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História Maçãs & Carmesim - Realidade


Escrita por: RuiMiori

Notas do Autor


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Capítulo 4 - Realidade



" As vezes, Sue, para combater um mostro precisamos sacrificar nossa própria humanidade "

— JungKook! — eu e Hyeon falamos em uníssono. Meu coração batia muito rápido, como um tambor, tudo isso era alívio por ele estar vivo?
Ambas corremos até ele.
Quando cheguei perto o suficiente percebi o estado em que suas roupas estavam, rasgadas, a blusa antes branca agora manchada de sangue — perguntei-me se este era seu ou do vampiro, talvez fosse a mistura de ambos DNAs — Infelizmente os trajes não eram os únicos saídos horrendos da luta, o rosto de JungKook estava péssimo, seu nariz sangrava, um corte visível em sua sobrancelha parecia doer, um hematoma roxo envolvia por completo seu olho esquerdo inchado.
O cabelo castanho escuro desgrenhado lhe caia ao rosto, aquilo estava me incomodando, tinha vontade de tirar a franja que ocultava sua expressão.
Hyeon abriu os curtos braços e envolveu a cincura do mais velho. Foi fofo, mas não durou muito, após passar os dedos pelo cabelo curto da pequena logo a repeliu, JungKook passou por mim e nem ao menos direcionou sua atenção para minha pessoa — ele não me via? Parecia estar invisível para sua atenção — O garoto seguiu a passos silenciosos até uma parte do porão, recostou-se em um caixote e lá ficou. Ele não dormia, mas perseguia o sono — claro que eu o entendia, tudo o que desejava era ser engolida pela inconsciência de dormir, só queria a tranquilidade, esquecer esse terror que corria solto mais a fora desse cubículo, mesmo que o preço fosse lidar com os já previstos pesadelos. Mas eu preferia enfrentar um horror sem danos desta realidade, onde os cortes não doíam, as mortes não eram reais, os gritos eram gerados por motivos passageiros e as bestas não podiam de fato destruir minha vida.
Sim, eu queria a paz de um pesadelo.
Todavia olhar para um JungKook desperto só lembrava-me que a adrenalina que acelerava meus batimentos e entorpecia minha mente em forma de preocupação deixava-me ansiosa demais para repousar em tranquilidade.
O moreno respirava pesadamente, as sobrancelhas que regiam sua expressão denunciavam a agônia, talvez o lugar afetado tenha sido seu abdômen já que JungKook apoiava uma das mãos no tronco — quem sabe em uma tentativa vã de conter a dor.
Eu queria perguntar como ele estava, de que forma a luta tinha acabado, mas não achei oportuno.
Infelizmente não tinha total controle sobre minha língua.
— O que aconteceu com a besta? — Minha curiosidades seria eternamente maior que meu bom senso.
— Ela se decompôs.
Foi só isso. Eu não deveria estranhar, afinal, JungKook sempre foi um homem de poucas palavras e meros discursos. Suas palavras eternamente seriam tão vazias quando ele mesmo. O moreno era uma torre impenetrável que eu a qualquer custo tentava entender, sempre foi assim, eu desejava compreender seu ser complicado. Todavia ele me repelia como a um inseto com suas palavras curtas.
Escutar escondida as conversas susurradas dos pais de JungKook toda vez que visitava sua casa dava-me uma noção de como era sua perspectiva de pensamentos, por isso não o julgava por sempre se manter afastado, ele só não queria ferir os outros em suas lutas particulares. Eu o entendia assim como admirava, JungKook era meu espelho, estávamos em situações parecidas e ele — diferente de mim — nunca fugiu de seus deveres acarretados a sua primogenitura.
Ele era incrível, tudo o que eu queria ser.
Era vergonhante o quanto sua coragem contrastava com minha rebeldia ingênua.
— Ela morreu? — Eu queria a qualquer custo entrar naquela torre, não importasse o quão inapropriada precisasse ser.
Ele suspirou, cansado, acho que para ele eu só era uma garotinha irritante.
Por que eu o atormentava com minhas perguntas mesmo sabendo que ele só queria um pouco de paz? Simples, eu desejava ser sua paz. Ele já tinha me ajudado de diversas formas, foi o único para quem me abri completamente a respeito de como achava injusto a vida que levávamos, ele foi o lenço que apartou minhas lágrimas naquele dia.
Ele me protegia, a sua maneira, mas protegia.
E eu só queria ser igualmente útil. Um esteio, força, porém não passava de uma âncora que mais o arrastava para baixo com minhas lamúrias.
— Não, só se decompôs — repetiu, com calma, mas a monôtonia em suas palavras mostrava o quanto odiava minhas perguntas idiotas.
Me desculpe, JungKook.
Eu queria ser seu consolo.
— O que ele era? — insisti na conversa.
— Se não percebeu fomos atacados por um grupo de Bastardos.
Eu sabia de seu estresse, mas precisava ser tão grosso? Poxa, eu só estava tentando ocupar sua mente para que pudesse esquecer — mesmo que por poucos instantes — a dor.
Suspirei chateada. Tomei de afastar-me e seguir para outro canto da sala.

Hyeon estava acolhida em meus braços e envolta pelo sono, pelo menos um de nós conseguia dormir. Será que ela entendia a gravidade da situação? Espero que não, não quero que ela tenha lembranças nítidas dessa noite de sangue, só o fato de saber já será terrivelmente horrível.

Os segundos se arrastavam como uma eternidade, eu tão pouco fazia ideia do tempo em que estávamos ali. Poderia igualmente ter se passado cinco minutos como cinco horas.
A menina dormia em meus braços como a criança que era, minha única distração era mexer em seus cabelos castanhos. Não vestia mais meu casaco, tinha o tirado para cobrir a pequena, mentiria se dissesse que não sentia frio — parecia estar prestes a congelar a qualquer momento — mas não aguentaria vê-la tremer por muito mais tempo.
Olhei de relance para JungKook, ele encontrava-se na parte mais escura do porão, assim a única luminosidade disponibilizada pelas frestas nas paredes de madeira só me permitiam ver um vislumbre de seus sapatos.
A tempos ele não mexia um músculo, talvez tenha caído em sono, isso seria bom para ele, porém só fazia-me sentir ainda mais sozinha.
Por favor, distraia-me desses pesadelos cheios de possibilidades.
— Aí — susurrei em dor ao sentir algo bater em meu rosto.
Era um casaco.
— Sei que tem cheiro de sangue — escutei a voz do Jeon ecoar pelas trevas — Mas vista, consigo ver seus lábios roxos daqui.
Sorri em gratidão.
— Mas e você? Não vai sentir frio?
Não podia ver, mas tinha certeza que ele deu de ombros.
— Tanto faz.
Eu poderia vesti-lo ou fazer de cobertor, porém ouvir uma tosse abafada fez-me repensar qualquer alternativa.
Levantei-me meio de mau jeito, não era fácil carregar Hyeon por mais que a mesma fosse leve, mas eu consegui.
A cada passo tudo ficava ainda mais sombrio, a escuridão era tão ampla que quase poderia ser tocada, está era a sensação de ser cego?
Mas, por fim, ao ouvir um murmúrio assustado de JungKook aliviei-me por ter seguido na direção correta.
— O que está fazendo? — perguntou em tom quase inaudível ao sentir o peso da irmã em seu colo.
— Não está vendo? — indago de volta— A coisa certa.
Cobri nós dois com seu sobretudo, não tinha certeza se deveria me aproximar tanto dele, mas engoli a vergonha e colei-me a seu corpo.
— Não precisava fazer isso — É claro... Seu típico orgulho não faltaria em um momento desses.
— Nem você precisava me dar seu casaco — pouco conseguia ver de suas feições, mas sabia que ele encarava-me — Como você é ingrato.
Ele riu de soslaio e permaneceu com um mínimo sorriso. Eu gostava de vê-lo sorrir, e como este evento poderia ser apreciado tão raramente quanto a um eclipse deveria dar minha total atenção, porém sua raridade só o fazia mais especial.
Mas agora era diferente, sua face — mesmo pouco iluminada — trasparecia paz. Como, justamente ele, podia ter essa expressão em um momento como esse?
— Obrigado — Era a última coisa que esperava ouvir — Obrigado.
— Por dividir o casaco? Já disse que não foi nada.
Ele riu com meu comentário, se minha personalidade ingênua o fazia sorrir estava bom para mim.
JungKook virou-se para frente, mas aquele sorriso pequeno continuava iluminando sua face, só assim ele aparentava ter a idade que realmente possuía.
— Não por isso — começou — Bom, também — corrigiu — Mas estou agradecendo por... Não sei, estar aqui, Sue.
— Também estou feliz que esteja aqui, JungKook. Me sinto segura perto de você — pela primeira vez agradeci ao breu que nos consumia, graças a isso ele não seria capaz de ver meu rosto corado pelas últimas palavras.
— Fico feliz — ele estava mais sorridente que o normal, confesso que era assutador — Vou lhe proteger,  prometo.
Eu agradeceria se pudesse aceitar sua promessa.
— Você já terá Hyeon para proteger, não serei mais um peso pra você — precisei tomar fôlego para prosseguir — Depois do que aconteceu aqui percebi, finalmente, que preciso ser capaz de cuidar de mim mesma — era horrivel falar, só fazia com que a situação parecesse ainda mais real, eu estive relutando quanto a realidade até mesmo vendo as bestas invadindo nossa propriedade — Mas não me entenda mal, isso não quer dizer que aceito ser uma caçadora — antes que ele pudesse dizer alguma coisa continuei a fala — Me recuso a ver essa morte todo dia — balancei a cabeça em temor, como para afastar essa possibilidade.
Jeon endireitou a coluna e suspirou, estava decepcionado comigo. Me desculpe, JungKook, mas nem você vai mudar meus pensamentos.
— Você não vai poder viver nesse porão para sempre, Sue. Quando sairmos você terá um banho de realidade, e só então vai entender o que digo.
— Não consigo assimilar o que fala— conclui.
— Não me surpreendo, tem coisas que você só conseguirá compreender quando ver com seus próprios olhos e sentir com o seu coração —  fez uma pausa, ele parecia inerte em alguma lembrança — Só então você entenderá o que significa ser um caçador, que não se trata de matar bestas, mas sim proteger o futuro de toda uma geração.
Eu tentava, juro que tentava, compreender o peso de suas palavras. Não duvidava de que eram a verdade, mas não sentia essa sinceridade.
Talvez por que JungKook tinha razão, para entender tal situação eu necessitava ter minhas próprias experiências e não somente me embasar em depoimentos alheios.
Mas, para ser sincera comigo mesma, eu não queria viver tais experiências.
— Eu só não quero sujar as minhas mãos com sangue — era difícil demais controlar as lágrimas, porém recusava-me a chorar na frente de alguém tão forte como JungKook — Mesmo que seja sangue de mortos-vivos.
O moreno percebeu minha situação desesperadora de tão lamentável, acho que foi por isso que ele juntou nossas mãos em um encaixe perfeito e repousou minha cabeça em seu ombro. Ao apertar meus dedos de leve fez sinal para dizer que eu estava livre para chorar se quisesse, não me sentia confortável de liberar as lágrimas,  e mesmo sabendo que ele não se importava com minha fraqueza mantive-me forte.
— Eu não quero me tornar no que eles são — não dava para aguentar, eu era fraca demais para suportar a tonelada de medos que a vida jogava em minha estabilidade —  Eu não quero ser só mais um soldado da Associação.
Desta vez fui eu quem apertou sua mão, como em sinal de que meu copo estava prestes a transbordar. Eu odiava tudo, os vampiros que me obrigavam a seguir um destino, meus pais que precisavam arriscar a vida para que outras famílias pudessem ter a segurança que nos faltava, a Associação que nos dava o título de heróis em troca de nossa morte, odiava JungKook por não ir contra o sistema e simplesmente seguir o caminho mais fácil que era a realidade. Mas, acima de tudo, repelia meu medo que criava os demais ódios.
— As vezes, Sue, para combater um mostro precisamos sacrificar nossa própria humanidade — ele falava como alguém experiente, e eu não ousei duvidar disso — Mas você tem razão, é injusto.
— Não esperava que concordasse comigo — falei em tom de brincadeira para que a frase se suavisasse.
— Só porque desejo ser um caçador não quer dizer que acho certo atribuir essa função a todos — ele tentou usar o mesmo tom, mas não conseguiu esconder como aquilo também o indignava — Acredito que você só será um bom caçador se estiver satisfeito com o que faz. Como você irá a guerra sendo impacaz de matar um coelho?
Eu tinha que concordar, sem a motivação eu morreria na primeira missão. Eu era impacaz de tirar uma vida, mesmo que está já estivesse morta.
— Mas eu não tenho escolha — falei — Meus pais querem isso pra mim, não desejo desapontá-los. Mesmo que não tenha aptidão como você preciso fazer isso — suspirei — Só não sei como.
Ele apertou minha mão.
— Eu queria ajudar, queria livra-la disso.
Apertei sua mão de volta.
—  Eu não quero, mas preciso parar de relutar.
Não sabíamos mais o que falar, um silêncio incômodo instaurou-se entre nós. Nossos dedos entrelaçados nos uniam, e eu sabia que nossa relação ia muito além disso.
— Vamos mudar de assunto — propôs — Sei que não quer chorar.
Ele de fato me conhecia.
— Antes de começarmos a falar... — busquei a palavra correta para unir o significado de nossa conversa — Disso — mas falhei miseravelmente — Bom, pode me explicar melhor porque estava me agradecendo? Não entendi como só a minha presença pode ser capaz de Jeon JungKook dizer tantos "obrigados" de uma vez — sorri ao lembrar — Digamos que você não é muito de agradecimentos.
Ele também riu sem graça, seria possível que o deixei envergonhado? Que fofo, ele perdia totalmente a postura de caçador com este sorriso bobo nos lábios.
— Eu não sei bem explicar, Sue, mas você simplesmente me acalma. Saber que você estava com a minha irmã aqui, cuidando dela, quando eu não tinha condições me deu alívio, se fosse outra pessoa não sei se teria aceitado bem — Era difícil vê-lo se abrir assim, sem restrições, raras vezes ele abandonava sua postura adulta, até mesmo comigo, era como se precisasse provar vinte e quatro horas por dia que não era um menininho de treze anos comum — E mesmo quando eu a repelia, a afastava com minhas palavras, você continuava tentando me distrair desse pesadelo. Acho que ninguém nunca vai me entender como você. Obrigado, Sue, por ser minha amiga — nossas mãos, que não se soltaram nem por um momento, pareciam ligar nossas almas.
Eu sorria novamente, ouvir palavras tão doces dele mexia com meu coração de uma forma inexplicavelmente boa.
— Obrigada, Jeon, por nunca me impedir de chorar. Você sempre apareceu quando eu estava desabando, parecia até que ouvia meu chamado — minha mente vagou para um episódio ocorrido a dois anos atrás, meu sorriso se alargou ainda mais pela memória — Nunca se importou com minhas baboseiras de menina, e mesmo tendo pensamentos diferentes você nunca riu de mim por não querer ser uma Caçadora — ergui a cabeça antes abaixada pelo peso da vergonha e, de alguma forma, o abracei — Você foi meu primeiro amigo!
Algo molhou meu ombro... Seria possível que ele estivesse chorando?
Aquilo poderia ser tratado para outros como uma conquista, um troféu, fazer o coração de mármore daquele menino amolecer? Era um grande feito. Mas não pra mim. Eu conhecia JungKook mesmo que o mesmo só me desse passagem para um pedaço limitado de sua vida, eu o compreendia, ele tinha medo de deixar alguém ver sua bagunça interior. Todavia minha insistência conquistou sua confiança, e a cada tentativa eu mostrava que minha lealdade era segura. Faze-lo chorar neste momento foi graças a investidas de longo prazo. Eu repudiava minhas lágrimas, eram um reflexo de minha covardia, por isso tenho certeza de que JungKook deve estar se odiando por não ser capaz de guardá-las para mais tarde quando já estivese sozinho com seus problemas. Mas também, se dar ao luxo de chorar em meus ombros, só mostrava o quanto ele confiava em mim.
Eu era grata por tudo.

Sim, era um troféu, um troféu a qual pessoa nenhuma saberia que conquistei.

— Sue — disse em meio aos soluços que o mesmo já não fazia questão de abafar para poupar um poquinho de seu orgulho — Eu estou com medo.

Tudo bem, aquela revelação tinha me pegado de jeito. Estava sendo demais para minha vasta experiência de dez anos processar. Tudo o que fiz foi abraça-lo mais forte em sinal de que não o soltaria tão facilmente. Infelizmente era tudo o que podia fazer, mas algo me diz que era tudo que ele precisava.
— Estou com medo de perder meus pais, perder a Hyeon, não ser digno do posto de Caçador — ele se revelava sem que eu se quer perguntasse. JungKook precisava por tudo pra fora, se não chorasse ele se afogaria em suas trevas. Era horrível não saber o que dizer ou o que fazer, eu só continuei ali, afagando seus cabelos e passando a mão por suas costas. Ele não se acalmaria tão cedo, mas eu não me moveria, permaneceria ali até que o mesmo reponha sua máscara — Eu tenho medo de não cumprir minha promessa de protejer você — aquilo era pra ser bom, saber que ele se importava comigo, mas infelizmente só me deixava angustiada saber que eu era mais um de seus temores — Por isso vou treinar, me tornar melhor e mais forte pra manter você em segurança!
— Eu já disse, Jeon, se concentre em proteger a sua irmã. Eu me cuidarei sozinha daqui em diante — a cada palavra ficava mais difícil não juntar-me a ele em lágrimas, porém a lembrança de um JungKook sério consolando-me só me fazia ter certeza de que precisava passar-lhe calma.
— Sue, eu me tornei Caçador pra proteger as pessoas que amo, e você está entre elas! Me deixe ser seu herói, me deixe proteger você! —  Ele afastou-me para olhar em meus olhos. Suas íris eram negras, pareciam um céu noturno repleto de estrelas, e por mais que o ambiente fosse escuro, o brilho de seus olhos era o bastante para iluminar minha escuridão — Dependa de mim, Sue! Eu prometo que serei sua segurança, serei caçador por nós dois, assim você será livre!
A possibilidade de aquilo ser real encheu-me de esperança. Eu queria acreditar naquilo, queria depositar minha fé neste futuro.
— Pensei que queria que eu aceitasse meu destino e fosse uma caçadora — recordei.
Ele engoliu em seco.
— Isso é o correto, mas não é o que você quer, certo? — confirmei — Também não é o que quero, não desejo vê-lá correr o perigo que eu encaro frequentemente — JungKook suspirou, parecia montar uma estratégia para que suas palavras se tornassem reais — Vou lhe dar os seus sonhos, você será livre, Sue, e eu serei o seu escudeiro.
—  Já falamos sobre isso, JungKook. Eu preciso ser uma caçadora, é isso que todos esperam — tentava relutar, sabia que não devia manter esperança só porque desejava isso.
— Vamos dar um jeito!
—  Que jeito, JungKook? —  fui obrigada a rir com ironia — Parece que os papéis se inverteram, eu tentando lhe puxar para a realidade e você insistindo em meus sonhos.
— Eu só  quero vê-lá sorrir... Pra que assim eu também possa ser capaz de sorrir.
— Eu quero me iludir, você sabe que eu quero, mas a guerra que acontece lá em cima mostra que já não é hora de devaneios! 
Eu nunca o vi falando de coisas incertas, ele trabalhava com lógica, e um mundo onde eu poderia ser só mais uma camponesa estava bem distante.
— Você precisa me fazer enxergar a realidade — pedi com voz de súplica.
Seus braços em torno de minha fina cintura envolviam-me novamente em um abraço. Eu agarrava seu pescoço e soluçava. Já não seguraria mais as lágrimas, embanjaria desespero até cair em sono profundo.
Eu só queria meu final feliz, assim como diziam os livros de contos de fadas expostos na vitrine da livraria a qual nunca tive o prazer de comprar, pois segundo meu pai "livros não salvam vidas, armas sim".
Aquele não era um lugar adequado, tão pouco uma situação favorável, mas foi em um porão sombrio, abaixo de uma guerra de vampiros que dei meu primeiro beijo. Não foi perfeito, mas foi o que acalmou meu furacão.


Notas Finais


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