Eu tinha gostado mesmo dos meninos.

 

Nash: “Vocês tem alguma coisa pra fazer amanhã ? ”

Jack G: “Acho que não, só almoçar mesmo”

Jack J: “Nope”

Nash: “Ninguém nunca faz nada no domingo”

Shawn: “Eu tô tranquilo”

Katie: “Tô à toa demais”

Cam: “Somos dois então. Por que ? ”

Nash: “O que vocês acham de fazer alguma coisa, então? Topam ?”

Cam: “Sim”

Jack J: “Sim”

Jack G: “Sim”

Shawn: “Sim”

Katie: “Sim”

Eu: “Sim”

Nash: “Todo mundo pro cinema, então. Vamos ver um filme”

Nash: “Acho que O Quarto dos Esquecidos está em cartaz, pode ser né? ”

Cam: “Pode”

Jack J: “Pode”

Jack G: “Pode”

Shawn: “Pode”

Katie: “Pode”

Eu: “Terror ? Eu tenho medo, gente”

Cam: “Com esse tanto de homem aqui, ter medo pra quê ? ”

Eu: “Tá bom, depois quem fica com medo sou eu”

 

 

        Depois de decidirem o que seria assistido, o horário, e o ponto de encontro – perto do caixa do cinema – pra ninguém ficar perdido, o assunto continuou, e continuou horas à dentro pela madrugada. Eu tentava ao máximo acompanhar e falar sobre tudo o que alguém jogava no grupo, mas, em certo ponto da noite acabei dormindo com o telefone na mão mesmo.

        Acordei  no dia seguinte, e logo após passar a tradicional preguiça matinal, procurei o telefone, e acabei o achando embaixo do cobertor, bem no meio da cama – fazer o quê se eu mexo muito, né? - , já abrindo a conversa do grupo e  lendo as mais de quatrocentas mensagens meio por cima.

Jack G: ”Mas que solidão, ninguém aqui ao lado”

Jack G: “Alguém ? Mas gente, ninguém pode dormir tanto assim”

Eu: “Menino, você não dorme, não?”

Jack G: “Assim, dormir eu até durmo, mas perdi o sono hoje”

Jack G: “Acordou agora ? ”

Eu: “Nesse exato instante”

Jack G: “Bom dia então, moça”

Eu: “Bom dia, moço”

Jack G: “Dormiu bem? ”

Eu: “Maravilhosamente. Acho que vou levantar, Jack”

Jack G: “Ok, vai lá”

Eu: “Depois eu volto, beijo”

Jack G: “Beijo”

 

 

            Depois da cama, fui para a cozinha procurando  minha mãe para avisar do cinema com o Cam e os  amigos dele antes de dar  a hora de sair e ela começar a dar os chiliques dela.

             _ Mãe, Cam me chamou pra sair com ele e uns amigos dele, tudo bem pra você ? – que esteja tudo bem, que esteja tudo bem.

             _ Tudo bem sim. Já sabe né? Antes das três da manhã em casa. – espera que eu não esperava essa, de jeito nenhum.

             _ É só um cinema, antes de meia noite eu já devo estar aqui.

             _ Ok, toma café e arruma seu quarto antes de sair. E me avisa quando estiver indo.

             _ Obrigada, mãe. Por isso que te amo.

             _ Interesseira quase nada né ? Mas também te amo.

             Fui até a cozinha, peguei o necessário para tomar café e subi para o quarto, para arrumar a bagunça e depois começar a me arrumar para não correr o risco de chegar atrasada e deixar todo mundo esperando.  Uns cinquenta minutos depois o quarto já estava arrumado, mas arrumado mesmo, sem nada enfiado de qualquer jeito dentro do guarda roupa ou na cômoda – sim, eu sou muito bagunceira mesmo.

             Com a roupa separada – um vestido e uma sapatilha preta – entrei pro chuveiro, demorando mais do que minha mãe gostaria para sair e passar a pouca maquiagem que eu tenho costume, perfume e enfim sair. Estava pronta, completamente, às onze e meia da manhã, meia hora antes do horário marcado com os meninos no shopping, já ciente de que no horário não ia rolar de eu chegar.

              _ Mãe, tô indo !

              _ Juízo. Quantas horas vocês marcaram ?

              _ Meio dia, e eu sei, estou atrasada. Tchau.

              _  Tchau.

              Como de ônibus eu não chegaria nem perto do horário, chamei um táxi enquanto despedia da minha mãe, portanto, uns quinze minutos depois, ele chegou, e já estava a caminho do shopping. Dentro do carro, eu imaginava se já teria alguém lá, ou se alguém iria, na verdade – tenho essa mania, sempre fica a impressão de que ninguém vai, não sei porquê.

Cheguei ao shopping meio dia em ponto, e completamente apressada – afinal, primeira impressão é sempre a que fica – mal dando uma passada no banheiro antes de subir para o piso do cinema. Preocupada com o fato de não reconhecer caso só os amigos do Cam estivesse lá, fui com o whatsapp aberto, para poder ver a foto de todo mundo.

               Já no piso do cinema, procurei por uns três minutos um rosto conhecido, avistando Cam e Katie, um pouco à direita do caixa e me encaminhando pra lá, logo em seguida.

               _ Oi, pessoas !

               _ Ei, Cassie. – Katie cumprimentou, enquanto me abraçava.

               _ Cassie, ei. – Cam, veio logo em seguida da namorada, fazendo a mesma coisa.

              Esperamos entretidos em conversa por uns vinte minutos, no máximo – e eu pensando que ia chegar atrasada – até Cam começar a abanar a mão igual um louco para um grupinho de meninos.  Os meninos chegaram fazendo bagunça e abraçando todo mundo, como se todos ali se conhecem há um bom tempo – pensando bem, se conheciam mesmo. Os únicos diferentes ali, éramos eu e Shawn.

             _ Credo, vocês parecem mocinhas, só chegaram agora. – Cam tentou ralhar com os meninos enquanto ria de alguma provável besteira.

             _ Mocinhas nada. Eu e Cassie somos mocinhas e já estamos aqui. – Katie disse, indignada.

            _  Não sei que milagre é esse. Você tudo bem, mas Cassie sempre atrasa, sempre. – Cam, o linguarudo, não perdeu a oportunidade.

            _ Cam ! Que mentira. Fica aí difamando as pessoas na frente das outras. – eu tinha que tentar me defender,  certo?

            _ Difamando ? Você só pode ter se esquecido daquela vez em que.. – e ele ia continuar falando, e contar a vez em que ele e Katie ficaram me esperando mais de uma hora para ir em um aniversário de sei lá quem, mas graças a Deus, foi interrompido por Nash.

           _ Vamos comprar os ingressos antes que a sessão comece, por favor. Lá dentro vocês continuam discutindo e você conta pra gente essa história, Cam.

          Seguindo a “ordem” de Nash, fomos todos pra fila comprar os ingressos, e como faltava pouco para o início do filme só pegamos pipoca e refrigerante mesmo, e entramos para a sala. Tenho um grande problema com salas de cinema e lugares para sentar : não gosto de sentar muito embaixo, mas odeio sentar nas últimos cadeiras – qual é, lá é muito escuro – principalmente em filmes de terror. Onde nós sentamos ? Justamente onde eu não queria.

         _ Gente, sério, aqui não. Eu tenho medo. Por favor.

         _ Relaxa, Cassie, é só filme. – Jack J, que até agora mal tinha conversado comigo direito, se pronunciou.

        _ Eu vou ficar com medo e de olho fechado o filme inteiro, vocês vão ver. – qual é, não ia custar sentar em outro lugar.

       _ Fica assim não, Cassie, eu te protejo ! – Jack Gilinsky, que estava lá na outra ponta, falou e se levantou, chegando com muito custo perto de onde eu estava. – Deixa eu sentar aí, cara. – falou, se dirigindo a Nash que estava sentado do meu lado direito.

       _ Hum, Gilinsky garanhão ! – Nash disse, antes de se levantar.

       _ O mundo é dos espertos, meu caro. – Cam, soltou.

       _ Vem aqui, meu amor, eu protejo você. – Jack J falou, enquanto abraçava Nash, fazendo todo mundo rir. – Fica assim não, Shawn, eu protejo você também. – falou também, abraçando Shawn, que estava do seu lado esquerdo.

        Depois de risos descontrolados e das gracinhas dos três – que realmente estavam abraçados – todo mundo sossegou. A ordem dos lugares acabou ficando, da esquerda para a direita : Eu, Gilinsky, Shawn, Jack J, Nash, Katie e Cam.

         _ Oi. – Gilinsky, que já tinha me cumprimentado assim que chegou, me abraçou de novo, beijando minha bochecha em seguida.

        _ Oi. – respondi.

        _ Que pouca vergonha é essa aí com a minha irmãzinha, cara ? Tô de olho em vocês, viu ? – e isso só podia ter saído da boca de quem ? Cameron Dallas.

        _ Deixa os dois, amor. – Katie respondeu, se aconchegando nos braços do namorado e se virando para a tela que tinha acendido à pouco.

        _ Precisa ter medo não, ok ? Tô aqui, e qualquer coisa, sinta-se à vontade para me abraçar, sou bem fofinho, juro. – epa, Gilinsky, calma aí.

        _ Tudo bem, obrigada,  J. – repararam na intimidade né ?

        Logo após isso, o letreiro do filme apareceu na tela, já me dando garantia total de que se tinha uma coisa que eu ia fazer, essa coisa iria ser levar susto. Coitado do Gilinsky, se ofereceu demais, agora ele que aguente.