História M2X - 1 - Me chamam de Crybaby.

— Olha pessoal, a Crybaby pintou o cabelo! 

 — É mesmo! Ficou ridículo igual a ela. — Todos riem. 

 — Ao invés de pintar os cabelos deveria arrumar os dentes! — Continuam a rir e apontar o dedo em minha direção. Não aguento e começo a sentir as lágrimas caírem. 

 — Crybaby! Crybaby! — Todos gritam... Repetem isso várias vezes. 

 Eu odeio a minha escola. 

 — Melanie, como foi na escola? — Minha mãe pergunta, borrifando um pouco de seu perfume caro em seu pescoço. 

 — O de sempre.

 — A Margaret, sabe? Aquela vizinha super rica vai vir aqui, não quero que você esteja por perto. Isso só iria causar mais desordem, e eu sei como você é.

 — Onde está Henry? 

 — Disse que iria sair com alguns amigos, provavelmente foi fumar. Não importa, pelo menos ele não vai estar aqui.

 — E papai?

 — Ela para de se arrumar e olha diretamente para mim, com aqueles olhos penetrantes. 

 — Não toque nesse assunto. — E se vai.  

Eu odeio minha família.  

Novamente sozinha, nessa enorme casa. Não há passos, amigos, som, nada. Não há nada. Como de costume, pego meu violão entro em meu próprio mundo. Ah, qual é, vamos lá Melanie, faltam apenas esse ano para você completar o ensino médio e enfim, partir para a faculdade. Esquecer esses filhos da puta e recomeçar uma revolução. 

Pego meu bloco de notas e escrevo outra música. Preparo minha garganta Pará começar a cantar. 

Eu olho para você e vejo eu mesma

 Eu te conheço melhor do que ninguém

 Eu tenho a mesma torneira nos meus olhos

 Então suas lágrimas são minhas

 Eles me chamam de Crybaby, Crybaby, mas estou pouco me fodendo

 Crybaby, Crybaby, eu rio através das minhas lágrimas 

Crybaby, Crybaby,  porque estou pouco me fodendo

 Lágrimas caem no chão, eu apenas deixo eles se afogarem. 

Meu celular começa a tocar interrompendo minha canção. É Alex, meu namorado. 

— Oi, Mô.

— Oi, Alex. 

— Como foi a escola? 

— Ainda quer que eu responda? 

— Vamos lá, bela, não é tão ruim assim... 

—Talvez. 

— Viu? Tenho que ir agora, nos vemos mais tarde. 

— Tchau.