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História Elizabeth Saga - O Funeral


Escrita por: jhesswpassos

Notas do Autor


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Capítulo 2 - O Funeral


 

Todos estavam na​ sala. Encarando eu e Karen. 

Mike não parava de me encher a paciência perguntando por que eu havia demorado tanto no banheiro. Apesar de estar um pouco assustada com ela, porque depois do que aconteceu, muitas dúvidas pairaram sobre minha cabeça. 

– Mas por que você demorou tanto? – pergunta Mike. 

– Não te interessa. E desde quando tenho que lhe dar satisfações? – sabia que isso iria irritá-lo, então continuei. – Volta para sua bebida que eu tenho que conversar com os rapazes. – claro que essa última frase tinha o irritado bastante, então ele se calou e voltou a beber. 

– Tchau Eliza, tenho que ir. – disse Karen me dando um tímido beijo no rosto e olhando com um tom de "quero te ver de novo". 

– Até Eliza, eu vou com Karen, depois conversamos. – disse Amanda. 

– Está bem, tchau para vocês. – disse as duas. Calvin ainda me olhava e eu o encarei. 

– Ainda vamos ter muito que conversar Sr. Harbering. – disse a Calvin. 

– Sem sombra de dúvidas. Mas agora não, talvez amanhã quem sabe. Tenho que ir, até mais Elizabeth. – Calvin me deu um beijo no rosto e saiu pela porta da sala. 

Me despedi de todos pela porta da sala. 

– Ultimamente você está dando muita atenção pro Calvin... – disse Mike, com a voz um pouco diferente, obviamente embreagado. 

– Não tenho culpa se Calvin Harbering merece mais respeito do que você. – retruquei. 

– Mas como assim? Eu que sou seu namorado! – berrou Mike. 

– Não grite comigo Mike! Você está ficando louco? – e realmente estava. Mike já estava muito alterado por conta da bebida. – Se continuar desse jeito, não vou te querer mais como namorado, entendeu? – ataquei. E isso fez com que ele perdesse o controle. Mike segurou meus braços e depois os apertou. 

– Você, Srta. Elizabeth é e sempre irá ser só minha. – disse Mike com autoridade na voz. 

– Tire essas patas nojentas de cima de mim! – e o empurrei com força. Mike havia caído feio no chão, mas ele voou para cima de mim.  
Ele me bateu.  
E eu tentei revidar dando chutes, fortes socos e pontapés. Mas não adiantava, ele continuava a me bater. 

Os outros meninos não conseguiam ver a cena, pois estavam desmaiados de tanta bebida que consumiram. Até que Mike me puxa pelos cabelos e me dá mais um soco no rosto. 

Apaguei. 

Quando abri meus olhos novamente, ele estava sem sua peça íntima. Olhei para baixo e vi que eu também estava sem a minha. 

Quanto mais me mexia, mais ele me batia. Eu sabia o que ele queria. Eu também sempre quis, mas não daquele jeito e muito menos agora que soube de sua traição. 

Mike começou a me violentar. 

Não conseguia me mexer quase nenhum músculo do meu corpo. Que estava cheio de sangue. 
Não sei se já havia ficado louca, mas vejo um vulto preto passar por trás de Mike e em seguida outro. 

Meu nariz, boca e cabeça estavam sangrando de mais. Não sentia nada com o que ele estava fazendo em mim. 

Eu usei a última força que para tentar escapar, mas ele me dá outro golpe e desmaiei novamente. 

 

Abro os olhos e vejo que estava em outro lugar. Um lugar muito escuro e com paredes úmidas. “Como vim parar aqui?” me perguntei.  
Tentei me levantar, mas não conseguia direito. Parecia que quanto mais me mexia, mais sentia minhas veias arderem. 

Desisti e me deitei. 

Tentei achar meu celular, mas não o encontrei. Levantei meu braço esquerdo para ver as horas. Marcavam três e cinquenta da manhã. “Nossa! Meu Deus, eu estou encrencada...” e tentei levantar mais uma vez. 

– Não perca o seu tempo. – disse uma voz masculina saindo direto do meu canto esquerdo. 

– Quem está aí? – perguntei à voz misteriosa e minhas veias voltaram a doer. 

– A senhorita não tem o que temer – surge um vulto mais claro na escuridão que se aproximava a cada segundo em minha direção – Por mais um segundo você morreria. 

– Como assim? – perguntei sem entender nada. 

– Desculpe-me, não me apresentei. Sou Sr. Bill Willians e só estou de passagem por Los Angeles. 

– Certo... E por que eu iria morrer? – perguntei. 

– Você estava perdendo muito sangue minha jovem. – depois que Bill disse isso, olhei direto para minha blusa, inteiramente encharcada de sangue. 

– E como você me salvou? 

– Minha jovem... Eu posso fazer coisas que as outras pessoas não podem fazer. 

– Tipo o quê? 

– Tipo isso... – e ele desapareceu em um piscar de olhos e ressurgiu agachado bem do meu lado direito. 

Me assustei. 

– Como você fez isso? 

– E isso... – ele arrancou um pedaço grande que estava quase solto do chão e depois o soltou devolvendo ao solo pavimentado. 

O chão tremeu e comecei a tremer junto com ele. 
Não conseguia acreditar no que estava vendo. Por um segundo uma lembrança veio em minha mente. 

Eu, na janela do meu quarto falando no telefone com Mike e observando a rua escura do meu bairro. Daquela vez fui até a janela com desconfiança, achava que alguém estaria me espionando. 

– O que está pensando? – pergunta Bill. Olhei diretamente para ele e finalmente pude ver sua real aparência. 

Bill tinha cabelos grisalhos, seu rosto era tão branco que não acreditei que não o vira no meio da escuridão há alguns minutos a trás. Seus olhos eram castanhos, mas dava para notar que estavam ficando levemente avermelhados. Eu conseguia ver tudo isso de uma forma meio paranormal. Quando quisesse aproximar a minha visão para ver melhor, eu o podia. 

– Vejo que você deve estar com fome não? – Bill palpitou. 

Assenti. 

Minha garganta ardia como nunca ardera na minha vida. 

– Seus olhos estão tão vermelhos que já estão dando luz própria, me deixe te levantar querida, por favor. – Já percebi que os tons de suas palavras tentavam ser engraçadas comigo, e isso quer dizer que ele queria demonstrar confiança, queria mostrar que poderia confiar nele. Mas eu não achava graça. 

Estava observando o seu sobretudo feito de couro legítimo. Ele tinha um sotaque inconfundível de inglês. 

– Aonde você comprou esse sobretudo? – indaguei para Bill. 

Ele pegou a minha mão e me puxou para que pudesse me levantar. Bill me olhava atenciosamente a cada movimento meu, a cada expressão. 

– Comprei na minha terra natal, Londres. – como suspeitava, Bill era inglês. – Só que a mais de duzentos anos a trás. – meu colapso foi evidente. Duzentos anos a trás? 

– Duzentos anos a trás? – repeti a pergunta em minha mente. 

– Sim... O que você acha que eu sou? 

– Não sei... – estava começando a achar que aquilo que estava bem na minha frente, não era real. 

– Elizabeth...  Transformei você em algo semelhante a mim. 

– Como? 

– Não tinha outra escolha a não ser te transformar... – Bill desviou seu olhar para o chão, me deixando uma brecha de desespero – Em vampira. 

– Vampira? – meus olhos se arregalaram e quase senti falta de ar, mas logo senti que não havia mais a necessidade de respirar – Eu sou o quê? – não acreditei muito. 

– Uma vampira... E irá ser das boas, presumo. Mas deixamos as explicações para outra hora. 

– Mas... Eu não entendo... Eu não me lembro de nada. – tentei me explicar. 

– É normal não se lembrar de nada ou quase nada nas primeiras horas, porém com o tempo tudo e todas as lembranças voltam para a sua memória. Bem... – ele deu uma leve pausa para pegar algo no chão e continuou – A senhorita teve que entrar em um leve coma para que ocorra a transformação... Sua transformação em vampira... Sinto muito, foi necessário. Era isso ou a sua morte, e não ia permitir que isso acontecesse. 

– Não sei nem se devo agradecer ou... – disse eu meio sem jeito. 

– Não me agradeça, pois talvez não seja algo que se possa agradecer. Mas essa é uma das minhas funções pelo mundo. Em todo o planeta Terra existem vampiros que foram transformados pela minha pessoa, costumo chamá-los de filhos. Eu os criei um por um, não deixei que enlouquecessem ou virassem verdadeiros “demônios”, como os humanos dizem. – achei engraçado, porque ele disse “como os humanos dizem”, como se ele nunca fora humano um dia. Bill devia estar a séculos daquele jeito. – Eu os crio, até chegar a um estágio que eles possam estar confiáveis o bastante para conviverem com os mortais. Todo imortal que crio e educo, tem meu sobrenome cravado em seu nome... E em com você será a mesma coisa Elizabeth. 

– Como assim os educa? – não estava acreditando muito nessa conversa, parecia mais com um pesadelo. 

– Bom... A base de tudo é saber controlar a sua cede de sangue, será uma tarefa difícil para a senhorita. Porque sua dependência será maior por não estar acostumada com sua sede. Não sei o que pode acontecer com quem estiver perto da senhorita, mas se você Elizabeth, não se alimentar... Os meus esforços serão em vão... 

– E o que pode acontecer se eu não me alimentar? – indaguei. 

– É como os mitos sobre vampiros contam... Ressecam e morrem... – confesso que fiquei com medo quando ele me disse isso. Minha cabeça já estava começando a rodar. Bill havia comentado sobre sangue e isso fez minha garganta começar a arder de sede. Não sabia o que estava acontecendo, sentia tudo ao mesmo tempo, fome, sede, saudade de casa, dos meus pais, sangue, saudade dos meus amigos, sangue, raiva pelo Mike ter feito aquilo comigo, sangue... Criou um impulso de vingança em mim que me estranhei, como Bill havia dito “não deixei que enlouquecessem ou virassem verdadeiros demônios”, mas queria matar Mike, queria me vingar dele e dos outros. Bill percebera meus minutos de reflexão particular. 

– Quer saber mesmo o que estou pensando? – perguntei. – Não consigo parar de pensar em sangue e não é só sede de sangue que tenho. 

– E no que mais você tem sede? 

– Vingança. – estava começando a achar que estava virando um demônio de verdade. Queria matar pessoas, mas estas não eram inocentes. Se não fosse por Bill, estaria morta em qualquer ruela de Los Angeles.  

– Eu quero matar todo mundo. – eu disse friamente. 

– Não é bem assim que funcionam as coisas querida, sei que sua vontade agora é de matar, mas não crio vampiros no intuito de sair matando por aí como se fosse um assassino em série. Lembre-se no que te falei agora a pouco, controle as suas emoções ou estará vulnerável. 

– Vulnerável a que? Sou mais forte do que eles, mais rápida do que eles. Posso arrancar a cabeça de cada um em apenas um segundo! – minha raiva falou mais alto nesse instante, nem me reconhecia. Não era mais a mesma, aquela menina doce e frágil, não existia mais em mim, só a carcaça dela. 

E saí correndo por aí, com a raiva e a sede de vingança em minhas veias. Que não paravam de arder. Precisava de sangue, não conseguia parar de pensar nisso um segundo se quer. 

Cheguei até a minha casa. 
Avenida Franklin Nº 16.  
Não havia ninguém na rua, nem os gatos estavam acordados. Eram quatro horas da manhã e minha mãe devia estar uma fera comigo. 

Entrei. 

– Onde a senhorita estava? Isso são horas? – indagou minha mãe furiosa. 

– Olha mãe... Estou bem... Me deixa... 

– Mas o que? Você some por três dias e depois chega de madrugada em casa e a única explicação que você me dá que "está tudo bem"? – Três dias? Estava em coma por três dias? Fiquei paralisada olhando para o chão. A voz de minha mãe já estava me irritando, na verdade sempre me irritou, mas parecia que ela estava berrando no meu ouvido – Você me deve explicações Elizabeth... ­– ela olhou fundo nos meus olhos, e se assustou. Mas só queria sair desse pesadelo – Elizabeth! Seus olhos! Estão vermelhos! – ela berrou mais ainda dessa vez, meus ouvidos estavam explodindo de tanto barulho. Tapava minhas orelhas, mas não adiantava muita coisa. Parecia que todos os sons estavam na minha cabeça, como agulhas me espetando. 

– Elizabeth! Olhe pra mim. – minha mãe me agarrou pelos meus braços. Isso me irritou de uma forma estranha. 

– Não! Me deixa! – e a abracei. Aquela ânsia por sangue ainda me atormentava, não conseguia tirar essa ideia de me alimentar de sangue da minha cabeça. Bill não estava mentido, sou uma vampira a final – Mãe, eu te amo. Sempre vou te amar, aconteça o que acontecer, sempre estarei do seu lado. 

– Eu sei querida, eu sei. Não faça isso de novo, por favor, seu pai e eu quase tivemos um ataque do coração. Não faça mais isso. agora me diga o que aconteceu. 

– Mãe... Se eu te contasse, a senhora nunca acreditaria... –  o coração de minha mãe começou a bater mais forte, podia ouvi-lo bombeando sangue para todas as veias dela em frações de segundos. Abracei-a mais forte ainda. Foi inevitável sentir o cheiro de sangue indo e vindo do pescoço dela. Pensava comigo mesma "Ela é a minha mãe, eu nunca iria machuca-la", mas não adiantava muita coisa. Eu precisava me alimentar e essa necessidade insuportável me atormentava a cada segundo que passava perto de minha mãe. Um filme foi se passando pela minha cabeça, de quando era criança e ela me pondo de castigo, de brincando com meu irmão e dela brincando com nós dois. As lágrimas começaram a cair e uma raiva de mim mesma foi se formando. "Eu estou enlouquecendo?" 

Queria a todo custo ir para meu quarto e dormir, para ver se esse pesadelo iria embora de uma vez. 
Mas ela não deixava, me segurava pelo braço como sempre fazia quando estava nervosa. 

– Elizabeth! Olhe para mim! – ela berrara em meu ouvido, me fazendo perder a sanidade por tres segundos. 

A empurrei com todas as minhas forças contra a mesa da sala, que se partira ao meio.  
Mas algo havia perfurado o corpo de minha mãe. 

– Mãe! – entrei em desespero ao ver minha mãe sangrando compulsivamente. 
O mesmo sangue que me atraíra para beber, que fizera minha garganta arder mais forte dessa vez. 

– Eliza.... – minha mãe não conseguia dizer uma palavra direito por conta do pé da mesa que havia se quebrado e virado uma estaca de madeira bem afiada. 
Uma lágrima nascera em meus olhos, vendo minha mãe morrer aos poucos com uma estaca de madeira em sua barriga. 

– Não... Mãe... – o choro fora compulsivo, não conseguia parar de chorar. 

Até que senti um último suspiro dela.  

– Te amo filha...– dizia isso aos prantos. 

Minha mãe já estava desacordada, sem nenhum batimento cardíaco. 

Minha própria mãe, morta por mim... 

Porque eu tinha feito aquilo? O que me tornara? 

Não parava de chorar nenhum segundo. 
Minha visão estava ficando turva e meu corpo estava bem mole. 

– Eu vou morrer se não beber... – tinha molhado uma de minhas mãos na poça que havia se formado com o sangue de minha mãe. 

Pensei em meu irmão... Em meu pai. 
Bebi uma gota que sujava minha mão e o gosto era espantosamente bom. 
Continuei a lambuzar minhas mãos seguindo em direção a minha boca. Caninos extras haviam se formado em minha arcaria dentária. 
Olhara para meu reflexo no vidro da porta da frente. 
Era aterrorizador. 
Olhos negros, palidez acentuada e sangue dominavam meu rosto. 

Todo meu corpo estava esbranquiçando aos poucos, me assustando a cada segundo. 

Uma raiva havia se formado com tudo.  
A partir daí não conseguia pensar em outra coisa a não ser me alimentar. 
A matar. 

Segurei o corpo de mamãe. Ela estava dura, sem nenhum músculo em movimento. Olhei para o lado e para o outro. Atormentada por ter matado acidentalmente minha própria mãe. Queria gritar, mas iria acordar o resto da casa. Minha boca estava ensopada de sangue, meus caninos ficaram maiores e não queriam voltar para o lugar. “O que está acontecendo comigo?” sussurrava para mim mesma. 

Olhei para o corpo de mamãe. Eu tinha que inventar uma história de um suposto “sumiço” dela. Minha coragem era pouca... Se pudesse me matar ali mesmo, me mataria... Mas já estava morta. 

A peguei e coloquei-a sobre meus ombros. E em frações de segundos corri o mais rápido que pude para o cemitério de Los Angeles (Los Angeles National Cemitery). Passei tão rápido pelos portões que o coveiro e nem os seguranças notaram minha presença. Coloquei o corpo em um canto aonde ninguém pudesse vê-lo e fui procurar uma pá para começar a cavar. 

– Minha mãe merece uma lápide descente. – disse para mim mesma. Havia algumas lápides já prontas a alguns metros de mim, só faltavam colocar os nomes dos falecidos. Peguei uma delas e fui à procura de alguma coisa pontiaguda e afiada ao bastante para poder colocar o nome de mamãe nele. 

"Jaz aqui o corpo que descansa de Margareth Gunter, mãe e esposa”. 

Escrevi esses detalhes na lápide, mas com muita dor no coração por isso ter acontecido. Eu não podia demorar muito por conta dos guardas que faziam ronda noturna de rotina pela área. Então fui começar a cavar mais rápido do que pude. Isso já estava me deixando cansada. Podia ser forte, mas ainda era uma vampira jovem e fraca. Até que finalmente terminei de cavar. Enrolei o corpo de mamãe em um longo pano de algodão e a deixei sozinha por mais alguns minutos. "Me esqueci do caixão, que droga!" disse para mim mesma. E saí disparando em busca de um caixão descente para a minha mãe. Rastreei uma loja que vendia caixões. "O bom de morar em cidade grande é que você encontra de tudo" sussurrei. Mas havia um problema. 

O alarme. 

Para o meu bem tinha que ser bastante ligeira para não ser pega roubando o caixão ou senão iria ser trágico com quem me atrapalhasse. Em um canto havia um caixão branco com detalhes em dourado, perfeito para a minha mãe. Então peguei o caixão coloquei-o sobre a cabeça e sai em segundos da loja. Queria ter pedido desculpas para os donos da loja por ter quebrado os vidros, mas o alarme já estava espetando os meus ouvidos. 

Cheguei ao cemitério com a mesma velocidade que saí. Coloquei o caixão no chão e continuei a cavar a cova. Fiz uma tumba para a minha mãe, uma tumba descente, tive o cuidado de socar um pouco a terra dos lados e em baixo para a terra não ceder enquanto eu estiver colocando o caixão na cova. Peguei o corpo de mamãe e o coloquei dentro do lindo caixão e sem pensar muito o fechei. 

 

Foi triste a sensação que tive. De estar enterrando a minha própria mãe. Tive medo naquela hora que destruísse minha família por completo, mas a sensação de estar com o sangue humano no corpo era inigualável, me sentia forte e poderosa, capaz de fazer tudo por sangue, tudo pela minha vontade de vingança que se misturava com todas as minhas vontades como vampira. O ódio, a vingança, o desprezo que tenho pelos homens só aumentaram após a minha total transformação como vampira. Me sentia confiante, e não iria falhar. 

De longe ouvi uns passos vindo em minha direção. Senti um cheiro familiar como o meu. 

– Bill? – perguntei nada surpresa. 

– O que você fez Elizabeth? 

– Não é da sua conta – o retruquei. 

– Mas é lógico que é da minha conta, me diga agora o que você fez, quem você matou Elizabeth? – Bill era insistente e irritante e minha ira só estava aumentando. 

– Não quer me contar? Ótimo. Vou fazer do modo difícil. – Bill se dirigiu a mim em um milésimo de segundo. Colocou suas mãos em minha cabeça e olhou bem fundo nos meus olhos. A dor era insuportável, ela era pior do que os sons em tons maiores que ouvira antes, como se estivessem dessa vez partindo minha cabeça em pedacinhos. 

– Mais uma vez irei perguntar... O que você fez Elizabeth?! – não conseguia me mexer, e quanto mais ficava com raiva mais a minha cabeça doía. Parecia que ele estava entrando em minha mente. Bill estava me torturando cada vez mais, minha única escolha era mostrar a ele o que havia feito com minha mãe. No mesmo momento que cheguei a essa conclusão, voltei no instante em que havia reencontrado minha mãe. Pensei na minha casa, abraçando mamãe, e o corpo dela coberto de sangue e a levando para cá. Por um momento Bill parou de me torturar e soltou minha cabeça. Respirei fundo e o encarei. 

– Agora você já sabe. – eu disse. 

– Elizabeth... Como pode... – disse Bill. 

– Sim eu fiz. 

– Não a transformei para isso... – disse ele desapontado. 

– Eu mal pensei Bill, estava lá com minha mãe a abraçando e chorando porque estava assustada e com medo de não voltar mais para casa. Ela estava irritada comigo porque não havia voltado para casa por mais de três dias... Você me deixou na rua por três dias Bill... Você não se importa com a minha família, não é? Só liga pra essa história doida de fazer vampiros que não possam ser eles mesmos... 

– Quem disse que eu não ligo para a sua família? – Bill me interrompe. – Eu me importo com você, com o que vai se tornar, não irei permitir que você se transforme em um monstro, não crio monstros Elizabeth, eu só quero te ajudar, então se acalme pois suas emoções estão mais apurados agora como vampira... 

– Uma vampira com poderes sobrenaturais? Você sabe o que isso significa Bill? Que já sou um monstro querendo ou não! Não tem como me controlar. 

– Sim eu tenho. Sou mais velho do que você e mais forte, mais experiente e... – Bill fez uma pausa estranha. 

– E o que Bill? – perguntei. 

– E porque sou um original Elizabeth. 

– Você é o que? 

– Um vampiro original, que é duro de matar e tem poderes melhores do que qualquer vampiro. 

– Você é o único? – perguntei. 

– Não. Estou à procura dos meus queridos irmãos e irmãs. Mas... Isso veremos depois. Só quero que aprenda a se controlar Elizabeth e sim, é possível conviver com os humanos sem matá-los. 

– Como se transforma uma pessoa em vampiro? – fiquei curiosa nesse quesito, pois estava passando uma ideia em minha mente. 

– Bem... – Bill se abaixou para pegar a pá, e olhou para mim – Há várias formas de se transformar em um vampiro e uma delas é da maneira mais fácil que existe você apenas tem que morder. Há uma outra forma e mais eficaz, justamente a que fiz para te salvar. Apenas precisei te fazer beber um pouco do meu sangue. Minutos depois, você morreu e volta alguns dias depois. Nós temos veneno em nosso sangue que uma vez enjerido, já é suficiente para transformar qualquer ser vivo e qualquer pessoa. 

Bill olha para o monte de terra que estava perto da cova que eu havia cavado e começou a enterrar o caixão de minha mãe. 

– O que acontece se só tiver o veneno no organismo? 

– O indivíduo se contorce até morrer...   

– Se eu soubesse antes talvez a minha mãe não estaria morta agora. – disse eu em um tom de arrogância. 

– Não se pode dar total confiança em um vampiro jovem. Ele tem que querer aprender. É como você fez agora a pouco, você me perguntou e eu te respondi. 

– A é? E se eu não quiser saber, e ir procurar pelas respostas sozinha? – eu disse em tom de ironia. 

– Eu a deixarei ir, mas... Sabe o que acontece quando não consigo controlar um novato? – o encarei como nunca havia encarado ninguém na minha vida, Bill não parecia confiável. Pude ver uma estaca em sua mão direita e já havia entendido no que ele queria fazer. 

Uma mudança brusca no clima da conversa se iniciara. Bill queria me matar, mas não iria permitir que ele fizesse isso. 

– Você... – corri para perto dele e o dei um golpe na cabeça, depois corri para o norte e voltei – E mais ninguém... – dei-lhe outro golpe na costela, a ouvi quebrar depois fui para o sul e voltei – Jamais irá me controlar! – arranquei a estaca da mão dele e a joguei longe, depois dei um chute no tórax dele e Bill voou para longe. 

 

Aproveitei para correr em disparada em direção para a minha casa. “Eu não tenho controle, não sou um brinquedo” pensava comigo mesma, tudo que queria agora nesse momento era permanecer com minha família, com o resto dela para falar a verdade. Pensei em meu pai e meu irmão. 

Queria transforma-los. 

Não posso deixá-los sozinhos, e sem explicações. Estava decidida e iria fazer. Mesmo que isso me custe um preço. 

Estava me lembrando de algumas histórias antigas que havia escutado sobre vampiros com meu avô Tony. Ele dizia que os vampiros existem e que alguns são perigosos e outros querem viver em paz com os humanos. Me lembrei de alguns filmes sobre vampiros que havia assistido na TV que eles se alimentavam de bolsas de sangue, como se fossem “marmitas” em conserva ou algo do tipo. Minhas lembranças estavam voltando muito rápido. Elas pareciam como um filme passando em minha cabeça que faz jus aquele dizer das pessoas que antes de morrerem, passam um “filme” de suas vidas em sua cabeça. Parecia bem irônico pra mim. 

“Acho que isso pode dar certo para mim por um tempo” pensei. Roubar dos postos de saúde as bolsas de sangue e conserva-las dentro de um freezer. Talvez não precise transformar meu pai e nem meu irmão em vampiros. 

 

Cheguei em casa. O dia já estava amanhecendo e tinha que me apressar com o suposto “sumiço” de mamãe. Fui caminhando até a porta e quando olhei para trás me deparei com quem menos esperava. 

Era Calvin Hearbering. 

– Olá Elizabeth. – Calvin me olhava com um olhar malicioso. 

 


Notas Finais


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Grata.
De: Jessica W. Passos


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