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História Luz ou Trevas - A Busca Pela Lágrima - Parte 2


Escrita por: DayanaEspinoso

Notas do Autor


Essa é a parte 2 do capitulo 16, espero que gostem!

Capítulo 17 - A Busca Pela Lágrima - Parte 2


 

Já estava quase escurecendo quando chegamos ao primeiro vilarejo de Onidas, as nuvens cinzentas no céu indicavam que havia uma tempestade a caminho. Imediatamente fiquei empolgada com a idéia da primeira chuva de verão, nesse momento desejei poder voltar no tempo para correr e dançar na chuva como fazia era pequena... Quero dizer, menor. O cheiro de pão fresco que vinha da padaria invadiu minhas narinas, respirei fundo sentindo meu estomago embrulhar de fome, só havia comido uma maça durante o dia todo. Deixamos os cavalos no estábulo ao lado de uma pousada, alugamos dois quartos, eu e Luna dividiríamos um quarto e os meninos dormiriam no outro, o jantar foi tranqüilo, não estava com tanta fome quanto pensei que estivesse, subi as escadas em direção ao quarto, deixando Luna e os rapazes terminar o jantar. O quarto não era tão grande, havia duas camas e isso pra mim já era o suficiente, deixei a porta do quarto encostada para quanto Luna terminasse de jantar não tivesse que esperar eu terminar o banho do lado de fora do quarto. Aos poucos fui soltando a trança do cabelo e tirando as botas dos pés sentindo o chão frio, livrei-me da calça e do casaco de couro preto, deixando-os dobrados em cima da cama, ficando apenas com um blusão cinza escuro. Abri as portas da sacada para entrar uma brisa fresca.

O banheiro era estreito, de frente para a porta ficava a pia com um espelho em cima, com uma lasca quebrada no canto inferior direito, ao lado um vazo sanitário branco meio amarelado, o boxe era separado com apenas uma cortina simples transparente de plástico. Após tomar um banho quente e bem demorado, vesti-me com o blusão e enrolei a toalha branca no cabelo, o vapor do banheiro se espalhara pelo quarto deixando-o um pouco mais quente apesar das portas abertas, uma corrente de ar entrou balançando as cortinas vermelhas alaranjadas, causando-me um arrepio dos pés a cabeça, caminhei abraçando a mim mesma na tentativa inútil de me aquecer, fechei depressa as portas que rangeu baixinho. Joguei-me na cama sentindo o enorme cansaço crescer a cada segundo.

- Se sairmos bem cedo amanha, chegaremos antes do meio dia...

- Falando sozinha? - Disse Luna fechando a porta atrás de si. - Sentei na cama me sentindo a vontade com ela no quarto. - Você mal tocou na comida, vai precisar estar com força amanhã, não sabemos o que pode acontecer.

- Vou ficar bem.

- Tem certeza? - Fiz que sim com a cabeça - tudo bem então, vou me lavar. Appolo disse que vamos sair as cinco da manha.

- O quanto antes melhor...

Após Luna entrar no banho me joguei na cama com o antebraço em cima dos olhos para diminuir a claridade da luz acesa, senti meu cérebro latejar de dor, fleshes de luz surgiram diante dos meus olhos, de repente comecei a sentir um enorme calor, um choro agudo de uma criança atravessou meus ouvidos.

Você precisa se lembrar. Lembre-se...

Eu preciso me lembrar... mas.. do que eu preciso me lembrar? Os fleshes de luz cessaram e de repente me encontrei em um quarto de criança, cheio de ursos de pelúcias e bonecas pegando fogo, a fumaça estava tão densa que comecei a tossir, ouvi novamente o choro da criança, porém agora mais alto do que antes, me virei e lá estava uma garotinha de cabelos cumpridos amarrados com uma fita de cetim azul e um vestido branco ao lado de uma cama completamente em chamas tentando alcançar uma boneca, ela tossia entre os soluços de choro, se ela não morresse queimada, morreria asfixiada, tentei ajudar, mas meus pés não se moviam, tentei gritar, mas quanto mais eu tentava menos eu conseguia, desabei no chão tentando me arrastar até ela, tentando confortá-la, tentando ajudá-la, mas o fogo se alastrava com uma velocidade surpreendente, quase como. Mágica. Um incêndio intencional. Os estalos da cama ficaram mais freqüentes, foi tão rápido que nem meus olhos acreditaram, não deu tempo da menina gritar ou correr, a cama desabara em cima dela, a menina lutava para escapar das maneiras queimadas que estavam em cima dela queimando a pele dela, ela tentava gritar por socorro, mas como a minha a voz dela não saia. Meu corpo inteiro começou a suar, tremer e formigar. Quando finalmente consegui me movimentar tentei alcançá-la, arrastei-me até ela com todas as forças que eu tinha, estiquei meu corpo o máximo que pude, até que finalmente meu dedo esbarrou no dela e imediatamente fui sugada para dentro da menina. Eu já não era mais eu. Eu era ela, à dez anos atrás, o dia em que minha vida mudou, o dia em que meu mundo desabara. Eu agora estava presa sob as madeiras da cama queimada, tentando inutilmente me soltar, quanto mais eu me debatia, mais as madeiras me queimavam, mais dor eu sentia. A fumaça densa e negra me sufocava, o cheiro de carne queimada invadiu minhas narinas, minha carne queimada. Eu vou morrer. Pensei naquele momento perdendo as esperanças.

- Princesa! - Abri os olhos, um garoto gritou do batente da porta, ele era alto e forte, um alívio tomou conta de mim, seu cabelo era tão negro quanto os olhos que me fitavam preocupados e penetrantes, vasculhando todos os centímetros do quarto procurando um meio de me tirar dos destroços da cama sem me machucar. Ele apertou os olhos com força parecendo se concentrar, uma corrente de ar rodopiou o quarto levando todo e qualquer vestígio do fogo que havia ao meu redor fazendo-o desaparecer acima de nós, em seguida moveu os braços para cima e para os lados erguendo os destroços e me libertando da morte. Ele correu até mim com a respiração entrecortada, os olhos passeavam por mim avaliando a gravidade dos ferimentos por todo meu corpo.

- Consegue andar? - Sua voz era baixa, calma e muito familiar. Eu não tinha certeza então não respondi, apenas tentei me levantar, porém minhas pernas não me obedeciam. Por fim fiz que não com a cabeça, sem pensar duas vezes, ele pôs um braço sob minhas pernas e com o outro enlaçou minha cintura erguendo-me do chão com facilidade. Sentindo-me completamente enjoada tentei-me concentrar em outra coisa que não fosse o coração do garoto batendo acelerado no peito bem ao lado do meu ouvido, com as mãos tremendo e encardidas segurei a barra do vertido ainda mais encardido do que minhas mãos, tentando em vã me acalmar. Olhei mais uma vez para o garoto tendo a certeza de que já o vira antes e então tudo fez sentido, aqueles olhos eram inconfundíveis.

Levantei da cama apoiando-me nos cotovelos sentindo meu cérebro latejar, pisquei varias vezes tentando fazer meu olhos se acostumarem com a claridade, lembrando de cada detalhe do que havia acabado de acontecer.

- Te acordei? - Perguntou Luna secando os cabelos. - Que cara é essa?

- Quanto tempo eu dormi?

- Uns cinco minutos por quê? Você está pálida, tem certeza de que comeu direito? - Luna parecia realmente preocupada, mas eu não tinha tempo, levantei da cama de um pulo caminhando rapidamente para a porta.

- Vai aonde com tanta pressa vestida assim? - Parei imediatamente com a mão na maçaneta me dando conta de que estava apenas com o Blusão por cima da minha roupa intima. Enfiei a calça o mais rápido que pude e coloquei as botas no pé para não sair descalça.

- Volto logo. - disse fechando a porta sem dar chances de Luna fazer mais perguntas.

Voltando a me concentrar no sonho... Não, não era um sonho, era uma lembrança, uma lembrança escondida nas profundezas do meu cérebro. Mas por quê? A voz dizia para eu me lembrar. Mas do que exatamente ela quer que eu me lembre? Lá no fundo eu sabia que tinha mais, muito mais que ninguém estava me contando. E eu quero saber por que tanto segredo. O que tem de tão importante, ou pior, perigoso no meu passado que precisasse ser escondido de mim mesma?  E por que me lembrar agora?

Desci as escadas até o salão onde jantamos Jason e Victor ainda comiam, porém não vi Appolo em lugar nenhum. Dei meia volta e fui em direção ao quarto onde ele passaria a noite. Parei diante da porta marrom escura com o punho fechado prestes a bater. Quando percebi que estava completamente nervosa, minhas mãos suavam e tremiam, respirei fundo tentando me acalmar. Decida a obter respostas bati na porta.

Appolo me recebeu ainda com a toalha enroladas na cintura prendi a respiração com a imagem de Appolo seminu na minha frente, corei imediatamente, seus olhos negros pareciam pegar fogo, os músculos de sua barriga eram mais definidos do que pareciam sob a camisa, não que eu tivesse prestando atenção nisso. Seus ombros eram largos e fortes, cutículas de água escorria por seu corpo, ele deu um sorriso quase imperceptível, obviamente pela minha reação diante dessa imagem que provavelmente freqüentar meus sonhos a partir de hoje. Vir-me-ei de costas e cocei a sobrancelha. Se antes já não sabia o que dizer, agora então estava completamente sem palavras e constrangida.

- Preciso conversar com você. - Disse feliz por minha voz não tremer. Ele fechou a porta e um minuto depois voltou a abri-la. Virei-me quase insegura, no entanto ele havia colocado uma calça, mas se esquecera da camisa, fiz o máximo de esforço que pude para evitar ficar olhando para sua barriga bem definida.

- Eu me lembro. - Disse por fim, de costas para ele, pôs estava sem coragem para encará-lo. - Você estava lá na noite do incêndio, na noite em que ganhei isto - Disse levantando as mangas no blusão mostrando as marcas de queimaduras que até alguns minutos atrás não sabia como havia ganhado - você me salvou, eu tenho certeza de que era você! - Levantei a cabeça engolindo em seco. Ele não negou em nenhum momento, apenas ficou olhando para as minhas queimaduras, mas seus olhos não revelavam o que estava sentindo naquele momento. Eu o conhecia antes de esconderem minhas lembranças, talvez ele possa me ajudar a lembrar de tudo.

- Do que mais você se lembrou? - Não respondi, só senti uma enorme vontade de correr até ele e abraçá-lo. Então é mesmo verdade.

Ele fazia parte do meu passado!

- Por que você estava lá? Por que não me disse que me conhecia? Por que escondeu isso de mim? - As perguntas escaparam da minha boca, não consegui controlar. Eu queria saber mais que tudo. Mas ele não respondeu.

- O que faria se eu te dissesse que Will não é o seu pai? Que você não se chama Amily Ravens? O que diria pra mim se eu te dissesse que você está vivendo uma... Mentira? - Ele me perguntou com toda calma e ternura que nunca ouvira falar antes. 

- Eu não acreditaria em você. - Ele sentou na cama atrás de si indicando o lugar ao lado dele para eu sentar.

- Viu só... Certas coisas você vai ter que descobrir por si mesma. - sentei ao lado dele um pouco nervosa por não saber nada sobre ele enquanto ele provavelmente sabia de tudo sobre mim. - Está preparada para amanha? - Eu não respondi, na verdade agora que faltavam poucas horas, eu estava com medo.

- Como vamos conseguir essa lágrima? Eu não faço idéia do que estou fazendo aqui...

- É só confiar nos seus instintos.

Eu tinha muitas perguntas para fazer a ele. Mas talvez ele tenha razão, eu devia confiar em mais em mim.  A vida inteira, ou pelo menos desde que eu me lembro, eu treinara para ser uma guardiã,  proteger as pessoas assim como meu pai. Eu não quero saber dessa história de princesa, não quero a coroa, só quero levar uma vida comum de guardiã. Apesar de uma parte de mim, a parte sentimental e irracional, querer saber mais sobre meu passado. Saber sobre Appolo

Por que ele estava lá?

Se eu era uma princesa, eu devia ter um guardião, então por que Appolo foi me salvar?  A não ser que ele seja o meu guardião... Não poderia, ele era muito novo para ser um guardião ainda mais um guardião de uma princesa.

Seu braço esbarrou no meu trazendo-me de volta a realidade, quase que imediatamente senti a falta da sua pele na minha, eu queria que ele me tocasse, queria sentir seus braços fortes me envolvendo novamente, eu queria seu toque e consumir cada gota de felicidade que seu ele causaria em mim, mas que isso eu queria saber o quão importante ele era para mim a dez anos atrás, e o quão importante ele é pra mim agora. Eu queria saber tudo sobre ele. Meu coração saltava descontroladamente no peito, olhei e relance para ele, seus olhos negros fitavam o chão, um turbilhão de emoções passavam por eles, emoções que ele nunca deixava transparecer, meus olhos saíram dos seus descendo por seu rosto forte, reparando cada detalhe até parar em sua boca, senti algo crescer no fundo da minha alma, um desejo incontrolável de encostar seus lábios grossos nos meus, não percebi que havia prendido a respiração até ficar sem ar.

Desviei os olhos sentindo uma culpa terrível tomar lugar do desejo.  Eu estou em uma missão, eu devia me concentrar nela, e não ficar perdendo tempo com distrações. Sai do seu lado indo em direção a porta que dava para o corredor. Aquela parte irracional de mim queria ficar ao lado dele por toda eternidade e a outra parte de mim queria apenas se concentrar na missão.

De repente minha cabeça começou a latejar, mais forte do que antes, minha visão ficou completamente escura, pus as mãos nas têmporas tentando e vã amenizar a dor lacerante que se arrastava por ali. Cai de joelhos no chão ao mesmo tempo em que Appolo me segurou pelo braço.

- O que esta havendo?  - Sua voz encheu meus ouvidos com o doce tom familiar, a preocupação que exalava dele me confortava, e eu quis me lembrar por que estar com ele me fazia sentir tanto conforto.

- As... Lembrança... Estão voltando. - Me senti completamente tonta e enjoada, os fleshes de luz começaram no fundo do meu subconsciente. Senti os braços fortes de Appolo me colocarem em algum lugar confortável, uma cama.

O cheiro de grama molhada invadiu meus pulmões, na noite passada, a chuva havia caído em pingos grossos sobre as folhas das árvores do bosque de Ipê Branco, o que me dizia que era outono, mês do meu aniversário. Will estava com o uniforme de guardião real de Angelis, e ao seu lado estava Appolo, vestindo uma camisa de mangas cumpridas branca e uma calça de moletom marrom com botas pretas de cano alto.

- Princesa Louise! Por favor, não vá muito longe. - Ela voltou saltitante.

- Mas eu quero subir em uma das árvores para ver o nascer do sol. Foi pra isso que viemos aqui fora. - O céu estava limpo apesar da chuva que caia durante a noite, apenas algumas nuvens passeavam delicadamente no céu.

- A senhorita sabe que se eu permitir que faça isso, a Rainha Zoe corta minha cabeça com as próprias mãos, não sabe? - Vi a menina tentado cobrir um sorriso com as mãos. Logo depois disso ela voltou a saltitar feliz entre as pétalas de flores brancas no chão, a brisa gelada balançava seus cachos dourados enquanto ela esticava os braços um para cada lado do corpo, sentindo o vento, o aroma do outono. As flores se desprendiam dos galhos conduzidas pela brisa da manhã. 

A carruagem real de Salamandra apareceu nos portões de entrada, demorou cerca de sete minutos para dar a volta no pátio principal e parar de frente para as escadarias onde a rainha Zoe se encontrava. Vi a menina correr de volta para onde Will e Appolo estavam.

- Como estou? - perguntou após um rodopio, com um sorriso no rosto, mostrando seu vestido bege de mangas compridas, uma fita de cetim dourada prendia sua cintura fazendo a saia do vestido ficar rodada, como uma princesa de verdade.

- Belíssima como sempre alteza. - respondeu Appolo um tanto formal de mais. De longe eu a vi sorrir para ele, e senti que não era um sorrido simples de gratidão, havia muito mais naquele sorriso, muito mais. No entanto, ele não percebeu que ela apenas queria que ele a notasse, que gostasse dela, não como sua princesa ou como uma simples amiga.

- Louise querida, venha! Os convidados estão chegando.

- Claro mamãe. Eu já estou indo. - Vi a menina olhar mais uma vez para aquele par de olhos negros e voltar saltitante para a mãe. Minhas mãos começaram a suar e eu as limpei na calça, cheguei mais perto dela com lágrimas queimando os olhos. 

Mamãe...

A princesa se alegrou quando viu Fan descer da carruagem, olhou para mãe em um pedido silencioso para ir de encontro ao seu amigo, no entanto a mãe segurou sua mão delicadamente enquanto Fan, Edan e a Rainha Trina subiam os degraus. Quando a mãe finalmente a soltou ela correu até Edan que a pegou no colo, levantando-a acima da cabeça. Edan era uma versão mais velha de Fan, mesmos olhos, mesmo cabelo, no entanto ele não tinha a pinta que Fan tinha na boca.

- Há quanto tempo lindinha!  - Disse ele a colocando novamente no chão. - Está linda como sempre.

- Obrigada Edan! -


Notas Finais


Prometo não demorar 1 ano para postar o próximo kkkk


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