1. Spirit Fanfics >
  2. Luz >
  3. Miragem

História Luz - Miragem


Escrita por: Aegor e Hecatte

Notas do Autor


Então gente, decidi dividir as coisas ao invés de fazer um capítulo enorme, e acho que a carga emocional desse merecia ser algo dividido. Nos falamos melhor nas notas.

Capítulo 29 - Miragem


Fanfic / Fanfiction Luz - Miragem

 

Ao sair do Hecate, os primos desciam para sua casa na Cidade Baixa, as ruas se encontravam mais desertas do que nunca nos últimos dias, Jin estava com um pequeno receio de que um toque de recolher iria instalar-se na cidade como o que existia na província que ele morava, ou pelo menos na Cidade Baixa. Ao sair do Hecate, Yugy, avisou-os para não dirigir perto da estação do bonde já que ele ficara sabendo que na noite passada ocorreram muitos assaltos, a destruição do quartel da guarda havia deixado aquela parte da cidade uma terra sem lei, as pessoas culpavam os migrantes que chegaram das províncias nos últimos meses por causa de acordos feitos no palácio, eles enchiam partes baixas da cidade ou até mesmo os bairros destruídos fora dos muros, sem emprego essas pessoas acabam se tornando ladras ou pior.

Jae desce da moto ao chegarem à frente de casa, a fachada da pequena loja como sempre antiga e a rua deserta, as luzes na casa no andar de cima estavam apagadas e ao olhar seu relógio ele marcava quase onze da noite, sua mãe já devia estar descansando. "Jin, vou entrando, cuidado ao guardar a moto." Jae olha preocupado para o final da rua de onde vieram, Jin tira o capacete e começa a guardar o dele e o do primo no compartimento. "Já vou estar contigo lá dentro, Jae, não se preocupe." Ele bagunça de leve o cabelo do primo.

Ao entrar em casa ele sobe as escadas e vê que o abajur do quarto de sua mãe estava acesso, a luz sendo muito fraca por isso ele não a viu pelo lado de fora. "Mãe, olá." Ele diz entrando no quarto e vendo que sua mãe estava lendo um livro que ele reconheceu como um diário antigo, ela tinha vários deles cheios de memórias guardados em algum lugar no quarto, ele não sabe onde e sempre a respeitou o bastante para não sair procurando, mesmo que sempre fora curioso sobre o passado como qualquer outra pessoa de sua idade. "Ah, olá meu filho, venha aqui preciso falar com você e com seu primo quando ele entrar." Jae sentou-se do lado dela e lhe deu um beijo na bochecha. "Hoje me apresentei mãe, para clientes de verdade, foi uma maravilha e o Jaebum até escreveu uma musica nova!" A mulher sorriu pelo entusiasmo do filho realmente feliz por estar vendo que tudo deu certo. "Hm, estou orgulhosa de você meu filho, sabia que essa era uma grande oportunidade." Ela pausa e começa a tossir em um lenço, e ao afastar o lenço Jae nota um pouco de sangue ali, ao perceber que o filho estava se alarmando. "Não se preocupe, Jae, é normal, eu não estou com dor." Ela sorri e Jae sabe que era mentira, Jin falou para ele que o pai dele também mente assim para não o preocupá-lo. "Talvez amanhã você possa cantar ela para mim?" Jae por um instante teve uma vontade louca de chorar ao ver a mãe naquele estado, mas apenas disse. "Posso cantar aqui para você mãe, se não estiver bem para ir ao Hecate amanhã." Ela balança a cabeça. "Não, não, para isso eu tenho energia, o sol vai me dar ânimo, estou cansada de ficar aqui dentro.". 

Alguns minutos depois Jin aparece na porta. "Olá tia, como está?" Ele diz aproximando-se e a beijando na bochecha como Jae. "Vou indo, Jinyoung, sente-se um pouco porque quero falar com vocês dois." Jin senta-se do lado de Jae. "Bom, quero que escutem tudo que eu vou falar com muita atenção!” Ela da uma pausa. “Eu não estou melhorando dessa vez meu filho." A mulher diz isso e Jae entende imediatamente. "Mãe, podemos chamar um médico ou colocá-la naquele hospital bom na Faculdade." Ao mesmo tempo ela e o Jin disseram. "Não!" Jae olhou para os dois, Jin falou com calma. "Jae, eles só acolhem na Faculdade quem está numa situação terminal para serem cobaias em estudos que procuram pela a cura, pelo menos é isso que eu entendi." A mãe de Jae concorda. "De fato meu filho, ninguém que se sujeita a ir para lá volta, e um medico pode vir aqui e logo contatar alguém e dizer que estou madura." A mulher ri em meio a uma tossida fraca. "Mãe, tem que ter algo que possamos fazer, a senhora poderia ir para o interior viver com os tios, talvez lá você melhore." A mãe dele sorri. "Eu não aguentaria a viagem, e nunca iriam deixar uma mulher na minha situação dentro de um trem, mesmo que essa maldita doença não seja mais transmitida com tanta facilidade as pessoas ainda tem medo.".

O prospecto de que sua mãe iria morrer era algo que assombrou Jae a vida toda e Jin tinha a mesma sombra sobre si, nos primeiros anos que seu pai voltou da guerra ele nem ao menos podia estar dentro do mesmo quarto que ele e sua mãe só não se infectou porque tomava todas as medidas de segurança possíveis, o dinheiro da família todo se foi com os custos do tratamento para que ao menos naqueles primeiros anos eles ficassem na mesma casa. Já a mãe de Jae se infectou quando foi visitar o marido que voltara já à beira da morte da guerra e um último beijo terminou a vida dele e condenou a dela, morrer hoje, amanhã ou a qualquer momento, esse era o pensamento que Jae sempre tinha quando olhava para sua mãe.

Ao pensar em tudo isso ele não aguentou e pôs-se a chorar apertando a mão da mãe e a de seu primo. "Não pode ser, Jin alguém tem que fazer alguma coisa, a gente pode fazer alguma coisa." Sua mãe tentando manter a calma e Jin entrando em desespero ao ver o estado do primo. “Youngjae." Ela o chama. "Olhe para mim." Ele olha com os olhos marejados e rúbidos. "Não se desespere, é doloroso, mas é algo que nós dois sempre soubemos, está me ouvindo? Não se desespere." Jae olha para a mãe e a força no olhar dela faz com que ele secasse as lágrimas. "Posso não estar melhorando, mas não vou cair dura na próxima hora, isso leva tempo, sabe disso, não é mesmo, Jinyoung?" Jin concorda com a cabeça, fazia cerca de dois meses que o pai não melhorava e só agora ele começou a perder a consciência por períodos maiores de tempo. "Vou dizer o que vamos fazer, alguns antigos clientes chegaram a um acordo comigo de comprar o restante do estoque da loja por um preço reduzido, já que eu não vou mais abri-la, agora eu sei que você pode ter uma vida longe dessas velharias, filho." Jae sorri triste. "Nós iriamos te contar tanta coisa amanhã mãe..." A mulher balança a cabeça. "Eu não sou boba, Jae, sei que está tendo algo com seu primo, e isso me faz feliz, sei que além de mim não existe ninguém que te conheça melhor do que ele, o que me preocupada é esse tal Jaebum." Ela da outra risada fraca e Jin comenta. "Ele também me preocupava no começo tia, mas ele é nobre da forma dele." A mulher concorda. "Vocês jovens merecem mais do que viver nesse jogo de cabra cega, sempre pensei isso, nunca pude falar porque como vocês sabem o acordo me impede, é algo difícil de explicar-se." Jin vendo que estavam chegando a algo diz. "Tente nos explicar tia, eu sei que a senhora quer." Ela balança a cabeça. "É como se quando eu quisesse falar sobre o que sei uma paranoia caísse sobre mim, como se alguém estivesse me observando e minha língua fica como se fosse pedra, é estranho, mas naquela época muita coisa era estranha." Jin concorda e Jae olha para o diário ainda no colo da mãe e parece entender algo. "Mãe então você escreveu no diário o que não podia dizer, por isso nunca me mostrou nada deles?" Ela concorda com a cabeça. "Nada dentro dessa casa é de valor para que eu deixe para você meu filho, mas aqui e nos meus outros diários vocês podem encontrar coisas que valem mais do que ouro nessa cidade." Jin completa para ela. "Informação." ela suspira. "Exatamente meu caro, sei o porquê de você ter vindo para cá estudar, quer aprender tanto como qualquer outro jovem, e algo mais nobre, quer aprender sobre o que me aflige, mas bem mesmo naquele tempo tudo era coberto de mistério, nada era muito explicado, as coisas simplesmente eram para num piscar de olhos deixarem de ser. Então vou deixar isso ao cuidado de vocês quando eu partir. E meu filho quero que jure para mim que vai vender essa casa e nunca mais pisar aqui, teu pai construiu esse lugar para trazer alegria, mas você só o conheceu como uma tumba." Jae segurou o choro. "O que quiser, mãe." Ela sorri. "Acho que você pode ficar com esse daqui por enquanto, é da época em que conheci teu pai, a família dele estava de férias no campo... passamos dias incríveis, sua mãe aparece em alguns trechos também, Jin. No final tem uma foto, a guarde para mim, eu já não quero mais vê-la, mas saiba que ela significa muito para mim." Jae abraça a mãe não tendo nem o que dizer ao receber praticamente parte da vida dela. "Boa noite, amanhã cedo vou receber meus amigos para o pequeno leilão, mas à tarde o Senhor Jorn me dará uma carona à Cidade alta, às quatro está bem para vocês?" Jae balança a cabeça. "Está todo mundo animado para te conhecer, mãe." Ela sorri e balança a mão para que eles saíssem do quarto. 

Ao fechar a porta, Jae suspira. "Jae..." Jin coloca a mão sobre o ombro do primo que balança a cabeça e vai em direção ao quarto, chegando lá ele tira seu casado, coloca o pequeno livro sobre a mesa e entra no banheiro, seu corpo parecia se mover sozinho, ele molhou o rosto na pia e encarou seu reflexo por alguns instantes. "Jae, você está bem?" Ele escuta o primo perguntar ao bater de leve na porta. Youngjae não estava bem, mas ele tinha que ser forte, disso ele sabia, não se pode mover as coisas sem quebrar e a vida dele estava em movimento e ela iria mudar ainda mais, isso ele tinha certeza.

Abrindo a porta do banheiro ele encontra Jin sentado na cama, o mesmo olha para ele com o olhar preocupado. "Venha aqui, Jae." Jae pega o pequeno livro e vai em direção ao primo que o abraça, trazendo-o para perto. "Acho que não tenho força para ler nada escrito aqui hoje." A mente dele estava como uma janela sendo atacada pela água de uma tempestade. "Mas tem algo que eu quero muito ver." Ele abre o livro na última página, ali tinha uma foto antiga. "Nossa." Jin suspira ao seu lado ao ver a foto, nela está sua mãe sentada ao pé de uma árvore, seu sorriso tão brilhante quanto o Sol e seu vestido leve por conta do verão, ao seu lado direito estava uma jovem que ele reconheceu como sua tia por ainda ter o mesmo penteado de sempre, fato que Jin ri, ao notar ao lado da irmã estava o pai de Jin, sentado mordendo uma maça no momento em que a foto foi tirada, mas quem fez Jae prender a respiração foi o jovem ao lado de sua mãe, um homem com que tinha o seu sorriso e seu rosto amigável, seu pai. O sol brilhava e todos estavam felizes encostados na árvore, ao lado do pai de Jin estava a velha moto que eles usavam ainda hoje, tudo aquilo o fazia muito feliz, mas ao mesmo tempo era como ver um rio no deserto, nada mais do que uma miragem.
 


Notas Finais


Então gente, quinta-feira nós voltaremos com a quarta-feira do pessoal, um capítulo que diferente desse vai ser o mais leve, mas vai ser muito importante para a história. Esse capítulo é mais um Band-Aid sabe, essa situação com a mãe do Jae vai ser algo bem difícil de se escrever sobre.
Estou bolando uma forma de utilizar um pouco do diário da mãe do Jae em cada capítulo por um tempo, acho que vai ser legal. Bom, nos vemos na quinta-feira e alguns de vocês vejo nos comentários que tanto amo.
~Lu.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...