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História Lugar Nenhum - Lugar nenhum


Escrita por: QueenMaite

Notas do Autor


Oi amores!! Quero deixar claro que toda a história é fruto da minha cabecinha. Por tanto, St.Agnes não é uma cidade real, eu imaginei e por tanto ela existe na história okay?
Espero a participação de você com comentários, críticas construtivas,sugestões para o rumo da história e recomendações (que são sempre agradáveis). E principalmente, espero muito muito que vocês curtam ler essa fic tanto quanto eu estou curtindo escrevê-la.
Bom, é isso. Espero do fundo do coração que vocês gostem e bora lá.

Capítulo 1 - Lugar nenhum


Você tem um lugar especial? Um lugar onde você consiga usar as roupas que gosta, o corte de cabelo e a maquiagem, um lugar onde você diga e faça o que quer sem se preocupar com quem está olhando? Você tem um lugar no qual se sinta seguro para ser você mesmo? Você tem um lugar em que se sinta livre?
       Em St.Agnes, um cidadezinha no litoral sul dos Estados Unidos, nós tinhamos um lugar assim. E quando digo nós, me refiro a todos aqueles que sabiam da existência daquele lugar e iam até lá em busca de abrigo.
       São 22:13 da noite, um bom horário, as ruas já estão praticamente vazias e todas as lojas que ocupam as calçadas estão fechadas. Estaciono minha picape à algumas ruas de distância. Desso na rua vazia e sinto o vento frio da noite balançar meus cabelos. Aperto o sobretudo preto em volta do meu corpo e enfio as mãos nos bolsos, dou início a minha pequena caminhada com passos largos e apressados. Mantenho a cabeça baixa por isso não vejo os rostos das duas pessoas que passam por mim ao longo do meu percursso, e tenho certeza que elas também não viram meu rosto.
  Logo chego ao meu destino, o bar do Mose’s, a maioria da cidade pensa que aquele lugar está fechado. Mas uma pequena parcela sabe da verdade. Antes da passar pela porto lanço um olhar por cima de meus ombros para me certificar de que ninguém está me observando. Quando entro não encontro ninguém, somente o Mose, dono do lugar, está atrás do balcão limpando alguns copos de vidro. Ele não me dá atenção e eu muito menos. Meu cabelo cobre a lateral de meu rosto e isso me dá um sensação de segurança que muito me agrada. Me dirigo até os fundos do bar, logo vejo a porta velha de madeira que no início me dava um trabalho danado para ser aberta, mas agora é a tarefa mais fácil do mundo.
  Quando a abro dou de cara com as escadas que levam até o andar de baixo, fecho a porta atrás de mim e antes de descer o primeiro degrau tiro a máscara de dentro do bolso interno do meu casaco. A posiciono sobre meus olhos e amarro um laço firme atrás da minha cabeça. Agora que estou protegida, posso descer.  Aos poucos começo a ouvir o som da música e das risadas e isso vai me aquecendo por dentro. Ao fim das escadas sorrio para o salão que se estende a minha frente.
  O lugar é todo trabalhado em madeira, o chão, as paredes e colunas de sustentação. A iluminação com um tom amarelado fica por conta das muitas lâmpadas penduradas no teto, mas se você procurar bem pode encontrar cantos que não são tão bem iluminados assim e normalmente é lá que novos casais vão nascendo.  No canto esquerdo temos as cinco mesas de sinuca, rodeadas de gente fazendo barulho. Alguns já estão jogando suas partidas, outros esperam com os tacos em mãos e algumas pessoas só observam ou torcem por alguém. Do lado direito está a pista de dança, sempre lotada de corpos suados e rostos sorridentes. Ali perto fica o palco onde alguns se arriscam no karaokê, algumas vozes são muito boas, outras nem tanto. Também temos alguns instrumentos, de vez em quando alguém se arriscava com eles, o violão era sempre o mais disputado. Perto do pequeno palco o balcão do bar se ergue como uma ilha no meio de tantas pessoas. Dois barman’s cuidam do atendimento, eles se mexem apressados, hora enchendo canecas de cerveja gelada, hora preparando drinks mais elaborados. Nos dias mais movimentados, como hoje por exemplo, a espera pelas bebidas era um pouco mais longa. Mas todos tinham paciência, no decorrer do tempo em que venho aqui nunca vi um briga começar por motivo algum. Nem mesmo discussões aconteciam. Ninguém queria arriscar que uma briga grande pudesse começar, se isso acontecesse a polícia poderia acabar envolvida e certamente ninguém queria que isso. Caso as pessoas erradas descobrissem da existência desse lugar tudo estaria perdido.
  Penduro meu casaco em um dos ganchos presos na parede, a maioria está ocupado. Sinal que teremos uma noite agitada, isso me anima. Caminho em direção ao bar e depois de um pouco tempo esperando finalmente tenho minha caneca de cerveja gelada em mãos. Depois me dirijo até um dos velhos sofás que se espalham pelo lado menos barulhento do bar, gosto de me sentar sempre no sofá roxo. Tudo bem que ele tem um buraco enorme no estofamente do lado esquerdo, mas daquele sofá eu consigo ter uma boa visão de todo o lugar.
  Chamávamos de “Lugar Nenhum”, e ali embaixo tínhamos apenas três regras implícitas. Elas não eram faladas em voz alta toda noite, muito menos estavam escritas em letras garrafais em uma parede onde todos pudessem vê-las, mas todos sabiam da existência delas e as respeitavam como se suas vidas dependessem disso.
  Regra número 1: Em Lugar Nenhum, todos deveriam usar máscaras, assim nossa identidades eram protegidas. Como seriam essas máscaras ficava a critério de cada um, enquanto uns preferiam modelos mais simples outros abusavam do gliter e das penas coloridas. Em algumas noite aquilo parecia um baile de carnaval brasileiro.
  Regra número 2: Ninguém poderia descer até ali com a intenção de descobri alguém. Não deveríamos reparar em detalhes que poderiam nos entregar, como as vozes ou até mesmo os cortes de cabelo.
  Regra número 3: Nunca jamais deixar com que alguém que não precise desse lugar saiba da existência dele.
  Mesmo sem saber a quanto tempo esse lugar funcionava, eu sabia que essas três regras nunca tinham sido quebradas. Caso contrário Lugar Nenhum provavelmente não existiria mais. Apesar desse lugar ser um porto seguro para muitas pessoas aqui, sua existência era muito frágil, o mínimo erro e estaríamos todos perdidos. Acho que todos sabiam disso, e era exatamente por isso que respeitávamos tanto essas três regrinhas.
  Agora você deve estar se perguntando porque vínhamos a esse lugar tão estranho e seguíamos regras que mais pareciam de uma seita do mal super secreta.
  Bom, tudo que posso dizer é que essas paredes guardavam segredos. Cada pessoa que estava aqui embaixo era diferente lá fora, cada uma se sentia presa de alguma forma. E aqui, somente aqui nos sentíamos livres para ser quem realmente éramos. Ficava mais fácil quando ninguém estava realmente reparando em você, ficava mais fácil quando ninguém estava pronto para apontar o dedo e dizer o quanto você estava errado por fazer algo que no fundo fazia parte de você. Em Lugar Nenhum nós estávamos livres das expectativas e padrões, aqui nós simplesmente nos divertíamos e por algumas horas era como se o mundo lá fora não existisse, não estivesse pronto para nos engolir. Em Lugar Nenhum nós ficávamos a vontade para sonhar que um dia as coisas seriam do nosso jeito.
   Apoio meus pés na mesinha de madeira que ficava em frente ao sofá velho, estava usando sapatos de salto hoje. O tipo que minha mãe reprovaria por não serem nada “discretos”, o que tinha demais naqueles benditos sapatos? Eles eram pretos e super altos, nada de outro planeta. Mas para minha mãe era,e era por isso que eu vinha. Para fugir das expectativas e padrões da minha mãe  e para me esquivar das regras do meu pai. Aqui embaixo em conseguia abaixar a guarda por algumas horas, quando eu estava aqui a minha única preocupação era em ser simplesmente a Chlóe. Sem expectativas, preocupação com o futuro nem nada do gênero.
  Eu gostava de vir aqui e ouvir as vozes e as risadas se misturando com a música, fazia eu me sentir aquecida por dentro. Fazia com que cada vez eu tivesse mais certeza de que meu lugar não era nessa cidade. Um dia eu não precisaria mais me esconder em um bar escondido no subterrâneo para ser livre, um dia eu faria isso no mundo lá fora.
  Terminei minha cerveja e larguei a caneca em cima da mesa, me levantei e fui até a pista de dança. Naquele momento minha única preocupação seria dançar como se não houvesse amanhã.


Notas Finais


E então, o que acharam?


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