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História Lunária - De Minuto em Século


Escrita por: Thatavisk

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 15 - De Minuto em Século


— Nossa... A Agnes está tão linda... — sussurrei enquanto via a gravação do desfile, terminando de lamber o chantilly da colher. O bolo estava tão gostoso que me senti mal por ter feito desfeita dele na frente daquele... Ser.

— Quando ela soube, queria largar o desfile para vir te ver, mas Taehyung não permitiu. — Afagou meus cabelos, enquanto eu sentia seu peito subir e descer lentamente conforme respirava. — Ele ficará feliz de saber que gostou — Fitou a caixa vazia onde o bolo estava antes.

— Estou preocupada com Helena ainda... — comento não muito surpresa da loira não ter participado, ela estava muito machucada, inclusive para andar direito sem ajuda.

— Ela já está recebendo cuidado médico. — Beijou o topo de minha cabeça. — O que acha de irmos dormir? Amanhã teremos que pegar suas coisas e ver alguns apartamentos, será cansativo — disse se sentando, ainda segurando-me em seu peito.

— Não estou com sono... — murmuro ficando de joelhos e afundando o rosto na curvatura de seu ombro. Seu cheiro era tão doce, como os perfumes suaves que Jimin gostava de usar.

— Precisa descansar... — sussurrou virando levemente o rosto ao sentir meu rosto roçar em seu pescoço, o expondo mais.

— Okay, eu vou tomar banho — digo saindo de cima de Jungkook e andando de costas em direção ao banheiro para ter certeza de que ele não me seguiria.

— Eu não vou entrar dessa vez, relaxa... — diz erguendo as mãos com um sorriso divertido nos lábios, olhando-me o encarar o quanto deu antes de entrar no cômodo de azulejos azul escuro.

Fazia dois dias que eu já não ouvia a voz de Namjoon e dois dias que eu não via Jimin, quase completava o terceiro. Eu passaria a contar essas coisas daqui para frente?

Eu nunca havia ficado um dia que fosse sem conversar com Namjoon e já sentia isso pesar, mas lembrar de Jimin me deixava apenas mais ressentida. Eu não posso viver sem Deus e não queria viver sem Jimin.

Jungkook tentou abrir a porta para espiar, mas gargalhou ao notar que eu havia trancado, o que não adiantou muito, a casa era dele, e ele abriu de qualquer forma. Jungkook era muito abusado, notei isso quando acordei pela manhã com ele novamente ao meu lado, abraçado comigo, mesmo que eu não tivesse o pedido para ficar dessa vez. 

Mas julgando que o quarto era dele, eu não poderia reclamar de ele mesmo dormir em sua própria cama.

Suspirei aliviada ao notá-lo voltar para a cozinha, estava apenas implicando comigo. Estava já me vestindo quando Jungkook decidiu entrar no banheiro, resmungando chateado por eu já estar vestida. Saí do cômodo trajando meu pijama, que era ainda aquele mesmo moletom de Jimin e um short.

Ainda tinha o cheiro dele...

— O que está fazendo? — perguntou secando os cabelos apos sair de seu banho, olhando-me deitada no sofá.

— Você mandou eu dormir — digo olhando seu reflexo na TV desligada.

— Sim... Então vamos. — Se debruçou sobre o sofá para olhar meu rosto. — Você estava chorando de novo? — perguntou observando meu nariz levemente avermelhado.

— Quase — sussurro engolindo em seco. Apenas de pensar em morar sozinha, eu já me sentia sozinha.

— Estou cansado, anda logo — reclamou pulando o sofá e me enrolando nas cobertas para que eu não protestasse.

— Mas você queria dormir na sua cama. — Tentei tirar o lençol de meu rosto, mas fui solta na cama antes de conseguir sair do casulo de lençóis.

— É bem espaçosa, não precisa dormir no sofá — diz batendo a porta do quarto e apagando as luzes. Consegui me livrar das cobertas e fitá-lo. — Dorme — disse se deitando na cama e se cobrindo, jogando o cobertor sobre minha cabeça.

— Eu nem falei com Namjoon ainda... — resmunguei engatinhando para descer da cama e orar antes de dormir.

— Dorme logo, Diana — reclamou segurando meu pé e puxando-me de volta.

— Mas eu preciso falar com Deus — digo confusa, tentando o fazer soltar meu tornozelo.

— 'Pra que? Você nem ouve mais quando Ele fala. — Puxou-me devagar pelo tornozelo, depois pela panturrilha, até puxar-me pela coxa até si. — Vamos descansar, hoje foi um dia tão complicado... — sussurrou abraçando minha cintura e fechando os olhos, segurando-me em seu peito.

— Quer que eu faça isso na sala? — perguntei olhando o tecido levemente felpudo de seu suéter.

— Apenas cala a boca e dorme — murmurou beijando minha testa.

— Por que não quer me deixar falar com Namjoon? — Tentei empurrá-lo um pouco.

— Fale com Ele, não estou te impedindo de nada — disse ainda de olhos fechados. Fechei meus olhos e suspirei fundo tentando iniciar uma oração, mas Jungkook começou a cantarolar qualquer coisa, subindo o tom quando tentei o ignorar.

— Você é irritante — reclamo abrindo os olhos e tentando me soltar.

— Eu sei. — Apertou-me com um pouco mais de força.

— Me solta — digo apertando o tecido de seu suéter.

— Me obriga — sussurrou risonho, mesmo que eu estivesse séria.

— Jungkook, é sério, me solta — resmungo empurrando seu rosto, afastando a mão quando ele lambeu minha palma, ouvindo-o rir de meu resmungo enojado.

— 'Pra que perder tempo com essas coisas inúteis? — perguntou abrindo os olhos e sorrindo ao me ver emburrada.

— Você está blasfemando... — murmurei afastando um pouco meu rosto do seu quando se aproximou, sem conseguir me afastar de corpo por suas mãos me segurarem firme.

— E o que Deus vai fazer? Me jogar no inferno? — perguntou rindo fraco. — Você não precisa d'Ele — sussurrou subindo uma das mãos até minha nuca e forçando-me a virar o rosto para si. — Acha certo o que Ele fez? Tirar seu amor de você dessa forma? Por acaso parece que Ele se importa contigo? — questionou afagando suavemente meus cabelos.

— Se Ele decidiu, que seja. — Engoli em seco, ainda estava chateada, sentia falta de Jimin, sentia mágoa.

— Ele sempre faz isso, não é? Decidir as coisas sem se importar se vai afetar os outros... Ele sabia que você choraria, sabia que ficaria deprimida e brava, Ele quis isso, Diana — sussurrou em tom calmo, enquanto descia devagar a mão que estava em minha cintura para minha coxa.

— Tudo pertence a Ele, que faça o que bem entender e eu serei grata — digo segurando seu braço, afastando-me um pouco e olhando-o suspirar fundo.

— Por isso está aqui? Era grata por sua posição por acaso? — Fitou-me sério. — Diana, você já não era feliz há milênios, por que não aceita de uma vez que Deus é egoísta? — indagou acariciando levemente meu rosto.

— Mas... Você disse que os planos de Deus são perfeito... — sussurrei sentindo meu peito apertar novamente. Não lembrava da última vez que passei uma noite calma ouvindo os humanos quando nos céus, era sempre estressante.

— Perfeitos para Ele — diz aproximando-se rápido até demais, quase caí da cama ao tentar recuar mais, mas o moreno me puxou, erguendo um pouco o corpo sobre mim. — Eu posso ser o que você precisa, Diana, eu sou o que você precisa. — Encostou sua testa à minha. — Esquece tudo isso e fica aqui, comigo, eu posso te fazer feliz, confie em mim — sussurrou roçando seus lábios aos meus.

— Para... Por favor... — pedi sentindo as lágrimas quentes começarem a escorrer pelas laterais de meu rosto. Apenas queria sentir o abraço de Jimin mais uma vez, mas o ser em que eu mais confiava e amava o arrancou de mim.

— Não precisa ter receios, eu vou cuidar de você, prometo que não vou permitir que te façam chorar novamente, apenas faça isso, seja minha... — disse em tom suave, descendo os lábios até meu pescoço e subindo a mão de minha coxa para minha bunda, apertando minha carne antes de depositar um breve selar molhado na pele sensível de meu pescoço e soltar minha nuca.

— Eu não quero — digo com certa pressa, engolindo a mágoa e a decepção. — Me solta, Jungkook, eu não quero... — repeti sentindo minha voz sair num fio, enquanto o moreno continuava descendo os selares até minha clavícula.

— Não precisa ter medo... — sussurrou subindo devagar o moletom de Jimin em meu corpo. — Eu quero cuidar de você, Luna, eu quero você... — disse emoldurando minha cintura com suas mãos grandes, sorrindo ao me ouvir arfar com o toque gelado de seus dedos em minha pele quente. — Você me excita tão fácil, Diana, apenas isso já é um pecado — diz levando uma mão até sua ereção que já marcava a calça moletom que usava, não parecia estar vestindo algo por baixo.

Mas o moreno me olhou confuso quando sentei-me com certo esforço pelo próprio estar por cima de mim, empurrando-o um pouco e ajeitando o moletom em meu corpo. Sequei o rosto com a manga da roupa de Jimin e mantive o olhar no chão, tentando me manter calma apesar de sentir a aura de Jungkook, que segundos atrás exalava ternura, começar a desaparecer novamente.

Jungkook entendeu que não conseguiria nada de mim naquele instante, o homem se levantou parecendo irritado, pegando um casaco no armário antes de sair do quarto e bater a porta sem dizer para onde iria. Pareceu sair do apartamento e me deixar só.

Abracei minhas pernas apoiando a testa nos joelhos e permiti que as lágrimas se formassem até me causarem enxaqueca, até eu não ter mais voz para resmungar entre os soluços. Não aguentava mais, não mais, nada mais, queria que aquilo acabasse logo.

Permaneci no mesmo lugar apenas sussurrando o nome de quem havia me posto naquilo tudo, apenas sussurrando por ajuda de quem eu já sequer conseguia ouvir a voz e esperando, mesmo sem esperança, que a sensação de que meu peito estava sendo esmagado fosse passar.

Minha fé estava morrendo, como Jimin morreu, como Eleanor morreu, como aquelas pessoas no cruzamento morreram e eu não me importaria de me juntar à elas nesse instante.

— Nem ouse. — Yoongi disse de pé ao lado da cama. — Se fizer isso, Lúcifer terá o que quer — diz se sentando ao lado da cama. Continuei com o rosto cobertor no cobertor já molhado nas lágrimas salgadas, me recusava a olhar para Yoongi. — Eu sei que está brava comigo... — sussurrou suspirando fundo.

— Então vai embora — digo seca, passando as mãos pelo rosto.

— Eu vim apenas porque você me desejou por um segundo, não acha injusto me mandar embora após me chamar? — perguntou se levantando do chão e sentando na cama, tirei o cabelo do rosto para o fitar, continuava com a mesma feição vazia de sempre.

— Eu acho injusto você livrar Helena e sequer pensar em livrar Jimin — murmuro respirando com um pouco de dificuldade, meu nariz estava escorrendo e meus olhos ardiam um pouco.

— Eu não faço apenas o que quero, sabe quem eu obedeço — diz estendendo a mão devagar até meu corpo, acariciando levemente meu braço. Mesmo pelo tecido do moletom, seu frio era perceptível.

— Eu não aguento mais — sussurrei forçando um sorriso.

— Eu entendo... Mas você precisa... — Se aproximou dando-me um beijo na bochecha, seu lábios eram gelados e macios, como os de Jimin estavam da última vez que pude o ver. — Namjoon está em toda a parte, não precisa se sentir sozinha, Hoseok te rodeia dia e noite, estão cuidando de você, mas você precisa aceitar isso — disse encostando seu rosto frio no meu. — Eu tenho que ir... Mas não estou te deixando, nenhum de nós está. — Depositou um selar em meu maxilar antes de se retirar.

 Ao acordar na manhã seguinte, Jungkook estava deitado ao meu lado e eu tomei um breve susto ao virar e quase bater meu rosto no seu. Havia algumas marcas em seu pescoço e acabei notando que ele possuía algumas pintas nos mesmo lugares que Jimin.

O moreno acordou enquanto eu estava debruçada sobre si, procurando mais semelhanças entre os dois de forma distraída. Assustei-me quando sua mão apanhou meu pulso, fitando seu rosto sonolento enquanto ele esfregava os olhos, bocejando antes de deitar novamente o rosto, olhando-me sério.

— Desculpa... — sussurrei sentindo-o afrouxar a mão para que eu me soltasse.

— Vou sentir falta da sua presença — diz se sentando, ainda parecia cansado. Não devia ter dormido muito, já que eu fiquei até tarde o esperando e ele não voltou antes de eu adormecer exausta. — Vá se arrumar, eu já olhei o apartamento de manhã, acho melhor... Você se mudar antes que eu acabe te forçando ao que não quer. Não sou o melhor com autocontrole — disse forçando um sorriso e se levantando em seguida, indo para o banheiro tomar um banho.

O apartamento era parecido com o de Jimin, já estava mobilhado e decorado, eu teria apenas que me instalar ali, o aluguel não era caro, era próximo do estúdio e a vizinhança parecia boa, além de que o condomínio era seguro. Parecia tudo perfeito para eu recomeçar cuidando de mim mesma.

Parecia.

Eu não fui ao funeral de Jimin, não queria vê-lo de um pálido cinza trajando um terno dentro de um caixão de madeira, não queria o ver ser enterrado, nem mais sonhar com essa imagem.

A primeira semana foi um desespero só, dormir sozinha naquele cômodo enorme, com os pesadelos e pensamentos pesados me assolando a memória e mente. A voz de Namjoon estava cada vez mais ausente e Hoseok já também não se pronunciava mais em meu viver, Yoongi não havia aparecido mais e Jungkook estava evitando ficar sozinho comigo por medo de acabar me deixando pior caso fizesse algo de errado. Além de que eu também não me sentia tão confortável com o moreno depois de todas as suas palavras.

Eu não estava suportando conviver com Agnes e mais ninguém, estavam todos tão melancólicos comigo, deviam saber que tocar no assunto apenas piorava as coisas, que me tratar com mais cuidado por isso me destruía.

Eu comecei a perder peso muito rápido e Taehyung e Jin começaram a se preocupar comigo, indo vez ou outra em meu apartamento checar se eu estava bem e me alimentando decentemente.

Estava fazendo o possível, mas não sentia vontade de comer, não sentia vontade de levantar da cama aliás, a enxaqueca não passava com analgésicos e o cansaço não ia embora após eu dormir.

Jin me receitou alguns remédios de gosto estranho, dizendo que me fariam sentir melhor, eles adiantavam, mesmo que pouco, mas não era o suficiente. Nem comer sorvete mais me animava, nem os bolos que Jungkook trazia vez ou outra, nem cantar Flamingo.

O chat de Jimin continuava salvo em meu celular, eu não tinha coragem de excluir seu contato ou sequer uma foto nossa, mas também não possuía estômago para abrir a galeria e ver seu sorriso registrado. Apenas de ouvir o som de sua risada em minha memória, eu sentia vontade de chorar.

Jin passou a me visitar para mais que ver se eu estava bem, havia começado um tratamento comigo, segundo ele, eu estava com depressão. Jin havia pintado seu cabelo de volta para um loiro escuro, lembrei um pouco do tom descolorido de Jimin.

Ele me fazia perguntas diversas, anotando algumas coisas e gravando nossas sessões, às vezes conservando comigo naturalmente. Jin também estava triste, isso era óbvio, mas parecia estar lidando melhor que eu com a falta do melhor amigo, ao menos ele entendia minha dor e não tentava me forçar a sair, nem dizia que já havia passado da hora de eu superar, que eu deveria seguir minha vida mesmo que Jimin já não tivesse uma.

Aos poucos os dias passaram a parecer cinza até quando estavam azuis e belos, minhas costelas estavam cada vez mais visíveis e não importava o quanto eu tentasse me alimentar melhor, eu apenas vomitava. Sentia-me fraca, de corpo, de espírito, de tudo.

Jin passou a vir me ver todos os dias quando eu desmaiei de fraqueza durante uma das sessões, forçando-me a comer e ficando quase o dia todo comigo. Jungkook passou a me visitar com mais frequência, assistindo coisas aleatórias comigo e Agnes passava as noite que podia comigo. Eu conheci sua namorada, era uma pessoa tão atenciosa, mas eu já não conseguia me animar tanto de receber todo esse carinho, sentia-me um peso morto na vida deles.

De todos eles. Eu sou um fardo.

Já chega, já deu e numa manhã eu conversei com Deus, mesmo que eu não fosse ouvi-lo responder, novamente, novamente. Eu desisti, engoli meu orgulho e admiti, a vida humana não é fácil, ela é um inferno, dos piores possíveis e eu já não quero mais estar nessa carne fraca e nessa pele que machuca e sangra. Eu não quero mais respirar o mesmo ar que me mantém viva e queima minha garganta quando choro.

E a sensação da água suavemente gelada caindo em minha testa me fez abrir os olhos, meu corpo boiava levemente na água da fonte da vida, meus fios brancos esvoaçavam na água cristalina, agora longos pelo tempo que me afastei de meu corpo espiritual. Sentei-me abaixando o rosto ao ver Namjoon de pé à beira da fonte, olhando-me com uma feição séria e fazendo-me sentir minúscula, e de fato, perto dele, eu sou minúscula.

Quando Jin chegasse ao meu apartamento na manhã seguinte, apenas meu corpo vazio estaria deitado na cama, dormindo suavemente, um descanso merecido, frio e pálido como a neve.

— A vida humana é fácil? — perguntou entrando na fonte e se abaixando ao meu lado. Meu corpo estremeceu apenas ao tom de sua voz, fazia tanto tempo que eu não o ouvia, parecia uma eternidade tão vasta.

— Perdão — pedi deixando as lágrimas deslizarem por meu rosto luminoso, misturando-se com as águas puras da vida que encharcavam meu manto e minha pele. — Perdão... — sussurrei me agarrando aos seus pés. — Perdão... — repeti chorosa, encostando o rosto em seu manto.

Hoseok apenas permaneceu nos observando de longe, enquanto o Senhor afagava meus cabelos e me consolava.

Eu voltaria para minha função sem direito a reclamar mais após ver o que os humanos sentiam quando Yoongi invadia suas vidas, talvez alguns se agarrassem a mim como única forma de fugir um pouco da realidade que os extremos do segundo plano corrompiam na Terra. Mas eu preferia não os entender, assim eu permaneceria inteira e não voltaria aos céus com um pedaço meu faltando, esse eu não poderia cobrir mais, porém que eu aprenderia a lidar por saber que a culpada daquilo fui eu.

Não sabia onde Jimin estava, os anjos não o encontraram no paraíso e Yoongi não o encontrou no inferno, quando questionei a Namjoon sobre isso, ele apenas afagou meus cabelos e pediu que eu não me apegasse a uma forma de vida tão diferente da minha.

Já era tarde para dizer isso, eu já estava bem mais que apegada a Jimin.

E não saber onde ele estava, como estava, ou se sequer se estava, me dava certa angústia.

Eu assisti o meu velório dos céus, Agnes e Helena choraram horrores e me senti péssima por fazer isso com elas, muitas pessoas que eu não conhecia também foram. Jin não ficou muito tempo, ele estava se sentindo mal e eu entendia seus motivos. 

Meu corpo ficou exposto por um dia inteiro e aquilo era um costume humano estranho. Fui enterrada próxima de Jimin, por pedido de Taehyung, o moreno amargurou um pouco sua aura ao saber de minha ida e eu supliquei por sua alma, caso contrário, iria de encontro a Jungkook em algum momento de sua partida.

Jin falava comigo algumas vezes antes de dormir, mesmo que eu não pudesse o responder, contando-me sobre seus dias. Depois de alguns anos ele se casou, teve uma filha que era uma graça, e depois de muitos anos, ele se foi e eu pude o ver nos céus. Mas logo ele teve de seguir para seu plano, enquanto eu permanecia no templo, ele estranhou eu dizer que Jimin ainda estava em julgamento, havia passado tanto tempo.

E se passaram gerações, e gerações. Eu vi a filha de Jin crescer, vi seus netos, seus bisnetos, eu vi o apartamento de Jimin ser ocupado por outra pessoa, assim como o meu, vi Jungkook continuar vivendo outras vidas e mais vidas. Eu vi o tempo passar, de forma clara, a vida humana corria como singelos minutos dos céus.

Mas quando eu parava para lembrar como era de fato viver feito eles, as memórias com Jimin corriam feito séculos.

Mesmo que fosse doloroso me prender a essas memórias, um sorriso ou outro se abria entre as memórias dos seus. Eu sentia sua falta.

As cinco regras bobas de Jimin eram quase meus cinco mandamentos, e a sexta eu mesma havia escrito. 

Não se esquecer do Jimin.

E eu não tinha muita escolha senão obedecer.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui.


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