História Luxury - - One -

Bem-vindos ao sex shop Luxury. Aqui suas maiores fantasias podem ser realizadas.

Pelo menos realizava a “fantasia” de trabalhar do jovem Takashima Kouyou. Kouyou, ou Uruha, como era chamado por seus amigos mais íntimos, era um garoto calmo, dedicado e muito inteligente, além de possuir uma beleza invejável. Ele trabalhava no sex shop desde os 17 anos, pois foi o único lugar que quis oferecer emprego a um menino que havia acabado de terminar o ensino médio e não tinha nenhuma experiência com trabalho. E Uruha se descobriu um perfeito pervertido depois que começou a trabalhar nessa loja. Quer dizer, com tantas coisas para se usar, até minha avó ficaria experimentando certos “brinquedos”.

Clientes entravam tímidos na Luxury, mas após verem tudo que a loja oferecia, saiam com muitas ideias, quase sempre nada castas. A loja não era muito grande, mas tinha seus clientes fiéis, onde os novos clientes eram indicados por aqueles clientes fiéis. Sua chefa – e dona da Loja – Mika, era muito espontânea e divertida, dando um clima sempre muito agradável ao local.

A rotina da Sex Shop era sempre a mesma, e Uruha conseguia viver uma boa vida trabalhando lá. Entretanto, o trabalho lhe proporcionava alguns problemas, como sua vida pessoal – e amorosa: Apesar de muito bonito, quase nenhum relacionamento de Kouyou dava certo, já que alguns o achavam um garoto de programa, e queriam sexo e nada mais; outros não aceitavam o emprego que este possuía, preferindo alguém mais “confiável”. No alto de seus 24 anos, nenhum de seus relacionamentos durara mais do que alguns poucos meses.

Mas a vida é uma caixinha de surpresa. E não, Kouyou não ficou aleijado, nem fanho e nenhuma outra tragédia se acometeu sobre ele. Aconteceu algo maior, ele se apaixonou. Sabemos que qualquer um se apaixona, quero dizer, mas não da forma peculiar que o amor aconteceu com o jovem em questão.

Tudo começou em um dia comum para Kouyou. A loja não estava muito cheia – apenas algumas garotas de escola, olhando os produtos com certo medo até e rindo – quando um homem alto, com os fios negros e desfiados, entrou no local, ele parecia muito desconfortável de estar ali, e olhava para o lugar como se esperasse que alguém ou alguma coisa o atacasse a qualquer momento.

Logo Mika arrumou a franja ruiva e colocou seu melhor sorriso, esperando que o moreno fosse até o balcão, o que não demorou muito, já que este passou reto pelos corredores de vidro repletos de produtos eróticos, ignorando-os como conseguia.

– Olá! Em que posso ajudá-lo? – A chefa de Kouyou indagou, seu tom animado iluminando o ambiente.

O moreno fez uma careta, suas bochechas estavam vermelhas e ele parecia visivelmente incomodado. Sorriu nervoso para a mulher antes de começar a falar.

– Er... Meu na-namorado me pediu pra vir pegar uma encomenda… – O homem falara baixo o suficiente para apenas a vendedora escutá-lo.

– Quem seria este? – Respondeu ela, cortês como sempre.

– Ishihara... Takamasa Ishihara.

– Ah, o Miyavi! – O sorriso de Mika aumentou, ela fez um gesto com a mão, indicando que o homem deveria segui-lo.

O loiro, que estava atendendo uma outra senhora no balcão, mordeu o lábio inferior para não rir, já Takamasa era um dos clientes que ele mais gostava, era sempre animado e adorava novidades, e sempre reclamava que o namorado não gostava de certas coisas. O loiro se perguntava que tipo de chantagem o cliente fizera para convencer o outro a ir à loja.

– Venha comigo. – Mika seguiu para uma porta que ficava ao lado do balcão, e o homem a acompanhou.

Kouyou terminou de atender a cliente e decidiu seguir os dois, já que adorava ver a reação de algumas pessoas ao ver a sala onde ficavam expostos alguns produtos, e demonstravam como alguns desses funcionavam.

A mulher ruiva abriu a porta e deixou o moreno entrar, as luzes foram acesas e revelaram uma sala circular, com as paredes cobertas dos mais diversos produtos, onde vibradores – dos mais diversos tamanhos e cores – eram maioria. O homem moreno teve um pequeno momento de choque, arregalando os olhos enquanto lembrava da promessa do namorado de deixá-lo sem sexo caso ele não fosse àquele lugar.

Shiroyama Yuu nunca gostava das ideias que o namorado tinha, mas aquela tinha passado dos limites! Vibradores?! E o que mais aquelas coisas fossem.

– Então, aqui está sua encomenda! Ishihara-san me pediu que trouxesse você aqui, pra poder escolher você mesmo. Pode escolher qualquer um! – A mulher tocou o ombro de Yuu, indicando as prateleiras com a outra mão em seguida.

– E-eu o quê?! – O moreno esganiçou e Uruha teve de cobrir a boca com a mão pra não rir.

– Fique à vontade! – Ela fez uma pequena reverência e sorriu confiante para o moreno, que nada respondeu.

Yuu olhava com certa aflição para os objetos à sua frente. Realmente, a ameaça não valia a ida àquele lugar, e pensou seriamente sobre ficar sem sexo com o namorado por algumas semanas. Era humilhante! Era como escolher um garoto apenas pelo tamanho do pênis dele. Sentiu-se sujo. Amava Ishihara, mas aquilo já é demais.

– Eu… Eu não quero uma coisa dessas… – Resmungou baixinho depois de certo tempo.

– Oh… Você tem certeza? Ishihara-san chegou a comentar que você nunca usou um… – A ruiva comentou, o sorriso cordial sempre em seu rosto. – Acho que seria uma ótima experiência...

– Não, dispenso. – Yuu sorriu sem graça, tentando olhar para qualquer lugar que não fosse as prateleiras.

– Vai realmente recusar um presente de seu namorado? – Mika fez sua melhor cara de cachorro pidão. – Ele gosta tanto de você… Só quer te dar novas experiências na vida.

O moreno pareceu ponderar sobre a fala da mulher. Seu relacionamento não estava tão bom quanto antes, o namorado sempre exigia muito de si na hora do sexo e parecia sempre se decepcionar quando Yuu não podia oferecer o que ele queria. Shiroyama se culpava totalmente pela falta de interesse de Ishihara, acabando por extrapolar alguns de seus limites, e mesmo que se sentisse mal, estava agradando ao namorado. Escolher um vibrador seria mais um desses limites, não? O sexo não era de seu agrado, já que gostava de fazer amor: olhos nos olhos, gemer baixinho o nome do amado, e depois, ficar agarrado até o dia amanhecer. Ir pra cama com Takamasa era muito diferente, cada dia ele tinha um tipo de fetiche novo, desde cordas, fantasias e outras coisas que Yuu sentia vergonha só de lembrar.

Mas não se importava, já que Miyavi o amava. Era um bom namorado, sempre muito atencioso e carinhoso.

– Certo… – Yuu suspirou, passando a mão pelo cabelo. – Como eu escolho isso?

– Você escolhe por “afinidade” – Fez aspas com os dedos – Vá olhando, toque… – Colocou um vibrador branco na mão do moreno, que rodou o objeto nos dígitos e logo o colocou no lugar, enquanto Mika ainda tagarelava – sinta... Alguns tem gosto, sabia?

Yuu ainda não gostava da ideia, mas Mika não pareceu se importar com isso.

– Bem, fique à vontade, eu tenho que voltar pra atender os clientes. Deixarei você com meu melhor funcionário, Uruha. – Ela chamou o loiro pelo apelido, que permanecia calado, observando a tudo no canto da sala. – Ajude ele, certo?

O loiro concordou com a cabeça, recebendo um olhar cúmplice da chefa. Teria de contar tudo a ela depois, como de costume com os clientes novos. Kouyou tinha um tipo de prazer em atender clientes assim, ele sentia-se satisfeito em ver o brilho nos olhos e a fascinação em conhecer algo totalmente novo e diferente.

Mas voltando ao dilema de nosso amigo Yuu: Ele estava perdido e confuso, havia tanta coisa diferente ali, tamanhos, formatos, cores. Pegou um vibrador azul-escuro, com pequenos cones com as pontas meio arredondadas espalhados por toda extensão. Aos olhos do moreno, aquilo não era nada confortável.

– Como se usa isso? Não machuca? – Perguntou com certo tom de inocência ao loiro, que agora estava ao seu lado, observando atentamente o outro rodar o objeto nas mãos.

– O uso depende apenas das suas necessidades e de sua imaginação. – Kouyou respondeu num tom calmo e amigável, e Yuu achou sua voz baixa extremamente sedutora. – É aconselhável que seu use com lubrificante, claro. – Ele foi até uma das prateleiras da parede e pegou um frasco pequeno com um líquido viscoso vermelho, outro com um azul e um tubo de pomada. – Aqui… O vermelho esquenta, o azul deixa gelado e a pomadinha é anestésica. – Terminou sua explicação com um sorriso pequeno, que repuxou seus lábios fofinhos.

– Ah, claro. - Yuu colocou o vibrador de volta no lugar, analisando os produtos que o loiro o mostrara.

Leu as embalagens sem realmente entender o que elas diziam, e logo devolveu os produtos ao funcionário. O moreno suspirou e voltou a olhar os produtos na prateleira, até que um em especial lhe capturou a atenção. Ele piscou algumas vezes, tentando imaginar o que aquela coisa era, até que a curiosidade venceu e foi verbalizada.

– Que diabos isso faz? – Indagou, apontando para o objeto, que era um pouco menor do que os outros da mesma prateleira, mas tinha um pequeno fio, ligando este numa espécie de bombinha.

Kouyou sorriu, pegando o objeto da mão do outro e deixando cada peça em uma das mãos.

– Isso – Fez menção à peça da mão direita. - É o que vai penetrar… E isso. – Mostrou a bombinha, e a apertou, fazendo o objeto que estava em sua mão direita inflar e dobrar de tamanho aos poucos. - Você decide o que fazer.

– E isso não dói? – A pergunta foi feita numa curiosidade quase infantil, que arrancou uma leve risada do vendedor.

– A dor é muito relativa, não acha, Shiroyama-san? – O loiro respondeu, levantando uma sobrancelha, olhando nos olhos do moreno, que desviou o olhar imediatamente. – Então, alguma coisa lhe agradou?

– Hm... Sinceramente, não. – O moreno respondeu, passando a mão nos cabelos.

– Não?

– Não. – Admitiu o moreno.

Kouyou ponderou por um momento. Sabia que o moreno não estava sendo sincero, anos de experiência lhe renderam um olhar extremamente observador, sabia quando um cliente se interessava por alguma coisa só de olhar. O moreno a sua frente estava visivelmente curioso com tudo, mas algo o bloqueava, como se o prendesse a não experimentar do que ele tinha a sua disposição. E isso era visível ao loiro.

Talvez ter ido ao sex shop por pressão alheia e não por vontade própria fosse o problema. Nunca quisera sair de seu círculo de conforto, fazer isso por outra pessoa era demais para ele. O questionamento da valia de toda a situação passara por sua cabeça novamente. Yuu suspirou novamente, após um momento de silêncio entre vendedor e cliente.

– Shiroyama-san, posso lhe fazer uma pergunta? – Kouyou usou seu tom mais calmo, baixando o suficiente para que apenas o moreno pudesse escutá-lo.

– Sim. – Yuu deu de ombros.

– Qual foi a última vez que o senhor fez sexo?

A pergunta pegou o moreno desprevenido, ele arregalou os olhos e abriu e fechou a boca algumas vezes, e pensou seriamente em responder algum desaforo ao loiro, mas desistiu, já que vira que este parecia ser extremamente compreensivo. E ele lhe tratara muito bem, afinal.

– Ontem. – Respondeu confiante.

– Sentiu realmente necessidade? Ou fez por fazer... Ou pra deixar Ishihara-san satisfeito?

O moreno se viu perdido naquela pergunta, seu queixo pesando mais do que o normal o impossibilitou de respondê-la imediatamente. Sexo acabara se tornando complicado, já que sempre acabava criando uma espécie de necessidade em satisfazer o outro, esquecendo-se quase que por completo de suas vontades e desejos.

– Isso não te interessa! – Esganiçou após se recompor do choque causado pela pergunta.

– Oh, claro, desculpe-me. – Fez uma leve reverência. – Então eu insisto, leve algum... E use-o sozinho… Será uma boa experiência de prazer e autoconhecimento. – Kouyou encorajou-o, sorrindo cúmplice e indicando a parede atrás de si com a mão.

– Eu não sei… – Yuu respondeu, parecia perdido no seu próprio conflito interno.

Ficou em silêncio por alguns segundos, encarando o loiro que ainda exibia seu sorriso bonito para ele. De algum modo, o vendedor inspirou confiança no moreno, que acabou cedendo.

– Certo, eu vou levar.

– Fico contente com a sua decisão.

– Mas... – Ele interrompeu o loiro. – Ishihara não pode saber disso, quero que você diga que eu não quis levar nada, certo?

– Sim senhor, discrição é alma deste negócio! Eu não contarei nada, prometo.

– Me indique algum. – Yuu falou, visivelmente constrangido.

O loiro aumentou seu sorriso e foi especificamente a um vibrador que ficava em uma prateleira mais alta. Ele era pequeno, preto, com alguns detalhes em prateado; Entregou o produto na mão do mais velho, que girou o brinquedo na mão, gostando da textura do mesmo.

Yuu encarou Kouyou por algum tempo, até que o loiro sentiu as bochechas esquentarem, por conta de sua imaginação fértil que criara a cena do moreno usando o produto.

Desviou o olhar, se sentindo envergonhado por atender alguém pela primeira vez em anos. Sua ética profissional o fez sentir-se mal, não deveria ter esse tipo de pensamento, sabia muito bem disso, mas a beleza do cliente p desconsertava o suficiente para se permitir ter tais pensamentos. Mordeu o lábio inferior, ainda incomodado, e esperou que o cliente se decidisse.

O moreno nem mesmo percebeu o estado do vendedor, focado demais no objeto em suas mãos. Ele sentia uma mistura muito peculiar de sentimentos, onde vergonha, curiosidade e medo eram os principais, todos mergulhados em uma pequena poça de ansiedade, tanto por que faria algo que o namorado não saberia, tanto por ser algo tão novo para si.

Suspirou mais uma vez e devolveu o aparelho ao vendedor, sorrindo um pouco envergonhado e sentindo suas bochechas esquentarem.

– Vou levar este.

– Certo. – Kouyou concordou.

Os olhos de ambos cruzaram-se por um tempo, em um momento que, para Yuu, fora extremamente estranho. Ele sentiu-se violado pelo olhar do outro, profundo e desejoso. Kouyou girou nos próprios calcanhares e foi o mais rápido que pôde para fora da sala, não era certo o que esse moreno estava fazendo com ele.

Este por sua vez, ficou sozinho na sala, ainda estranhando o olhar que recebera. Decidiu por ignorá-lo, já que achava que era fruto de seu nervosismo, seguindo pelo mesmo caminho que o vendedor fizera momentos antes. Ainda não acreditava no que faria, comprar um sex toy, mas já tinha desistido de pensar muito sobre o assunto.

Mika estranhou quando seu funcionário mais antigo saiu da sala às pressas, passando direto para o balcão onde as caixas de produtos ficavam expostos. Pensou que o cliente tinha dito algum desaforo ao amigo e já estava seguindo para a sala, quando este saiu de lá, o rosto vermelho e um sorriso sem graça na cara.

– Eu escolhi um… Ele está embalando. – Disse baixo.

A dona da loja franziu o cenho, olhando para o amigo novamente, ele estava visivelmente incomodado com alguma coisa, já que procurava a caixa do produto com certa pressa. Ela deu um sorriso para o cliente e foi auxiliar o amigo, achando a caixa na primeira gaveta que abriu.

– Obrigada. – Kouyou murmurou, tomando a caixa do produto das mãos da chefa e embalando-o com papel marrom.

– Aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou baixo.

– Quê? – Kouyou respondeu, ainda embalando o produto. – Não, tá tudo bem.

– Tem certeza?

– Tenho. – Ele terminou, girando a caixa para conferir seu trabalho. – Melhor impossível. – Sorriu para a chefa, voltando para perto do moreno.

Kouyou entregou-o a caixa, e completou a compra de seu novo cliente favorito. Não ousava admitir, mas o ar de “puritano” do moreno o deixava desconsertado. Mordeu o lábio quando o outro agradeceu pelo atendimento com um sorriso cativante e foi embora. Deu-se por vencido, era impossível não pensar em um homem como aquele satisfazendo-se com o brinquedo que vendera.

Riu amargamente quando pensou na sorte que Ishihara tinha.