História Lumen, uma menina incomum - O Coma

 Saindo daquele idoso de boa índole, a mãe de nossa heroína chega:
   -E então minha filha, como foi no médico?
   -Ainda não entendo por que você insiste nessa história de psiquiatra. Eu estou ótima! Na verdade, acho que vou começar minhas aulas na escola amanhã mesmo! -disse toda feliz com sua atitude-
   -Sabe, filha, a mamãe está muito orgulhosa de você. Saber que está se adaptando, não tão bem, mas está se esforçando para isso. Essa mudança é muito importante para sua velha mãe, obrigada por me compreender.
   -Agora que estamos sem o papai, só temos uma a outra. Temos que nos ajudar certo?
   -Você está crescendo tão rápido... nem parece que faz dez anos que cabia em uma caixa de sapatos!
   -Eu te amo... -disse a filha por entre os dentes-
   Um silêncio constrangedor coloriu de rosa as bochechas de nossa protagonista. Até que sua mãe resolve retribuir a gentileza:
   -Eu também te amo, minha filha.
   No caminho de volta pra casa, enquanto as duas caminhavam discutindo sobre o que teriam para o jantar naquela linda noite, Lumen começa a ouvir algumas vozes, magicamente sussurrando coisas em seu ouvido. Sua visão tornou-se turva como uma gota de água caindo numa poça. Sentiu-se fraca e desmaiou no chão, bem onde estava, na calçada.
   Ao acordar, uma surpresa. Lá estava ela, como em um de seus pós-sonhos, na estação agora conhecida: King's Cross. Porém, algo estava diferente, Lumen sentia que aquilo não era a realidade, mas estava lá, talvez não materialmente, porém sua essência certamente estava impregnada naquele local. Ela podia observar tudo ao seu redor, prestou atenção no máximo de detalhes: parede de tijolos, uma iluminação suave de lampiões fracos e ao longe um número. "Aquele número deve ser importante", pensou. Aproximou-se. Sentiu que estava prestes a acordar, leu mais do que depressa os escritos estampados naquela placa de metal: "plataforma 9 3/4". Aquela visão começara a desaparecer. Um clarão de luz branca iluminou todo o local e rapidamente, ela abriu os olhos.
   Ao despertar novamente, agora sentindo-se na realidade, olhou ao seu redor. Aparelhos que monitoravam seus batimentos, uma televisão empoeirada encostada em um canto da sala, prontuários médicos na mesinha ao lado, flores murchas na janela. De fato, Lumen estava em um hospital. Uma enfermeira bondosa acompanhada de sua mãe preocupada entram no quarto. A alegria no rosto de Thereza, sua mãe, era nítida. Estava triunfante! Confusa, Lumen decide perguntar o que ocorrera.
   -Você estava em um quadro de coma, Lumen. -diz a enfermeira-
   -E-Eu? Em coma!? Não pode ser...
   Thereza na tentativa de acalmá-la:
   -Sim, querida. Mas agora você está de volta! Está bem novamente!
   -Por quanto tempo eu dormi?
   -Por um ano filha... -disse com medo da reação de Lumen-
   Ela ficou em êxtase! Simplesmente admirada com o ocorrido. Lumen então refletiu e chegou a uma conclusão, um tanto quanto óbvia, admitira: precisava entender o que essas visões estavam querendo dizer.
   Decidida do que queria, estava tudo esquematizado. Ao sair daquele hospital iria procurar saber mais sobre King's Cross, plataforma 9 3/4.