História Lucy In The Sky With Diamonds - Capítulo Seis

Capítulo Seis

Lucy e os garotos conversavam a algumas horas. De vez em quando Rick olhava para mesa, querendo checar se estava tudo bem. E sempre que ele via Lucy sorrindo, sorria também.

Ele agora mais do que nunca a admirava. Se o irmão dela era assim, ele não queria nem mesmo conhecer o pai dela. E mesmo com todos os contratempos Lucy ainda era uma garota alegre. Sempre sorrindo e fazendo piadas. Rick definitivamente não deixaria que lhe tirassem sua "irmãzinha".

—Sabe Lucy. -Começou John, interrompendo o assunto. —Vou começar a usar umas joelheiras e capacetes quando vier aqui. -Sorriu galanteador, os outros três garotos reviraram os olhos, sabendo o que viria a seguir.

—Por que, John? -Indagou Lucy, retoricamente, com um sorriso de canto.

—Pra me proteger da queda que tenho por você. -Quando Lucy deu início a uma gargalhada, John a acompanhou, e os outros três garotos, também.

—Você é um idiota. -Disse Lucy rindo.

—Falou tudo. -Disse Paul socando o ar.

—Qual é? - John se fingiu de ofendido, pondo a mão sobre o peito. —Assim me magoam. -E a mesa explodiu em gargalhada uma segunda vez.

••••••

Eu estava tão interdita conversando com os garotos que tinha até me esquecido do que acontecera anteriormente. Ringo mesmo sendo o "caladão porém curioso" saiu de ambos os padrões, não me perguntou sobre a confusão anterior, e fazia questão de se manter na conversa. Mesmo assim, ainda era o mais quieto da mesa.

Paul e John eram os mais engraçados, sempre fazendo piadas e brincadeiras. John era o mais galante, havia me mandado algumas cantadas mas, já tinha se conformado com a "só amizade". E a cada garota bonita que passava pela mesa, ele distribuía seu charme. Havia saído da mesa algumas vezes para dar uns amassos, mas voltava rápido.

E George eu notei ser engraçado, também parecia meio tímido, mas estava sempre conversando e rindo, não aceitava ficar de fora.

Os garotos ja tinham combinado várias coisas para me mostrarem em Liverpool de dia. E foi aí que descobri que Paul era incrivelmente animado. Era só soltarmos uma idéia que ele se jogava de cabeça e programava tudo, falava rápido e mal respirava. Todos eles eram incríveis, e eu estava fascinada em como eles estavam me tratando.

Sempre me faziam rir, e nunca deixavam o assunto acabar. Estavam sempre pedindo bebidas e George _Que eu descobri ser muito faminto_ tinha dado um jeito de arrumar umas coisas pra gente, mesmo que no Cavern só vendessem bebidas.

Já passavam das seis da madrugada, quando percebemos que ali só estávamos nós, até Rick ja tinha ido. Os garotos me ajudaram a levar os copos pra cozinha. Em cima do balcão achei um bilhete.

"Não se preocupe com a limpeza, durma, você precisa. -Rick."

Sorri, e Paul chegou ao meu lado, lendo o bilhete.

—Limpeza? Ajudamos! -Disse Paul, animado de novo. Sorri e neguei com a cabeça.

—Nem pensar.

—Tudo bem, nós fazemos, não se preocupe. -Disse John, eu sorri.

—Olha, vocês são ótimos músicos. Mas duvido que saibam lavar um copo sem quebra-lo. -Disse e eles riram.

—Muito bem, nós te levamos para casa. -Disse George e eu sorri.

—Eu fico aqui dude.

—Não, sério nós te levamos... -Interrompi John, que insistia.

—Vocês não entenderam. Cheguei a pouco tempo em Liverpool, com vinte dólares e cigarros. Rick me deixou ficar aqui até me estabilizar. -Falei e sorri, Ringo fez cara confusa.

—Caramba. Ele não deixava nem a gente ficar para ensaiar. Ele só saia do clube se não tivesse ninguém aqui dentro. -Disse e eu sorri.

Conversamos mais alguns minutos. E acabamos combinando que eles ligariam pra fazermos alguma coisa de dia. Já que eles tinham o número do telefone do escritório do Rick. Eu concordei.

Quando eles foram embora, fiz questão de limpar tudo. As mesas, o balcão, os copos, até varri o chão. Rick estava sendo incrível, e eu não iria prejudica-lo.

Quando eu terminei já eram umas oito da manhã, coloquei o casaco e sai pela porta da frente. Coloquei um cigarro entre os lábios e o acendi. Me encostei na porta do clube, observando o pouco movimento. Dei uma forte tragada no cigarro.

Eu estava ansiosa para sair com os caras. Decidi nem dormir, estava sem sono no momento. Quando acabei meu cigarro o joguei no chão e apaguei com o salto. Fui na mesma lanchonete que Rick me levará e novamente pedi um hambúrguer e suco de laranja.

Sai de lá mais ou menos as dez da manhã, voltei para o clube e olhei em volta, meu olhar se prendeu no palco e suas luzes. Quando ligadas, umas luzes azuladas iluminavam o palco, e eu descobrira ter uma fascinação por luzes. Sorri e entrei na sala de porta azul.

Tomei um longo banho, quando sai coloquei um vestido preto, acima do joelho, só que dessa vez, solto, com algumas rendas. Coloquei um tênis cinza e passei maquiagem para tampar a marca roxa. Deixei meus cabelos loiros soltos.

Peguei meu violão e subi no palco, acendi as luzes. Precisava saber como era estar lá em cima, mesmo sem ninguém vendo. Suspirei e fechei os olhos, me concentrando, fingindo ter uma enorme plateia a minha frente.

Toquei as primeiras notas de Love Me Tender. Comecei a cantar, minha voz ficava diferente com a acústica. Gostei do efeito. Toquei a música toda de olhos fechados, sentindo as luzes azuladas em mim.

Quando toquei o final da música ouvi palmas. Abri os olhos, e vi Rick ali, sentado perto do balcão, surpreso. Levantei do banquinho onde tinha sentado para tocar e desci do palco. Apaguei as luzes, guardei o violão e me sentei ao lado de Rick.

—Está bonita. -Disse, e eu sorri.

—Eu sei. Obrigada. -Ele riu, murmurando um "convencida".

—Você é boa. Por que não toca hoje à noite? -Neguei imediatamente, ele me encarou confuso.

—Gosto de tocar, muito. Mas música não é pra mim Rick. -Falei e ele assentiu, meio decepcionado.

Ouvimos o telefone tocar na sala e eu corri para atender. Quando atendi era o John. Dizendo que ele e os garotos me levariam a um parque. Imediatamente me veio a mente "Que clichê". Mas na verdade eu estava animada. Contei para Rick e ele sorriu, também brigou comigo por arrumar tudo. Mas também agradeceu. Rick era tão doido.

George era doido. John era doido. Ringo era o mais normal, mas ainda era doido. Paul era tão doido que eu ja estava considerando fazer uma intervenção e interna-lo. E eu? Eu era a mais doida, e estava amando essa sensação de insanidade. Não queria que acabasse nunca.