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História Lucy: O nome do Caos - Quem sou eu?


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 7 - Quem sou eu?


Fanfic / Fanfiction Lucy: O nome do Caos - Quem sou eu?

“Perdida entre Elvis e o suicídio

Desde o dia em que morremos, bem

Eu não tenho mais nada a perder

Depois que Jesus e o Rock 'N Roll

Não puderam salvar minha alma imoral

Eu não tenho nada, eu não tenho mais nada a perder”

 

 

A pele caía e derretia, pingando em gotas de sangue dentro do grande tanque de ácidos químicos, minhas mãos apertavam firme as correntes conforme os gritos tremiam o líquido verde fluorescente abaixo deles.

Bud e Lou riam descontroladamente enquanto mastigavam um braço que eu havia arrancado minutos atrás.

Prendi as correntes em uma das hastes de ferro que finquei no chão e andei até o centro da ponte do Túnel do Amor.

Tudo era estranho e era exatamente desse jeito que eu imaginava onde era o ninho de amor da mamãe e do papai. Por todos os lados que eu encarava havia um tom roxo com sorrisos e HAHAHA’S, assim como o cheiro de álcool e drogas, que não era muito difícil de decifrar quem usava. Aliás, depois que Jonny Frost conseguiu dar o aviso que eu pedi que desse, papai não era mais o dono do lugar, ele decidiu dar de presente para um homem. Um daqueles homens chatos que se acham muito inteligentes, mas foi burro o bastante para deixar o portão do parque aberto sem qualquer guarda ou defesa.

Cheguei perto da cadeira presa a minha frente. Desta vez não existia ninguém prestes a ser enforcado, apenas um homem de cabelos ruivos e um chapéu verde.

- Você me lembra um duende, sabia? - indaguei, batendo os bastões nos dedos - Se eu te capturei significa que vai me dar o pote de ouro no fim do arco-íris?

Seu olho direito estava inchado e a respiração, ofegante, enquanto o nariz deixava com que linhas vermelhas escorressem e pingasse em seu peito magro e suado, deslizando para o umbigo tatuado com diversos pontos de interrogação.

- Então... Sr. Nygma, certo? - perguntei, abaixando-me - Queria saber… Bem, você sabe. Onde está todo mundo daqui?

Ele tentou falar alguma coisa, mas a fita cinza que fixei em sua boca o impedia de transmitir qualquer som. Suspirando, arranquei-a de modo que a parte acertada ficasse completamente vermelha.

- Eu não gosto de quem banca o durão, sabe? - indaguei - Não que isso seja ruim, de jeito nenhum, afinal, até gosto, mas agora? Bem, agora que eu estava prestes a encontrar o papai!?

Ele franziu a testa, sem entender, mas mesmo assim fungou, gemendo de dor. Hematomas se espalhavam pelo seu torso, assim como os dois cotovelos quebrados, com inchaços tão grandes que pareciam ter sido picados por marimbondos mutantes.

- E-eu não sei o que o Coringa está planejando trazendo uma criança para bancar a mercenária, mas eu não sei de nada! - disse entre os dentes, mordendo o lábio, tentando amenizar a dor.

- Ah, não querido, eu não sou um dos capangas dele, sou a filha dele. - sorri, levantando-me - E não, eu não vou contar, estou sem paciência para isso. Só me diga onde ele está!

- Eu não sei! - gritou.

Apontei o taco para a tanque de ácido do outro lado da ponte.

- Está vendo aquilo? Aquilo são seus amigos. Não sei se consegue entender o que está acontecendo direito, mas eles ainda estão gritando, não sei como, mas ainda estão. Então eu vou te dar mais dois segundo até você me dizer onde o papai se meteu! - gritei nas últimas cinco palavras.

Ele tremeu, por um instante pensei que ele estava tendo uma convulsão, mas ele permaneceu quieto, apenas sentindo o vento frio batendo contra o seu corpo esquelético.

- Tudo bem, mas quero que saiba que você decidiu isso!

Ergui o taco de baseball como se fosse o momento da minha vida, como se este fosse o instante em que eu deixaria cada parte boa de mim para trás, porque eu precisava disso para enfrentar o papai e era isso o que me faria ter coragem para fazê-lo!

A madeira acertou o centro do seu crânio tão rápido que eu só notei quando o sangue começou a jorrar e a imagem do osso fundido a pele me deu náuseas. Sua cabeça chacoalhou e o líquido viscoso piscou no meu rosto, me obrigando a recuar. Seus olhos pareceram mais achatados enquanto seus pés dançavam no chão. Eu sabia que deveria continuar e gostei disso, ao menos uma parte de mim gostou. Então, sorrindo, acertei o mesmo lugar, desta vez vendo a cabeça cair para trás como uma bigorna, mas eu não quis parar, mesmo que ele estivesse paralisado, sem mais nenhum movimento em seu corpo, mesmo que as convulsões mínimas estivessem dizendo que ele se foi.

- Eu não sei de nada, mas finjo saber de tudo. - ri - Quem sou eu? - berrei.

Eu continuei. Não sei porque, mas continuei. Eu acertava sua cabeça com tanta força que parte do cérebro começava a saltar, e quando vi que seu rosto inchado e desfigurado não valia mais a pena, comecei a acertar com mais força o seu pescoço, enxergando com nitidez como a traqueia se atrofiava e afundava em si mesmo, jogando o corpo para trás num empurrão, que fez com que ele caísse no chão e criasse uma poça maior do que já havia ali.

- EU SOU VOCÊ, EDWARD NYGMA!

Acertei seus ombros e estoquei o taco em seu tórax, chutando e pisando no corpo mesmo sem movimento algum, porque eu ainda achava que ele era uma ameaça para mim, porque eu sabia que se eu tivesse sido mais esperta, aquele poderia ter sido o papai, mas não foi.

Então eu fiquei com raiva disso, raiva porque eu ainda não tinha idade o bastante para pensar direito, raiva porque mamãe poderia estar morta, raiva porque eu tinha ele tão perto e acabei me privando disso, raiva porque o sangue não era dele, muito menos a carne que Bud e Lou começou a mastigar e a engolir com o maior prazer.

Eu não era boa o bastante ainda, mas eu deveria ser. Eu precisava ser!

Parei, dando um grito mais alto do que o dos homens deformados, pendurados por correntes acima dos tanques. O taco caiu no chão e eu vi minhas mãos rubras. Com isso, comecei a limpá-las, enfiando o meu rosto e as palmas em uma bacia de água quente que eu deixei pronta ali perto. Encharquei uma toalha e a passei por todo o meu corpo manchado, sentindo nojo do que eu havia feito e do porquê eu havia feito.

Corri para fora do túnel, sentindo meus olhos ardendo, sentindo minha respiração pesar e todos os meus motivos se tornando apenas uma coisa ininterrupta.

Eu não merecia isso!

Parei no centro do parque, vendo como tudo era silencioso ali, mesmo com a poeira se erguendo num nevoeiro marrom.

Droga! Eu matei alguém hoje, e mais tarde eu com certeza mataria mais!

Que droga!

Que droga!

Que incrível!



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