História Luna Principem - Capítulo 6

Endymion, assim como todos os nobres, e as guardiãs que estavam no salão, ficaram boquiabertos, ao presenciarem a verdadeira fisionomia de Serena.

Seus traços faciais eram delicados, sua pele era alva, os olhos azuis cristalinos e brilhantes, a boca carnuda e avermelhada, as maças do rosto rosadas, e longos cabelos loiros, até a cintura, com ondas naturais, que caiam magistralmente.

O príncipe, nem em seus melhores sonhos poderia imagina-la daquela forma. Seu coração palpitava, suas mãos suavam e seus olhos brilhavam. Era uma emoção tão grande que parecia não caber em seu peito, não conseguia desgrudar os olhos dela, estava alheio a tudo. Seu centro naquele momento, era a senhora de seu coração.

Serena por ouro lado alheia a tudo, ouviu seu nome ser gritado, e correu para ver o que era. Nem se importou em colocar a máscara, a mesma estava quebrada, e Serena não sabia que se mandaria fazer outra.

Pela primeira vez em anos, ela tinha decidido, não se importar com sua aparência, ou o que iam dizer, queria seguir seu coração, e parar de ter medo de se revelar.

Quando chegou ao grande salão se assustou ao ver o pobre homem na maca, com sangramento graves, e o olhar de medo e desespero da esposa do enfermo.

- Coloquem no chão, agora! – falou ela correndo ao ferido.

- Princesa, ele estava fazendo a ronda quando foi atingido, a flecha surgiu do nada. Nem deu tempo de fazermos nada – se lamentou um dos soldados.

- Não tem que se desculpar. Cuidarei dele agora – falou ela, tirando sua capa, e cobrindo o ferido – levem-no para o meu quarto cuidarei dele lá. Será mais confortável, quando ele estiver melhor podermos leva-lo até sua casa. Anne! Mary! Preparem algumas bacias d’água e panos limpos!

As criadas seguiram a ordem na mesma hora, e os soldados levaram o ferido e a esposa para o quarto de Serena. Esta sabia que todos os olhares recaíram sobre ela, mas resolveu não dar importância para aquilo naquele momento, tinha coisas mais importantes a fazer.

Os nobres e guardiãs que ali estavam, mal conseguiram prestar atenção ao pobre homem, realmente o que diziam sobre a beleza das mulheres Lunares era verdade. Era fato que Rainha Serenity era bela, mas sua filha era majestosa, mesmo sem querer ela chamaria a atenção para si, sem fazer nada.

Endymion se sentou, e fitou o nada por alguns segundos. Parecia que tinha visto uma imagem divina, e de certa, realmente o tinha. A personalidade que tinha conhecido de Serena, ao longo do tempo, combinava com a aparência dela: era gentil, angelical, e simplesmente bela.

Seu sangue pulsava de uma forma que nunca tinha pulsado. Mesmo sem ter visto o rosto de Serena, seu corpo já a desejava, de uma forma que nunca tinha desejado uma mulher. Seu coração já precisava dela, e tinha sido muito fácil aceita-la.

- Eu vou ver o que aconteceu com aquele soldado – falou o jovem rei.

Endymion, se levantou com tudo, sendo seguido por Lua. Ele queria realmente saber o que tinha acontecido com o soldado, ou melhor, ele tinha que saber, afinal tinhas sido um ataque, não poderia deixar aquilo impune. Como soberano, tinha que saber de tudo para poder armar um plano de retaliação.

Entrou no quarto, e viu Serena limpando os ferimentos graves, com a ajuda de Hotaru, a esposa, ainda em choque, ficou encostada na parede. Andou até ela e a tirou do quarto, o cheiro de sangue era forte, era de qualquer um passar mal.

- Sinto muito o incomodo Majestade – falou Greta, a esposa do ferido.

- Não sinta. Seu marido está em boas mãos agora, então fique tranquila – falou Endymion querendo tranquiliza-la. – Lua, leve essa senhora a cozinha, peça para darem a ela de comer e beber. E por favor chame as guardiãs.

A gata nada falou, apenas tratou de cumprir as ordens de seu rei. Endymion ficou esperando na porta do quarto da princesa, queria saber notícias do pobre homem.

Após algumas horas Serena saiu do quarto, para respirar um pouco. O quarto estava saturado, e tinha sido difícil conseguir estabilizar o soldado, seus ferimentos eram graves, fora que o veneno que tinha na flecha, era extremamente forte, foi difícil remove-lo. Mas tinha conseguido retirar tudo.

- Pelo visto a coisa foi feia lá dentro – comentou Endymion, ao vê-la com um ar cansado.

- Foi um dos piores feridos que eu já cuidei. Mas deu tudo certo – falou cansada.

- Pelo visto, seguiu o meu conselho, mostrou seu rosto – comentou fitando-a.

- Minha máscara tinha se quebrado de qualquer forma... me esconder não ia adiantar de qualquer forma – falou.

Serena parou para pensar. Pensou se agora que iria parar de se esconder, se sua relação com outros também iria mudar. Era libertador, poder saber que as pessoas a olhavam nos olhos para falar com ela. Deixaria de ter medos e receios, era uma promessa que faria consigo, de nunca mais se esconder dos outros.

- Serena! – gritou Lessa, que veio correndo.

- O que aconteceu? – perguntou alarmada.

- Vários aldeões estão em frente ao palácio, acontecerem mais ataques! Tem muitos feridos, precisam de sua ajuda! – fala em agonia.

- Lessa, cuide do soldado, eu a Hotaru vamos ver os outros feridos. Hotaru! – grita a loira.

A menina sai correndo do quarto, achando que sua mentora tinha passado mal.

- Hotaru arrume nossas cestas com ervas. Houve outro ataque e vamos ajudar a todos – fala a loira firmemente.

 Hotaru saiu apressada, para cumprir os pedidos de sua mentora, deixando a princesa e o rei a sós. Endymion encarou Serena, e viu que a princesa tinha mudado, já não era uma menina apenas gentil, que ajudava como herbalista. Mas viu uma mulher forte, disposta a quebrar qualquer regra para ajudar a quem fosse, sem medo ou remorso.

Mas o rei também tinha coisas a se preocupar... como o novo ataque ao reino. Não sabia como os exércitos inimigos estavam entrando no reino. Tinha mandado aumentar as rondas, mas ainda assim, parecia que os inimigos apareciam e sumiam no ar. O novo rei estava se sentindo um inútil, pois não estava conseguindo proteger ninguém. Estava se sentindo falho, como soldado e governante.

- Endymion, não se martirize. Você vai encontrar a chave para derrotar os inimigos. De cabeça quente você não vai conseguir pensar – fala a loira calma.

- Eu sei... mas pessoas estão sendo feridas, eu passo nas aldeias e as pessoas me cobram para dar um fim nisso. E é mais do que justo, já que eu sou o rei – falou agoniado, fechando os olhos, passando a mão no cabelo, apertando-o.

- Por favor se acalme. Você precisa estar com a cabeça no lugar. Quanto aos feridos, não se preocupe com eles, Hotaru e eu cuidaremos deles, mantenha-se concentrado e calmo, e as coisas darão certo – falou ela, se aproximando, segurando a mão dele.

Endymion abriu os olhos, e sentiu o toque gentil e doce da princesa. Pelo pequeno gesto, ele sentia que ela queria passar, tranquilidade e confiança. Ele tinha se lembrado do pedido dela, de proteger as pessoas do reino.

- Obrigado, pode não parecer, mas seu apoio é muito para mim – fala o rei, apertando a mão delicada.

Ambos se olhavam, vendo seus reflexos nos olhos um do outro. Não precisavam de palavras, apenas com olhar, já sabiam tudo. Endymion nunca se cansaria de olha-la. Tinha a sensação de ser puxado para ela, como se não fosse possível desviar dela.

Serena também, se sentiu presa ao olhar do rei. Como através do pequeno tocar de mãos, estivesse amarrada a ele, como se não pudesse se soltar jamais. Sabia que isso era errado, sua intenção inicialmente, era apenas dar conforto ao rei que estava agoniado, mas se viu presa ao sentimento que resistia em residir seu coração.

Porém o momento foi interrompido por Hotaru e pelas outras guardiãs que se aproximaram.

- Lua nos falou que o Vossa Majestade nos mandou chamar – falou Venus encabulada de interromper o momento.

- Isso. Serena e Hotaru vão ao vilarejo para verem os feridos, e nós vamos também, quero saber onde foi o ataque inicial, e se esses desgraçados deixaram algum rastro – falou o rei firme.

Então Serena foi ao seu quarto e no pequeno banheiro que ali tinha, trocou de roupa. O vestido que usava estava encharcado de sangue, e cheirando a veneno.

Saiu apressadamente, ajeitando o seu capuz. Ela foi até os estábulos e encontrou Hotaru já montada, assim como todos os outros.

Cavalgaram o mais rápido possível ao vilarejo atacado. O mesmo era perto da fronteira com o reino de Elysion, ficava perto de um dos fortes que protegiam a fronteira.

Viram várias casas pegando fogo, pessoas tentando apagar os incêndios, pessoas correndo desesperadas, e algumas caídas, com ferimentos horríveis.

 Chegando lá, Endymion deixou Mercurius e Uranus ajudando Serena e Hotaru, o restante seguiu para checar o resto do terreno.

Serena com a ajuda de Hotaru, as duas guardiãs e das pessoas que estavam bem, removeu os feridos, os colocando em um lugar seguro. Fez remédios, curativos e tudo o que precisava ser feito. Depois deu as notícias as famílias, e as mesmas ficaram aliviadas da princesa estar lá os ajudando. Mercurius, ajudou com o seu poder de água a apagar os incêndios com mais rapidez.

Ficaram na aldeia até o amanhecer do dia seguinte. Serena não dormiu um minuto sequer. Simplesmente não conseguia descansar, com tanto sofrimento alheio. Deixou que as guardiãs e Hotaru descansassem, elas tinham trabalhado muito a ajudando. Serena iria fazer vigília a suas amigas e aos enfermos.

De manhã bem cedo Endymion voltou com o restante das guardiãs, tinham ficado até tarde fazendo vistoria, e conseguiram prender dois soldados inimigos. Os mesmos ficaram feridos, por conta do ataque. Suas feridas seriam tratadas e depois seriam interrogados.

Endymion nem desmontou do cavalo, queria voltar ao reino rápido, e discutir as táticas de defesa com os conselheiros e pedir conselhos a Lua. Porém tomou um susto, quando viu Serena indo até Pegasus e desmaiar antes de conseguir montar no cavalo.

Desceu do cavalo como um raio e correu ao auxilio dela. Pode ver as olheiras em seus olhos e viu que ela estava pálida.

- Essa teimosa. Certamente ficou velando o sono de todos e deixou de dormir – falou Haruka observando a loira preocupada.

- Vamos deixa-la descansar por hoje. Ela trabalhou demais – recomenda Mercurius, colocando a mão no rosto da loira para ver se a mesma não estava com febre.

- Chegando ao palácio, eu a colocarei no quarto ao lado da Neptune. De agora em diante o quarto da Serena será lá – fala o rei convicto.

  Todos assentem, sem contestar.

Endymion a carregou no colo, com todo cuidado e a colocou em seu cavalo, e rapidamente montou atrás. As guardiãs e Hotaru montaram em seus cavalos e Pegasus os acompanharia de perto.

Cavalgaram o mais rápido que podiam. Chegando ao castelo, os nobres e a família de Endymion estavam tomando café da manhã. Beryl ao ver sua rival no colo de seu amado, ficou roxa de raiva e ódio, e ia falar, quando Endymion direcionou um olhar cortando, a mandando não abrir a boca.

Endymion carregou Serena até o corredor dos quartos das guardiãs. Era bem mais espaçoso do que o antigo aposento dela. Mesmo que Serena fosse contra, era lá que ela ficaria de agora em diante. Assim ela ficaria protegida. Ele tinha a impressão de que os inimigos a queriam.

Endymion ordenou que ninguém incomodasse Serena. Que a deixasse descansar até quando ela quisesse.

Quando desdeu as escadas, pediu que seu café fosse servido na sala de reuniões, as guardiãs foram para lá também, assim como os conselheiros. Todos perceberam que o olhar do jovem rei estava diferente. Não era mais com indecisão, e sim de um rei que sabia que ia ganhar e levar seu reino a vitória, e Lua que a tudo observava sabia bem que aquela mudança se devia a Serena.

Os prisioneiros foram levados a prisão, e Endymion seria avisado quando eles estivessem prontos para serem interrogados.

   Lua a pedido do rei, ficou velando o sono da princesa. A gata observou as feições suaves e preocupadas dela. Mesmo no sono, ela não conseguia se desligar no reino e de seus deveres.

- Obrigado pelo o que fez a Endymion. Não sei o que disse ou fez, mas fez aquele menino virar um homem – falou a fala colocando a pata na mão da loira, de forma carinhosa – você teria sido uma boa rainha, mas... algo me diz que você ainda será. A mais majestosa e gloriosa rainha que este reino já teve.

Na sala de reuniões, conselheiros, guardiãs e o rei passaram o dia discutindo todas as ideias que tinham, teorias foram debatidas, e estratégias foram traçadas.

   - Vossa Majestade, os prisioneiros estão prontos para o interrogatório – falou um dos soldados assim que entrou na sala.

Endymion afirmou com a cabeça, e todos foram para prisão. O rei teria que ser implacável. Sem margens para erros, vidas estavam nas mãos dele, assim como sangue derramado de pessoas inocentes. E isso... ele não deixaria sem retaliação...