História Lucy: O nome do Caos - Pity Party

“Meus convites desapareceram?

Por que eu coloquei meu coração em cada letra cursiva?

Me diga por que diabos ninguém está aqui

Me diga o que fazer para tudo ficar melhor

Talvez estejam fazendo uma piada cruel de mim

Que seja, que seja

Pelo menos significa que vai sobrar mais bolo para mim

Para sempre”

- Mas… Mami, não veio ninguém! - olhei ao redor, arrumando o chapéu de festa na minha cabeça.

Mamãe abriu o forno, tirando de lá pequenos biscoitos em forma de facas e pistolas, totalmente tostados, provavelmente queimados, e os jogou sobre a mesa.

- Ah, doçura, metade da cidade de Gotham foi embora, lembra? - perguntou, lambendo o glacê que caiu no seu dedo indicador da mão direita - Seja mais paciente...

Suspirando, me sentei na cadeira atrás da mesa, vendo como o bolo verde e roxo tinha um grande sorriso feito por alcaçuz e marshmallow.

Bud e Lou usavam chapéus de festa também, e mamãe, contente, vestia um vestido azul e rosa bufante, segurando uma varinha com uma estrela vermelha na ponta. Ela realmente era minha fada, certo? Ela ficava cada vez mais linda.

X

Uma hora se passou.

Mamãe estava sentada na poltrona, bocejando enquanto espantava as moscas que queriam pousar nos sucos de amora que ela mesma tinha feito. Tinha mais água que amora naquele suco, mas disse para ela que estava maravilhoso, porque eu sei que ela queria que tudo fosse perfeito na nossa primeira festa de aniversário juntas.

X

Duas horas e meus olhos estão pesados, Bud e Lou foram aninhados no sofá e mamãe começou a beber todo o suco de amora, enquanto eu tento pegar alguns brigadeiros e beijinhos sem que ela note. Sei que eles estão gostosos porque mamãe sabe fazer doces incríveis, sem mentiras ou algo do tipo. Ela sempre passava do ponto e esse era o motivo do porquê eram gostosos, tinha todo aquela parte mais dura e caramelada no final que mamãe sabia que eu gostava.

X

Três horas e eu não consigo mais ficar acordada. Acho que tinha alguma coisa naquele suco de amora porque mamãe agora anda com uma faca de uma lado para o outro, ficando a ponta na mesa de madeira sempre quando passava por ela e arrancando-a para cima com um impulso que fazia o bolo tremer como gelatina.

X

Quatro horas se passou e todo o suco de amora acabou, os brigadeiros também. Já estava de noite e as ruas estavam silenciosas.

Mamãe rasgou parte do vestido, deixando-o mais aberto para conseguir caminhar e então me pegou pelo pulso.

- Mami…?

- Vamos sair, doçura.

- Para onde?

Ela não respondeu, apenas pegou a faca e a encaixou numa abertura da cintura, abriu um baú pequeno e de lá tirou uma arma grande, nunca a tinha visto antes.

Mamãe é cheia de surpresas.

Bud e Lou correram atrás de nós, curiosos enquanto riam sem parar.

X

Tampei meus ouvidos e me encolhi atrás das pernas bufantes da mamãe assim que ela começou a disparar sucessivamente contra o salão, rindo histericamente conforme as pessoas gritavam de medo dela.

Sorrindo, vi como todos pareciam prestar atenção em nós.

Como eu adorava a mamãe, mesmo, mesmo.

Assim que os sons estrondosos de balas perfurando tudo cessou, mamãe me apertou ao lado de seu corpo, sorrindo assim que pendurou a arma em suas costas.

- Olá, queridinhos. Estou vendo você aí Pinguim, tudo bem com você?

- Harley! - gritou um homem gorducho de nariz pontudo com um cigarro na boca se levantando da cadeira - O que pensa que está fazendo?

- Cala a boca, passarinho, onde já se viu! Convidado para a festa da minha filha e não se apresentar! Que coisa mais feia!

- Eu não recebi convite nenhum!

Puxei o vestido da mamãe para baixo como um aviso e neguei com a cabeça.

- Você não mandou um convite pra ele? - sussurrou.

Neguei mais uma vez.

- Tudo bem, erro de escolhas. Minha filha não te achava confiável e acho que ela estava certa. Agora, docinho, me diga, o que é tudo isso?

Mamãe se agachou e eu me agarrei a ela, enroscando minhas pernas em sua cintura, sendo carregada até o centro do salão. Nem ao menos notei o quanto era grande, eu estava ocupada demais vendo como mamãe gostava de lidar com as situações de forma adulta.

Ninguém a respondeu.

O grande salão era de uma cor dourada com preta, repleta de mesas redondas de vidro com taças de champanhe inteiras e quebradas, e pessoas que voltavam a se sentar em suas cadeiras, ao menos as que não foram atingidas e mortas com os tiros. Havia poças vermelhas aqui e ali, mas nada que eles não pudessem limpar. Ao topo de um degrau, havia uma mesa extensa com um homem de rosto deformado só de um lado do rosto, fazendo os cabelos da minha nuca arrepiar.

- Olá, Harvey. - mamãe sorriu para o homem estranho, tirando a faca da cintura e apontando-a para ele - Cara você me dá o seu lugar e Coroa você me dá o seu lugar, vamos tentar a sorte?

Ele sorriu, mesmo que o outro lado o mostrasse furioso e então o vi sair da cadeira, mamãe me colocando onde ele estava.

Ela se virou para todos abaixo de nós e puxou a arma, apontando para eles.

- Agora vamos cantar Parabéns! - gritou.

X

Um bolo maior do que o que tínhamos feito no apartamento foi colocado bem à minha frente. Era todo branco, com alguns granulados coloridos criando pequenas rosas e borboletas. Sorrindo, peguei meu caminhão e o coloquei ao lado do bolo. Ele precisava ver isso!

Nossa, mamãe era mesmo demais!

Ela me deu sua faca e eu a segurei, o cabo quente e a lâmina brilhosa.

- Mami, eu não sei cortar!

- Eu acredito em você, princesinha.

Afirmando, comecei a cortar, segurando a faca com as duas mãos, vendo o pedaço cair para o lado, neste momento o estrondo alto e agudo fez com que a parede a metros de nós caísse, fazendo-me tremer, mas só então me senti aliviada, porque depois que a poeira se dissipou, uma risada familiar cobriu todo o salão.