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História Maçãs & Carmesim - Paz


Escrita por: RuiMiori

Notas do Autor


Mais um capitulo! Acho que este foi o maior até agora, então espero que tenham paciência para ler hihi

Capítulo 13 - Paz


 

“Só desejava deixar em seus lábios meu pecado e tomar os seus para minha alma.”

 

 

O cheiro de cafeína inundava o ambiente, minhas narinas agradeciam por este santo aroma logo pela manhã. O relógio antigo preso à parede nos dizia que ainda não passara das seis, assim os moribundos bêbados continuavam desacordados pelas mesas, igualmente fomos os únicos amantes a deixar o quarto, os demais ainda usufruíam do dinheiro bem investido. Boa parte daquela cidade ainda dormia, o frio que a neve exalava convidava todos a permanecerem em suas cobertas — me pergunto se algum morador de rua morrera congelado nesta madrugada — Os cozinheiros e outros faxineiros só chegavam as oito, ou seja, ainda tínhamos um longo tempo para refazer as panquecas.

Está era a terceira travessa que conseguia desperdiçar.

Já estava irritada com minha nula capacidade perante uma frigideira. Eu consigo atirar, mas sou incapaz de rodar uma panqueca no ar, é isso mesmo?

Tanto tempo em meio a armas tirou-me a aptidão feminina — geralmente — vinda de berço.

Eu deveria aceitar logo minha incapacidade na cozinha e limitar-me a coar o café.

— Park, pode deixar que eu faço isso — Tae tentava ao máximo tomar as rédeas da situação.

Porém minha teimosia o fazia desistir gradativamente.

— Não duvide da minha capacidade, TaeHyung! — era questão de honra agora — Só preciso de prática!

O loiro suspirou, dando-se por vencido passou a mão pelos cabelos descoloridos e tornou a banhar as torradas em geleia.

Tentava por toda minha concentração no processo, não quebrar, deixar cair ou queimar a massa. Seria possível salvar pelo menos uma panqueca se a curiosidade por mirá-lo não fosse maior.

Tê-lo ao lado só trazia-me flashs da noite anterior — e aumentava minha urgência de repetir a dose — Tae havia sido meu remédio com seus estímulos, e agora estava provando de seu efeito colateral, algo semelhante à necessidade, ansiedade por mais de seu deleite. Afogar-me-ia de seu prazer até cair em overdose.

Estava sendo difícil — impossível — esconder os sinais que meu corpo transmitia. O suor, a respiração descompassada, as mãos trêmulas, as pernas bambas, o cabelo que vez ou outra era levado a ponta do dedo indicador, enrolado assim pelo nervosismo.

Parecia uma virgem que acabará de ter sua primeira relação e agora precisava conversar com o parceiro — o primeiro contato após o sexo era sempre o mais constrangedor, quem procuraria o outro primeiro, quem se importaria, ou talvez o arrependimento que acarretaria em uma fuga.

Talvez eu tivesse tornado a virgindade após o longo tempo de exclusão, Tae fora o que roubou-me a pureza que já havia sido tomada a força anos atrás.

— Sei que sou lindo, mas precisamos comer, Park — tirou-me do transe com seu comentário convencido.

Todavia era verdade.

Nunca vi um homem tão belo de avental, e sua franja presa a uma presilha só lhe tornava mais adorável.

As mangas da blusa branca estavam dobradas até seus cotovelos, e a mancha de baunilha abaixo de seu lábio o remetia ao menino que á muito tempo conheci.

Aish, pare de me constranger, Kim TaeHyung!

— Não estava olhando pra você — minto tão mal que sinto vergonha — Só queria saber qual o sabor da geleia.

Ele ri de soslaio, claramente soltando gargalhadas internas por minha incompetência em contornar o assunto.

O sinto abraçar-me por trás e fungar meu pescoço.

Senti-lo tão perto, com o peso de suas mãos em minha cintura e seu perfume natural a embriagar-me os sentidos, era indescritível.

Ao beijar minha nuca senti uma corrente elétrica passar por toda a extensão do meu corpo. Acariciei seus dedos que ainda me seguravam em uma tentativa mínima de devolver o bem que ele me fazia.

— Me deixe ajudar — ofereceu já pegando a frigideira por cima de minhas mãos — Vamos tentar fazer juntos — assenti não entendendo o porquê de meu rosto corar, mas iludi-me dizendo que era apenas pelo calor vindo do fogão a lenha.

Com maestria demos impulso ao utensílio e vimos á massa voar. Felizmente desta vez não foi de encontro ao chão.

Sorri e joguei meu pescoço para trás, tocando assim seu peito e percebendo como seu coração estava acelerado.

— Pelo menos teremos uma — diz brincalhão, respondo sua piada com uma cotovelada no estômago.

— Aí — reclama mesmo não sentido qualquer dor — É assim que agradece ao grande Chef TaeHyung?!

Sua voz ofendida me causava sorrisos inconscientes.

— Não — exclamo girando em seus braços e  ficando de frente para si, agarrando-me a seu pescoço e tendo de ficar na ponta dos pés, afinal, ele ainda era maior que eu — É assim que mostro minha gratidão.

Tomo seus lábios em um beijo calmo repleto de paixão. Não tínhamos pressa, naquele momento sentia como se o infinito fosse pequeno para ambos, eu queria tudo dele, tudo com ele.

Sentir meu corpo ser segurado por seus dedos longos só rendia-me suspiros bobos e a certeza de que enquanto estivesse com ele poderia ser feliz.

TaeHyung era a melhor coisa que tinha me acontecido, em nenhum lugar encontrei a paz que habitava seus lábios, e em seu perfume retomava a pureza perdida na sórdida caminhada da vida.

Tudo. Absolutamente tudo. Gestos, safadezas, carinhos, beijos, manias, mordidas, conversas. Eu estava alucinada por tudo que fosse relacionado á Kim TaeHyung.

Só desejava deixar em seus lábios meu pecado e tomar os seus para minha alma.

Eu perdia-me nas curvas de seu corpo e via sua beleza até mesmo de olhos fechados.

Com calma fui tirando seu avental e alisando seu tórax por baixo da malha fina. Igualmente o loiro ia subindo suas mãos por baixo de minha blusa e acariciando meus seios descobertos — o sutiã havia sumido misteriosamente do quarto — Não foi como na noite anterior, com mãos apertando-me de todos os lados e um sabor feroz se alastrando por meu corpo a cada selar depositado.

Era relaxante, tranquilo e belo.

No fundo nenhum de nós sabia se desejava de fato chegar ao sexo, acho que para o momento bastava aquilo, carícias aleatórias repletas de um sentimento sossegado.

Quando o ar nos faltou decidi sair de cima da mesa — a qual nem sabia como tinha subido — e ajeitando minhas roupas agora desalinhadas.

Ponho um pouco mais de massa na panela e vou aos poucos percebendo a coloração dourada que vai se formando na mistura.

Ele torna a abraçar-me, tanto para auxiliar gastronomicamente quando para prolongar este momento tão vistoso. Suspirava vez ou outra, era muita paz para lidar de uma vez só.

Nem mesmo o cheiro de fritura que prendia-se a minha roupa deixava menos evidente o perfume masculino de TaeHyung, isso era ótimo, a prova concreta de que tudo fora real.

Meu pedacinho de paraíso.

Quando quatro panquecas ficam prontas ás despejo em dois pratos, um para mim e outro para Tae. Ele molha com mel a sua parte.

 — Recorda que lhe ofereci panquecas quando a ajudei? — concordei — Lembro que mencionou preferir cobri-las com chocolate — diz já dando-me em mãos uma tigela com o doce derretido.

Ele realmente guardou todos os detalhes?

— Você lembra dessas mínimas coisas? — pergunto acanhada já inundando o prato com o caldo.

Ele se senta e após a primeira garfada responde.

— Meu cérebro grava automaticamente tudo relacionado a você — diz levando um guardanapo a boca — Não me culpe, o que posso fazer se você grudou na minha mente?

O olhar que o loiro direcionou a mim foi no mínimo matador. Qualquer mulher derreteria com sua piscadela, porém eu fiz questão de manter-me firme, forçar meus instintos a não correr até ele e tirar sua roupa, peça por peça, nunca foi tão incontrolável.

— Seria fofo se não fosse assustador.

Sento-me a sua frente, afinal, a mesa era bem pequena.

Nos seguintes minutos não falamos mais nada, era costume daqui começar a refeição em silêncio, como um ato de respeito. Infelizmente seu pé inquieto que ia subindo por minha perna desconcentrava meu paladar.

— Tae — repreendo.

—Não estou fazendo nada — seria convincente se o garoto pudesse conter o sorriso malicioso que o denunciava.

Ele só não esperava que eu devolvesse na mesma moeda.

Porém eu tão pouco pude conter minha surpresa pelo mesmo gemer com tão pouco.

— O que foi? Costumo ser bem animado de manhã — o brilho sacana iluminava sua face.

— Percebi — foi impossível evitar um mover torto de lábios.

Quando as panquecas acabaram ainda tínhamos fome, mas felizmente os biscoitos já estavam prontos, Tae logo os despejou em um pote de vidro.

As gotas de chocolate jutas ao café forte eram de um sabor estupendo.

Peguei um dos petiscos doces — ainda quentes — e brinquei com este em minhas mãos.

Assim como o café, as lembranças que me vieram não possuíam açúcar.

Há muito tempo dei um apelido a JungKook, por sua última parte do nome ser semelhante a Cookie passei a chamá-lo assim. Meu biscoitinho.

— Aconteceu algo, Park?

—Hã? — indaguei atordoada.

— Você ficou meio distante do nada — ele tentava esconder o tom preocupado, todavia o mesmo só fazia-me sentir mais amada.

Tae era a escolha certa.

— Está tudo bem — confirmo buscando sua mão e entrelaçado nossos dedos — Porque você esta comigo.

TaeHyung pareceu surpreso com minha fala, também pudera, não era de meu feitio dizer este tipo de coisa. Mas algo em Tae fazia-me ter a vontade de dize-las.

Ele precisava saber o que me causou, e eu necessitava compreender.

O sorriso que foi ficando maior em seus lábios encheu meu peito de uma sensação boa. Eu estava feliz.

Porém, quando seu semblante tornou a ficar sério a preocupação alastrou-se em mim.

 — Eu queria poder protege-la — seu riso irônico partiu alguma coisa dentro de mim — Mas acho que seria mais fácil você me guardar.

Ele olhava para nossas mãos unidas como se lá estivesse tudo que o segurasse nesta realidade.

— Tae... — as palavras paralisaram em minha garganta.

— Eu não posso proteger você de nada, Park, nem dos vampiros nem da Associação — senti seus dedos trêmulos sobre os meus — Eu não sirvo pra você, que tipo de homem é tão inútil ao ponto de nem sequer conseguir escoltar a mulher que ama?

Ele me ama...

Mesmo com meu erros, meus problemas, meu passado, meus pecados.

Ele não se importa? Como alguém pode me amar depois de tudo que fiz?

— Eu não sou digno... — cortei sua fala correndo até ele, do outro lado da mesa, e o abraçando tão forte que o mesmo precisou se afastar para respirar.

Porém eu agarrava-me a seu pescoço e escondia meu rosto em seu ombro.

Estava assustada ao ponto de mal conseguir raciocinar.

 — Park, o que você... — novamente o parei.

— Tae, você me ama? De verdade? A mim? — minha expressão confusa o levou a acariciar com o polegar minha bochecha — Mas eu não mereço.

Em seu sorriso brilhante vi que ainda podia haver felicidade na vida.

— De todos no mundo, Park, você é a que mais precisa de amor, do meu amor — disse afagando meus cabelos e fazendo-me sentar em seu colo.

Ele beijou o canto da minha boca.

A primeira lágrima fugiu, mas eu não precisava usar a armadura de Caçadora quando estivesse com ele.

 — Tae, você sabe o mostro que eu sou — ainda maior que aqueles que tento combater, pensei — Você sabe o que me corrompeu.

Me sentia tão suja, tão usada, tão... Qualquer.

Ainda podia lembrar da sensação horrível. Eu era só uma menina, uma garotinha que tinha recém perdido os pais, não merecia esta nova dor.

Ele abria minha blusa, botão por botão, e a cada peça perdida maior o medo se tornava.

Meu pequeno corpo que fora arranhado, mordido, chupado, violado.

Seus gemidos de prazer só cresciam a cada grito afoito que eu soltava clamando por piedade.

Eu chorava, gritava, esperneava. Mas ninguém aparecia para afastá-lo de mim e conservar minha pureza.

A língua áspera que passeava por cada parte, os lábios sedentos que forçavam entrada em minha boca, as mãos que apertavam-me e calavam meu desespero.

A sensação continuava viva em minha pele.

Ele me pedia para relaxar, aproveitar, que assim não doeria tanto, e até se tornaria prazeroso.

Mas a escuridão que envolvia-me por conta da venda felizmente não me dava a visão de meu malfeitor.

Eu não queria que tivesse sido assim, não tinha planos para esse momento, mas com certeza queria que fosse especial, com alguém que no mínimo gostasse e estivesse de pleno acordo.

Todavia aquela que deveria ser a descoberta do prazer carnal tornou-se um mar de sofrimento. Eu poderia ter ainda um pingo de dignidade se dissesse que fora atacada, puxada para um beco, forçada a isso. Mas não, nem esta consolação eu tinha. Eu havia concordado, sim, precisava de dinheiro. Sua oferta no começo pareceu vinda do céu, a resposta para minhas preces, porém, ao ver-me presa naquele quarto, sem qualquer pano que cobrisse minha vergonha, dei-me conta que mais estava para armadilha do diabo.

Eu pedia, implorava para que parasse, reconsiderasse e deixasse-me ir.

Mas ele simplesmente segurou meu pulso mais forte em resposta. Contudo, o pior foi que, no final, aceitei sua parte do acordo.

Vesti-me aos prantos e coloquei o envelope com dinheiro no bolso.

Minha honra ficou naquela cama imunda envolta por lençóis de corrupção.

Eu havia descoberto o pior do ser humano em mim mesma.

 — A culpa não foi sua, Park — ele diria isso incontáveis vezes até que eu me convencesse.

Porém meu complexo de culpa era incalculável.

— A culpa é toda minha! Fui eu que aceitei a proposta! Eu preferi ir pelo caminho mais rápido! — levantei-me de seu colo as pressas — EU ME VENDI!

As lágrimas caíam como cachoeira, inundavam minha face e colavam alguns fios de cabelo. Os soluços iniciaram á medida que meu corpo encolhido encontrou o chão. Minhas pernas bambas não podiam mais suportar o peso do passado.

Eu causei a minha dor, me corrompi, pus-me a leilão.

Já tinha pedido tantas vezes, tantas e tantas vezes, que o pecado da culpa se esvaísse junto á cascata que jorrava incessante de meus olhos.

Aquela dor era tão vívida que já fazia parte de mim, como uma parte do corpo, um membro que só deixava-me incompetente, como um braço quebrado ou órgão impossibilitado.

Senti os braços fortes de TaeHyung a me envolverem, porém o repeli, não queria sua pena.

Contudo uma de suas mãos pousou sobre meu ombro. Um toque modesto que denunciava seu amparo.

— Eu me ponho á venda todo dia — a voz grossa estava tão mansa que mal era perceptível sua dor pela obrigação.

Meu algoz era a profissão de Kim TaeHyung.

— Esvazie o copo, alivia a alma — ele penteava meus cabelos negros com os próprios dedos — Não pode bancar a super-heroína se continuar tão transbordante.

Heroína... Nunca me vi assim na pele de Park Sue, a Caçadora, novo prodígio da Associação. Porém era verdade, já tinha salvo pessoas, famílias, cidades.

Era uma super-heroína que mal podia salvar a si mesma. Tão irônico que chegava a ser patético.

— Você é incrível, Park, como consegue amparar pessoas sendo que se pune diariamente?! — ele conseguia transmitir tanta emoção com suas palavras que era impossível não dar-lhe atenção — Devia tentar se ancorar primeiro.

Ergui a cabeça.

— Eu já tentei, mas tudo que tento fazer de esteio acaba só... — sempre termina do mesmo jeito — Desaparecendo.

Ele busca minha mão e torna a unir os dedos em um encaixe perfeito.

— Eu não pretendo deixá-la, estarei aqui, pelo tempo que a eternidade me permitir.

Ele falava á verdade que seu coração guardava. Tae era sempre tão transparente, nítido, sem medo de frear os sentimentos.

O extremo em pessoa, sentia ao máximo, fazia ao máximo.

E me amava ao máximo.

— Obrigada — juntei nossas testas — Você me faz tão bem, Tae. Meu anjo da guarda.

Um anjo manchado por minhas transgressões.

— Talvez eu seja um anjo, só perdi minhas asas quando corrompi-me as tentações deste mundo — ele selou minha boca, não em um beijo, só um toque que mal pode ser apreciado — E agora meus lábios carregam o veneno da paixão.

Segurei seu rosto. Ele era perigosamente belo, angelical demais para sua impureza, porém muito dócil para um ser maligno.

 — E eu vou corroer ao seu doce sabor — minhas mãos arranharam suas costas, por dentro da camisa, e logo foram trilhando até seu peito, onde parei — Suas asas só mudaram de lugar — cutuquei onde batia seu descompassado coração — Ainda é capaz de me levar as nuvens — era para ser fofo, mas o brilho malicioso de suas íris me fez entender o dublo sentido que tinha criado — Em todos os sentidos.

Pervertido.

— Obrigada por me afastar desta realidade, pelo menos quando estou com você posso esquecer o que me aguarda lá fora, os monstros que tenho de aniquilar.

E principalmente a que habita dentro de mim.

— Com você tudo fica suportável.

Ele sorri e afasta o cabelo que insiste em cair por sobre meu rosto.

— Em você encontrei minhas respostas, Park — fala beijando o topo de minha cabeça e puxando-me para um abraço — O segredo da felicidade é te ter ao meu lado.

Ficamos naquela posição por um tempo, até que ele se pronunciou novamente.

— Eu não quero permanecer nessa vida por muito mais tempo, Park, é como morrer a cada dia, lentamente, a cada trabalho — parecia falar mais para si mesmo do que para mim — Vou deixar esse prostibulo o quanto antes.

Esse novo sentimento era prazeroso de sentir. Estava tão orgulhosa de sua decisão, feliz por vê-lo tomar uma posição digna, não queria que nosso próximo encontro fosse neste lugar. O queria bem longe de qualquer mulher que não fosse eu. De agora em diante a única com quem ele dividiria uma cama, beijaria e tocaria seria Park Sue.

— Essa será uma boa forma de começar a me tornar merecedor de você, né? — perguntou tão empolgado quanto uma criança.

Sorri fraco.

— Tenha uma nova vida por você, não por mim, Tae — acariciei seu rosto — Mas me sinto honrada de ser a sua motivação.

Seu sorriso se alargou e meu coração derreteu.

— Quero pertencer somente a você, my lady — disse beijando minha mão, ele era extremamente galanteador quando queria.

E no fundo eu desejava que ele usasse estes mimos só comigo.

— Você já é meu, Kim TaeHyung, completamente meu — tentei usar minha voz mais sensual, e por sua expressão de aprovação percebi que era boa nisso.

Ele me beijou, não era calmo, tão pouco quente, era só viciante.

Haviam tantas faces deliciosas do Kim, e eu estava disposta a conhecer e me apaixonar por todas elas. Era estranho querer que alguém me descobrisse, mas era esse meu desejo, ansiava que Tae estivesse igualmente ansioso para saber mais de mim.

Ele me fazia sentir coisas tão normais. Parecia estar cada vez mais próxima de uma simples mulher a cada conversa com ele. Nunca pude ser somente eu mesma, tinha sempre um rótulo como companhia, era perturbador.

Uma das melhores Caçadoras para a Associação, o exemplo perfeito de determinação a ser seguido pelos novatos, com uma força tirada de não sei a onde para suportar tamanhas responsabilidades. A sucessora do casal Park, com um sangue de bravura, qualquer descuido poderia manchar todo um legado. A principal ameaça para os vampiros, um dos alvos a qual o Conselho de bestas vigia, tinha noção disso. A inimiga e aparente diversão daquele que tirou-me os pais, Suga, o Nobre metido a açúcar salgado. Uma pessoa de confiança para os irmãos Jeon, a qual dividimos um passado e parte da carga que a vida nos jogou, e até um membro da família na melhor das hipóteses. E para mim, sobre tudo, apenas uma frágil menina que aprendeu que a realidade não pegaria leve com ela só porque já tinha atingido sua cota de tristeza.

Rótulos e mais rótulos.

Porém, com TaeHyung, eu esquecia todos estes títulos, honras e tragédias, e apenas concentrava-me em ser eu mesma. Falar sem pensar, agir sem calcular, e sentir sem temer.

Ele trazia a tona uma personalidade minha que nem eu conhecia, mas que era a verdadeira, a Sue que todos se recusavam a dar liberdade.

Tae era vital para minha felicidade, pois os sorrisos sinceros eram fruto de sua companhia, compaixão e existência.

Ele se lambuzou em meus pecados para que não me sentisse sozinha. Se entregaria com prazer para ser punido em meu lugar. Tudo o que meu ser debilitado precisava ele era.

Tudo. Absolutamente tudo.

Talvez amor seja algo simplório demais para se ter por Tae, ele merece mais, merece a pureza que perdi, a paz que não posso doar.

Eu não o mereço, porém sou incapaz de me afastar.  

— Aqui — ele tira de uma gaveta um rolo de fios vermelhos, e com uma faca corta dois pedaços, um ele amarra em meu dedo e o outro faço o mesmo nele. Nunca vi anéis tão frágeis e lindos — Existe um pensamento oriental que diz que uma linha vermelha conecta todos que estão destinados a se encontrar, e não importa o tempo, lugar ou circunstancia, esse fio nunca será rompido — ele beija o meu dedo que contém o laço — Esse será nosso símbolo, não importa aonde você vá ou eu, sempre nos reencontraremos no final, porque somos o lar um do outro — nunca recebi palavras tão belas — Você usará este fio vermelho até que eu tenha condições para trocá-lo por uma aliança, está bem?

Espera, era isso mesmo? Ele estava me pedindo em casamento?

— Isso é realmente sério? Você quer se casar com uma mulher que acabou de rever?

— Bom, eu estava a pouco tempo transando com uma mulher que acabei de rever, não entendo onde um casamento é tão mais devastador.

Permaneceria incrédula pelas próximas horas, quem sabe vidas.

 — Então, aceita?

Ele repetiu isso algumas vezes, acho que três, desculpe, mas estava atônita demais para raciocinar.

Pensei, repensei e cheguei á conclusão que Kim Sue soava bem.

— E eu poderia negar minha chance de felicidade? — pergunto já o arrastando para um beijo afoito, necessitado e apaixonado — Eu aceito ser só sua, Kim TaeHyung.

Ele me ergue em seu colo e coloca-me na cadeira mais próxima.

— O que acha de anteciparmos a noite de núpcias — pergunta já posicionado no meio de minhas pernas e roçando nossas intimidades.

— Já disse que você me leva as nuvens?

Eu não tinha certeza se o que sentia pelo loiro era este tão falado amor, o que leva a um matrimonio, o que com certeza meus pais compartilhavam. Mas, como uma pessoa me disse uma vez: Se o amor realmente existe nesse mundo acredito que possa ser criado.

Amar TaeHyung não seria nem de longe difícil, principalmente porque este possuía o sorriso mas sexy deste sistema. Como não me apaixonar por alguém que trazia-me paz, confortava-me com suas palavras de afeto, ensinava-me a cozinhar e de sobra sabia fazer o melhor sexo?

Um pacote completo, pensava já o sentindo penetrar-me com força.

 — Eu te amo — digo em um gemido manhoso, castigando o local de suas “asas” com minhas unhas por não conseguir conter a excitação.

 

YOONGI ON

 

Eu podia ver tudo, maldita visão de longo alcance.

Mas tudo bem, logo seria eu a fazê-la se contorcer em uma cama, e desta vez Sue aproveitaria ao máximo a sensação que era ter-me dentro de si.

Sim, eu a vi aceitar o pedido do rodado, e sinceramente? Não consegui conter a risada, afinal, só eu sabia que aquilo não passava de uma promessa que jamais seria concretizada.

Porque, segundo o planejado, em pouco tempo quem a veria de véu e vestido branco seria eu, claro, com um belíssimo anel dourado que simbolizaria nossa união, assim como a marca em seu pescoço anunciaria minha total imortalidade. Min Sue combina muito mais com você, Caçadora.    


Notas Finais


Para alguns este cap pode ter sido desnecessário, mas se tem uma coisa que eu gosto e ainda farei muito é desenvolver personagens e suas relações, como poderia a Sue despedir-se do loiro sem estar claro o que ela sentia por ele? Ah, e sobre o passado da Sue... Ainda tem mais coisas a serem reveladas hihi
Quem será que a tirou a pureza? Suga ou quem sabe um personagem que ainda não apareceu?
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