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História Macabre dreams - Carcereiro


Escrita por: MSMorgado

Notas do Autor


Capítulo atualizado hehe Espero que curtam! Beijos beijos!!

Capítulo 2 - Carcereiro


Fanfic / Fanfiction Macabre dreams - Carcereiro

— Ah! — desperto no meu quarto novamente. 

— Filho? Que foi? Por que esse grito? — minha mãe invade o local.

— N-não foi nada... — ela sabe que teve algo sim, minha respiração rápida e a blusa ensopada de suor me entregavam.

— Certeza? — ela insiste e eu assinto.  — O café já está na mesa, se arrume rápido que já são sete e meia. 

Ela sai e fecha a porta. Eu não me lembro muito bem do sonho que tive, só consigo me lembrar da garota... A garota do sonho... Depois de meses consigo ver o rosto dela inteiro e nítido. Preciso desenhar, mas não agora. Nunca me vesti tão rápido para tomar o café da manhã e ir para a escola. Foi um recorde meu, menos de quinze minutos.

Minha mãe resolveu me levar no primeiro dia, não pude dizer não. Viramos duas ruas a direita e uma a esquerda. Parece que já vim aqui antes. 

— Pronto para o primeiro dia? — mamãe para o carro em frente a escola. Alguns alunos passam por nós.

— Não muito…

— Não se preocupe querido vai ficar tudo bem. — ela sorri.

Aceno de fora do carro e ela vai embora. Respiro fundo virando em direção a entrada. O sinal acaba de tocar e os adolescentes do lado de fora se apressam para entrar.

Por que me sinto estranho aqui? O corredor, as pessoas, tudo tão…

— Desculpe-me! — um garoto loiro vestido com roupas elegantes demais para estudar esbarra em mim sem querer.

— Sem problemas. — sorrio de canto.

— Não consegui desviar, você estava parado bem no meio. Sinto muito. — ele pede desculpas mil vezes.

— Eu que deveria me desculpar, estou um pouco perdido aqui. — olho para os lados, isso é grande demais. — Poderia me dizer onde é a sala do segundo ano?

— Estou indo para lá. — o garoto sorri e andamos juntos. — A propósito, meu nome é Lúcio.

— João.

Entramos na sala e o professor ainda não estava lá, sentamos nas últimas duas carteiras da fila do canto perto das janelas. Uma turma de vinte e poucos alunos, bem normal. Pensei que ia ser muito diferente das escolas que já frequentei.

— Bom dia alunos! — todos responderam ao professor em coro quando ele entra na sala.  — Temos um novo aluno conosco esse semestre. — falava em minha direção.  — Venha aqui na frente se apresentar rapaz.

Levantei um pouco envergonhado, pois todos estavam me encarando. Fui até onde o professor me pediu para ficar.

— Sou o professor Sidney de Ciências, apresente-se por favor. — ele se sentou na mesa. Um jovem adulto alto com óculos redondos que dão um ar intelectual a ele, além do jaleco branco de professor de ciências.

Falei meu nome, idade e de onde vinha para a turma. Não contei que sai de um hospital psiquiátrico, creio que assustaria um pouco de início.

Uma menina sentada na fileira ao lado da minha, porém perto da mesa do professor, não parava de me olhar enquanto falava. Isso me deixou com mais vergonha. Os outros não me olhavam como ela.

Depois que terminei de me apresentar o professor mandou que eu sentasse de volta para começar a aula.

— Lúcio — cutuco ele depois de uns segundos sentado, ele vira o rosto para mim.  — Quem é aquela menina de cabelo rosa ? — o cabelo dela tinha umas mechas rosa. Achei bem bonito por sinal, além dos olhos verdes em contraste com sua pele branca.

— É a Mel, por que? — ele sussurra.

— Curiosidade. — sussurro de volta.

— Ficou interessado nela?

Essa pergunta me surpreendeu.

— N-não... ela ficou me olhando diferente. — meus olhos foram em direção a ela, adivinhem, Mel estava me fitando, mas quando foi pega virou para frente.

— Ela é assim mesmo, não dê muita bola para ela. — ele sussurra e vira para frente.

Como todo aluno novo os professores pediram para me apresentar, fiz isso mais três vezes antes do intervalo. No refeitório sentei com Lúcio e uns outros quatro garotos da turma. Conversamos sobre jogos e garotas, foi bem legal. Não notei nada de anormal neles, já que aqui é uma escola para jovens especiais.

— Então João, como veio parar aqui nesse colégio? — Nick me pergunta. Um garoto moreno, gordinho com um tique no olho esquerdo.

— Bem eu fiquei doente algum meses atrás…

— Não precisa ter vergonha de dizer que foi para um hospício.  — Lúcio ri.  — Todos aqui já passaram por um.

Os quatro rapazes concordam e riem também.

— É que é um pouco estranho falar assim, acabei de conhecer vocês.

— Não se preocupe. — Lúcio fala normal. O sinal do intervalo toca para voltarmos às salas, mas antes disso precisava ir ao banheiro lavar o rosto. Minha cabeça começou a doer um pouco. Perguntei onde era e me disseram para seguir em direção oposta a nossa sala até achar. Não foi difícil. Lavei o rosto e sai. O banheiro das meninas fica a poucos metros do nosso.

Volto para a sala e a aula segue normalmente. Fiquei em dupla com o Lúcio na aula de artes, foi bem divertido. Fizemos alguns desenhos, sou bom nisso. 

Desenhar é minha paixão antiga. No hospício passava o tempo desenhando na sala de lazer.

O tempo passou voando, não percebi que já era a hora de voltar para casa. Tudo está normal agora. Chego em casa e faço meu almoço já que minha mãe ainda não chegou do trabalho. Ela costumava sair na hora do almoço.

Passei a tarde jogando no computador com o Lúcio. Antes de anoitecer fiz os trabalhos de casa do colégio. Fiquei tão exausto que fui para a cama cedo, nem vi meu pai chegar do trabalho depois.

Viro-me tentando achar uma posição confortável, a cama ficou dura de repente. Não adianta! Uso todas as posições possíveis, mas não adianta. E esse cheiro estranho... Assim que abro os olhos me deparo com um crânio do meu lado.

— Que merda... — olho em volta e toda a decoração do meu quarto sumiu, junto com os móveis, meus mangás, computador e tudo mais. Estou deitado no chão envolto de ossos e uma paisagem sem vida à frente apenas com corvos voando de lá para cá.

Levanto-me dali rápido quando vejo a garota ruiva de sonhos passados a poucos metros de mim. Parte do seu cabelo está de volta ao rosto tapando-o.

O que ela quer de mim dessa vez? Todas as vezes que sonhei com ela sempre tentava me pegar. Agora ela está parada ali apenas.

Ouço correntes se arrastarem atrás de mim. Quando me viro dou de cara com uma figura alta vestida com um pano negro da cabeça ao pés segurando uma longa e grande foice.

Engulo a seco. Sou puxado para trás pouco antes do ser alto levantar a lâmina e me atacar. Tudo ficou escuro.

Acordo de volta ao quarto, sentado e suando com a respiração acelerada. Os pássaros cantam preguiçosos lá fora. Já é manhã e é quase na hora da aula. Apresso minha saída tomando o café da manhã na rua. Chego jogando a bicicleta na vaga e entro no colégio antes das portas serem fechadas.

— Bom dia João. — Lúcio me cumprimenta quando sento na cadeira da frente.

— Bom dia. — digo cansado. Quase vim voando para cá.

— Veio correndo? — ele pergunta e ri.

— Quase isso.  — sorrio recuperando o fôlego. — Acordei atrasado.

— Entendo, aconteceu o mesmo comigo. 

Pegamos a amizade muito rápido. Cheguei a contar para ele todos os meus sonhos e incluindo o recente. Lúcio disse que também tem alguns sonhos estranhos, mas ele ignora.

Ficamos o intervalo juntos também. Noto que todos sentam em grupos de seis ou sete pessoas, alguns em duplas como nós, mas a única pessoa que senta sozinha, isolada no canto é Mel. A garota que ficou me olhando ontem.

— Lúcio, por que ela não senta com outras pessoas? — faço uma pergunta a ele.

— Mel não gosta de socializar... — ele responde indiferente. É a primeira vez que o vejo falar dessa maneira.  — ...Não deveria se meter com ela, João.

— Oras, por que? 

— Você pode se decepcionar depois. — ele a fita com uma das sobrancelhas levantadas. Isso foi bem estranho.

Terminando o intervalo tive que ir ao banheiro, não sei o que há comigo esses dias, tenho que parar de beber tanto líquido. Lavo as mãos e o rosto depois. Ouço uma barulheira lá fora de repente e fui olhar.

— AAHH!! — três meninas saíram correndo assustadas do banheiro feminino e se esconderam atrás de mim.

— E-Ele vai nos pegar. — a que me agarrava pelas costas começou a falar.

— Quem vai pegar vocês?

— O Carcereiro... — A segunda atrás da que me agarra responde. A terceira apenas chorava. Não sei se conhecem a lenda da Loira do Banheiro, mas aqui na minha cidade ela é conhecida como a do Carcereiro, você o chama pelo espelho e ele leva seus olhos para substituir os que não tem.  — Tina ainda está lá dentro…

— Ele a fez arrancou os olhos e cortar os pulsos...  — a terceira enfim fala.  — ...Com uma tesoura.

— Tudo bem, eu vou lá , mas por favor se acalmem e chamem um inspetor ou a diretora.  — elas concordaram e vão. Elas devem estar de brincadeira, porém aquele medo nas vozes delas parecia bem real. 

Abro devagar a porta do banheiro feminino e as luzes oscilam. Nada parecia fora do comum, apenas uma garota sentada no chão encolhida topando o rosto. Olhei para o espelho, mas não tinha nada ali.

— Ahm, você é a Tina? — pergunto sem ter uma resposta.

— João? É-é você?  — ouço alguém falar, mas não vinha da garota sentada.  — É a Mel, estou numa das cabines, não toque na Tina.

— E por que não? — eu já estava bem perto e me abaixei na frente dela. — Ela parece…

— É uma armadilha! — Mel grita e a garota levanta a cabeça,os olhos dela foram arrancados sobrando apenas dois profundos buracos no rosto.

— Ah! — grito e a garota pula em cima de mim com a tesoura na mão tentando me furar. Seguro seus pulsos cortados quase deixando suas mãos chegarem ao meu rosto com a tesoura em uma delas.

A garota gritou no meu rosto cuspindo saliva e sangue. As luzes oscilavam mais e mais, quase não conseguia ver o lugar, apenas a garota em cima de mim e uma coisa esquelética sem olhos saindo do espelho.

De alguma forma consegui empurrá-la para trás de forma cambaleante para as cabines, conseguindo tirar a tesoura pontiaguda das mãos dela. Levantei rápido e fui em direção ao monstro, com força furei o rosto da criatura várias vezes até ela recuar ao espelho mais desfigurada do que era e sumir em meio a fumaça negra que saía da mesma. No fim, as luzes ficaram normais de novo e eu com alguns arranhões nos braços. 

O que foi isso? A garota tremia no chão sem os olhos e de pulsos cortados. Chego perto dela para socorrer, mas já era tarde. A cabine esquerda se abria bem devagar.

— J-já acabou? — a voz da Mel estava assustada.

— Acho que sim... — a minha voz não estava diferente.

Não conseguia parar de olhar para a garota morta. Eu não pude salvá-la. Mel passou por mim e quebrou o espelho à nossa frente com a tesoura que pegou da minha mão.

— Agora estamos salvos. — Ela diz. Olho para o espelho quebrado.

— O que aconteceu exatamente? — pergunto cambaleando para trás. Sinto-me tonto e um pouco enjoado.

— Eu estava no banheiro quando quatro garotas do primeiro ano entraram, elas queriam saber se a lenda do Carcereiro era real e o invocaram. Não ousei sair de onde estava quando a Tina começou a falar coisas estranhas e depois arrancou os próprios olhos, cortou os pulsos em seguida com essa tesoura, o resto você sabe. — Mel conta e cutuca o corpo com o pé.

— Ela morreu... Que merda! — desabo no chão quase entrando em total desespero.

— Não é a primeira morte que há nesse colégio... — Mel tenta me acalmar. — ...Tudo aqui tem câmeras, não se preocupe.

Assim que ela terminou de falar a porta foi aberta e entraram três adultos, um deles era o professor Sidney, uma mulher vestida formalmente de terno e o outro um homem gordinho careca de terno também.

— Mas o que aconteceu aqui? — a mulher levou uma das mãos à boca. — Vocês terão que me dar boas explicações. Inspetor lacre o banheiro. — fala para o homem careca que a obedece imediatamente.

Fomos para a sala da diretora, eu, Mel e as três garotas do primeiro ano. Mel passou o caminho todo tentando achar uma maneira de explicar o que aconteceu para que eu não fosse punido por estar no banheiro feminino. Todos pareciam bem calmos com a situação da garota morta.

— Acalme-se senhorita Moraes, vamos resolver essa situação. — a diretora diz para Mel e se vira a mim. — Rapaz o que fazia lá?

— A-a-aju-u-dava... — não consigo falar. Abaixo o olhar para minhas mãos sujas de sangue.

— Ele foi ajudar. — Mel responde por mim.

— As senhoritas falaram que pediram ajuda a você e pediu a elas que nos chamassem.  — a diretora diz mexendo no computador. — Minha nossa senhora! — ela se espanta com algo que vê na tela. — O que faziam no banheiro garotas?

— Chamamos o Carcereiro... — as três moças respondem juntas.

— Crianças não comentem nada disso com ninguém. — ela vira o monitor para outro lado.

— Não irá acontecer nada a vocês dois, — ela aponta para mim e para Mel. — Quanto a vocês meninas, terei que chamar seus responsáveis.

A diretora pediu para que saíssemos antes dela suspender as aulas de hoje. Alguns alunos já estavam do lado de fora e ficaram me olhando estranho. Deve ser por estar todo sujo de sangue, o bom que Mel estava do meu lado, não fiquei sozinho nessa.

— Você vai ficar bem? — Mel pergunta a mim com uma voz meiga.

— Acredito que sim e você?

— Vou ficar. — O sorriso dela é tão bonito. Incrível como isso não abalou ela nenhum pouquinho. Nós despedimos e saí andando para casa.

Ainda estou um pouco aterrorizado com o que aconteceu. Quero chegar em casa logo e esquecer tudo isso.

— João! O que aconteceu? — Lúcio me chama do lado de fora da escola. — Quer uma carona?

— Eu agradeço.

Contei a ele o que tinha ocorrido e pedi desculpa por sujar o estofado do carro. Ele quase não ligou para isso, estava mais intrigado com o que contei. 

O chofer dele me deixou na frente de casa.

— Até amanhã João, cuide-se. — Lúcio acena do banco de trás e sorri.

— Obrigado, até. — aceno para a limusine preta indo embora.



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