História Lucy In The Sky With Diamonds - Capítulo Onze

Capítulo Onze

Já fazia algum tempo que o clube estava aberto. Estavam todos trabalhando a todo vapor. Os Beatles estavam tocando a última música, para depois dar espaço a uma banda popular por ali. Mas não tanto quanto os garotos.

Eles terminaram de tocar a música e desceram do palco, sentaram na mesa que sempre sentavam e ficaram conversando, decidiram não chamar Lucy, já que a mesma parecia estar bem ocupada. Porém George não aguentava mais aquilo, desde a pequena discussão na casa dos pais dele, Lucy não falara com ele direito.

••••••

Vi George se levantar da mesa, falando algo para os garotos. Ele veio em minha direção, continuei atendendo as mesas.

—Oi Lucy. -Ele disse, sorrindo nervoso.

—Oi George. -Falei normal.

—Pode parar por um instante? -Perguntou ele, me seguindo.

—Não.

—Lucy, me desculpe, mas... -O interrompi. Sorri de leve.

—Não estou brava com você George. -Pausei, colocando dois copos de cerveja numa mesa com dois garotos. —Mas tenho muito trabalho. -Peguei três copos sujos.

Me aproximei do balcão. A banda no palco começou a tocar Blue Suey Shoes do Elvis. Ia falar com Rick quando George me arrancou a bandeja e sorriu para Rick.

—Vou roubá-la. -Disse me agarrando pelo braço e me levando para pista. Fiz menção de sair dali e ele me puxou. Aproveitou a situação e segurou minhas duas mãos, girando-me.

Segurou minhas mão as mechendo e fazendo movimentos com a pélvis, de um lado para o outro. O imitei, parecia uma dança ensaiada. Várias pessoas dançavam também, ninguém prestando muita atenção, exceto os outros três garotos. John fazia corações com a mão.

A música terminou e as pessoas aplaudiram a banda. George me segurava em seus braços, estávamos ofegantes e suados, ele sorriu, e sussurrou no meu ouvido :

—Aceita namorar comigo? -Me arrepiei ao sentir seu hálito quente no meu pescoço. Sorri sacana.

—Vai ter que fazer melhor. -Disse. Vi ele me encarar surpreso, obviamente no final da noite eu aceitaria, mas queria torturá-lo.

Ele sorriu, e quando foi subir no palco, Ringo agarrou-o pela parte de trás do casaco de couro. Os outros dois garotos logo estavam ali.

—Só faça isso se estiver pronto pra morrer. -Disse Ringo, e John sorriu.

—Não conhecia esse seu lado violento, Ringo. -George ainda tentava se soltar de Ringo.

—Não sou. Lucy é. -Ringo puxou-o mais. —Para quieto cara. -George me encarou.

O encarei de volta, queria dar um soco nele agora. Eu lhe puxei pela gola do casaco de couro preto e lhe dei um beijo forte, pela primeira vez não me importando com os garotos, ele ficou com a boca manchada de batom vermelho.

Segurei-lhe o queixo e limpei o batom na boca dele, com o polegar, sorri de lado.

—Aceito. -Ele sorriu e quando foi me beijar de novo o barrei, com a mão. —Tenho que trabalhar. Você me atrasou -Falei sorrindo. Ele embirrou e os garotos o arrastaram para mesa, hora o parabenizando, hora fazendo piadinhas.

Trabalhei por horas, depois os garotos tocaram mais algumas vezes. George decidiu que queria que eu dormisse na casa dele hoje. Depois de muita insistência concordei.

Rick ficou feliz, mas disse que eu ainda teria que limpar tudo. Como presente de namoro, obriguei George a me ajudar. E com a desculpa de que amigos são família, ele obrigou os outros três a ajudar também, terminamos rápido. Enfiei algumas roupas numa bolsa e entrei no carro, apertada entre os garotos e os equipamentos.

A casa de George foi a primeira parada de John, que fez _como sempre_ uma piadinha.

—Aproveitem a noite casal. -Eu sorri, decidindo entrar na brincadeira.

—E parte do dia também. -Sorri vitoriosa ao ver George ainda mais envergonhado, John riu sacana, Paul e Ringo gargalharam. Entrei na casa silenciosa de George, todos deveriam estar dormindo.

Subimos para o quarto dele, acedemos a luz. George entrou no banheiro do quarto para se trocar e eu fiquei ali, observando de novo seus L.P's.

Ele saiu do banheiro. Usava uma calça de flanela xadrez, vermelha e branca. Seu cabelo estava bagunçado e ele não usava camisa, expondo sua barriga branca e magra. Entrei rápido no banheiro, tirei meu vestido e coloquei aquela camisa que George tinha me emprestado, ela chegada a metade das minhas coxas. Tirei a maquiagem e me encarei no espelho. Suspirei.

Sai do banheiro e George estava arrumando umas cobertas no chão, encarei aquilo confusa. Ele ainda não havia me olhado.

—Que isso? -Perguntei, ele finalmente me encarou. Me olhou quieto por alguns segundos.

—Eu vou dormir aqui e... -Ri constrangida.

—Qual é George. Somos namorados não é? -Ele assentiu e jogou aquele monte de cobertas para o canto. Me joguei na cama, e George engoliu em seco, se jogando ao meu lado.

—E aí... É, quantos anos você tem? -Ele me perguntou, sorri.

—Dezenove. E você? -Dei corda ao assunto.

—Dezessete. -Ele corou. Meu Deus, George era de menor, sorri. Ficamos em silêncio por um tempo. Notei sua mão em cima da minha, sua mão estava suada e quente. Apertou minha mão.

—Comida. -Ele falou e saltou da cama, me assutei e depois comecei a rir. Ele desceu correndo. Tive a impressão de que ele caiu da escada ja que ouvi barulhos. Ele gritou, e ao mesmo tempo sussurrou um "Tô bem". Sorri.

Não demorou muito e ele voltou para o quarto. Jogou em cima da cama, entre nós um tanto de coisas. Balas de alcaçuz, chocolates, salgadinhos e pra terminar duas latinhas de cerveja. Foi legal, comemos muito e ficamos acordados conversando.

Estávamos a vontade na presença um do outro. Rimos, fizemos piadas, George me deu vários beijos durante nossas longas conversas sem sentido. Estávamos no meio de uma discussão importante sobre qual era o melhor álbum do Elvis, quando ele ficou quieto me encarando.

Estávamos apoiados nos braços, meio deitados, de frente um para o outro. Sorri constrangida, o que foi uma novidade, já que constrangimento não era algo que combinava comigo.

George levou a mão ao meu rosto e o acariciou, ele se levantou e ficou por cima de mim, apoiado nos braços. Me encarava, eu me sentia perdida no castanho escuro de seus olhos. Ele se aproximou e depositou suavemente seus lábios sobre os meus. Afastou-se e me encarou novamente.