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História Luz e Sombra (Saint Seiya The Lost Canvas) - Escolha


Escrita por: Datenshi

Notas do Autor


Para quem quiser, após ler o capítulo 6 da fanfic, recomendo dar uma olhada nos capítulos 155, 156 e 157 de The Lost Canvas. Espero que gostem!

Capítulo 6 - Escolha


Fanfic / Fanfiction Luz e Sombra (Saint Seiya The Lost Canvas) - Escolha

Defteros cambaleava para a sala do Grande Mestre. Suas vestimentas estavam rasgadas por causa da queda, e ele dava passos pesados e relutantes, enquanto lágrimas escorriam de seu rosto e caíam pelos degraus da grande escadaria. Abrira a grande e pesada porta do salão e, ali na distância, era possível notar Sage sentado em seu trono, como se já esperasse a visita de alguém.

 

Sage levantou-se, permanecendo imóvel e fitando o moreno. —Veio me matar, Defteros?— Perguntou ele.

 

Sem responder, Defteros avançara agressivamente, golpeando Sage. Golpe esse que fora barrado com uma das mãos do Grande Mestre.

 

—És realmente poderoso, um golpe no nível de teu irmão... não parece que permaneceu isolado por tanto tempo.— Disse Sage, sorrindo. Notou então que Defteros transmitia uma profunda dor e desespero em seus olhos.

 

—Espere, por favor!— Disse Aspros, que havia entrado no grande salão. —Esse homem que tentou feri-lo é meu irmão. Sendo assim, seus atos são responsabilidade minha.

 

—A-Aspros... p-por que você veio... ?— Perguntou Defteros com dificuldades.

 

Sage virou-se, caminhando lentamente de volta para o trono. —Eu também tenho um irmão. Isso é triste, irmãos não deveriam se matar...— Disse ele, enquanto caminhava.

 

—Tem razão.— Disse Aspros. —Por isso peço que continue de costas, não veja isso...— Ele ergueu e esticou um dos braços, como se aquilo fosse na verdade uma grande lâmina pronta para executar alguém. Então rapidamente desceu o braço, mas não para acertar seu irmão menor, e sim a nuca de Sage.

 

—P-Pare, A-Aspros!— Gritou Defteros.

 

O golpe não atingira Sage, como se uma invisível barreira tivesse protegido-o.

 

—O-O quê?!— Disse Aspros.

 

—É realmente decepcionante, esperava que ele não tivesse que intervir.— Disse o Grande Mestre, suspirando.

 

Lentamente um homem aproximou-se até o Grande Mestre, como se antes estivesse escondido, apenas aguardando para ser convocado. Asmita de Virgem, que carregava o elmo em uma das mãos.

 

—E-Esse homem... é... Asmita...— Disse Defteros.

 

—Há quanto tempo, não é mesmo, Defteros?— Disse Asmita com um sorriso, mas ao mesmo tempo sua presença demonstrava imponência, e o coração do moreno parecia menos pesado. Aspros, por outro lado, fitava o loiro com um enorme desprezo, e então deu um sádico sorriso. —Desista de tudo isso, Aspros, o Grande Mestre já desconfiava de você há muito tempo.

 

—Humpf, digno de um verdadeiro estrategista. —Disse Aspros. —Mas eu não cheguei tão longe para desistir, ainda mais agora... onde eu posso alcançar meus dois objetivos em uma tacada só! Ser o Grande Mestre, e destruir aquele que tentou levar meu irmão de mim.

 

—Alguém que não reconhece os próprios limites... és realmente um homem tolo e infantil. Muito bem, não terei compaixão com um traidor. Se arrependerás deste dia, Aspros.

 

O irmão maior lançou um olhar e sorriso desafiadores para Asmita. —Hehe, isso será realmente interessante. É verdade, dizem que você é o homem mais próximo de um Deus. Mas eu e meu irmão menor somos os únicos capazes de pulverizar até as galáxias.

 

Defteros mantinha a mão no rosto, como se uma incontrolável dor de cabeça dominasse-o. —N-Não... não deve continuar com isso, Aspros...

 

—Tu és um homem patético, Aspros. Rebaixar-se a ponto de usar o próprio irmão como marionete.— Disse Asmita enquanto caminhava lentamente até Aspros. Uma intensa esfera de energia surgiu na mão do loiro que, após a seguinte palavra, lançou-lhe o golpe. —Ohm!

 

—Cale-se, Virgem! Você não tem o direito de falar do meu irmão!— Gritou Aspros.

 

Antes que o golpe acertasse o geminiano, a técnica fora interrompida, como se por uma grande rajada de vento, levantando até mesmo a poeira do local.

 

"Rebateu?!" Pensou Asmita. A poeira tornou-se menos densa, e então o loiro notou: Defteros havia colocado-se à frente de Aspros, protegendo e defendendo-o.

 

—Sinto muito, Virgem, mas seu oponente será Defteros. Vai ser realmente interessante ver meu irmão te partindo ao meio.— Disse Aspros, com um sorriso maldoso.

 

—Grande Mestre... !— Disse Asmita, virando-se para Sage.

 

—Tudo bem, Asmita... —Disse Sage.— eu cuidarei de Aspros, Defteros é por sua conta.

 

Em silêncio o loiro apenas acenou a cabeça positivamente e voltou a encarar os geminianos, caminhando até eles mais uma vez.

 

—A-Asmita... ! S-Saia daqui! Eu não quero lutar...— Disse Defteros.

 

—Interessante!— Disse Asmita. —Foi sábia a escolha do Grande Mestre... parece que o que te prende não é apenas o golpe proibido de seu irmão, o Satã Imperial.

 

Asmita então tocou a ponta do dedo anelar com a ponta do polegar, e uma grande e luminosa flor de lótus apareceu atrás dele. De repente, tudo começou a mudar ao redor de Defteros, como se estivesse em um sonho ou coisa parecida. Tapeçarias belas e com símbolos budistas revestiam todo o local. Um grande cérebro estava preso, amarrado e sendo perfurado por espinhos semelhantes a cabos de rosas. Os espinhos começaram a enrolar-se e entrelaçar em Defteros, que não conseguia soltar-se e nem mesmo tentar atacar.

 

—O mundo de seu coração... essas amarras representam o Satã Imperial que você recebeu de teu irmão, e elas só irão sumir quando alguém morrer diante de teus olhos. Vai me matar, Defteros?— A voz de Asmita era serena e ao mesmo tempo perturbadora. —Se fizer isso, matará também o Grande Mestre? Você se contenta em ser uma simples marionete de um manipulador?

 

Defteros remexia e contorcia o corpo, tentando se soltar.

 

—Mas, deixe-me dizer uma coisa, Defteros...— As palavras de Asmita começaram a soar como sussurros provocantes que penetravam diretamente a cabeça do moreno. —Na constelação de Gêmeos, não existe bem e mal, luz e sombra... tudo isso foi criado por você mesmo em sua cabeça, para assim tentar se diferenciar de Aspros. Você enxergou Aspros como uma divindade e transformou-o nisso em sua mente. Você mesmo se considera uma sombra, isso significa que você se contenta em ser uma desprezível marionete.

 

—M-Maldito!— Gritou Defteros, cada vez mais nervoso e tentando se soltar. —Asmita, retire o que disse!

 

—Está tudo aqui, Defteros... aqui...— Disse Asmita tocando na própria cabeça, na região do cérebro. —Tudo isso é uma ilusão... mas a questão é saber se você continuará preso nessa ilusão ou não.

 

As tapeçarias então rasgaram-se com um intenso e quase cegante clarão. Asmita virou-se, afastando-se daquele local.

 

—Espere, Asmita!— Disse o moreno. —Então, o que eu devo fazer para o bem de meu irmão?!

 

Asmita virou a cabeça, com um gentil sorriso. —Não tenho mais nada a dizer.— Disse ele. —É você quem deve descobrir o seu próprio caminho. Mas, para ser sincero, acho que você já encontrou-o.

 

—Asmita!— Defteros tentou romper as amarras, mas sem sucesso. De repente, como se acordasse de um sonho, Defteros voltou a si. Estava novamente no grande salão, e ele então avistou Aspros, segurando o pescoço de Sage.

 

—Já acabou, Defteros?— Perguntou Aspros com um sorriso maligno. —Então, sepulte o Grande Mestre... vamos, faça isso, e então o nosso sonho poderá se realizar, meu irmão.

 

"Se não existe luz e nem sombra, então..."

 

Defteros fechou um dos punhos enquanto caminhava até Sage, pronto para atacar. Uma bruxuleante luz em sua mão intensificava-se cada vez mais.

 

"Então eu deveria ser algo... mesmo que eu seja até um demônio, não importa. Viverei, e não mais terei que me esconder nas sombras de meu irmão!"

 

Defteros avançou, lançando um soco que, pouco antes de acertar Sage, curvou-se, perfurando o coração de Aspros. Um golpe tão agressivo e potente que tornou em pedaços a rachada máscara do moreno.

 

"D-Defteros... ?! Não é possível, meu irmão estava sob influência do Satã Imperial!" Pensou Aspros, que então avistou Asmita à distância. "Então foi Asmita... é culpa desse homem... maldito, deveria ter matado Virgem quando éramos crianças..."

 

Como se atreve a interferir os meus sonhos e os de meu irmão?!— Gritou Aspros, encarando Asmita. Então o golpe de Defteros intensificou-se, lançando Aspros contra a parede. No chão, Aspros pensava. "Como... ? Como isso pôde acontecer? Estava tudo correndo bem, eu estava a um passo do sucesso..." Com dificuldades, conseguiu ficar de pé, após apoiar-se nas cortinas.

 

—Então, será assim...— Disse Aspros, dando seus últimos suspiros de dor. —Muito bem, nesse caso...— O irmão maior ergueu a mão, colocando a ponta do dedo indicador próximo a própria cabeça e então lançando em si mesmo o Satã Imperial. Após isso, acabou caindo novamente no chão.

 

—Vou retornar para esse mundo, mesmo depois da minha morte... e assim, conseguirei realizar meu sonho.

 

Finalmente, com a cabeça pendida, Aspros fechou os olhos, estava morto. Por alguns instantes, todo o salão ficou em silêncio.

 

—... Eu sinto muito por isso, Defteros.— Respondeu Sage, aproximando-se do moreno e tocando seu ombro, tentando consolá-lo.

 

—Não sinta.— Retorquiu Defteros, tentando permanecer forte enquanto encarava o irmão. —É melhor assim... as coisas poderiam ter sido muito piores.— Defteros ajoelhou-se na frente de Aspros, beijando a fronte do irmão e então erguendo-o nos braços.

 

—E para onde vai agora, então?

 

—Eu não sei ainda...— Defteros começou a caminhar para fora do salão.

 

—Permaneça no santuário, Defteros. Tu és tão poderoso quanto teu irmão, e és o verdadeiro cavaleiro de Gêmeos.

 

O geminiano nada disse. Apenas caminhou em silêncio, com o rosto abaixado. Os cabelos azulados escondiam a verdadeira tristeza que dominava seus olhos. Asmita lentamente aproximou-se, mas então recuou, deixando que Defteros fosse embora sozinho.

 

Alguns dias se passaram. No início da manhã, Defteros fora até o cemitério do santuário. Em suas costas, carregava a urna que continha a armadura de Gêmeos. Suspirou, enquanto fitava a lápide de Aspros com pesar. Então ajoelhou-se, deixando na terra fofa os fragmentos que encontrou da máscara que antigamente usava. "Não serei uma sombra... nunca mais." Pensou ele.

 

—Defteros...— Disse Asmita, caminhando lentamente até o geminiano. Estava com suas típicas vestes indianas.

 

—O que você quer, Asmita?— Perguntou Defteros, enquanto ainda encarava a lápide.

 

—Para onde pretende ir agora? Você vai abandonar o santuário?

 

—Não tenho mais nada a fazer aqui. A única coisa que me mantinha feliz, minha única esperança... já não existe mais.

 

—Mas você não pode fazer isso! A guerra santa está prestes a começar, você não deve sumir assim.— Asmita então fitou os arredores, e voltou a falar. —Defteros... me acompanhe, então. Vamos dar uma última volta pelo santuário, antes de você ir.

 

Defteros demorou alguns instantes para responder, mas então suspirou e falou: Está bem, Asmita... está bem.

 

Quase toda a caminhada fora dominada pelo silêncio. Nos arredores, era possível escutar os guardas do santuário sussurrando coisas sobre o "irmão gêmeo do senhor Aspros". Hora ou outra o loiro tentava puxar assunto. Saíram do santuário, passeando pelas pequenas vilas locais.

 

—Consegue notar isso, Defteros? Não somente o santuário, mas todas essas casas, todas essas pessoas... tudo irá perecer, se você não nos ajudar na guerra santa. Afinal, você é o homem capaz de destruir até as galáxias.

 

—Um dia todos nós iremos morrer, Asmita.— Disse Defteros. —Tudo o que conhecemos... tudo o que sentimos... tudo está fadado à morte e destruição. Por que eu deveria ajudá-los? Diga-me, Asmita... existe algo eterno? Algo que jamais terá um fim, que jamais deixará de existir?

 

—É verdade, não existe nada eterno... mas ainda assim, existe esperança. Enquanto existe a vida, existe a esperança. Eu sei que o que aconteceu com você foi terrível, mas não abra mão de sua vida e seu propósito por causa disso.

 

Defteros não respondeu. Os dois caminharam juntos mais um tempo, e finalmente já estavam voltando ao santuário. Assim que chegaram, Asmita quebrou o silêncio.

 

—Muito bem.— Disse ele. —Eu preciso voltar à casa de Virgem agora. Mas, por favor, pense bem nesse assunto, Defteros.

 

Asmita delicadamente segurou no rosto do moreno. Ficou na ponta dos pés, para assim conseguir beijar a testa de Defteros, que era alto e musculoso. Depois disso, voltou a pôr os pés no chão, e lentamente aproximou os lábios aos dele, formando um selinho. O loiro então lentamente abriu os olhos, azuis e mais claros do que a cor do céu naquele dia. Um sereno sorriso estava na face de Asmita, que por fim fechou os olhos novamente e virou-se, caminhando para as doze casas e deixando Defteros sozinho.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!


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