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História Luz ou Trevas - A Carta


Escrita por: DayanaEspinoso

Notas do Autor


Desculpem a demora, divirtam-se!!!

Capítulo 9 - A Carta


As lembranças daquela noite permaneciam vivas em minha memória até hoje, depois de uma semana ainda me lembrava das lagrimas de Appolo, me arrepiava toda vez que o via. Ele se recusara a sair da enfermaria depois do ocorrido, ficou ali me vendo descansar, vendo se eu respirava normalmente. Eu não entendia bem a preocupação dele, eu não entendia o sentimento que ele me causava, um sentimento de paz, conforto, um sentimento alegre. Eu gostaria de poder explicar com palavras as sensações de alivio que eu sentia perto dele.

Uma enfermeira entrou no quarto, desviei os olhos do livro em que estava lendo, ela era muito bonita, seu cabelo castanho ficava escondido em uma touca branca, se não fosse pelas mechas que caiam em seu rosto não daria para saber, ela caminhava graciosamente em direção ao armário de remédios, os colocou em uma bandeja juntamente com um copo d’água e veio em minha direção, ela sorriu timidamente para mim.

- Como está se sentindo hoje? – Ela quis saber.

- Estou me sentindo muito bem...

- Não está sentindo tonturas, enjôos ou tremores?

- Não, nadinha! – Sorri. Ela me deu o copo com água e outro com alguns comprimidos. Eu os engoli e pus o copo na bandeja.

- Vou deixar você de observação por mais um dia, se não sentir nada poderá ter alta. – Disse ela se virando.

- Mas... Eu estive de observação durante uma semana, não acha que foi o suficiente?

- Ela tem razão Shayene. – O diretor disse calmamente. – Se já está se sentindo melhor, não tem porque ficar aqui. – Eu nem ao menos o vi chegar. – Pode voltar para o seu quarto e as aulas teóricas. Seu corpo ainda não está forte o suficiente para usar a magia. – Ele deu a notícia com um sorriso e saiu da enfermaria.

Pulei da cama e me despedindo da enfermeira, caminhando em direção ao salão das meninas. Eu queria encontrar com Luna, mas ela ainda estava em horário de aula, eu me sentia mal por não poder ajudar nos treinos, eles não poderiam participar das missões obrigatórias por falta de membro na equipe, e se ele me substituírem? Eu treinei a vida toda por isso e agora eu estou incapacitada de continuar, é isso? Não conseguia me conformar com a situação na qual eu me encontrava. Era desesperador pensar que eu era inútil e substituível.

O salão das meninas estava praticamente vazio, eu não conhecia nenhuma das garotas que se encontravam ali, olhares curiosos e sussurros surgiram quando perceberam que eu estava passando, provavelmente são da turma que vai se formar esse trimestre, ou podem ser alunas novas que chegaram atrasadas, de qualquer forma não me importava. Subi as escadarias em direção ao quarto 202, havia dias em que eu não via minhas colegas de quarto, o que tornava minha estadia na enfermaria ainda mais legal, para minha surpresa, meus pertences estavam do jeito que eu deixei. Fiquei feliz em saber que minhas colegas de quarto não eram do tipo xeretas. Abri a janela em cima da minha cama para deixar o ar entrar e ventilar o quarto, as camas das minhas colegas estavam perfeitamente em ordem, o que me surpreenderam, elas faziam uma bagunça para se arrumarem. Os banhos na enfermaria não eram do tipo muito higiênico, mas eram melhores que nada, eu estava pensando que um bom banho de banheira resolveria meus problemas de imediato. Vasculhando em minhas bagagens a procura de uma roupa confortável, já que hoje não vou participas das aulas práticas, encontrei uma caixa juntamente com uma carta, Fan havia me entregado, eram de meu pai, só ele me chamava de boneca. Resolvi ler a carta primeiro.

 

Salamandra, 15 de outubro de 3016

Querida Amily

Eu não sei por onde começar. Espero que me perdoe por não ter contado a você todas as vezes que tive a chance. Você já está crescida e tomando suas próprias decisões. Já está na hora de saber a verdade sobre seu passado.

Há dez anos, o castelo de Angeles foi tomado pelo irmão mais novo da rainha, ele não aceitava o fato de uma mulher ter sido herdeira do trono, ele achava que uma mulher não saberia liderar um reino. Então armou um complô no meio da noite contra a rainha Zoe, sua mãe. Seu pai Rick e o guardião dela deram a vida para protegê-la, eu sinto muito te contar tudo isso assim, mas eu sou apenas um guardião, seu guardião na verdade. Consegui tirar você e sua mãe do castelo e as esconder em Salamandra, a rainha Trina é muito amiga de Zoe. Você deve estar se perguntando por que não se lembra de nada... Sua memória teve que ser apagada e sua identidade mudada, para sua proteção, eu era totalmente contra isso, mas com apenas seis anos de idade você já era uma menina decidida. Sua mãe não queria que apagassem sua memória, ela ficou histérica, não queria isso para você, ninguém queria, mas foi você quem tomou essa decisão. Alguns dias após a chegada de vocês no castelo, sua mãe desapareceu enquanto caminha pelos bosques de cerejeiras, as pistas que encontramos levou até uma estrada que dava ao caminho mais próximos de Angeles, não tivemos provas concretas se foi um seqüestro, ainda sim sabemos que o desaparecimento dela foi obra de seu tio. Poucas pessoas sabem da sua verdadeira identidade para o mundo de Hydalon não houve sobreviventes do massacre em Angeles.

Seu nome na verdade é Sophi Ramona, Princesa herdeira do trono de Angeles. Eu fui egoísta princesa, espero que um dia possa me perdoar.

    Até breve, boneca.

                                     Will Ravens.

Não sei em que determinado momento da carta eu comecei a tremer, não sei o que pensar, meu mundo acaba de virar de ponta a cabeça, senti meu coração se partir em milhões de pedaços, quantos segredos ainda existem escondidos sobre mim? Ódio, raiva, desprezo, era tudo que fluía dentro de mim, meu peito queimava, os tremores aumentavam cada vez mais. Como eu concordei com tudo aquilo? Eu só tinha seis anos, eu era uma criança, eles não poderiam deixar uma decisão dessas nas mãos de uma criança. Fiquei parada por vários minutos olhando aquela carta, na tentativa de digerir aquelas palavras. Minha vida inteira se resume a uma mentira. Amily, Sophi. Eu já nem sei mais quem sou eu. Quem eu pensava ser meu pai, me enganou a vida inteira, a única pessoa que eu tinha, nunca foi minha. Como vou olhá-lo sabendo que todos esses anos ele escondia o que eu mais queria saber. Por isso ele nunca me chamou de filha? Nunca me abraçou com um carinho de pai?

As lágrimas queimaram os meus olhos, por mais que eu tentasse impedir, elas insistiam em querer cair, a sensação de dor era imensa, caí sobre a cama e encolhi os joelhos junto ao peito, era incapaz de ficar de pé, a essa altura eu já não sabia mais o que pensar, apoiei a cabeça nos braços em choque e deixei as lágrimas me vencerem. Chorar estava se tornando comum para mim.

Já havia perdido a noção do tempo e minhas lagrimas não davam índice de que iam parar. Só então me lembrei que ainda havia a caixa, e para falar a verdade, depois da carta, eu não estava muito a fim de ver o que tem na caixa. Mas a curiosidade venceu a dor, lentamente estiquei o braço para alcançar a caixa, não tinha reparado a caixa era bem detalhada e tinha o brasão de Angeles em cima. Deparei-me com um colar de ouro, nele havia um pingente em forma de coração, preso na caixa tinha um bilhete.

 

Minha filha se recebeu esse colar é por que já sabe da verdade. Por favor, não se sinta abandonada, eu estarei sempre com você, olhe para as estrelas e deixe seu coração te guiar.

Te amo.

                                       Mamãe.

As palavras de minha mãe reconfortaram meu coração, diminuindo um pouco o ódio que eu estava sentindo de todos que sabiam da verdade, seja eles quem fossem. Sequei as lágrimas e peguei o colar observando-o mais de perto. De repente a porta se abriu bruscamente, Luna estava assustada e ofegante se apoiando nos joelhos tentando equilibrar-se.

- Fui até a enfermaria, mas me disseram que você teve alta hoje... – Ela falava com dificuldades, me levantei da cama esquecendo de tudo que tinha acontecido, seus olhos arregalados estavam me preocupando mais do que qualquer outra coisa. – Fan e Arthur estão brigando, era para ser só um treino, não sei o que aconteceu.

- Eles o que? – Fan nunca foi do tipo brigão, na verdade ele é o extremo oposto, evitava ao máximo as guerras, no começo eu achava que não era uma boa idéia ele querer liderar o exército, mas pensei que pudesse ser bom alguém como ele para o cargo.

- Nem os professores conseguiram afastar, mandaram chamar o diretor, eles podem ser expulsos por isso.

- Onde? – Perguntei pondo o cordão no pescoço. Se uma pessoa é expulsa da academia, é quase impossível arrumar qualquer tipo de serviço depois. Disciplina e ordem precisam andar juntos lado a lado.

- Vem comigo! – Luna me pegou pela mão e corremos juntas em direção ao campo de treinamento.

De longe dava para ouvir a gritaria, eu não sei como explicar o que eu estava vendo ali, Fan havia projetado um escudo em volta de si mesmo enquanto Arthur o atacava com setas de fogo, as forças de Fan pareciam estar acabando, se alguém não fizer nada, algo pior pode acontecer. Eu não sabia o que fazer tentei me aproximar, mas as setas de Arthur estavam ricocheteando no escudo, estava perigoso até para os alunos que estavam longe. Vi a energia vital de Fan se diluindo juntamente com o escudo, eu não posso usar magia para ajudá-lo, meu corpo ainda está fraco.

- Luna, preciso ajudá-lo. – O clima não estava ao nosso favor, estava fazendo uns 40° e não tinha quase nada de vento, Fan estava em desvantagem.

- Você não pode usar magia, Amily. – Luna me segurou pelo braço.

- É eu sei. Eu não posso. Mas você pode! – Olhei-a nos olhos. – Preciso que transfira sua energia para ele.

- Eu teria que tocá-lo para isso, e está quase impossível de chegar perto, não está vendo? – Olhei para ele mais uma vez, ele estava se apoiando em um joelho tentando manter as forças, ele não estava revidado, apenas se defendendo. O que está acontecendo aqui?

- Então transfira para mim! – Ela me olhou desconfiada, mas afirmou com a cabeça. Sentei no chão e cruzei as pernas, Luna encostou as mãos nos meus ombros e começou a transferência, senti meu corpo ficando mais forte a cada segundo, a corrente elétrica passava dela para mim, passeando pelo meu corpo me deixando renovada, fechei os olhos, concentrando-me, precisava esvaziar a mente, precisava ajudar Fan, mas também precisava para Arthur. Senti os braços de Luna tremerem depois de alguns minutos transferindo sua energia para mim.

- Já está bom, Luna. Obrigada, pode descansar. – Meu corpo estava leve, leve demais. Senti o chão sumir em baixo de mim. Abri os olhos e eu estava flutuando, o vento ao meu redor era forte, meus cabelos me chicoteavam, estiquei as pernas ficando em pé no ar, pensado com eu pararia a briga. Joguei as mãos na direção deles, fazendo o vento rodopiar, como dois furacões em forma de círculo, e os prendi separadamente dentro deles. Um círculo consumidor de energia é quase impossível de sair, ele suga toda sua energia, quanto mais tempo fica no círculo mais energia ele consome. Minhas forças foram enfraquecendo, fui descendo lentamente, meu corpo voltou a pesar agora mais do que o normal, cai de joelhos sentindo a grama fofa. Luna veio ao meu encontro, seu rosto estava sério com pedra, mas dava para ver a preocupação em seus olhos. Ela me ajudou a ficar de pé. Logo percebi por que estava tão séria, o Diretor Donnovan apareceu seguido por alguns professores. Eu desfiz os círculos com um movimento de mão rápidos, Fan e Arthur caíram no chão sem forças para voltarem a lutar. O diretor olhou para mim curioso, e depois para os meninos no chão. Nos aproximamos do diretor de cabeça baixa como um pedido de desculpas silencioso.

- O que aconteceu aqui? – Ele perguntou calmamente.

- Eu cheguei a pouco senhor, só parei a briga. – Respondi de cabeça baixa.

- Parou? Nenhum dos professores conseguiram parar com a briga, como você fez isso com o estado de saúde em que se encontra?

- Com um círculo consumidor, senhor! – Respondi ainda de cabeça baixa.

- E como conseguiu projetar um círculo consumidor? – Sua voz era tão calma que me reconfortava.

- Luna transferiu energia para mim. – Disse arriscando olhar para ele. Para minha surpresa ele estava tentado esconder um sorriso.

- Muito bem. Podem voltar para os seus dormitórios. – Deu um leve tapinha no meu ombro. Ele não disse mais nada e os professores escoltaram todos os alunos para fora do campo de treinamento. Deixando Fan e Arthur para as enfermeiras, que chegaram logo em seguida. Caminhando em direção aos dormitórios, comecei a me sentir como um zumbi, levei a mão ao colar lembrando-me das palavras de minha mãe escritas bilhete, lembrando das palavras de Will escritas naquela carta, e todas as emoções daquele momento voltaram com força queimando meu peito, era estranho pensar em tudo isso, eu não queria acreditar, não queria aceitar o fato de eu nem ao menos saber quem sou, Amily Ravens... Sophi Ramona. Quem eu sou de verdade? Quem eu deveria ser a partir de agora? Em quem eu poderia confiar? Quem sabia desse segredo? Eram perguntas que eu não sabia responder. Nem queria responder, apenas queria que tudo voltasse ao normal.   

 


Notas Finais


Obrigada por lerem até aqui.
em breve trago mais novidades!
Um grande beijo.
<3


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